April 30, 2020

Graffipoemas















paula rodrigues

Citação deste dia



"Imaginem se os professores se negassem a por os equipamentos pessoais ao serviço do ensino? Não haveria nada. A escola estaria desligada"

Diário de bordo - amanhã é feriado mas tenho que trabalhar



Quarta-feira ainda estava um bocado desorientada com uma conversa recente com a médica e passei por cima da parte da matéria que conclui o capítulo das 'relações precoces', na Psicologia do 12º ano, que é a parte mais interessante porque existem os filmes dos experimentos originais que são muito ilustrativos e causam um impacto grande. Pois, varreu-se-me isso completamente e mais uma tarefa que tinha ficado de discutir... deve ser daquele medicamento que tive voltar a tomar e odeio. Enfim, amanhã tenho que fazer uma gravação dessa matéria toda e enviar para os alunos. Portanto, amanhã de manhã é dia de trabalho.

Hoje falei com uma funcionária da escola. Ligou-me porque uma mãe precisava de falar comigo e aproveitei para perguntar como estavam as coisas na escola física: disse-me que está tudo tristonho, não está lá quase ninguém, sentem falta daquele burburinho e animação dos miúdos, dos professores e da vida escolar que é um quotidiano complexo e difícil mas nunca entediante.

"A Europa vai ter que reforçar a capacidade produtiva"



Estava a ver a entrevista do primeiro-ministro quando chegaram as comidas a casa e isso agora obriga a um protocolo complicado de limpeza, desinfecção, as coisas que vão para o purgatório e ficam lá uma semana a penar, depois mais lavar, desinfectar... enfim, quando voltei estava esta frase em rodapé: "A Europa vai ter que reforçar a capacidade produtiva" - bem, quer isto dizer que os ganhos ambientais desses meses de pandemia vão ser perdidos num mês ou dois e até se vai piorar a situação com a pressa em redobrar os lucros perdidos? Preocupante. É que agora sabemos que travar a crise ambiental é possível, mas que são precisas medidas drásticas.

Agora estão mais sicofantas a tecer loas ao primeiro ministro ao ponto de usar hipérboles. Não há pachorra. Parece que sairam de uma linha de montagem, todos iguais.

Mas quem pagou isto?



O Marcelo Grilo está há 10 minutos a fazer o elogio do primeiro-ministro. Agora é o Luís Nobre Guedes? A quem serve esta unanimidade? Não ao país... que cena... está tudo controlado?
Foram duas homilías.

2 minutos de Bach por dia...




Não percebo...



Acabei as aulas e liguei a TV para saber das notícias de hoje e fui dar com a ministra da saúde a dizer coisas extraordinárias: se soubesse que o centro de controle de doenças iria aconselhar o uso generalizado de máscaras tinha aconselhado essa solução mais cedo... what?? Mas para que precisamos de ministros que, apesar de terem acesso à mesma informação que nós todos, não sabem interpretá-la e tomar decisões por si mesmos e ficam à espera que um papá lhes diga o que fazer?
Bem, a seguir, queixas de que houve alturas em que dormia só 4 horas e adormecia a ler artigos científicos... Hello...? Isso é o que está a acontecer a todos...

E já agora: que é que demos à Eslovénia para o presidente fazer aquele discurso todo em português...?

Coisas portuguesas - Uma esplanada à beira do Atlântico num dia ensolarado



José Malhoa - Praia das Maçãs, 1918
Museu Chiado - Lisboa

Livros - Viajar ao passado



Este livrinho é da minha pequeníssima colecção de dicionários. É um guia-dicionário turístico de Portugal, de 1961. Era do meu pai. Está assinado por ele. Tem as vilas e cidades do país listadas por ordem alfabética. Algumas, como Lisboa e Porto, trazem um mapa desdobrável e fotografias. Todas, como se vê aqui por este exemplo da Chamusca, trazem os principais lugares e acontecimentos de interesse, ao ponto de trazer o número de telefone do café central lá do sítio :)



Da minha janela



A notícia de que ia começar o bom tempo foi largamente exagerada.


Coronavirus Li Wenliang - À atenção dos senhores governantes




Lol, everybody wants that. EVERYBODY



Trump says China wants him to lose election 



Voltar à escola - uma experiência vinda directamente da China




Diário da quarentena 46º dia - Leituras pela manhã




There’s nothing you or I or the Pope or the United Nations could do to stop humans from forming clubs, inventing or elevating meaningful markers of difference, and building fences and corrals that keep one’s group together while keeping the ‘others’ out. We are a tribal ape with a brain built to exaggerate our allegiance to our small band while manning the barricades against others distinguished by vanishingly tiny differences. Individuals can, with great effort, consciously suppress this nasty bit of programming, but populations on the whole will fail.


April 29, 2020

Olha, mais um dogmático axiológico que não se mascara



E este é dentro de um hospital que tem regras de obrigatoriedade de máscara.
Ainda hoje estive a falar disto -do dogmatismo axiológico- na aula/sessão do 10º ano: de como há pessoas que não aceitam a ideia de viverem sociedade e terem deveres para com os outros e por essa razão não respeitam nenhuma norma social que vá contra os seus desejos pessoais, mesmo que sejam eles próprios representantes da lei. Entendem sempre que as suas crenças (não princípios, que isso é de outra ordem), ideologias e interesses pessoais devem ter prioridade sobre tudo e só obedecem aos seus desejos. Acreditam dogmaticamente na sua excepcionalidade.



Decisões



Vou estar à dieta de gráficos durante 5 dias. É demais. Já tenho uma tal intolerância ao bombardeamento de gráficos que já olho para eles como obras artísticas e não os leio. Este, por exemplo, quando olho para ele a única coisa que vejo são os nove círculos do inferno dantesco de Botticelli.




Adequado ao dia de hoje




Aviso aos meios de comunicação social




A engenharia mecânica é uma espécie de biologia ou anatomia transformada em máquina



Diário da quarentena 45º dia - da passagem das horas



via O Mendel dos Livros 

A Rothko silence



Philip Arnold



April 28, 2020

Coronavírus Li Wenliang - Razões para ser optimista



Acredito que vamos ter uma vacina muito mais cedo que para aí anunciam. Outra coisa diferente é os políticos arranjarem maneira de entender-se para mandarem produzir o medicamento e distribuir pelo mundo e não deixar que as empresas e os países que fabricam medicamentos ponham entraves de preços e outros na mira do egoísmo e do lucro.

Não temos bem ideia dos milhões de cientistas que existem no mundo, de momento, todos a trabalhar para este fim. É muita energia, muita colaboração, muito conhecimento a circular, muito esforço concentrado e, apesar de esta estirpe do vírus ser nova e desconhecida é uma variante de um vírus Corona, de modo que alguma coisa à partida já se sabe dele.

Entre os seres humanos, há milhares e milhares que dão o seu melhor, justamente quando estão sob pressão. Uma pessoa vê isso acontecer uma e outra vez ao longo da História, durante as guerras e as grandes crises. Juntam o conhecimento ao espírito imaginativo e fazem autênticos milagres.

Uma vacina leva tempo a testar e aperfeiçoar para poder usar-se com segurança? Talvez, mas talvez também encontrem soluções para isso. Sei lá... há um fulano que inventou uma maneira de envelhecer artificialmente os vinhos em um ano para não ter que se esperar dez ou vinte para vender... O que quero dizer é que há sempre quem encontre um solução para um problema e neste caso, sendo tanta gente, mas tanta a trabalhar para isso, há razões para ser optimista.

Sim, vamos ter que viver durante uns tempos de maneira diferente, com cuidados e algumas pessoas até podem ter que ficar isoladas mais tempo, mas há três palavras que nunca mudam e põe tudo em perspectiva: A VIDA CONTINUA.

Eu vejo-me a mim e aos outros professores: em duas semanas inventámos maneiras de trabalhar com os alunos. Eu arranjei uma maneira de trabalhar com todos os alunos, mesmo os que só têm um telemóvel. Sem prejudicar os que têm menos e sem travar os que podem ir mais longe. Não é a mesma coisa que dar aulas presencialmente, mas por agora, é o que é. É outra coisa. É o que tem que ser, de momento. Depois quando pudermos voltar ao normal, voltamos.

Gostava que os pais não se stressassem tanto. Em Setembro, quando a escola abrir, recupera-se. Os miúdos são novos, resilientes e têm uma grande capacidade de dar saltos evolutivos. E mesmo que se tenha que fazer mais um período de dois meses de isolamento, também o fazemos e os miúdos são novos, recuperam.

Quem não recupera são os velhos que estão a perder tempo de vida sózinhos nos lares... acho cruel e não percebo isso; também os médicos e enfermeiros e outros que andam nos hospitais e que pagam isso em ansiedade, cansaço e por vezes doença e morte.
Agora, é melhor ter esperança e trabalhar com energia para arranjar soluções que ficar como as cassandras a adivinhar tempestades e a desesperar.

Todos os outros recuperam porque A VIDA CONTINUA.

Melhor seria já pensar em maneiras das coisas que eram normais e nos puseram neste aperto não voltarem a essa normalidade.

De modo que, tirando os políticos que me põe muito pessimista na capacidade de aproveitar o bom trabalho de milhões de cientistas, parece-me que há razões para ter esperança em vez de desesperança.

Poesia de Torga ao entardecer



Insónia Alentejana

Pátria pequena, deixa-me dormir,
Um momento que seja,
No teu leito maior, térrea planura
Onde cabe o meu corpo e o meu tormento.
Nesta larga brancura
De restolhos, de cal e solidão,
E ao lado do sereno sofrimento
Dum sobreiro a sangrar,
Pode, talvez, um pobre coração
Bater e ao mesmo tempo descansar...
















1984 . "Transparência XVIII" (Évora)
Acrílico s/ papel . 37X37
Abreu Pessegueiro

Who is the angel in your dreams?



Elias, o profeta, foge para o deserto e adormece depois de desejar a morte. Acorda com um anjo a oferecer-lhe comida e bebida.

















Elijah in the Wilderness, 1878, by Lord Frederic Leighton (British, 1830-1896)
Pormenor

Leituras pela manhã - Are we all Kantians now?



The Covid-19 effect on moral philosophy

Unthinkable: The pandemic is exposing long-tolerated inequalities


The coronavirus pandemic has been a shock not just to the health system. It has given a jump-start to moral consciences. Things we tolerated as a society – such as low pay for essential workers and income barriers to hospital treatment – suddenly seem abominable.

Structural unfairness has become harder to ignore. Ethical exceptionalism – the idea that some people can operate by a different moral code – gets short shrift at a time of intimate interdependence.


This virus is making it harder for us to shield our eyes from the conditions some workers are being asked to tolerate
...

And not before time, says Katy Dineen, an assistant lecturer in philosophy at UCC, who regards the Enlightenment thinker Immanuel Kant as a suitable guide in our current predicament. A key aspect of his ethical framework is to avoid privileging oneself in moral deliberations. He forces us to ask what values we would rationally choose if we could stand back from our own circumstances and judge impartially.


Katy Dineen: “Kant has this great phrase, ‘the foul stain of our species’, to describe the human capacity for deception. We often lie, to others, and ourselves, painting our self-serving actions as motivated by duty and virtue. At the moment, corona is showing us that the inequalities we have tolerated in society cannot be hidden behind virtue.

“Covid-19 is showing us just how necessary these contingent workers are, and how shoddily they have been treated. They are often the people who clean hospitals, deliver packages, and keep supermarket shelves stocked. Many of these workers have no choice but to be out and about; isolation may be a marker of privilege.
...
Covid-19 effects prime ministers and paupers and doesn’t care one whit for our special interests. The precariousness of some makes us all vulnerable.
...
Emily Maitlis’s critique of the language around ‘we are all in this together’ is well made. But I think we might also add words like ‘hero’ when used for these necessary workers. Potentially, this is another instance of the language of virtue hiding a truth of injustice. Rather than lauding their heroism, I would prefer to see a stimulus package taking into account that these ‘self-employed’ workers may suffer the brunt of the coming economic crisis.

“Long-term decisions also have to be made. It would be reasonable to base these decisions around the elimination of this sort of precariousness. One idea here would be to follow New Zealand and focus on wellbeing rather than output to evaluate policies.”

Businesses and especially banks will be relied upon to drive on the economic recovery. How do we know if we can trust the banks again?

“We don’t trust banks – surveys repeatedly tell us this. Yet we need them. Affordable credit and a means of safeguarding assets allow individuals to grow businesses and put roofs over heads – now more than ever.

“Here I follow Onora O’Neill – another Kantian, by the way. We will never know for sure whether banks are trustworthy, we will have to make a judgment call. These days nearly all banks will have some policy telling consumers about their values. Here too we have to be wary of the ‘foul stain’, or the capacity for deceit in these matters. What we need is specific, relevant information.

“I am not talking about reams of terms and conditions that nobody ever reads. I am talking about information on whether the values stated in their policies actually play out authentically within the bank. And I think you will get good answers to this question if you ask their employees – anonymously.

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Tradução:

A pandemia do coronavírus tem sido um choque não só para o sistema de saúde. Impulsionou as consciências morais. Coisas que toleramos como sociedade - tais como salários baixos para trabalhadores essenciais e barreiras de rendimento ao tratamento hospitalar - parecem repentinamente abomináveis.

A injustiça estrutural tornou-se mais difícil de ignorar. O excepcionalismo ético - a ideia de que algumas pessoas podem operar através de um código moral diferente - é pouco tolerado numa altura de interdependência íntima.

Este vírus está a tornar mais difícil para nós proteger os nossos olhos das condições que alguns trabalhadores estão a ser solicitados a tolerar.

...

E não antes do tempo, diz Katy Dineen, professora assistente de filosofia na UCC, que considera o pensador do Iluminismo Immanuel Kant como um guia adequado na nossa situação actual. Um aspecto chave do seu quadro ético é evitar privilegiar-se a si mesmo nas deliberações morais. Ele obriga-nos a perguntar que valores escolheríamos racionalmente se pudéssemos afastar-nos das nossas próprias circunstâncias e julgar imparcialmente.

Katy Dineen: "Kant tem esta grande frase, 'a mancha suja da nossa espécie', para descrever a capacidade humana de enganar. Muitas vezes mentimos, aos outros, e a nós próprios, pintando as nossas acções egoístas como motivadas pelo dever e pela virtude. Neste momento, o Coronavírus mostra-nos que as desigualdades que temos tolerado na sociedade não podem ser ocultadas por detrás da virtude.

"Covid-19 está a mostrar-nos como estes trabalhadores contingentes são necessários, e como foram maltratados. São frequentemente as pessoas que limpam hospitais, entregam embalagens, e mantêm as prateleiras dos supermercados abastecidas. Muitos destes trabalhadores não têm outra escolha a não ser estar por aí; o isolamento pode ser um marco de privilégio.
...
A Covid-19 tem efeitos em primeiros-ministros e em pauperes e não se importa com os nossos interesses especiais. A precariedade de alguns torna-nos a todos vulneráveis.
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A crítica de Emily Maitlis à linguagem em torno do "estamos todos juntos nisto" está bem feita. Mas penso que também podemos acrescentar palavras como 'herói' quando usadas para estes trabalhadores necessários. Potencialmente, este é outro exemplo da linguagem da virtude que esconde uma verdade de injustiça. Em vez de elogiar o seu heroísmo, preferia ver um pacote de estímulos tendo em conta que estes trabalhadores "independentes" podem sofrer o peso da crise económica que se avizinha.

"Decisões a longo prazo também têm de ser tomadas. Seria razoável basear estas decisões em torno da eliminação deste tipo de precariedade. Uma ideia aqui seria seguir a Nova Zelândia e concentrar-se mais no bem-estar do que na produção para avaliar as políticas".

As empresas e, especialmente, os bancos, serão os impulsionadores da recuperação económica. Como sabemos se podemos voltar a confiar nos bancos?

"Não confiamos nos bancos - as sondagens dizem-nos isso repetidamente. No entanto, precisamos deles. O crédito acessível e um meio de salvaguardar os activos permitem aos indivíduos fazer crescer as empresas e colocar telhados sobre as cabeças - agora mais do que nunca.

"Aqui sigo Onora O'Neill - outro Kantiana, a propósito. Nunca saberemos ao certo se os bancos são de confiança, teremos de fazer um juízo. Hoje em dia, quase todos os bancos têm políticas a dizer aos consumidores sobre os seus valores. Também aqui temos de ter cuidado com a "mancha suja", ou com a capacidade de enganar nestes assuntos. O que precisamos é de informação específica e relevante.

"Não estou a falar de resmas de termos e condições que nunca ninguém lê. Estou a falar de informação sobre se os valores, declarados nas suas políticas, se aplicam de facto autenticamente dentro do banco. E penso que se obterá boas respostas a esta pergunta se se perguntar aos seus empregados - de forma anónima.

Diário da quarentena 44º dia






















via Jéssica O

Pôr as coisas em perspectiva



As the executive director of Human Rights Watch, Kenneth Roth, recently observed: “The health crisis will inevitably subside, but autocratic governments’ dangerous expansion of power may be one of the pandemic’s most enduring legacies.” Roth provides a frightening list of authoritarian measures being deployed in dozens of countries, including restrictions on media organizations and dissidents, a state of emergency in Hungary that allows Viktor Orbán to “imprison for up to five years any journalist who disseminates news that is deemed ‘false,’” and increased digital surveillance in Russia and China. “As occurred after September 11, 2001,” Roth writes, “it may be difficult to put the surveillance genie back in the bottle after the crisis fades.” He also worries about other “long-lasting restrictions on civil liberties” brought about by COVID-19.

....

Capitalists… have indulged in the fantasy of the end of the state, especially in the neoliberal version of an economy free of political constraints. This peculiar fiction grew pronounced in the millenarian hallucination of an “end of history,” which preached that the epochal change of 1989 had ushered in a Kantian era of perpetual peace. Global capitalism was supposed to erase borders, replacing national solidarities with abstract universalism. Genuine conflicts were predicted to dissolve into rules-based competition, while existential threats would dissipate in a thoroughly benign cosmos. After all, with the fall of Communism, all enemies had disappeared, which made states obsolete.


What a diference 2 days made



No dia 25 de Abril foram agressivamente para a AR, não cumprindo as leis do isolamento social, porque era necessário comemorar presencialmente Abril: os direitos, a liberdade, enfim, um Estado de direito - passados dois dias já Costacenteno manda alegremente a Constituição às urtigas e insinua um estado de força.

No dia 25 de Abril era ridículo andar 'mascarado', como disse o outro grande amigo - passados dois dias é um dever usar as máscaras, diga a Constituição o que disser.

Quando não se sabe resolver os problemas, em grande parte por se ter nomeado primos e amigos em vez de pessoas competentes e depois não se admite o erro e manda-se para cima dos outros as consequências do que se decidiu, unilateralmente.

Confinamento é para manter diga o que disser a Constituição - Costa

O primeiro-ministro, António Costa, desvalorizou hoje o regime legal a adotar após o fim do estado de emergência, optando por sublinhar a necessidade de afastamento entre as pessoas por causa da pandemia, "diga a Constituição o que diga".

"Aquilo que nós sabemos é que é nosso dever ter estas normas de afastamento uns dos outros, usar as máscaras quando estamos em proximidade, porque isso é um risco, diga a Constituição o que diga, haja ou não haja estado de emergência", acentuou.

April 27, 2020

Poesia pela manhã




Diário da quarentena 43º dia - hoje estou cansada de estar fechada



O meu cabelo está a ficar selvagem e qualquer dia chega aos pés... quando sair daqui vou parecer  uma Maria Madalena ... ou um bisonte...

Se não fossem as aulas e precisar de internet estável pedia a uns amigos e ia passar um mês ao sítio da minha infância. Andar pelos campos, meter os pés na ribeira, apanhar sol...


Diário da quarentena 43º dia








keda Zuigetsu, Cymbidium No. 351, from A Record of an Orchid Collection, 1958; ©University of Michigan Museum of Art. #ArtLookGallery.

April 26, 2020

Nocturna








Transitoriedade



Este autor pinta sobre fotografias e consegue um efeito de transitoriedade da realidade através de camadas de pasta de tinta substanciais, às vezes pesadas, o que tem o efeito de contraste com a transitoriedade da fotografia que se desvanece por detrás. A realidade não é uma tela onde ficam impregnados os seus momentos: são camadas, sobre camadas, sobre camadas e nada permanece, a não ser essa mistura indistinta onde tudo se dissolve. É um heraclitiano.



18.1.89 painted by Gerhard Richter

"Be like Sweden" - Mais alguém que vê o mesmo que eu vejo



É preciso perceber o que isso quer dizer.


Want to Discuss Sweden and COVID19? Start By Looking Backward.


A vast social experiment…”

“Committing suicide…”

“Self-inflicted nightmare…”

“Tragedy…”

A estratégia de roleta russa da saúde dos cidadãos não é assim tão roleta russa como parece. 

Aqueles títulos de jornal suecos não dizem respeito ao assunto do COVID-19 e já têm uns anos. Foram escrito a respeito do acolhimento de refugiados sírios em fuga da guerra. Há seis anos, quando a Suécia começou esse processo de aceitar refugiados, a direita sueca xenófoba começou a lamentar a perda de uma hegemonia étnica e cultural nacionais. A suposta rendição de uma mítica Disneylândia nórdica às forças da imigração foi ligada à política social democrática sueca, a uma esquerda que quereria negar a herança cultural, abraçar o feminismo radical e o fundamentalismo islâmico. Em suma, a Suécia estaria a capitular perante o multiculturalismo.

É no mínimo audaz que aqueles que tanto criticavam as políticas suecas naqueles termos, pelo mundo fora, venham agora citar a Suécia como um exemplo na luta contra o COVID-19, por ter rejeitado o confinamento e ter confiado na racionalidade dos cidadãos. Be Like Sweden, é uma frase que podemos ler nos cartazes dos que nos EUA protestam contra o confinamento obrigatório.

No seis anos que mediaram a abertura de fronteiras aos refugiados e a luta ao COVID-19, não foram só os políticos que pressionaram certas estratégias, mas também a imprensa, supostamente liberal e progressiva. Os refugiados eram vistos e anunciados como riscos sociais e económicos que iriam matar a 'nação mais generosa da Terra'.

O anuncio de não confinamento com o argumento de que os cidadãos suecos fazem o que é correcto sem necessitar de constrangimento deixa de fora todos os não-suecos. O que acontece àqueles que chegaram do Chile, Irão, Iraque, Somália, Afeganistão e Síria? Aqueles que não têm esses hábitos de civismo obediente, que por acaso residem em Estocolmo, que por acaso é a cidade que tem sido enormemente fustigada pelo COVID-19?

Na Suécia e fora da Suécia discute-se o exemplo sueco a partir da vida e hábitos dos suecos e esquece-se, subtilmente, que não são os suecos que estão a adoecer e morrer em grandes números, mas os outros de que ninguém fala: nem os políticos suecos, nem a imprensa sueca, nem os ex-críticos-agora-apoiantes-entusiásticos-da-estratégia-sueca.

E é assim que se resolve o problema da imigração indesejável. Be like Sweden? I don't think so.


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A Dinamarca e a Suécia, juntamente com a Finlândia e, é preciso dizer, os EUA e a Inglaterra, andaram entretidos, nos anos 20 do século XX, uma década e meia antes de Hitler subir ao poder, a esterilizar, em massa, sem o seu consentimento, mulheres de raças não caucasianas, com deficiências. As ideias de Hitler não surgiram do nada... era o espírito da época... a ideia da eugenia começou nos finais do século XIX com um primo de Darwin, Galton e, com o entusiasmo à volta do darwinismo transformado em telos social com as suas metáforas da competição, da sobrevivência do mais forte que legitimavam, entre outros fenómenos sociais, o capitalismo selvagem. Galton defendia o 'melhoramento da sociedade' através da eliminação dos 'indesejáveis' que eram quem carregava e transmitia os 'factores mendelianos' de decadência das sociedades. Estas ideias segundo a qual os indesejáveis eram responsáveis pela degeneração das sociedades, eram moda e foram adoptadas por médicos, biólogos e entusiastas como o ideal das sociedades 'civilizadas'... a criminalidade e a pobreza eram atribuídas exclusivamente a factores hereditários dos 'indesejáveis'. Logo, a esterilização desses portadores dos germes da decadência social era uma maneira de melhorar as sociedades humanas aproveitando os conhecimentos da ciência. Era o tempo do cientismo, também.

 Acontece que as sociedades sueca e dinamarquesa, ao contrário da americana, desde esses tempos das esterilizações em massa de 'indesejáveis', viveram fechadas nos seus mundos arianos quase sem contacto com povos de outras raças dentro das suas portas. Quer dizer, tinham meia dúzia de imigrantes de outras raças a quem até achavam graça e de quem cuidavam muito bem (uma espécie de curiosidades) porque eram muito poucos e não ameaçavam o seu modo de vida e cultura. É fácil, sendo rico, ser generoso com as minorias quando estas são reduzidas a números insignificantes e não ameaçadores. Este países nunca tiveram que lidar com massas de migrantes multiculturais como os EUA de modo que, agora que foram 'invadidos' por centenas de milhares de pessoas, não sabem lidar com esse fenómeno e, em pânico, voltaram aos seus modos antigos, adormecidos, por falta de razão para uso, mas não extintos.

Ora, se juntarmos àquele factor, a moda deste tempo em que vivemos, onde estamos outra vez a deixar ressurgir as ideias do capitalismo selvagem segundo as quais a pobreza se deve à falta de talento e características genéticas das pessoas, que os bons e de mérito são os que estão à frente nos cargos de poder, que a sociedade e a economia deve estar sem regulação porque a natureza se encarregará de fazer os mais fortes e melhores sobreporem-se e outras alarvidades do género, temos o ambiente ideal para a cultura de patogénicos. O cientismo também está de volta. Portanto, o que se passa na Dinamarca e na Suécia, só surpreende quem não sabe da história destes países e das consequências do darwinismo social.

Sweden’s anti-refugee vigilantism has revealed its dark side


Os mesmos de sempre a defender o mesmo de sempre. Livrem-nos desta gente medíocre!


Pedro Adão e Silva já veio dizer que no pós-pandemia, a maneira de ultrapassar a crise económica é fazer cortes no SNS ou nos salários dos professores... ainda não saímos da crise, ainda se batem palmas aos trabalhadores da saúde e se tecem loas aos professores por estarem a fazer, com o seu tempo de descanso legal e o seu dinheiro e materiais pessoais o que os 70 ministros e secretários não sabem fazer e já estas luminárias vêm dizer que a única solução é maltratar o SNS e ir directamente ao salários dos professores... e que tal cortar o salário destes indivíduos que têm um cassete nos seus intelectos e nenhuma solução a não ser castigar sempre os mesmos.

Quer dizer, defendem, na UE, que se invista em dez de se cortar, mas cá dentro defendem que deve-se cortar e levar a austeridade aos mesmos de sempre.

Não admira que estejamos sempre  na mó de baixo se são estes medíocres intelectuais que andam a formar as novas vagas de futuros dirigentes.

Andamos de crise em crise sempre com estas ideias, mas nem mesmo com as evidências em frente do nariz percebem e marram sempre a direito.





Entre parêntesis



Ontem o Presidente da República disse na AR que seria um absurdo e uma demagogia não evocar o 25 de Abril e que não é uma festa de políticos - em 1º lugar, notamos aquela estratégia de desviar a atenção do que se discute para outra questão para ver se as pessoas se esquecem do que está em causa e se dividem a discutir o novo assunto: o que estava em causa não era, nem nunca foi, não evocar o 25 de Abril, mas os políticos darem o exemplo do que impuseram aos outros que estão proibidos de reunir por conta do estado de emergência. Podiam ter evocado o 25 de Abril de mil e uma maneiras diferentes sem se terem juntado às dezenas, sem protecção, dando exemplo, e logo no dia que marca o início da democracia, de que se consideram acima da lei que eles mesmo impõem.

Desviar o assunto para uma suposta frente de pessoas que querem atacar a liberdade é que é demagogia e daquelas divisionistas: assistimos aos políticos dividirem o país com esses ataques a todos que com eles não concordam.
O Presidente, em pré-campanha eleitoral, é mestre em demagogia: beijinhos, abraços e discursos de dizer que está tudo bem e que os políticos estão a fazer o melhor e todos temos que confiar neles e que ele é que sabe, etc.
Ter mais polimento que outros Presidentes da República e políticos não lhe outorga nenhum poder de oráculo, mas ele considera-se -pelo modo como exerce o cargo- um dos sacerdotes da democracia.

Em segundo lugar, infelizmente, o 25 de Abril tem sido uma festa, acima de tudo para os políticos, suas famílias e amigos - e virem dizer que antes se estava pior, não consola: todos sabemos que antes se estava muito pior, mas não foi para ter uma classe de privilegiados a considerarem-se donos da democracia que se fez o 25 de Abril. Não foi para isto.

Dois minutos de boa música por dia nem sabe o bem que lhe fazia - Elgar, Salut d’Amour




É preciso mudar os políticos e a maneira de fazer política



Um indivíduo destes devia demitir-se imediatamente depois disto, uma vez que mostrou não ter noção das suas responsabilidades políticas nem dos limites éticos da sua presença no espaço público, enquanto representante e enquanto decisor que afecta a vida dos outros e, não o fazer, é um sintoma gritante do nível de tolerância que temos para com estúpidos e malfeitores na política. Há muitos destes por aí. Muitos, mesmo.

O presidente da Câmara da Trofa, Sérgio Humberto, colocou um "gosto" numa publicação no Facebook feita por um funcionário municipal na qual este sugere que se transforme a Assembleia da República numa câmara de gás."

diário da quarentena 42º dia - pensar a vida depois da pandemia em 3 pontos




Naked Geometry




O que se pode pensar a partir desta pandemia:

1.  Precisamos de outro sistema de relação económica ou de um travão ao capitalismo corporativo selvagem que está em vigor - o problema maior deste capitalismo é que tem como prioridade o ganho monumental imediato e esse modo de funcionar é incompatível com soluções globais de longo prazo. Dado que este modo de sistematização de relações económicas não se vai esfumar no ar de repente, é preciso começar já a pensar em travões à sua progressão canibalista e pensar em outras maneiras de organização económica que seja compatível com soluções globais de longo prazo.

- Precisamos de um novo ramo do saber: um que nos mostre a nossa constante inter-conexão global - um saber que nos mostre como as acções de cada um afectam todos os outros. 

2.  Esta pandemia fez, em 4 ou 5 meses, aquilo que nem em 50 anos seríamos capazes de fazer em termos de recuperação climática, ambiental: todos os mapas de satélite mostram uma diminuição drástica da poluição, uma limpeza da atmosfera e dos mares; por todo o lado conservacionistas relatam um aumento das populações marítimas. Sítios como a China, os EUA ou a Índia onde o azul dos céus já não se via em muitas zonas há décadas, voltou a ver-se. 
É necessário fazer a ligação entre o nosso modo de vida de esgotamento de recursos, de deflorestação e a situação em que estamos agora. 

Este confinamento dá-nos uma pálida ideia do que seria um confinamento que resultasse de uma catástrofe ecológica à escala global - que resultasse de uma catástrofe nuclear, por exemplo; de uma acidez, humanamente insuportável, dos rios e oceanos; de pandemias regulares resultantes da convivência com animais selvagens a invadir o nosso habitat porque privados do seu, como temos visto nestes dias: veados, corças, lobos, coiotes, javalis, pumas, leopardos e outros a vaguear pelas cidades.

Como se vê por esta crise, as mudanças no modo de vida, para terem um efeito real no ambiente e nas condições de habitabilidade do planeta, têm que ser drásticas como o foram estas de ter metade da população do planeta fechados em casa. Não podem ser acordos que não passam do papel e não produzem mudanças.

3.  Precisamos de uma Carta de Direitos Económicos à maneira daquela que Roosevelt, o presidente americano, implementou em 1944, que incluía, entre o direito à educação, saúde, emprego e a um salário que desse para uma vida decente, defesas contra a competição injusta e os monopólios canibais. 

É preciso que se (re)desenhe uma carta filosófica, de princípios políticos-económicos que ponha travão nos indivíduos das finanças e da economia, nos gigantes que engolem economias ou, pelo menos, que desenhe defesas eficazes contra essas pessoas/organizações de modo a projectar uma vida possível, digna, para todos. 

É preciso reinventar a vida no planeta e talvez esta seja a última oportunidade. O planeta está a mostrar-nos como podemos melhorar a vida e travar a morte ou, fazendo nada, estas são as melhoras da morte, como se costuma dizer.

April 25, 2020

Agora há outro género de turismo




Uma pintura tão optimista 🙂 faz lembrar as cores de Abril



Gerhard Richter (b. 1932), Abstraktes Bild, painted in 1984

Diário da quarentena 41º dia - 25 de abril em confinamento



Nem pão, nem habitação, nem saúde nem educação. Só a paz. Os outros desidérios estão em ruptura de stock desde sempre e o 25 de Abril não os repôs, não teve pessoas à altura. Alguns -como a habitação- cada vez chegam a menos e outros, como a saúde e a educação, chegam mas em pobres condições.

Hoje vão os políticos para a AR, com muita pomposidade, celebrar com palavras uma data que não honram, depois de terem fomentado a divisão dos portugueses dizendo por aí que os portugueses são contra a liberdade se não concordam com eles, como se eles fossem os sacerdotes da liberdade e declarassem a verdade do que cada um sente e pensa. E porquê? Porque não foram capazes de fazer o que exigiram a todos os outros portugueses: manter isolamento e reinventar novas formas de fazer o seu trabalho. Não foram capazes nem tiveram essa decência.


E vou mais longe: se muito portugueses não se animam com o 25 de Abril é por causa do que fizeram as pessoas que o fizeram.

Tirando o Salgueiro Maia, outros desconhecidos e alguns que estiveram presos, exilados ou que morreram, os outros são responsáveis por minar constantemente o ideal que foi o 25 de Abril: saíram directamente da ditadura de Salazar para tentar impor a ditadura da URSS e começaram a perseguir portugueses e a roubá-los com o intuito de implementar aqui uma posto avançado da URSS, uma Cuba ibérica, com tudo o que isso implica de falta de liberdade, desprezo por direitos humanos, etc. O PCP de Cunhal e muitos outros partidos que tentaram que se passasse directamente de uma ditadura à seguinte. Pior, assim como os outros são saudosistas da ditadura de Salazar, este são saudosistas desses tempos de traição ao 25 de Abril de 74.

Outros, que lutaram contra essa tentativa de venda do país aos soviéticos, assim que se encontraram na cadeira do poder atraiçoaram todos os seus ideais de pão, habitação, saúde e educação para todos e e passaram ao egoísmo ético, pessoal e político, com o estabelecimento de modos do antigamente - privilégios para os amigos, amontoar de riqueza para os políticos e seus partidos, ocupação das cadeiras do poder por longas décadas, rapaces dos cofres do Estado: Mário Soares é o grande exemplo desse caminho de traficância política e corrupção que nos trouxe onde estamos.

Nesses tempos, a palavra de ordem dessas muitas pessoas que se alcandoraram nos cargos, e diziam-no em voz alta, era, 'chegou a nossa vez de enfartar. Lutámos, temos direitos a ter privilégios'. E foi assim que surgiram os auto-privilégios que os Alegres da AR acumulam.

Otelo Saraiva de Carvalho, um dos protagonistas do 25 de Abril, foi outro. Ninguém lhe retira o mérito do dia 25 de Abril, mas sabemos que a seguir, raivoso de não ter conseguido impor a sua ditadura, juntou-se a um bando de terroristas para o fazer à bomba, mostrando não ser um homem da liberdade.

E é por isso que muitos portugueses não gostam do 25 de Abril: porque as pessoas que o fizeram e deviam ter criado uma sociedade justa, assim que se apanharam no poder tornaram-se homens do poder: autoritários, indiferentes à falta de condições do povo, aproveitadores, abusadores do poder, comprometidos com açambarcadores da riqueza do Estado, etc.

Não são pessoas da liberdade, nem da justiça para todos. Como dizia o João Soares no tempo da prisão de Sócrates, 'um político deve ser intocável, a não ser por crimes de sangue e, mesmo assim, só se for apanhado em flagrante delito.'

Portanto, muitos portugueses não querem celebrar o 25 de Abril com estas pessoas que dividem os portugueses para tirar os dividendos, que se 'estão a cagar para o segredo de justiça', que impedem os representantes do povo de falar na casa do Parlamento, que se aproveitam do poder há dezenas de anos para instituir esquemas de enriquecimento, que vêem os cargos do Estado, não como serviços mas como poleiros para filhos, primos, amigos, irmão e amantes sugarem o dinheiro público, que estão nos cargos para favorecer os 'partisans', que têm enorme desprezo e desconhecimento pelo e, do povo, pelos trabalhadores e por todos que não lhe façam as vontades ou que os contrariem.

Querem responsáveis por muitos portugueses não se reverem no 25 de Abril?. São vocês que estão no poder há, praticamente, 40 anos. Olhem para si próprios e para o que têm feito.

April 24, 2020

Damn right! II



Damn right!



" Le monde appartient aux optimistes, les pessimistes ne sont que des spectateurs." ~ François Guizot.

Alentejo ao fim do dia 🙂 lovely





Luís Reininho

Diário da quarentena... nem sei a quantas vamos... estou em queixinhas mode



Ainda não saí do computador desde as 8 da manhã. Chiça! A porcaria das plataformas... é só receber emails com mais porcarias para plataformas e links e vídeos.  Depois estas bodegas têm sempre coisas que não funcionam à primeira... só cenas...
O trabalho do DT a juntar ao resto, não é pêra doce por estes dias... é mesmo o mais pesado...


Expliquem-me isto como se tivesse três anos



O sistema económico gera gritantes desigualdades mas... os professores é que têm que resolver isso redobrando os esforços...? Que esforço dos professores é que resolve os problemas da falta de recursos?
As turmas estão sempre superlotadas mas... os professores terão que ouvir mais, detectar a necessidade de cada um...? actuar como mentores, até assistentes sociais...? ... e estar em contacto permanente com os seus alunos...? Quer isto dizer que esperam que os professores estejam 24 horas ao serviço como escravos para substituir o que os 70 ministros e secretários não fazem?

Mas esta gente -um tal de Andreas Schleicher- vem de onde?

E o que é que a pobreza das famílias tem que ver com métodos de ensino? Pensam que há um método de ensino que põe os alunos miraculosamente a saber, a passar de pobre a ricos? 

Deixa ver se entendo: a internet é caríssima, os alunos não têm dinheiro para ter um computador, o que hoje em dia é como andar descalço, não têm condições para ter privacidade para o estudo mas o governo não vai fazer nada e os professores é que vão resolver esses problemas??? E vão resolvê-los com as mesmas condições? Do género: toma lá uma semente e planta quarenta pomares?

Expliquem-me isto como se tivesse três anos: como pode ser possível haver tantas abéculas em lugares importantes? Onde vão buscar estes tipos?

Esta crise mostrou a negligência do Estado para com a população em geral para beneficiar partidos, banqueiros, famílias de políticos e satélites, mas o Estado não assume as suas funções e os professores é que têm que resolver os problema do país?

E não é verdade, da minha experiência e dos colegas, que os alunos estejam dececionados com o sistema e muito menos com os professores, muito pelo contrário. São os professores quem tem estado ao lado das famílias a dar apoio e uma sensação de normalidade, com grandes custos e sacrifícios pessoais.

«O futuro dos nossos países depende da educação. As escolas de hoje serão a economia de amanhã»?
Ai sim? Agora de repente perceberam a importância da educação e dos professores? Já não somos bestas que só querem fazer greves, não merecem ter uma carreira e merecem levar pancada e insultos todos os dias...?


«Professores devem mudar o seu método de ensino em Setembro», avisa responsável da OCDE

«O grande preço que pagaremos pela crise não é apenas a perda de aprendizagem, mas os jovens afectados pela insatisfação, decepção e que perderam a confiança no sistema educativo», afirma defendendo que os professores «terão que ouvir mais, detectar a necessidade de cada um e projectar novas formas de ensino para se adequarem aos diferentes contextos pessoais.Não é possível regressar como se nada tivesse acontecido».

Quando questionado sobre a carência de materiais em casa, por parte de alguns alunos, Schleicher refere que «os sistemas educativos devem encontrar uma forma de duplicar esforços e analisar junto dos alunos com menos recursos em casa, como é que podem continuar a aprender», refere acrescentando que «existe uma grande expectativa para com os professores e são eles que devem actuar como mentores, até assistentes sociais, e estar em contacto permanente com os seus alunos».


«O futuro dos nossos países depende da educação. As escolas de hoje serão a economia de amanhã», afirma o responsável.

Liberdade para políticos, proibições para trabalhadores?



Proibido sair do concelho de residência entre 1 e 3 de maio



E já agora, isto para quê??


Temos que inventar um novo normal



Não vai haver regresso à normalidade, pelo menos por enquanto, porque não temos tratamento eficaz nem vacina, de modo que temos que inventar novos modos de viver e funcionar económica e profissionalmente, tendo em conta esta nova realidade.
Isso significa desmassificar a vida, desacelerá-la. Podemos andar de avião, mas não ao molho, podemos ter escolas abertas mas com poucos alunos por turma, horários mais dispersos, muitas reuniões que podem fazer-se à distância, é assim que passam a fazer-se, por exemplo.
Supermercados menos amontoados com mais empregados nas caixas para escoar mais as pessoas. Número limite de pessoas nos sítios. Um dos pressupostos desta nova normalidade tem de ser a economia: os grandes grupos e menos grandes que só têm portas abertas se tiverem biliões de lucros e despedem pessoas para aumentar os milhões, se 'apenas' têm 50 milhões de lucro, têm de reconverter-se a outros modos de presença no tecido e relação social.
A ideia de que o ensino à distância é a mesma coisa que as aulas normais é um engano, assim como a ideia de irem festejar para a AR nestas condições para fingir normalidade, é outro e envia sinais errados, que aliás já estão a ver-se com as pessoas a saírem mais para rua, pensando que já estamos livres de perigo.

Dos restaurantes às praias e aos cabeleireiros. Como será o regresso à “normalidade”?

Da educação às lojas, das praias aos cabeleireiros, dos restaurantes aos hotéis. A vida vai mudar depois do fim do estado de emergência.


Uma espécie de Ruisdael



... para limpar a alma do que ficamos a saber pelas entrelinhas das notícias, antes de mais uma sessão de ensino à distância porque agora a importância de 'aparecer' com a cara nº 1 ainda é maior.


É só juntar os pontinhos





Deus nos livres de suas excelências, os donos do país levarem as suas garrafinhas e copos. Não senhor, tem de haver funcionários para trocar copos a suas excelências.




Covid-19. Portugal registou mais 1.255 óbitos do que o expectável um mês após a primeira morte devido ao coronavírus

Portugal registou, entre 16 de março e 14 de abril, um "excesso de mortalidade" que atingiu de "forma desproporcionada" pessoas com mais de 75 anos, tendo-se registado 1.255 óbitos acima do expectável, segundo o Barómetro Covid-19.

Neste período, "registaram-se mais 1.255 óbitos do que seria de esperar com base na mortalidade média diária dos últimos 10 anos, ultrapassando mesmo o limiar da média mais dois desvios padrão [DP], a partir de 24 de março de 2020".

Relativamente aos óbitos que se estimaram para uma situação em que não houvesse epidemia, registou-se um excesso de 1.214 óbitos, refere o estudo, indicando que 599 destes óbitos foram registados como covid-19 e os outros 615 (51%) por outras doenças.


O líder do mundo livre - o que pode carregar no botão vermelho




Hoje é o aniversário de Shakespeare



'All the world's a stage, and all the men and women merely players: they have their exits and their entrances; and one man in his time plays many parts...' 

—from the play "As You Like It" by #WilliamShakespeare


Noite eterna II




Noite eterna




April 23, 2020

What is genius?




No dia mundial do livro, compre-se livros



... senão os livreiros vão à falência. Acabei de comprar 3 livrinhos à livraria alfarrabista, Liliana Queiroz:

* ESTALINEGRADO ATÉ AO ÚLTIMO CARTUCHO DE Heinz Schroter
* CARTAS DE ESTALINEGRADO;
* DIÁRIO DE UM GÉNIO, de Salvador Dali.

No dia mundial do livro um bocadinho de leitura





o livrinho:


Desfazendo preconceitos: a China é o país do COVID-19 vírus mas também é o país de Li Wenliang



E de outras coisas admiráveis.


A minha costela pseudo-alentejana



... está em enfiar ervas em tudo que é comida :)


Ora aqui estão dois que se equivalem



Um é segunda figura do Estado e a outra é a primeira figura da DGS. Que figurinhas...


Graça Freitas diz que não é necessário usar máscara nas celebrações do 25 de abril na AR: "É um edifício grande"


Ferro Rodrigues. "Então nós íamos mascarados para o 25 de Abril?


Este artigo do NYT sobre o Benfica e o Estado é uma vergonha porque... é verdade



"O clube de futebol como um estado soberano." É o título da reportagem do jornal norte-americano "The New York Times" sobre o Benfica, no qual se escreve sobre o juiz benfiquista que vai julgar o "hacker" Rui Pinto, acusado de "revelar segredos obscuros" dos encarnados.



Na reportagem, o "New York Times" (NYT) escreve que juízes, procuradores, chefes de polícia e até o primeiro-ministro de Portugal são convidados regulares para a tribuna presidencial do Benfica e levanta uma questão: "o que acontece quando esses adeptos decidem sobre casos que afetam os interesses do clube?"

Algum, como sabemos, até mandam que lhes ofereçam bilhetes para si e para a família... são os políticos que temos.