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March 13, 2024

Nick Cave - La Vie En Rose


(O arabesco de piano que ele acrescenta à música é genial. Apanha exactamente a atmosfera de uma certa tarde romântica parisiense num sítio como Les Jardins De Bagatelle, por exemplo)





March 03, 2024

Se esta moda pega deixo de ir a concertos

 

Hoje fui ao CCB ouvir os concertos nº1 e nº 5 para piano e orquestra, de Beethoven. Assim que entrei na sala vi logo que aquilo não ia correr bem porque o piano estava de costas para o público em vez de estar de lado. O pianista tocar de costas para nós altera e abafa o som já que ele interrompe o caminho das ondas sonoras. Passou-me logo pela cabeça: queres ver que a moda de cortar pessoal, como nas escolas, já chegou à música? Bem dito e bem feito, o pianista era também o maestro. Resultado: aquilo foi mau. O pianista, em vez de estar concentrado na sua parte, tinha uma mão no teclado e a outra a dirigir a orquestra, tanto estava em pé como sentado, parecia um saltitão. No concerto nº 5, aquele adágio lindíssimo que tem de ser tocado com muito envolvimento e que nos comove imediatamente, foi de tal ordem que ele falhou uma nota e saltava de tal maneira que fiquei à espera que ele pusesse um pé no teclado e começasse a tocar ao modo do Jerry Lee Lewis quando tocava, Great Balls of Fire. Tocou sem nenhum sentimento, a martelar as teclas à doida... horrível.

Aquilo fez-me lembrar a escola, onde os professores, em vez de leccionar, têm de estar a fazer tarefas que não têm nada que ver com o seu trabalho e contratam pessoas que não têm formação para o trabalho e depois não fazem bem, nem uma coisa nem outra. Aqui há um par de anos esteve na escola uma pessoa formada em comunicação social que teve uma cadeira de estética kantiana no mestrado e à conta disso ficou habilitada para leccionar filosofia e psicologia. Qualquer dia, põe um tocador de banjo a tocar a parte do violino, pois o banjo também tem cordas...  

Aquilo foi foi mau que Beethoven esteva ausente de todo o concerto (apesar dos concertos serem de Beethoven) e comecei a reparar em outras coisas para me des-irritar. Por exemplo, a parede de fundo da orquestra estava forrada com painéis quadrados iguais à formação em quadrado romana dos livros do Asterix - o pianista-maestro tinha o casaco a desfiar-se e de cada vez que dava saltos do banco a esbracejar ficava com fios pendurados a oscilar, etc.

No fim do concerto, dado que a plateia devia estar cheia de familiares dos membros da orquestra, gritavam muitos 'bravos' e batiam palmas desenfreadas (não há outra explicação a não ser que nunca tenham ouvido estas peças bem tocadas) o pianista-maestro entusiasmou-se e tocou um encore: a Sonata ao Luar. Como a peça é para piano, apenas, e o pianista não teve que dirigir a orquestra, tocou com muito sentimento e recolhimento. às primeira notas fiquei imediatamente envolvida na música e transportada para o mundo de Beethoven e só então percebi que ele é um bom pianista. Era assim que devia ter tocado os concertos. O concerto valeu a pena pelo encore. Foram 7 minutos de puro Beethoven.

Se esta moda dos pianistas, em vez de se concentrarem em ser bons na sua parte, terem de fazer de maestros e estarem preocupados em dirigir a orquestra pega, deixo de ir a concertos. A sociedade actual tudo degrada com os cortes na qualidade para servir ao deus lucro e mercância.


March 01, 2024

Música para o dia de hoje - Arcangelo Corelli

 


12 concertos de Arcangelo Corelli - beleza, harmonia e majestade. Apropriado para o dia de hoje.


Portrait of Arcangelo Corelli by the Irish painter Hugh Howard (1697)

Arcangelo Corelli foi um compositor e violinista italiano da era barroca. A sua música foi fundamental no desenvolvimento dos géneros modernos da sonata e do concerto, no estabelecimento da preeminência do violino, e como a primeira coalescência da tonalidade moderna e da harmonia funcional.
Era admirado pelo equilíbrio, refinamento, harmonias sumptuosas e originais, pela riqueza das texturas, pelo efeito majestoso da teatralidade e pela polifonia clara, expressiva e melodiosa, uma qualidade perfeita dos ideais clássicos.
Violinista virtuoso, foi considerado um dos maiores da sua geração e contribuiu, graças ao desenvolvimento de técnicas modernas de execução e aos seus numerosos discípulos espalhados por toda a Europa, para colocar o violino entre os mais prestigiados instrumentos a solo e foi também uma figura significativa na evolução da orquestra tradicional.
Foi conhecido no seu tempo como "o novo Orfeu", "o príncipe dos músicos" e outros adjectivos semelhantes, gerou-se um grande folclore em torno da sua figura e a sua fama não diminuiu após a sua morte.
A sua posição na história da música ocidental é considerada crucial, sendo reconhecido como um dos maiores mestres na viragem do século XVII para o século XVIII, bem como um dos primeiros e maiores classicistas. (Wiki)



Slovak Chamber Orchestra 1975
Bohdan Warchal, Violin (lê-se Bogdan - este ano tenho um aluno ucraniano com esse nome)
Quido Holbling, Violin 
Juraj Alexander, Violoncello

(Picture: Musicians at the court of Crown Prince Ferdinando de' Medici by Antonio Domenico Gabbiani 1685. Oil on canvas, 140 x 233cm. Inv.no. 2805 Museo di Strumenti Musicali)

February 28, 2024

December 30, 2023

November 22, 2023

Everything that's worthwhile comes from the heart (a thing I believe when I hear this)

 

Temos muita sorte em ter como antepassados fundadores os gregos, a cultura grega Antiga porque podíamos ser descendentes de um povo com uma cultura de opressão, mas não. Quem nos formou e fundou espiritualmente foi uma cultura com ideias de democracia, de logos, de arte e de beleza, de humanismo, de intercâmbio cultural e de ideias, de procura de verdade, de lazer, de filosofia... lançou em nós um fogo, uma Fire Saga que nunca mais se extinguiu.


November 19, 2023

Stars Fell On Alabama

 




Nas primeiras horas da madrugada de 12 de novembro de 1833, o céu dos EUA parecia explodir com estrelas cadentes. Diferente de tudo o que alguém já tinha visto antes, e visível em todo o continente. Um jornalista comentou que "os próprios céus pareciam em chamas". 
Um jornal do Alabama descreveu "milhares de corpos luminosos disparando através do firmamento em todas as direcções". 
Observadores em Boston estimaram haver mais de 72.000 "estrelas cadentes" visíveis, por hora, durante a notável tempestade celestial.
O povo Lakota ficou tão maravilhado com o evento que redefiniu o calendário para comemorá-lo. 
Joseph Smith, viajando com refugiados mórmons, anotou no diário que aquele era certamente um sinal da Segunda Vinda. Abraham 
Lincoln, Frederick Douglas e Harriet Tubman, entre muitos outros, descreveram ter visto o evento. Ficou conhecida como "A noite em que as estrelas caíram". Então, o que foi essa ocorrência surpreendente?
Muitos dos que a testemunharam interpretaram-na como um sinal bíblico do fim dos tempos, recordando palavras do evangelho de S. Marcos: "E as estrelas do céu cairão, e os poderes que estão no céu serão abalados." 
O astrónomo de Yale, Denison Olmsted, procurou uma explicação científica e, pouco tempo depois, lançou um apelo ao público nos jornais de todo o país - talvez o primeiro esforço científico de recolha de dados em grupo: 
Como os meteorologistas não compreendem a causa das "estrelas cadentes", querem recolher todos os factos que acompanham este fenómeno, apresentados com a maior precisão possível. O assinante, portanto, pede para ser informado de todos os detalhes que foram observados por outros, respeitando o tempo em que foi descoberto pela primeira vez, a posição do ponto radiante acima mencionado, se progressivo ou estacionário, e quaisquer outros factos relativos aos meteoros."
Olmsted publicou as suas conclusões nos anos seguintes, tendo a informação que tinha recebido de observadores leigos ajudado a tirar novas conclusões científicas no estudo de meteoros e chuvas de meteoros. 
Observou que a chuva irradiava de um ponto da constelação de Leão e especulou que era causada pela passagem da Terra por uma nuvem de poeira espacial. O acontecimento, e o fascínio do público pelo mesmo, provocou uma onda de interesse pela "ciência cidadã" e aumentou significativamente a consciencialização científica do público.
Atualmente, sabemos que todos os anos, em Novembro, a Terra atravessa os detritos do rasto de um cometa conhecido como Tempel-Tuttle, provocando as chuvas de meteoros que conhecemos como Leónidas. Impressionantes todos os anos, a cada 33 anos são especialmente espectaculares, embora muito raramente atinjam a magnificência do evento de 1833.

O dia 12 de novembro de 1833, que faz hoje (há uma semana) cento e noventa anos, foi The Night the Stars Fell (A noite em que as estrelas caíram).

   - @fopminui

A imagem abaixo é uma representação de 1889 do evento.



October 28, 2023

Feeding the soul

 

Mr. B., um compositor de blues antes dos blues. O que podemos encontrar em Bach: profundidade emocional, ternura, nostalgia, exaltação, alegria, espiritualidade, esperança, beleza, paz; o que não encontramos em Bach: desespero, depressão, luxúria, ganância, ciúme, violência. 

Bach foi, li algures, um cosmólogo da música, mas nem todos o 'viam' na sua época. Quando se candidatou à vaga de "kantor" (professor e diretor musical) da Igreja de São Tomás, em Leipzig, o conselheiro municipal Abraham Platz, que tentou contratar um dos outros candidatos mas não conseguiu, comentou, referindo-se a Bach, "Já que não conseguimos os melhores, temos de nos contentar com os medíocres"... 

A sua cultura musical era prodigiosa. Absorvia como uma esponja a tradição organística holandesa, o teatro musical italiano e a música de dança e teclado de França. A sua biblioteca pessoal de música era uma das melhores da Saxónia. A sua composição tece todas as vertentes musicais da Europa, indo até à Palestrina e ao canto gregoriano (cf. Missa em Bm). Preocupado com o facto de as suas aberturas não terem a força de Vivaldi, estudou-o assiduamente. Talvez o maior mistério seja como é que uma pessoa pode ter mantido, semana após semana, tais pináculos de criatividade. O grande estudioso de Bach, Christoph Wolff, observou que um compositor profissional de hoje precisaria provavelmente de uma licença de três anos para escrever uma peça na escala da Paixão de São Mateus: Bach fê-lo em poucas semanas.

Assim como novos exercícios de ginástica nos dão a conhecer músculos que nem sequer sabíamos que o nosso corpo possuía, também a música de Bach desperta em nós uma multiplicidade de sensibilidades que, sem ela, estariam adormecidas. Lembra-nos as virtudes estéticas que vivem, muitas vezes escondidas, dentro de cada um de nós.   ~Bernard Chazelle

Uma belíssima e refinada interpretação de Christopher Lowrey, um countertenor americano.

October 22, 2023

Há almas musicais

 


Hoje fui ouvir um concerto ao S. Carlos. Uma mistura de Joly Braga Santos que faz cem anos de nascimento para o ano que vem e Mozart. Uma experiência. Perto de mim estavam duas crianças. Uma delas devia ter 5 anos a outra 7. Esta última esteve o tempo todo imóvel com os olhos fixos no palco. A mais pequena sentava-se na borda da cadeira para conseguir ver. De vez em quando perguntava qualquer coisa à mãe mas seguiu o concerto com imenso interesse. Há almas musicais pois se assim não fora não tinham estado ali concentradas, quietas e sossegadas. Fiquei impressionada.