Todos os dias tem um programa qualquer a fazer a apologia do Qatar. Quem veja estes programas sem saber o que é o Qatar pensaria ser um país democrático e respeitador dos direitos humanos, nomeadamente das mulheres.
Todos os dias tem um programa qualquer a fazer a apologia do Qatar. Quem veja estes programas sem saber o que é o Qatar pensaria ser um país democrático e respeitador dos direitos humanos, nomeadamente das mulheres.
Foram ouvidas 1207 pessoas sobre a sua opinião acerca da Justiça. Quem são os inquiridos? São conhecedores do assunto? Ou são pessoas como eu? Eu não me considero propriamente desinformada e inculta mas se me perguntassem quem é mais responsável pelos problema da Justiça não o saberia dizer. Nem sequer sei quais são os problemas que afectam o funcionamento interno e a orgânica da Justiça - desde a formação de juízes e técnicos, ao funcionamento dos tribunais, à legislação aplicável, aos problemas do dia-a-dia, aos problemas das diversas instâncias jurídicas e tribunais... O que sei disso é em termos muito gerais pela comunicação social - que como se vê por este artigo, não informa.
Sei que há governos que tentaram mandar na Justiça para estarem no país como reis, como o caso do governo de Sócrates, porque foi evidente. Como agora é evidente que há quem queira manietar a Justiça para nunca ser incomodado - querem reduzir todos os problemas de funcionamento da Justiça à PGR porque ela não é submissa. Mas isso não é perceber dos problema internos da Justiça. Estamos fora do meio. Portanto, fazer um inquérito a pessoas que sabem zero dos problemas da Justiça, produzir uns gráficos com percentagens e daí concluir que têm um estudo sobre o que vai mal na Justiça? O que está mal é o próprio 'estudo', não-estudo.
Isto é o que costuma acontecer na educação. Vai-se inquirir este e aquele e mais pessoas que não sabem um boi dos problemas da educação e das escolas e que só produzem chavões tirados de títulos e artigos de comunicação social e redes sociais e depois concluem que um estudo disse isto e aquilo.
Fui dar com este título do jornal SOL: Manuel Monteiro entrevista Paulo Portas. Achei o título curioso e fui ler a notícia.
Lá se diz, entre outras coisas:
A próxima revista do IDL-Instituto Amaro da Costa – que vai para as bancas em setembro – está carregada de novidades. Sendo o prato forte uma entrevista exclusiva de Paulo Portas ao presidente do instituto, Manuel Monteiro.
Catedráticos dão corpo a Dicionário Político
O Instituto Amaro da Costa conta com mais novidades. Uma delas é o Dicionário Político, cuja edição foi iniciada no final do passado mês de abril. Trata-se de um projeto «de formação coordenado por um Conselho Científico […] A sua liberdade e rigor contribuem para que o dicionário, independentemente das posições que nele se exprimem, possa ser uma fonte de conhecimento e uma sustentada forma de afirmação das diferenças que continuam a existir no pensamento político», defende o IDL.
Achei esta iniciativa de um novo Dicionário Político, não alinhado com a tradicional interpretação da esquerda, particularmente interessante. Quis saber se seria um Dicionário Político com alguma independência de pensamento e fui ver quem são as pessoas que constituem o tal Conselho Científico (faço colecção de dicionários e fiquei logo interessada).
São estes os nomes:
Do conselho científico fazem parte Alexandre Franco de Sá, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; António Cerejeira Fontes, professor convidado da Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho; Diogo Costa Gonçalves, professor associado da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa; Fernando Oliveira e Sá, professor da Faculdade de Direito da Universidade Católica de Lisboa; Francisco Carmo Garcia, mestre em Ciência Política, pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica de Lisboa; Inês Neves, assistente convidada da Faculdade de Direito da Universidade do Porto; João Perry da Câmara, advogado e membro do Conselho Diretivo do IDL; Mafalda Miranda Barbosa, professora associada com agregação da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; Manuel Carneiro da Frada, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade do Porto; Paula Ponces Camanho, assistente da Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto e advogada; Paulo Otero, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa; Pedro Barbas Homem, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e ainda Pedro Rosa Ferro, professor na AESE Business School (Lisboa) e diretor do Programa de Alta Direção de Empresas (PADE).Não sei quem são. Não são todos catedráticos como diz o sub-título. A maioria são advogados. Mesmo no fim, chamou-me a atenção (não interessa agora porquê) o apelido Rosa/Ferro de um professor da AESE Business School. De repente, fez-se uma associação na minha mente: Rosa/Ferro + Opus Dei + Manuel Monteiro. Assim que fiz esta associação disse com os meus botões, 'vai lá fazer uma pequena investigação para descartares a hipótese de estares a fazer uma triangulação ao modo esquizofrénico'.
Desde a madrugada que está em baixo com a mesma mensagem.
NHK Word Japan, que na minha operadora vem a seguir à i24 News
Têm aquela calma japonesa mesmo quando estão a falar de guerra e não estão sempre a repetir a mesma notícia até à náusea. E têm programas sobre a cultura e história do Japão onde aprendo coisas que não sei.
As TVs hoje-em-dia, em vez de serem fontes credíveis de informação, são fontes populistas de informação sem nenhuma objectividade ou equilíbrio. Assumem uma posição a favor ou contra qualquer coisa, qualquer país, qualquer governo e depois filtram tudo com esses óculos enviesados de ver a realidade.
Já não têm jornalistas, tem opinadores de campo. Mesmos aqueles a quem chamam repórteres ou enviados aos sítios, em vez de reportarem a partir dos factos conhecidos, reportam a sua opinião pessoal sobre os acontecimentos. Uns fazem-no intencionalmente, mas outros nem o fazem por má intenção, acontece que já são 'filhos' destas nova escola das emoções e da empatia sem reflexão nem juízo crítico que está na moda.
Os jornais fazem a mesma coisa. É-lhes indiferente se os jornalistas são objectivos ou se os opinadores são pessoas com um mínimo de conhecimentos ou de honestidade intelectual. Querem é pessoas polémicas, populistas, de preferência, que façam vender jornais, mesmo que andem a incentivar à violência.
Decadência.
Depois os responsáveis pelas instituições e pelos organismos políticos, seguem esse populismo e em vez de resolverem problemas andam a inflamar os ânimos com slogans.
Canais que costumavam ser uma referência de seriedade como a BBC, são uma agenda propagandista. A Al Jazeera, que fazia um jornalismo muito equilibrado e objectivo, agora é impossível de ver. Praticamente apela à matança de judeus. A Euronews faz limpeza de imagem do Qatar e outros países que violam grosseiramente os direitos humanos. Citam as declarações de líderes do Hamas como referência fidedigna dos acontecimentos. Acabo de ver um desses líderes dizer, como convidado, num canal de TV que os 199 "prisioneiros, aquilo que chamam reféns, do Hamas" (está a falar dos bebés a quem mataram os pais, das raparigas e outros que raptaram depois daquele ataque selvagem) , estão bem e ninguém lhes vai fazer mal.
Como chegámos a esta situação?
(e como fiquei a saber que custou 175 milhões de euros)
Pope Francis will attend a global gathering of young Catholics – a $175m event held amid Portugal’s cost-of-living crisis https://t.co/4sA8qDPIyi pic.twitter.com/RPCkWzXXhf
— Al Jazeera English (@AJEnglish) August 2, 2023
Uma investigadora fez uma tese sobre o 'racional determinante' da escolha de um curso superior e concluiu que não é o factor empregabilidade que faz os jovens decidir e que a intenção dos alunos é escolher "uma vocação, o interesse pessoal ou a influência da família". Porém, não apresenta nenhum dado que fundamente esta conclusão - nenhum dos quadros apresentados permite tirar essa conclusão e, mais, não prevê todas as variáveis possíveis de explicação e oferece como exemplo de grande parte dos alunos irem atrás da vocação, cursos que são escolhas de nicho, como Fotografia, Filosofia ou Turismo em Trás-os Montes.
Apresenta um quadro com 10 cursos superiores (a maioria de Institutos Politécnicos) com desemprego elevado, onde os licenciados são em número de 36, 31, etc. como se essas escolhas fossem representativas do universo de mais 50 mil estudante que entraram no ensino superior.
Sempre houve pessoas que escolheram o curso de Filosofia e que escolheram cursos por vocação ou por gosto, não é uma realidade de agora como este estudo faz querer (dantes pensava-se na empregabilidade e agora os jovens pensam na vocação), mas são uma minoria e se dantes o faziam com alguma coragem de abdicar de uma carreira bem paga, hoje-em-dia sabem que abdicar de uma vocação com pouco emprego, para acabarem mal empregados num emprego onde são mal pagos e explorados, não há grande diferença.
Portanto, a desvalorização geral do trabalho e do trabalhador enquanto factor de perda de atractividade da empregabilidade não foi considerada neste estudo onde se conclui que é por questões de amor à vocação que os jovens já não escolhem cursos por empregabilidade. Isto é, tiram conclusões sem levar em conta um factor que a mim me parece fundamental.
Outro investigador cita, "alguma investigação", o que é um coisa vaga e não objectiva e também 'estudantes com quem contacta': os seus alunos? Bem, se são os seus alunos (é professor universitário) isso não é uma amostra representativa dos alunos em geral. São meia-dúzia de pessoas de um curso particular.
Por exemplo, passa-me pela cabeça que os alunos privilegiem em primeiro lugar a empregabilidade em cursos que dão acesso a uma boa carreira, de prestígio e bem remunerada, mas a maioria não tem notas de curso secundário e de exame (nem mesmo com estes exames alfaiate e a pressão nas escolas) para aceder a esses cursos, de maneira que vão para outras opções.
Portanto, não é que eles privilegiem a vocação (a maioria não faz ideia se tem alguma vocação e para quê - sabem vagamente se são melhor em coisas práticas ou teóricas, em coisas com matemáticas ou humanísticas) sobre a empregabilidade. A empregabilidade é que perdeu o valor que tinha porque os governos e os 'patrões' são um ralador que usa os trabalhadores como queijo de temperar os seus acepipes.
Francamente, vejo muitas falhas neste estudo -a partir deste artigo, claro- para que o estampem num jornal nacional.
Na hora de escolher um curso, garantia de emprego não é o mais importante para os jovens
Há bocado, primeiro na mercearia e depois na tabacaria, ouvi os vendedores dizerem que vinha aí uma moeda de 5 euros o que era muito bom para acabar com a necessidade de tantos trocos e da falta de notas de 5 euros. Vim procurar essa notícia e dei com este título. Fui ler e vejo que a tal moeda será, com certeza, uma moeda para coleccionadores: 30 mil moedas que só podem circular em Portugal (ou esperam que a moeda se multiplique como no milagre dos peixes?)
Mas então porque lançam a notícia que vai haver uma moeda de 5 euros a circular?