Ministro da Educação, Ciência e Inovação
Ministra da Juventude e Modernização
Margarida Balseiro Lopes
Medina escreve um artigo no Expresso chamado, "Um Compromisso para com as Finanças Públicas", onde faz as afirmações seguintes (que fui buscar ao artigo de JMT no P)
- “Um país que tem uma dívida ainda elevada e que está a recuperar a sua credibilidade financeira não tem folgas orçamentais”.
- “Continuamos a estar entre as economias com maior fardo de dívida sobre os contribuintes actuais e futuros”.
- “A ideia de que o nível de dívida não é muito relevante é pueril e perigosa”.
- “Reduzir a dívida pública é uma questão central de soberania” e de “segurança do país”.
- “Vivemos uma oportunidade única em três décadas”, “desperdiçar esta conjuntura seria uma falha imperdoável”.
- “Se não aliviarmos o fardo da dívida pública sobre as gerações futuras agora que a economia cresce e a inflação ajuda, quando o faremos?”
- “Portugal conta hoje com o maior volume de fundos europeus que já teve à sua disposição: mais de 50 mil milhões de euros entre 2022 e 2029” - “a questão decisiva não é a da falta de recursos para o investimento público, mas sim a capacidade de escolher os bons projectos e executá-los bem”.
- Não é “possível afirmar, nesta conjuntura inflacionista, que os rendimentos reais de todos são mantidos”.- A “crítica de que a política económica se subordinou totalmente à redução do défice e da dívida não tem correspondência com a realidade”.
“Um compromisso que assuma que, com crescimento alto e quase pleno emprego, contas equilibradas ou até superavitárias são a boa política a seguir”.
Não me lembro de A. Costa ter defendido estas ideias na campanha das legislativas ou sequer de fazerem parte do seu programa de governo:
Prometo reduzir a dívida pública empobrecendo as pessoas que menos têm;
Prometo reduzir a dívida pública desmantelando os serviços públicos;
Prometo reduzir a dívida pública tirando aos que menos têm e transferindo a riqueza para as mãos de uns poucos;
Prometo reduzir a dívida pública tirando aos portugueses o direito a uma educação pública de qualidade desde logo fomentando a falta de professores e a sua substituição por qualquer um;
Prometo distribuir certificados em vez de educação;
Prometo reduzir a dívida pública tirando aos portugueses o direito à saúde com um mínimo de qualidade;
Prometo reduzir a dívida pública tirando às grávidas o direito a um médico e impondo em substituição os enfermeiros;
Prometo reduzir a dívida pública tirando o direito à habitação e fomentado a emigração dos jovens;
Prometo reduzir a dívida pública queimando e atirando para o lixo ou para o estrangeiro toda a geração actual;
Prometo reduzir a dívida pública governando com autoritarismo e sem dialogar com os outros partidos;
Prometo reduzir a dívida pública mantendo corruptos e abusadores de poder no governo;
Não me lembro de ouvir estas promessas na campanha do PS, nem me parece que estas decisões que Medina aqui confessa de queimar esta geração, queimar, inerentemente, os serviços públicos e empobrecer a maioria sejam decisões que um governo possa tomar sozinho.
Não são decisões das contas correntes como mandar vender um prédio público, po exemplo. Estas são decisões de questões estruturais que, exactamente por isso, modificam estruturalmente o país. Se tinham essa intenção tinham que ter dito. Não é uma decisão que um ministro das finanças ou um primeiro-ministro possam tomar às escondidas do povo, mentindo na campanha legislativa.
Medina não tem problemas em empobrecer os outros (ele e os amigos excluem-se do empobrecimento), mas o resto do país pode pensar de maneira diferente e não lhe cabe decidir pelo país deitar para o lixo várias gerações de portugueses. Sim, não é só esta. Se destrói a educação agora não a tem depois quando a quiser.
Para além de enorme abuso de poder em tomar decisões de fundo que nunca fizeram parte da campanha, este artigo em que confessa que a única coisa que faz enquanto ministro é arrecadar dinheiro abusivamente (isso qualquer um sabe fazer) é, na minha modesta opinião, uma tremenda confissão de incompetência.
Que nos interessa um país com dívida reduzida, mas sem educação, sem justiça e sem saúde? Fazemos o quê depois, sem pessoas formadas para reconstruir o país? Vamos buscar profissionais ao estrangeiro? Com que dinheiro? Endividamo-nos outra vez?
No tempo de Salazar não devíamos a ninguém. Até emprestámos dezenas de milhões à Inglaterra depois da Segunda Grande Guerra. Porém, o país vivia na pobreza de tal maneira que a seguir ao 25 de Abril, mesmo com aquele par de anos da Primavera Marcelista, endividámo-nos até aos olhos porque só tínhamos mão de obra qualificada de pobrezinhos. Só a partir do fim dos anos 90 as coisas mudaram.
Vamos voltar a esse ponto de não termos dívida mas estarmos todos pobres excepto os políticos e os seus satélites de advogados, banqueiros e grupos económicos?
Que nos interessa um governo que não sabe ir baixando a dívida, neste contexto tão favorável, ao mesmo tempo que mantém ou melhora os serviços públicos? De que nos serve um governo onde o primeiro-ministro diz publicamente que se está nas tintas para a corrupção? De que nos serve um ministro das finanças que é a D. Maria do Salazar e até se gaba publicamente de estar a destruir o tecido social do país e a queimar uma geração de portugueses?
Apanhei um bocadinho de uma conversa de duas mulheres idosas que passaram por mim:
- Eles que vão para o raio que o parta. Fazem fortunas com o nosso dinheiro e não resolvem nada. São piores que o Salazar, porque esse ao menos não se enchia a roubar.
- Isso também não. O Salazar mandava prender.
- Então e a nossa pobreza é o quê senão uma prisão? Prendem-nos assim à miséria para se encherem de fortunas. Vão todos para o raio que o parta.
A finança, a indústria da energia, as multinacionais e grandes empresas da alimentação e farmacêuticas são as únicas que estão de boa saúde. À custa do empobrecimento de todos os outros. Há um empobrecimento geral da população. E quem construiu este sistema de enriquecer os que mais têm à custa dos outros, foram os partidos do centro -PS e PSD- que são quem governa o país há quase 50 anos, com maior domínio do PS. Estes são os factos. Não me consola que isto não se passe só em Portugal.
Os governos estão tão habituados a pisar os professores através da instrumentalização dos sindicatos que já não sabem lidar com pessoas livres.
11-12-2023
fotografias da Misé
Gastos públicos em privado e recusa em informar o povo acerca do que andam a gastar. E a fazer. Hoje ouvi na rádio que há muitas decisões de juízes que são tomadas à porta fechada. Não são públicas. Há recusa em torná-las públicas (O presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses contou que há “milhões de euros pagos pelo Estado em acordos judiciais à porta fechada, sem escrutínio – dezenas ou centenas de milhões de euros – que são decididos em arbitragens). Evidentemente que isso favorece o abuso e a prevaricação de corrupção. Os nossos governantes e orgãos de soberania são um impedimento à democracia porque escondem e tentam manter oculto, como se faz nas ditaduras, as decisões políticas e as suas práticas. O mundo teve Trump e o Bolsanaro, seu delfim; e também tem Putin e tem muitas outras democracias a escorregar perigosamente porque os governantes, sendo teoricamente democratas, nas suas práticas fazem rombos constantes nos alicerces das democracias. E para quê? Vaidade, apenas vaidade.