Investigadores americanos já estão a bater à porta das universidades suíças
Enquanto Donald Trump ataca a investigação científica, investigadores americanos voltam-se para a Suíça. A EPFL e a Unige estão a receber candidaturas e estão determinadas a “atrair os melhores cérebros”. Nesta fase, não há planos para convencer os cientistas a deixar os Estados Unidos. Mas isso pode mudar.
Cortes orçamentais, despedimentos em massa, censura: desde que Donald Trump tomou posse, a comunidade científica americana tem sido alvo de uma vasta campanha de desestabilização. Certos temas de investigação, como o clima ou o género, que são considerados contrários às políticas do novo Presidente, foram particularmente visados. Institutos de prestígio como a NOAA, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, estão a ser desmantelados.
A situação é tal que muitos investigadores americanos, ou investigadores de outras nacionalidades que trabalham nos Estados Unidos, têm agora dificuldade em perspectivar o seu futuro naquele país. Em busca de novas oportunidades, são cada vez mais os que batem às portas das universidades na Suíça e noutras partes do mundo. Mas numa altura em que o planeta está a braços com múltiplas crises, será que os cientistas americanos merecem realmente uma atenção especial por parte do nosso pequeno país?
A resposta é afirmativa. Nos Estados Unidos, não são apenas os indivíduos que estão a ser atacados, mas o próprio processo científico. Factos inconvenientes - o clima está a mudar, existem desigualdades entre homens e mulheres, por exemplo - são descartados de imediato. Optamos por os ignorar porque isso serve determinados interesses particulares.
A Suíça, com a sua democracia vibrante, sabe como é importante dispor de dados objectivos que sirvam de base ao debate público. Deveria tomar uma posição a favor daqueles que os produzem e dar-lhes os meios para continuarem a fazer avançar a investigação, incluindo sobre temas que se tornaram “tabu” aos olhos da administração americana.
A nossa jornalista científica Pascaline Minet considera que é do interesse da Suíça acolher investigadores em dificuldade nos Estados Unidos.
Mas se o nosso país tem interesse na investigação, é também porque é rentável. Acolher um ecossistema científico dinâmico, que reúne instituições de excelência, investigadores de ponta e estudantes brilhantes, é um dos pilares da prosperidade suíça. A contratação de cientistas americanos deve, portanto, ser encarada como um investimento e não como uma caridade.