December 02, 2022

Fazer a paz com esta Rússia de Putin é desresolver o problema desta guerra



Fazer a paz com a Rússia de Putin ? A Rússia, que atacou a Ucrânia, que todos os dias bombardeia civis, que raptou um milhão de crianças, que exige o reconhecimento do roubo de território, que envia pacotes com olhos de animais para as embaixadas ucranianas da Europa e que defende o fim da Ucrânia e dos ucranianos? Isto ultrapassa-me. Quanta miséria nos custaria esta paz?


Ukraine war: Russia demands annexations recognised before talks


Grandes verdades

 


Desde a Segunda Guerra que a Europa se focou na construção da paz e da prosperidade, o que é bom, mas fê-lo ao ponto do delírio alucinante e agora acordou para a realidade.


Escola pública/escola privada

 

A escola pública, como diz Élisabeth Badinter, é um local onde todos os dias os alunos se juntam nas aulas e durante aquele período de tempo ensaiam uma sociedade igualitária, nos assuntos que discutem, investigam e apreendem e no modo como o fazem, porque a sua origem e condição social estão de fora dos processos educativos em que todos participam nesse espaço. Igualitária, não no sentido de serem todos iguais, mas no sentido de terem acesso a direitos e oportunidades na sociedade a que pertencem.

A escola privada é uma segregação social. E, se há 50 anos se punham os filhos nos colégios privados, sobretudo por motivos de religião (a maioria dos colégios particulares eram de ordens religiosas), hoje-em-dia põe os filhos nos colégios privados aqueles que querem resguardá-los da sociedade desfavorecida e criar-lhes (ou reforçar-lhes) condições de direitos e oportunidades especiais, através de relações sociais favoráveis. Por isso muitos governantes que falam pela escola pública põem os filhos em colégios particulares para garantirem, na medida do possível, as ligações sociais que possam fazê-los avançar na hierarquia social.

Não há muito tempo li uma opinião sobre aquele aluno que entrou abaixo dos critérios de seleção na Universidade Católica, no curso de Medicina, porque o pai doa muito dinheiro a essa escola. Nessa opinião defendia-se essa cunha com o argumento de ser evidente que as grandes escolas/universidades são grandes por terem muito dinheiro para contratarem os melhores professores e terem as melhores condições.
Em Portugal, defendem-se simultaneamente duas ideias contrárias entre si como verdadeiras: que a escola pública pode sempre fazer mais com menos (se não o faz, é porque os professores não prestam) e, ao mesmo tempo, que a escola privada precisa de muito dinheiro para garantir os seus padrões de qualidade elevados. Uma parte grande da sociedade, inclusive, infelizmente, aqueles que mais precisavam de uma escola pública forte e de qualidade, aceitam estes argumentos de segregação social.

Ao mesmo tempo que se defende que a escola pública deve, por um lado, ser gerida como uma empresa -com objectivos, professores contratados e despedidos por perfis particulares (como se os valores da escola pública fossem locais) mas, por outro lado, pratica-se a violação das regras do mercado. Se uma empresa não tem trabalhadores e quer trabalhadores de qualidade, oferece melhores condições, melhor salários, etc. Na escola pública, quanto mais falta de professores há, mais se pioram condições oferecidas e vão-se buscar pessoas desadequadas para o trabalho - sem formação, quer académica quer profissional. Portanto, das duas uma: ou os responsáveis não percebem a lógica do mercado que dizem querer defender nos colégios e empresas privadas ou percebem-na perfeitamente e trabalham intencionalmente para a segregação social.

Vemos o mesmo estar a acontecer na saúde e no ensino superior. Os professores do ensino superior vivem sobrecarregados de burocracia e obrigação de publicar a um ritmo irracional, numa competição do género empresarial que contraria os propósitos da instituição que é a universidade. Daí que haja tanta fraude nas publicações e que o valor do diploma universitário esteja em queda livre e que as famílias queiram os filhos nesta ou naquela universidade, não porque sejam melhores, mas porque é lá que andam os filhos das pessoas com quem se querem relacionar para as futuras cunhas e avanços sociais.

Temos tido, desde há dezenas de anos, primeiros ministros e ministros da educação que trabalham, consciente ou ignorantemente (mas o resultado prático é igual) para a segregação social, em vez de trabalharem para a equidade social. Talvez pensem que, se a maioria da população viver em privação, sobra mais dinheiro e oportunidades para os seus familiares e amigos, mas isso é um engano, pois o que acontece é que empobrece a sociedade como um todo, como se vê pelo índice económico, social e cultural em que nos encontramos - uma ladeira que parece só ter sentido descendente.

As coisas ainda vão piorar muito na escola pública e, por arrasto, nas possibilidades do país, dado que este ME é uma pessoa de teorias da modas que não sabe pensar por si mesmo e ainda por cima tem mentalidade feudal, uma combinação destruidora - um decalque da Lurdes Rodrigues que tanto prejuízo causou à escola pública.


"Estamos todos a lutar por uma escola pública de qualidade"



O grito de revolta dos estudantes por um ensino público "de qualidade"


Semana foi de luta estudantil por todo o país, com concentrações e manifestações de alunos do Ensino Secundário público. Pedem mais professores, funcionários, psicólogos e obras nas escolas degradadas. E temem pelas desigualdades no acesso ao Ensino Superior.

Sabemos que é possível termos uma escola com os professores, funcionários e psicólogos suficientes, em que somos avaliados de uma forma justa, onde a comida é de qualidade, onde não temos de passar frio no inverno." O desejo, em tom de desabafo crente de quem recusa abdicar de uma causa, é dos alunos do Movimento Voz aos Estudantes, que esta semana organizaram várias ações de protesto de norte a sul do país, com "apitões" e concentrações, bem como "fotoprotestos" (fotografias em que os estudantes expõem as condições degradadas de algumas escolas) em defesa da escola pública no Secundário.

Ao Diário de Notícias, Marta Vasco, aluna da Escola Secundária Sebastião e Silva, Oeiras, explica que o movimento nasceu no ano passado e deu "frutos". "O movimento surgiu da necessidade de lutar pelos nossos direitos e de sabermos que tínhamos de fazer algo. Este movimento é uma forma de chegarmos a mais estudantes. No ano passado conseguimos, por exemplo, o fim da semestralidade em algumas escolas e também que fossem feitas algumas obras", explica. A aluna acredita que estas "vitórias" têm levado a que cada vez mais alunos se juntem ao movimento e destaca as ações da passada segunda-feira, em Oeiras e Cascais, que juntaram mais de duas centenas de jovens.

"Estamos todos a lutar por uma escola pública de qualidade e para resolver questões que diferem de escola para escola. Em algumas são necessárias obras, noutras são professores, funcionários ou psicólogos", sublinha.
Marta Vasco lamenta a falta de professores em disciplinas sujeitas a exame nacional e entende que este problema causa injustiças no acesso ao Ensino Superior. "Na minha escola não há essa questão, mas ainda há alunos que não têm professores para certas disciplinas e isso mostra a necessidade que há de contratação de mais professores. Estamos preocupados porque os estudantes que não têm professor vão fazer o mesmo exame dos colegas que não tiveram essa dificuldade. Há um sentido de urgência ainda maior para resolver este problema. É injusto irem a exame sem terem tido iguais condições."

A aluna conta ainda que o Movimento Voz aos Estudantes pretende uma maior aposta na Educação Sexual, que vá para além dos alertas sobre doenças sexualmente transmissíveis e se centre também "em temas mais abrangentes, como a violência no namoro, a educação emocional e as problemáticas da adolescência". "É essa Educação Sexual que não nos é dada e que reivindicamos."

A "falta de psicólogos nas escolas" é outra das principais preocupações dos alunos do Ensino Secundário. Marta Vasco entende que "a escola não está lá para os estudantes, quando há estabelecimentos com uma psicóloga para mil alunos". "Não é possível oferecer apoio a quem precisa com tão poucos psicólogos", conclui.
A estudante acredita que as ações de protesto do Movimento Voz aos Estudantes mobilizam "milhares de alunos a nível nacional". As ações de protesto terminam hoje com uma concentração na Escola Secundária Pedro Alexandrino, na Póvoa de Santo Adrião (às 10.10) e um Fotoprotesto, na Escola Secundária de Casquilhos, no Barreiro.

Sindicato solidário com os estudantes

O Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.T.O.P.) está "solidário com estes estudantes". "Penso que o que estes alunos reivindicam vai ao encontro do que temos feito, por exemplo, na luta pelo fim do amianto nas escolas. Em 2019, as comunidades de estudantes também fizeram protestos e o S.T.O.P., sempre que pôde, esteve presente. De facto, é fundamental não só que os profissionais de educação lutem pelos seus diretos, mas também os alunos", sublinha André Pestana, coordenador nacional do S.T.O.P.

O sindicalista salienta a importância da resolução de alguns dos problemas indicados pelo Movimento Voz aos Estudantes. "Temos denunciado as condições degradadas de algumas escolas. Há escolas em que, no inverno, os alunos continuam a ter de levar mantas. Há escolas sem aquecimento e, nas que não têm isolamento, o calor é dissipado. Para haver educação, é preciso condições para a aprendizagem. É uma situação que nos preocupa. E a questão do amianto continua a ser uma preocupação. Hoje soube que houve uma escola que tirou amianto no fim de semana e voltou a abrir na segunda sem fazer testes", conta.

Já no que se refere à falta de professores, André Pestana destaca não só a escassez de profissionais, mas também as condições salariais que se refletem em "professores cansados, a precisarem de ter um segundo emprego para fazer face às despesas". "Há docentes que trabalham noutras áreas, em empregos pós-laborais. Já vão para as escolas esgotados, o que acaba por se refletir na sua prestação", diz. Quanto à falta de professores em disciplinas sujeitas a exame, o coordenador nacional do S.T.O.P partilha o receio de desigualdades apontadas pelos estudantes. "Quando há alunos meses e meses sem professores em disciplinas de exame, essa questão torna-se muito pertinente", sustenta.

André Pestana também entende que faltam psicólogos nas escolas, onde, por vezes, "os rácios são de um psicólogo para 600 ou mais alunos". "O tempo efetivo que tem para poder acompanhar os alunos fica muito aquém do necessário. É preciso contratar mais psicólogos e que entrem para o quadro das escolas."
Para o sindicalista, a contenda dos jovens do Movimento Voz aos Estudantes "é uma luta justa e é esse o caminho: um caminho de união entre alunos e professores para um ensino de qualidade".


" Mon pays ce n'est pas un pays, c'est l'hiver"



Mon pays ce n'est pas un pays, c'est l'hiver,
Mon jardin ce n'est pas un jardin, c'est la plaine,
Mon chemin ce n'est pas un chemin, c'est la neige.

Gilles Vigneault 
Chanson "Mon pays"



Dan McCarty

December 01, 2022

Eleições para o Conselho geral e de Supervisão da ADSE

 


Num universo de quase 1 milhão de eleitores votaram cerca de 38 mil, o que representa 4% dos beneficiários com direito a voto. Parece-me que a maioria das pessoas nem sabe das eleições nem como votar. São tão pouco divulgadas... sabe quem tem FB ou quem anda pelas redes sociais o que não é o caso da maioria dos funcionário públicos, que são pessoas de uma certa idade que não têm vida nem presença digital. E parece-me que isto é do agrado dos sindicatos e dos controladores sindicais e governamentais, deixarem as pessoas desinformadas para poderem continuar a desresolver problemas cantando e rindo. O nosso país é assim: o governo e seus amanuenses desresolvem problemas e as pessoas queixam-se, mas encolhem os ombros. É uma tristeza. 

Nocturna - Schubert, versão sexy





A chatice dos factos

 

Os jovens emigram, todos os anos, às dezenas de milhar. Mais um problema desresolvido pelo governo do senhor Costa.


Em 2011, apenas 6 dos 308 municipios tinham mais de 500 idosos por cada 100 jovens. Passado 10 anos, este número quase triplicou, havendo munícipios que têm já mais de 700 idosos por cada 100 jovens.
PORDATA

Quando um buraco negro engole uma estrela




Fui dar com este título e assim que li o meu cérebro disparou imediatamente a imagem do governo PS como grande buraco negro que engole toda a riqueza do país mas não dispara nada de retorno. Às vezes vomita e é o melhor que sabe fazer. Outro dia disseram-me que a média de utilização dos fundos europeus em Portugal anda nos 14% (este ano não chegou aos 10%) enquanto a média de Espanha, por exemplo, anda nos 90%. Sei que sou uma optimista delirante, porque quando li que tinha havido uma remodelação do governo pensei, 'finalmente vamos ver-nos livres deste poço de incompetência e falta de ética que é o ME e, quem sabe, do ministro das finanças' (a filha do pai sabemos que é inamovível) mas não, não houve remodelação nenhuma que torne este governo mais competente e sério. Aconteceu que uns secretários de Estado passaram do gabinete do João para o do Manel, dois andares mais abaixo ou mais acima.

E já que falamos em engolir, parece-me que ninguém engoliu aquela farsa de comunicado do ME a dizer que não, que não vai acabar com os concursos - que trazem transparência à contratação de escolas- e impor o nepotismo, a opacidade e outros vícios que interessam a quem só sabe desresolver problemas. Ele disse isso, penso, para não ter chatices nas vésperas de Natal e dar uma saída airosa aos sindicatos, pois assim, quando tudo for adiante, sempre podem dizer que fazem nada porque foram enganados e são umas vítimas.

Esta semana em conversa com um colega ele dizia e eu concordava, que aquilo que as escolas deviam fazer e os sindicatos organizar era baixar o nível do nosso trabalho ao salário e tratamento de carreira que nos dão. Trabalhar com os alunos e os pais, sim, mas tudo o resto não: visitas de estudo que dão uma trabalheira e representam muitas horas extraordinárias não pagas (às vezes vários dias em outra cidade ou país que é um inferno organizar), não; festinhas de Natal e de comemoração disto e daquilo nas escolas, clubes disto e daquilo, que dão uma trabalhadeira e representam muitas horas extraordinárias não pagas, não; reuniões em horário pós-laboral que representam muitas horas extraordinárias não pagas, não; apoios ao estudo (explicações) que o ME manda que sejam consideradas horas não-lectivas, mas que representam muitas horas de preparação e de lecionação não paga, não; clubes e actividades extra que as escolas têm às dezenas, não. Reuniões, preenchimento de dados infindos em plataformas que representam trabalho de borla para o Instituto Nacional de Estatística e para as estatísticas do currículo pessoal do ME, não. Portanto, muitos de nós não estamos de acordo com estas greves que servem para nada. Era preciso que 100 mil professores fizessem greve durante um mês para isso mudar alguma coisa. Na última greve às avaliações, que não fiz porque estava de baixa a fazer quimioterapia e radioterapia, mas que acompanhei através de colegas e dos jornais, soube que o ME mandou ordens não assinadas para as escolas a dar instruções para se fazerem ilegalidades, que fez sair portarias com ordens ilegais para os directores passarem por cima dos conselhos de turma de avaliação, perseguirem professores, etc. As direcções, em geral, obedeceram a tudo. São muito bem mandados. Portanto, dado que o ministro não foi remodelado e tem refinado o seu MO, espera-se mais do mesmo, mas de maneira mais encapotada e enviesada. Só vejo prejuízo, nenhum ganho.


Quando um buraco negro engole uma estrela, os restos são disparados em jacto

É um fenómeno raro – ou melhor, muito raro. (Público)

Know your butter

 



u/giuliomagnifico

Today meets yesterday

 


taschen




Bom dia ☕ 🍂

 



aldeia da ponte

do fb

November 30, 2022

Os 4 cavaleiros do Apocalipse contemporâneo




Dos 4 cavaleiros do Apocalipse tradicionais, peste, guerra, fome e morte, dois mudaram: em vez da fome, a devastação da natureza, em vez da peste, as redes sociais. A guerra e a morte mantêm-se. A devastação da natureza por razões óbvias de estarem a desaparecer a um ritmo alucinante, espécies de plantas e de animais e com eles a sustentação do meio ambiente sem o qual não sobrevivemos. As redes sociais por razões que se vão tornando cada vez mais óbvias: por fomentarem um pensamento e um comportamento de rebanho ou de colmeia como lhe chama Lanier, através do controlo e manipulação das pessoas pelos algoritmos e pela espionagem digital que matam o pensamento crítico, divergente e dialéctico à nascença.



Dürer

                                                                                                                                                                                                                  

Leituras pela madrugada - as redes sociais e o risco de extinção

 



A Extinção é um risco real': Jaron Lanier adverte para a ameaça existencial da tecnologia à humanidade




"As pessoas sobrevivem passando informações entre si", disse Lanier, de 61 anos. "Estamos a confiar essa qualidade fundamental do ser-se humano num processo que tem um incentivo inerente de corrupção e de degradação. O drama fundamental deste período é descobrir como sobreviver adequadamente com esses elementos ou não".

O foco exagerado no Twitter nos últimos meses após a sua caótica tomada de controlo pelo bilionário Elon Musk levanta os receios antigos acerca do Facebook e outros, incluindo representantes do Estado. 
Lanier menciona "agentes psicológicos" que trabalham para Putin e para o aparelho de estado comunista chinês. Todos eles estão a filtrar informação ou a promover informação em seu proveito. Em suma, a web não é um mercado livre de informação, como inicialmente se previa. É um sistema violado de forma desenfreada.

"Há todo o tipo de intermediários. Podem ser os proprietárias de uma plataforma ou outros que são bons a exercer influência sorrateiramente. Alguns influenciados são oficiais, outros camuflados. Alguns são competentes, outros incompetentes. Alguns são aleatórios, como um algoritmo que alguém fez mas não compreendeu. Os riscos desta distorção são elevados e a extinção é um deles. Se conseguirmos coordenar-nos para resolver a crise climática, por exemplo, isso seria um sinal fundamental de que não nos tornámos completamente disfuncionais", disse ele.

Lanier ajudou a criar ideologias modernas - o futurismo da Web 2.0 e o utopismo digital. Mas Lanier já não é um fã da forma como a utopia digital está a surgir. Chamou-lhe "maoísmo digital" e acusou gigantes tecnológicos como o Facebook e o Google de serem "agências de espionagem". E tem sido brutalmente claro sobre o que vê como as consequências de uma dependência excessiva dos meios de comunicação social: cada pessoa receberá tanto vídeos de gatinhos como da guerra civil.

No seu livro de 2010, You Are Not a Gadget: A Manifesto, alertou para os perigos das ideologias da web e da "mente da colmeia" que poderiam conduzir a uma "catástrofe social". Agora chama a atenção para a teoria do 
"condicionamento operante" do psicólogo Skinner - também chamado, comportamento controlado pelas suas consequências, termo cunhado em 1937.

Nos estudos de Skinner, os ratos de laboratório foram submetidos alternadamente a choques eléctricos e recompensas para conseguir uma mudança no seu comportamento de resposta. Nas redes sociais, diz ele, experimentamos algo semelhante através de experiências agradáveis ou desagradáveis que nos levam a mudar o comportamento: aprovação, desaprovação ou rejeição e criação de padrões viciantes para indivíduos e depois - por procuração - eventualmente sociedades inteiras, são técnicas de manipulação online.

Num recente artigo de opinião do New York Times, Lanier escreveu observou um afunilamento no comportamento público de pessoas que utilizam muito o Twitter e outras redes sociais. Destacou, Elon Musk, Donald Trump e Ye (Kanye West), que ultimamente estão muito nas notícias. Estas pessoas, "que tinham personalidades distintas, agora convergem para uma personalidade semelhante com um comportamento comum, neste caso de «miúdos mimados»
 - um resultado talvez de ser "envenenado pelo Twitter", um termo mais contemporâneo para o condicionamento operante.

"É difícil estabelecer uma ligação causal com a nossa disfunção actual porque se olharmos para a historia vemos que as pessoas desde sempre fazem coisas terríveis, mas a questão mais profunda aqui é saber se somos suficientemente sãos para comunicar e coordenar para a nossa sobrevivência enquanto espécie. 
Isso é mais importante do que saber se estamos a tornar-nos uns idiotas, porque os idiotas podem potencialmente sobreviver, mas as pessoas com incapacidade de comunicar de uma forma directa umas com as outras, não podem", diz.

"Mesmo as pessoas que estão dispostas a cooperar podem não ser capazes de o fazer porque não estão a operar num ambiente em que são ouvidas da forma que imaginam", por causa dos filtros e dos intermediários, sejam algoritmos, intermediários com poder ou espiões dos Estados. "Neste momento não temos confiança de que o que dizemos será ouvido correctamente", diz ele.

"Eu próprio não sei se estou a ser ouvido correctamente. Se eu fizer uma previsão sombria e ela se tornar realidade, significa que não teve utilidade. Não pretendo ter todas as respostas, mas acredito que a nossa sobrevivência depende da modificação da Internet - para criar uma estrutura que seja mais amigável à cognição humana e à forma como as pessoas realmente são".


A intolerância (ou estupidez) humana

 

Que o direito a casar com que se quer ainda tenha que ser vertido em forma de lei para ser respeitado, diz muito da intolerância e estupidez humanas. Ano sim, ano não, tenho, ou ouço contar, histórias de alunos que têm irmãos ou irmãs que foram rejeitados pelas famílias por terem casado fora das regras da comunidade ou da religião. Os testemunhas de Jeová são especialmente fanáticos: primeiro têm 10 ou 12 filhos, mesmo sem condições para os criar e educar; depois, se algum deles se casa com um ateu ou ele mesmo se torna descrente e deixa a religião, os pais obrigam os outros filhos, sob pressão da igreja, a cortarem relação com esse irmão, sob pena de eles mesmos serem ostracizados pela família. Põem os miúdos num dilema imoral e psicologicamente destrutivo. Convencem-nos que, se falarem com os irmãos descrentes, perdem privilégios dentro da religião - é uma daquelas religiões que pregam a ideia de que uns felizardos nascem com a graça divina e os outros estão tramados. Separam famílias e destroem os filhos. Que as religiões, que pregam o amor, sejam focos de intolerância fanática com milhões de seguidores, diz muito sobre a natureza humana. Os conselheiros bíblicos dos testemunhas de Jeová (os seus mullahs) dizem aos adolescentes que devem ter cuidado com os professores de filosofia e desconfiar deles porque criam a dúvida, de maneira que ter aulas de filosofia é uma espécie de lutar contra o demónio. Aqui há uns anos uma aluna, no primeiro dia de aulas do 10º ano disse-me que tinha medo da filosofia e de mim porque lhe tinham dito que a filosofia faz as pessoas deixarem de acreditar em Deus. Mas enfim, aquele divulgador científico espalhafatoso, Neil deGrasse Tyson, também defende que deviam proibir a filosofia porque faz demasiadas questões incómodas à ciência e cria dúvidas.

 

Inspiring



“My neighbors in Ukraine have now electricity for a lot of hours, no heating and no water. And they want to buy starlink! Russians will never break us”
    - Paul Massaro

November 29, 2022

O PS quer importar a China para Portugal




O direito de prender alguém para prevenir um risco que pode não existir

Joana Petiz

Acontece que o fim desses tempos de controlo e limitação de liberdades parece ter deixado uma certa nostalgia em quem decide o futuro do país. E a pretexto da necessidade de prevenir riscos futuros, quer-se introduzir mudanças perigosas na Constituição. Não para casos generalizados, que a Lei já prevê que aí possa ser ativado o Estado de Emergência; será apenas em situações limite, em que a doença de um português possa pôr os outros em risco.

Alguém vê mesmo vantagem nesta ideia de o Estado ter legitimidade para agir contra uma pessoa sem necessidade sequer de confirmar o risco?!

Retirar a liberdade a alguém pela mera suspeita de que possa ter uma doença grave e altamente contagiosa. É esta a principal alteração que se quer introduzir na Constituição Portuguesa, a possibilidade de se privar uma pessoa da sua liberdade, sem ser preciso sequer confirmar a condição de saúde e prescindindo até da ratificação prévia de um juiz. Sejamos claros: o que se quer inscrever na Constituição é o direito de prender um cidadão que não violou qualquer lei, para prevenir um risco que pode nem existir.

... há quem acredite que é prioritário abrir acolhimento constitucional à privação da liberdade de indivíduos inocentes com base em meras suspeitas. E isto sim, é grave.

A especialidade do PS: desrelsover problemas




Chefes de equipa das urgências do Hospital de Almada demitem-se


Numa carta dirigida ao diretor clínico do Hospital Garcia de Orta, em Almada, à presidente do Conselho de Administração e à diretora do Serviço de Urgência, os chefes de equipa explicam que na escala prevista constam vários dias com um número de elementos abaixo dos mínimos (um ou dois elementos apenas) para garantir o bom funcionamento do serviço.

"Não podemos como chefes de equipa, assistentes hospitalares de medicina interna e médicos deste hospital aceitar chefiar uma equipa de urgência nas presentes condições de trabalho e paupérrimas condições de prestação de cuidados no SUG como se encontram atualmente", salientam na missiva tornada pública pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

China - se a polícia não gosta das tuas fotografias, apaga-as

 


A path in the woods

 




Peder Mønsted (Danish painter) 1859 - 1941