April 25, 2020
Diário da quarentena 41º dia - 25 de abril em confinamento
Nem pão, nem habitação, nem saúde nem educação. Só a paz. Os outros desidérios estão em ruptura de stock desde sempre e o 25 de Abril não os repôs, não teve pessoas à altura. Alguns -como a habitação- cada vez chegam a menos e outros, como a saúde e a educação, chegam mas em pobres condições.
Hoje vão os políticos para a AR, com muita pomposidade, celebrar com palavras uma data que não honram, depois de terem fomentado a divisão dos portugueses dizendo por aí que os portugueses são contra a liberdade se não concordam com eles, como se eles fossem os sacerdotes da liberdade e declarassem a verdade do que cada um sente e pensa. E porquê? Porque não foram capazes de fazer o que exigiram a todos os outros portugueses: manter isolamento e reinventar novas formas de fazer o seu trabalho. Não foram capazes nem tiveram essa decência.
E vou mais longe: se muito portugueses não se animam com o 25 de Abril é por causa do que fizeram as pessoas que o fizeram.
Tirando o Salgueiro Maia, outros desconhecidos e alguns que estiveram presos, exilados ou que morreram, os outros são responsáveis por minar constantemente o ideal que foi o 25 de Abril: saíram directamente da ditadura de Salazar para tentar impor a ditadura da URSS e começaram a perseguir portugueses e a roubá-los com o intuito de implementar aqui uma posto avançado da URSS, uma Cuba ibérica, com tudo o que isso implica de falta de liberdade, desprezo por direitos humanos, etc. O PCP de Cunhal e muitos outros partidos que tentaram que se passasse directamente de uma ditadura à seguinte. Pior, assim como os outros são saudosistas da ditadura de Salazar, este são saudosistas desses tempos de traição ao 25 de Abril de 74.
Outros, que lutaram contra essa tentativa de venda do país aos soviéticos, assim que se encontraram na cadeira do poder atraiçoaram todos os seus ideais de pão, habitação, saúde e educação para todos e e passaram ao egoísmo ético, pessoal e político, com o estabelecimento de modos do antigamente - privilégios para os amigos, amontoar de riqueza para os políticos e seus partidos, ocupação das cadeiras do poder por longas décadas, rapaces dos cofres do Estado: Mário Soares é o grande exemplo desse caminho de traficância política e corrupção que nos trouxe onde estamos.
Nesses tempos, a palavra de ordem dessas muitas pessoas que se alcandoraram nos cargos, e diziam-no em voz alta, era, 'chegou a nossa vez de enfartar. Lutámos, temos direitos a ter privilégios'. E foi assim que surgiram os auto-privilégios que os Alegres da AR acumulam.
Otelo Saraiva de Carvalho, um dos protagonistas do 25 de Abril, foi outro. Ninguém lhe retira o mérito do dia 25 de Abril, mas sabemos que a seguir, raivoso de não ter conseguido impor a sua ditadura, juntou-se a um bando de terroristas para o fazer à bomba, mostrando não ser um homem da liberdade.
E é por isso que muitos portugueses não gostam do 25 de Abril: porque as pessoas que o fizeram e deviam ter criado uma sociedade justa, assim que se apanharam no poder tornaram-se homens do poder: autoritários, indiferentes à falta de condições do povo, aproveitadores, abusadores do poder, comprometidos com açambarcadores da riqueza do Estado, etc.
Não são pessoas da liberdade, nem da justiça para todos. Como dizia o João Soares no tempo da prisão de Sócrates, 'um político deve ser intocável, a não ser por crimes de sangue e, mesmo assim, só se for apanhado em flagrante delito.'
Portanto, muitos portugueses não querem celebrar o 25 de Abril com estas pessoas que dividem os portugueses para tirar os dividendos, que se 'estão a cagar para o segredo de justiça', que impedem os representantes do povo de falar na casa do Parlamento, que se aproveitam do poder há dezenas de anos para instituir esquemas de enriquecimento, que vêem os cargos do Estado, não como serviços mas como poleiros para filhos, primos, amigos, irmão e amantes sugarem o dinheiro público, que estão nos cargos para favorecer os 'partisans', que têm enorme desprezo e desconhecimento pelo e, do povo, pelos trabalhadores e por todos que não lhe façam as vontades ou que os contrariem.
Querem responsáveis por muitos portugueses não se reverem no 25 de Abril?. São vocês que estão no poder há, praticamente, 40 anos. Olhem para si próprios e para o que têm feito.
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O meu 25 de Abril foi mais uma libertação pessoal de uma família que me oprimia como pessoa. Fiz muitos disparates a partir desse dia. Arrependo-me de quase todos eles!!
ReplyDeleteHoje, o meu percurso de vida seria muito diferente. Agora, já é tarde para mudar. Resta-me ver a minha filha conseguir com mérito tudo o que anseia. Através dela, vivo o 25 de Abril que desperdicei.
Não vejo as coisas desse modo. Toda a gente faz grandes disparates na vida, mas a pessoa não se resume aos disparates que fez, nem me parece adequado ver a vida de cada um afunilada nos erros cometidos, a não ser que a pessoa não tenha nenhuma capacidade de aprender com eles e evoluir e, em vez disso, cristalize nesse padrão de erro e os cometa uma e outra vez. E geralmente, é na juventude que se cometem mais erros. É normal, não? Menos conhecimentos, menos experiência de vida...
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