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December 08, 2024

Se a Europa não investe na ciência fundamental fica -ainda- mais para trás do que já está

 


Maria Leptin: em ciência, “quem investe mais, ganha mais” e a Europa ficou para trás

A presidente do Conselho Europeu de Investigação avisa que é necessário mais dinheiro para a ciência. Maria Leptin defende que a Europa não precisa de ser líder, mas tem de voltar ao grupo da frente.

Tiago Ramalho


O tom de Maria Leptin é optimista, apesar dos desafios que a ciência europeia tem pela frente. A presidente do Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês) quer mitigar a distância da Europa para o grupo da frente – onde estão China e Estados Unidos. A ciência europeia ficou para trás e agora a tarefa é mais difícil do que parece.

Entre as principais reivindicações, inclusive da presidente desta casa das bolsas milionárias que financiam quase mil projectos de ciência fundamental todos os anos, está a duplicação do financiamento do ERC e do próximo programa europeu para a ciência. Precisamente para que a Europa deixe de ser uma figura de segunda linha. “Por exemplo, das empresas de inteligência artificial, quantas estão na Europa? Praticamente nenhuma”, exemplifica Maria Leptin

O programa Horizonte Europa (destinado ao período 2021-2027) já vai a mais de meio e os 95 mil milhões de euros atribuídos ao actual programa-quadro parecem insuficientes. No novo programa de financiamento (o FP10), pretende-se o dobro do orçamento: cerca de 200 mil milhões de euros para o período 2028-2034. Esta duplicação tem sido defendida pelos relatórios sobre o futuro europeu publicados pelo antigo presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi (sobre competitividade) e pelo ex-ministro da Ciência português Manuel Heitor (sobre o futuro da ciência). Ou mesmo o relatório de Enrico Letta, do antigo primeiro-ministro italiano, que defendeu a criação da quinta liberdade do mercado único europeu: a investigação e inovação, para que a aplicação da ciência seja mais transversal a toda a União Europeia (UE).

No entanto, esta ambição de duplicação do orçamento para a investigação poderá sair gorada, sobretudo atendendo ao foco mais premente na despesa militar e de defesa, por exemplo. A duplicação do orçamento atribuído ao ERC – actualmente de cerca de 16 mil milhões – poderá ser mais fácil, dado que o salto é menor. Ainda assim, as respostas só chegarão em meados de 2025, quando for submetida a proposta legislativa para o FP10.

De passagem por Portugal para o primeiro evento ERC-Portugal, organizado na última semana pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o optimismo de Maria Leptin sobre as verbas para o ERC contrastam com a sua preocupação face ao parco investimento dos governos nacionais.

Defendeu a duplicação do orçamento do ERC e do FP10. Ainda considera isto possível?
Porque não seria possível? Não é como se o ERC recebesse uma grande parte do orçamento global da UE. Algumas pessoas defenderam a duplicação de todo o orçamento da UE, a pensar na necessidade de a Europa crescer em conjunto e de fazer mais – se todo o orçamento da UE fosse duplicado, já seria muito dinheiro.

Tenho defendido ambas as coisas, duplicando o orçamento global do programa-quadro de investigação e inovação da UE – é uma quantia razoável de dinheiro. Ou duplicar apenas o orçamento do ERC, e não é muito. Acho que é claro que é possível, só é preciso vontade política para o fazer.

Vivemos um período em que muitos países têm feito cortes na ciência, como os Países Baixos, a França ou mesmo Portugal. Não vê isso como uma tendência?
O momento actual é difícil. E é claro que temos novos desafios. Para alguns países é a guerra, para outros é a energia. Não é um momento fácil, mas o que tento realçar, tal como fizeram outras pessoas, como Mario Draghi e Manuel Heitor, nos seus recentes relatórios, é que, numa altura em que enfrentamos desafios e problemas, reduzir o nosso potencial para encontrar novas soluções para estes problemas não é muito sensato. E novas soluções exigem novos conhecimentos. Adivinhe de onde vêm esses novos conhecimentos: da investigação fundamental. Simplesmente, não é um passo inteligente fazê-lo.

Compreendo perfeitamente a necessidade e o interesse dos países em gastar dinheiro na resolução de problemas mais próximos, mas também temos de pensar nos problemas que ainda não conhecemos e que nos atingirão dentro de dez anos. A melhor forma de nos prepararmos para um futuro incerto é dar aos nossos melhores investigadores a liberdade de seguirem a sua curiosidade científica e desbravarem novos caminhos.

Vê essa vontade política de que falava?
Sim, acho que sim. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o orçamento para a investigação fundamental precisa de ser duplicado e que o ERC precisa de ser reforçado

Mas vivemos numa democracia e numa democracia as pessoas têm opiniões diferentes – e isso é normal. Ou seja, nem todos terão exactamente o que querem, terá de haver um compromisso. Espero que os convincentes argumentos apresentados nos relatórios de Mario Draghi e de Manuel Heitor sejam ouvidos e compreendidos.

Não é como se nós, cientistas, quiséssemos mais dinheiro no bolso. De todo. Todos queremos ter mais dinheiro no bolso, mas esta é uma visão externa de pessoas [Mario Draghi e Manuel Heitor] que reconhecem que a investigação é a base para a riqueza, no sentido mais lato do termo.

Em discursos e entrevistas tem mencionado que a falta de financiamento é o motivo para a ciência europeia estar a ficar para trás, sobretudo na comparação com os nossos maiores concorrentes – China e Estados Unidos.
Em grandes temas políticos como este, é muito difícil saber se há uma relação de causa e efeito. No entanto, as correlações são notórias. Os Estados Unidos gastam cerca de 700 mil milhões de euros [em investigação], a China gasta 600 mil milhões de euros e a Europa gasta agora 400 mil milhões de euros.

E depois podemos ver o mesmo nas publicações científicas altamente citadas, que têm um peso importante na ciência. No caso dos Estados Unidos, podemos argumentar que sempre foi assim e que existe um cultura de longa data no financiamento da ciência. No caso da China, não é assim.

Há dez anos, a China estava extraordinariamente atrasada. Há 20 anos, praticamente não tinha peso, excepto em alguns campos de investigação onde eram fortes. Agora são relevantes em todos os campos emergentes porque investiram imenso dinheiro. E, na verdade, nós nem precisamos de ir tão longe como a China.

Existe pelo menos uma correlação muito, muito forte, que provavelmente até é uma relação de causa e efeito: quem investe mais, ganha mais.


E como vê a relação da Europa com estes países?
Ao nível dos cientistas é muito boa e espero que continue assim. Muitos dos nossos estudantes vão para os Estados Unidos, agora as idas para a China também estão a aumentar. Constroem-se relações em que ambos os lados confiam na relação – e é muito importante nutrir estas relações.

Consigo compreender perfeitamente a preocupação relativamente aos países que estão envolvidos em acções hostis e que, por exemplo, roubam a nossa propriedade intelectual. Sabemos que isso já aconteceu, seria ingénuo não olhar para isso.

Mas isso não acontece a todos os níveis e, portanto, afectar todas as áreas seria errado e imprudente. Especialmente tendo em consideração que, em algumas das tecnologias verdadeiramente de ponta, estes países estão à nossa frente. Perdemos mais se não cooperarmos.

O atraso da ciência europeia é só uma questão de investimento?
Agora está a perguntar sobre a inovação. Não sou eu que o digo: os relatórios que citei comentaram isso [a necessidade de promover a inovação na Europa]. Noutros contextos, por exemplo, Jean Tirole, economista vencedor do Nobel, também comentou o mesmo.

Muitas vezes as pessoas gostam de culpar os cientistas por não terem um espírito suficientemente empreendedor. Não é isso que vejo entre os nossos cientistas. Há muitos que adoram inventar coisas e aplicá-las para servir a humanidade. Portanto, essa é uma das acusações geralmente feitas.

Outra é que as universidades não fazem o suficiente para apoiar a transferência [da academia para a sociedade] e para colmatar o fosso entre a ciência e o mercado. Talvez essa seja uma componente importante, mas o que é perfeitamente claro nas pessoas que referi anteriormente (Mario Draghi, Enrico Letta, Manuel Heitor ou Jean Tirole) é a fragmentação da Europa.

Por exemplo, alguém inventou algo em Barcelona, como ​uma prova de conceito [uma demonstração inicial de um produto ou tecnologia] que vai para o mercado e tem todas as licenças. Agora querem encontrar um investidor que os ajude a abrir uma empresa para vender isso. Têm azar. O mercado para eles é Espanha, enquanto outro colega faz o mesmo nos Estados Unidos e o mercado são todos os Estados Unidos. E são também as grandes empresas, como as farmacêuticas: transferir [produtos e tecnologia] entre países é difícil.

É a isto que também devemos prestar atenção. Os governos nacionais têm de colocar o parque europeu comum à frente do seu próprio parque nacional nesta matéria.

Há uma meta, proposta pela Comissão Europeia, para que todos os Estados-membros atinjam os 3% do PIB investido em ciência até 2030. Será ainda possível atingi-la nestes cinco anos restantes?

Se me estiver a perguntar se é possível atingir os 3% em média [da EU], talvez possa ser um pouco optimista. Se me perguntar se cada país atingirá esta meta… Costuma-se dizer que o comportamento passado é a melhor previsão do comportamento futuro. E parece-me que alguns países não percebem o sentido de investir seriamente em ciência e inovação.

Não consigo compreender como não. Não consigo compreender como é que os governos não vêem que o processo tecnológico é absolutamente fulcral para a riqueza e a prosperidade. E este processo tecnológico depende do conhecimento técnico. Para isso é necessária formação e investigação dentro do seu próprio país. Mas parece que nem todos partilham esta perspectiva. E se não o fazem, provavelmente não investem.

Vejo ministros de muitos países a tentar convencer os seus governos e, por isso, normalmente os ministros da investigação concordam. Mas talvez tenham de lutar contra outros ministros [pelo financiamento].

A ciência não é um tema sexy para vender aos eleitores.
Como cientista, isso é difícil para mim entender isso.

A falta de políticas públicas baseadas em ciência tem sido estudada. Ainda há trabalho a fazer neste campo?
Há sempre mais trabalho a fazer. A certos níveis, penso que [a ciência] é ouvida. Por vezes, a ideologia está em primeiro lugar e a contribuição científica passa para segundo plano. Mas, em geral, tenho confiança de que a ciência é ouvida a nível político.

Também relaciona o facto de a ciência ser ouvida a nível político com a confiança que se tem na ciência? Houve um pico durante a covid-19, mas essa confiança tem caído.
Os cientistas ainda estão entre os profissionais em quem as pessoas mais confiam, ​​se atentar nos relatórios anuais [como os barómetros da UE].

O facto de as pessoas estarem tão disponíveis para ouvir as ditas “verdades” não científicas que não se baseiam em factos é preocupante. Embora seja compreensível, porque torna-se muito mais complicado pensar através de factos científicos.

Os cientistas, se forem bons, não dizem “esta é a verdade”. Dizem “tanto quanto sabemos” ou “isto é o que sabemos hoje”. O que significa que o amanhã pode parecer diferente. Mas isto é mais difícil de compreender para as pessoas do que uma verdade absoluta. Os cientistas têm de trabalhar arduamente para convencer o maior número de pessoas possível a entender como funciona o método científico.

Falou da necessidade de aumentar o investimento em ciência. Por que razão deve a Europa ser líder na ciência?
Não creio que seja esse o cerne da questão. Não se trata de ser líder em ciência, mas sim de estar na zona da frente quanto aos investigadores e à capacidade de trabalhar com a ciência que se desenvolve. Por exemplo, das empresas de inteligência artificial, quantas estão na Europa? Praticamente nenhuma.

Precisamos de dinheiro para lidar com os problemas que enfrentamos e que a nossa sociedade enfrenta. Os países precisam de riqueza e já dissemos centenas de vezes de onde ela surge: da investigação.

Podemos olhar para o ERC. Só financiamos investigação fundamental motivada pela curiosidade e isso tem realmente valido a pena. O trabalho dos bolseiros do ERC conduziu a inúmeras descobertas, muitas patentes e startups, e até a 14 Prémios Nobel durante estes primeiros 17 anos de existência.

Não se trata apenas de fazer descobertas, mas também de formar os recursos humanos que serão capazes de lidar com os desafios que vamos enfrentar no próximo ano, na próxima década e no próximo século. Não se trata de liderar a ciência, mas sim de estar na dianteira e não ficar para trás – e esta é uma enorme diferença.

Público

November 20, 2024

Até que enfim! Força nisso




MilitaryNewsUA🇺🇦@front_ukrainian-4h

⚡️Polish O primeiro-ministro Donald Tusk anunciou a realização de uma cimeira extraordinária na próxima semana, na Suécia, com os países nórdicos, os países bálticos e a Polónia, para debater a necessidade de uma posição unificada do Ocidente sobre o apoio à Ucrânia.

Citação deste dia



 


November 12, 2024

Completamente de acordo

 


Temos de tornar-nos independente dos EUA e ter uma força própria. Os EUA têm uma força militar independente da NATO. Também temos que ter e rapidamente para não ficarmos totalmente vulneráveis a Putins e Trumps. alguém tem de dizer isso a Kallas.


November 10, 2024

A Europa não consegue garantir a segurança a israelitas. De quem está refém? Que erros se cometeram e como se podem travar?



(Os destacados a negrito no texto são meus. É bom que os nosso governantes aprendam com o que se passou na Holanda sobre as polícias serem muito brancas e terem baixado os padrões para integrar muçulmanos: judeus, mulheres e homossexuais agora controlam os seus comportamentos com medo da polícia. Os currículos de história da escola sobre o holocausto foram suprimidos por pressão dos islamitas. Qualquer dia o holocausto nem sequer aconteceu. Isto é um assunto muito sério)


Amesterdão e o mundo em silêncio. É isto um Pogrom?


Helena Ferro de Gouveia

Nada há mais efémero que o Nie Wieder ist jetzt. Não sejamos inguénuos o “Nunca Mais”, proferido pelos esquálidos sobreviventes do campo de concentração de Buchenwald na sua libertação, reduziu-se a mera bengala retórica. Espanta-nos? Não. Relato de oito dias na Alemanha. 

Em Berlim, três jovens estão sentados no S-Bahn, o metro de superfície e falam sobre o massacre em Israel, que está em pleno andamento nessa altura. Estamos a sete de outubro de 2023. Um deles diz que deseja “um milhão de vítimas israelitas”. Alguém que ouve a conversa comunica o facto ao centro de documentação do RIAS, que regista ataques antissemitas.

Nessa mesma tarde, segundo a polícia de Munique, um iraquiano de 45 anos grita da sua varanda no bairro de Berg am Laim, em Munique, que “os judeus devem morrer”. Em Hannover, a polícia recebe uma queixa depois de alguém ter pintado ou removido completamente vários sinais de trânsito na Loebensteinstraße. A rua só recentemente recebeu o nome de uma menina judia que aí viveu com a sua família antes de ser assassinada no campo de extermínio de Sobibor, em 1943, com dez anos de idade.

A sete de outubro de 2023 estava na Alemanha com a minha família, ao final da tarde quando olhei pela janela a minha vizinha, quase nonagenária, única sobrevivente da Shoah na sua família tinha acendido velas e posto (algo raro na Alemanha) uma bandeira de Israel pendurada no beiral. No dia seguinte a bandeira jazia no chão rasgada em pedaços.

Oito de outubro de 2023. Em Halle an der Saale, os adeptos da equipa da terceira divisão Hallescher FC são insultados como “judeus” pelos adeptos do Preußen Münster.
Na mesma noite as traseiras da comunidade judaica de Halle é riscada com uma escrita estranha. Se olharmos com atenção, podemos reconhecer a palavra inglesa “nasty”.
Nove de outubro de 2023. Em Altenkirchen, na Renânia-Palatinado, é vandalizada uma janela da casa de um casal não judeu que aí tinha pendurado uma Estrela de David e uma bandeira israelita.

Dez de outubro de 2023. Em Berlim-Friedrichshain, cinco suásticas são descobertas num vestígio do Muro de Berlim, na East Side Gallery, juntamente com as palavras “Kill Jews”. Em Dortmund, na Thusneldastrasse, está afixada uma faixa por cima de um bar neo-nazi. Nela pode-se ler: “Israel é a nossa desgraça”, uma alusão à frase que, durante a época nazi, estava estampada em todas as capas da publicação nazi “Der Stürmer”: “Os judeus são a nossa desgraça”.

No comboio de Göttingen para Hannover, uma mulher judia ouve alguém dizer em voz alta: “Deviam gasear os judeus”. Comunica o comentário ao centro de documentação do RIAS.

Doze de outubro de 2023. Em Regensburg, na Neupfarrplatz, um homem grita que odeia os judeus e que Hitler tinha razão. Quando um transeunte tenta confrontá-lo, o homem atira-lhe spray de pimenta para a cara. Mais tarde, é detido.

Em Berlim, um bloco de apartamentos em Prenzlauer Berg, onde vivem judeus, é marcado com uma estrela de David. Nos dias que se seguiram, apareceram estrelas de David nas paredes e portas de pelo menos 14 outras casas em Berlim, algumas das quais ocupadas por judeus.

Treze de outubro de 2023. Em Bad Hersfeld, Hesse, nota-se que falta uma placa comemorativa com os nomes de 119 judeus assassinados na muralha da cidade. Mais tarde, são encontrados fragmentos da placa num parque

Catorze de outubro de 2023. Em Dresden, um grupo islamista canta numa manifestação: “Khaibar, Khaibar, ya yahud, jaish muhammad saya'ud!” (“Khaibar, Khaibar, ó judeus, lembrai-vos de Khaibar, o exército de Maomé está a regressar!”). Khaibar era o nome de um oásis povoado por judeus que foi invadido pelo exército do Profeta Maomé em 628.

Em Berlim-Halensee, Ronit P., uma australiana judia, está a brincar num parque infantil com a sua filha de dois anos. Passado algum tempo, repara que alguém pintou com spray uma estrela de David em verde vivo ao lado das suas coisas. P. conta ao semanário Die Zeit que os salpicos de tinta na sua mala ainda estavam frescos quando regressou.

Quinze de outubro de 2023. Em Betzdorf, na Renânia-Palatinado, as pedras de várias sepulturas judaicas anteriores ao Holocausto foram derrubadas durante o fim de semana.

Estes são incidentes documentados oito dias após o massacre de 7 de outubro e sem uma única força israelita em Gaza.


O mundo em silêncio

Como escrevi em “O Dia que Mudou Israel “a desumanidade de 7 de outubro de 2023 não foi um resultado, nem sequer uma consequência, a crueldade foi a sua essência. Os bárbaros não pouparam crianças, mulheres grávidas, idosos. Castigados por não se sabe que crime original e imperdoável. Metralharam e violaram com o objetivo único de aniquilar, humilhar. Foram precisos arqueólogos e meses para reconhecer corpos carbonizados, havia pilhas de pedaços de corpos indistintos.

Israel e o mundo petrificaram. Durou pouco a estupefacção. Ainda os mortos de Aloumin, Be’eri, Nahal Oz, do Festival Nova não haviam sido todos sepultados, sequer identificados, e sua morte já era relativizada, “contextualizada”.

Na Alemanha, de 7 de outubro a 31 de dezembro de 2023, os incidentes antissemitas aumentaram 350 por cento, em comparação com o mesmo período em 2022. Em França, os incidentes antissemitas aumentaram 1000% nos três meses após 7 de outubro, mais do que o número de incidentes nos três anos anteriores juntos. Nos Países Baixos, os incidentes antissemitas aumentaram 818% no mês seguinte a 7 de outubro.

Nas manifestações por essa Europa fora grita-se “onde estão as vossas mulheres que alegadamente foram violadas?”. Os habitualmente tão vocais defensores dos direitos das mulheres calaram. Nas manifestações grita-se “morte a Israel, morte aos judeus”. Há mais de um ano que na Europa que exclamou uníssono Nie Wieder a minoria judaica está aterrorizada. Os habitualmente tão vocais defensores dos direitos das minorias calaram-se. Tudo gente aparentemente sensata, inteligente e que defende com palavras justas o que há de melhor para o mundo e para a paz perpétua.

O poema “Wiegala”, uma canção de embalar, escrito por Ilse Weber, enfermeira checa, para as crianças de Theresienstadt, diz a dada altura o seguinte: “Wiegala, wiegala, wille, wie ist die Welt so stille!”. “O mundo está em silêncio”.

Ilse cantou esta canção para os meninos e meninas de Theresienstadt, um deles era o seu filho Tommy, e cantou-a enquanto caminhavam para a câmara de gás. Disseram-lhe que Tommy não tinha escolha, ela poderia sobreviver, recusou-se a abandonar o filho. Quando penso em Ilse e Tommy não consigo deixar de me lembrar do filme “A Escolha de Sofia”. No filme, Sophie é transportada para Auschwitz e confrontada com uma decisão inimaginável: tem de escolher qual dos seus filhos será enviado para a câmara de gás, sabendo que, se não escolher, ambos serão mortos. No seu desespero, escolhe enviar a filha, Eva, para salvar o filho, Jan. Sobrevive e vive dilacerada por dentro toda vida. “Wiegala, wiegala, wille, wie ist die Welt so stille!”.

Ainda o silêncio, enquanto escrevo o bebé Kfir Bibas e o seu irmão Ariel Bibas completam 400 dias de cativeiro. Aos olhos de muitos ativistas de direitos humanos são invisíveis, vítimas incómodas.

O que podia correr mal em Amsterdão?

A partida da Liga das Nações entre a Bélgica e Israel era um mau presságio. O jogo da Bélgica em casa, em setembro, teve de ser disputado em Budapeste porque a cidade de Bruxelas não pôde receber a seleção nacional de futebol israelita para um jogo “por razões de segurança”. A capital da Europa não consegue garantir a segurança a israelitas. De quem ou de quê está refém Bruxelas? Podiam ao menos ter-se dado ao trabalho de maquilhar o antissemitismo.

Tal como entre o St. Pauli, clube alemão de Hamburgo, e o Hapoel Telavive, existe amizade entre grupos de adeptos do Ajax de Amesterdão e do Maccabi Telavive. Os adeptos do Ajax são conhecidos pela sua posição pró-israelita. Quer sejam judeus ou não judeus, referem-se a si próprios como “super jode”, super judeus, ou têm mesmo tatuagens com a estrela de David. Faz parte da identidade do clube. Defrontavam-se dois clubes com simpatia um pelo outro, o que poderia correr mal?

As imagens de Amesterdão, cidade de Anne Frank e Baruch Espinosa, são chocantes. Os vídeos que circulam nas redes sociais mostram pessoas a serem caçadas pelas ruas, uma pessoa deitada no chão a ser pisada ou um peão a ser atropelado. Num dos vídeos, um homem diz com medo “não sou judeu” e é espancado até ficar inconsciente.

Mas o que aconteceu exatamente em Amesterdão? Com a ajuda das declarações oficiais das autoridades, dos relatos dos meios de comunicação social neerlandeses e dos vídeos que provavelmente mostram os incidentes, é possível fazer uma reconstrução preliminar dos acontecimentos

Na quinta-feira, um grande número de israelitas deslocou-se à cidade holandesa para assistir ao jogo da Liga Europa entre o Ajax de Amesterdão e o Maccabi Telavive. Os adeptos de ambos os clubes festejaram juntos antes do jogo como é visível em vários vídeos no X ou no Instagram.

De acordo com a polícia, às 17h30, os adeptos dirigiram-se para a principal estação de comboios e daí para a Johan Cruyff Arena, onde se disputava o jogo.

Ativistas pró-palestina tinham anunciado antecipadamente uma manifestação anti-israelita diretamente em frente ao Johan Cruyff Arena, mas esta foi transferida para a Praça Anton de Complein, nas proximidades, por ordem da Presidente da Câmara. Quando os participantes na manifestação tentaram entrar no estádio, registaram-se confrontos com a polícia. Foram detidas 30 pessoas.

A polícia descreveu a situação após o jogo, que o Ajax de Amesterdão venceu por 5-0, da seguinte forma: “os adeptos de ambos os clubes deixaram o estádio após o jogo sem quaisquer incidentes ou distúrbios e seguiram caminhos separados”. As cenas de violência extrema ocorreram depois.


E os cânticos e as bandeiras?

Mesmo aos olhos de quem já não tem ilusões sobre a demonização imediata de israelitas e judeus o enviesamento e a duplicidade de critérios foi gritante. Nas últimas horas descobri uma quantidade surpreendente de europeus e portugueses que fala fluentemente hebraico e domina as suas subtilezas de tal forma que consegue traduzir cânticos de futebol, posta a ironia de parte as traduções deturpadas foram postas a circular por uma página no X de nacionalistas marroquinos-neerlandeses.

Surpreendente? Os vídeos verificados mostram grupos de adeptos do Maccabi a cantar “Que as IDF derrotem o inimigo árabe” e a entoar “Que se lixe a Palestina” e não aquilo que se pôs a circular no X e que uma contra-natura coligação entre a extrema-esquerda, a esquerda, e a extrema-direita adotou como legitimadoras do pogrom.

Vários vídeos mostram israelitas Maccabi a arrancar bandeiras da Palestina de blocos de apartamentos. Bandeiras que foram colocadas deliberadamente pelos grupos que organizaram o pogrom, de acordo com a polícia.

Em vários locais da cidade, escreve-se no comunicado da polícia, “os adeptos foram atacados, violentamente agredidos e foram-lhes atirados fogos de artifício”. A polícia teve de “intervir várias vezes, proteger os adeptos israelitas e escoltá-los até aos hotéis”. “Apesar da presença maciça da polícia na cidade, os apoiantes israelitas ficaram feridos”. A dimensão exata da violência está ainda por determinar.

Alguns dos vídeos mostram os agressores a obrigarem as suas vítimas a gritar “Palestina Livre”. Um vídeo mostra um homem a ser atirado para um canal e a ser forçado pelos gritar “Palestina Livre” para que o larguem.

As vítimas são repetidamente interrogadas sobre a sua origem. Um homem só é libertado quando mostra aos agressores o seu passaporte ucraniano. Uma vítima grita “eu não sou judeu” antes de ser deixada inconsciente pelos agressores. Outra vítima senta-se no chão e oferece o seu dinheiro aos agressores para que estes o deixem ir embora.

De acordo com relatos consistentes, os responsáveis pela violência extrema que se seguiu não são adeptos do Ajax de Amesterdão. O jornal neerlandês De Telegraaf descreve o grupo de perpetradores como “taxistas e jovens condutores de scooters” - da comunidade turca e marroquina- que terão organizado os seus ataques através de grupos de Telegram. “Foram alegadamente motivados por relatos sobre a presença de ex-militares e funcionários da Mossad entre os adeptos israelitas”, escreve o De Telegraaf.

“A história em Amesterdão é a tomada da cidade pelos islamitas, que agora vivem lá em tal número que se sentem suficientemente confiantes para levar a cabo um ataque organizado contra os judeus israelitas. Mas quando digo “a tomada da cidade”, refiro-me a algo muito específico. Refiro-me à tomada do aparelho de segurança interna da cidade”, descreve Ayaam Hirsi Ali, escritora muçulmana somali que há décadas alerta para o perigo do islão político.

Atualmente, há 1,17 milhões de muçulmanos nos Países Baixos cerca de 7% da população, segundo a Pew Research, em comparação com apenas 30 mil judeus. Em 2050, a percentagem de muçulmanos será superior a 9%. Os muçulmanos serão 20 vezes mais numerosos do que os judeus.

Vejamos agora a polícia de Amesterdão. “Há cerca de vinte anos, foi implementado um plano bem-intencionado para encorajar a participação das minorias étnicas em todas as áreas em que estão sub-representadas. A polícia e as agências de segurança eram consideradas demasiado brancas”, prossegue Ayaam Hirsi Ali.

Inicialmente, o programa de representação “incentivada” não teve êxito porque as exigências eram simplesmente demasiado elevadas para os candidatos. Apenas alguns dos alochtonen (estrangeiros, literalmente “aqueles que vêm de outro solo”) conseguiram fazer carreira como polícias e até mesmo entrar para os serviços secretos e outras unidades de segurança.

Mas depois aconteceram duas coisas. “Primeiro, os islamitas (Irmandade Muçulmana) adotaram a estratégia da islamização pela participação. Depois, a impaciência do establishment de esquerda em apressar o processo de participação resultou na redução dos padrões para as minorias. Como resultado desta versão holandesa do DEI, os processos de controlo tornaram-se cada vez menos rigorosos.

Lembro-me bem do tempo em que dependia da proteção da polícia neerlandesa para garantir que não teria o mesmo destino que o meu amigo Theo van Gogh, que tinha sido esfaqueado até à morte por um jihadista nas ruas de Amesterdão. Um dia, um dos agentes afectos à minha segurança era de origem turca. Fiquei desconfortável quando ele começou a criticar-me pelo meu trabalho com van Gogh em “Submission”, um filme sobre o tratamento das mulheres no Islão. Quando exprimi as minhas preocupações, o seu superior disse-me que não me cabia a mim a tarefa de me proteger. Tive de aprender um novo tipo de submissão - aos ditames da burocracia do DEI.

Atualmente, uma grande parte da força policial de Amesterdão é constituída por imigrantes de segunda geração do Norte de África e do Médio Oriente. Desde 7 de outubro do ano passado, alguns agentes já se recusaram a guardar locais judaicos, como o Museu do Holocausto”.


As mulheres e os homossexuais de Amesterdão também sentiram o seu mundo mudar e encolher. Todavia, foi a comunidade judaica de Amesterdão que teve de aprender a sobreviver neste novo ambiente.

O que se passou em Amesterdão era previsível há muito tempo. Não se trata de “confrontos entre hooligans” para alguns rapidamente tentaram qualificar, mas de um pogrom. As autoridades israelitas alertaram a polícia dos Países Baixos para este risco, e como bem o expressou o rei Guilherme Alexandre, “falhámos para com a comunidade judaica neerlandesa na Segunda Guerra Mundial, e na noite passada voltamos a falhar”. O monarca expressou o “horror profundo" para com os acontecimentos.

Leia-se o que escreve Ayaam Hirsi Ali, “há vinte anos, assisti à cedência das autoridades neerlandesas a quase todas as exigências dos islamitas. Os estudantes muçulmanos interromperam ou abandonaram as aulas sobre a história do Holocausto, pelo que as aulas foram eliminadas do seu currículo. Judeus e homossexuais foram atacados e espancados nas ruas de Amesterdão e, depois de uma série de chavões sobre “comportamentos inaceitáveis”, foi dito às vítimas que não se mostrassem tão homossexuais ou judeus no futuro. Mais recentemente, numa dessas ironias que exigiriam um Evelyn Waugh para fazer justiça, a Casa de Anne Frank, um museu criado para comemorar o Holocausto, foi obrigada a incluir a islamofobia entre os ódios que agora pretende combater.

Não há dúvida de que Amesterdão tem hoje a maior percentagem de minorias empregadas em organismos governamentais e de segurança. Mas, como consequência, essas agências não podem garantir a segurança dos judeus.

A globalização da Intifida está a avançar rapidamente quando, no ano 2024, somos chamados a assistir a um pogrom na cidade de Baruch Espinosa e Anne Frank”.

“Wiegala, wiegala, wille, wie ist die Welt so stille!”.

DN

November 09, 2024

Os europeus têm de agir já contra os Cavalos de Tróia russos

 


Porque é que a Hungria não está fora do espaço espaço Schengen até que deixe de permitir a entrada de russos?




Os alemães amigos de Putin que entalaram os ucranianos e os outros países do Leste

 


Europa: um pogrom organizado por turbas muçulmanas em Amesterdão




Linchar judeus só porque são judeus, esfaqueá-os, abalroá-os com carros. O Estado Islâmico está espalhado pela Europa e é um perigo. É preciso defender os judeus, hoje. Não olhar para o lado e fingir que não se vê, como se fez no passado. 
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Ursula von der Leyen
@vonderleyen

Indignada com os ataques vis de ontem à noite contra cidadãos israelitas em Amesterdão.
Acabei de falar com @MinPres Schoof.
Condeno veementemente estes actos inaceitáveis.
O antissemitismo não tem lugar na Europa. E estamos determinados a combater todas as formas de ódio.




November 07, 2024

"Europe has to take more responsibility"

 

E agora já.


October 27, 2024

"We cannot leave the security of Europe in the hands of voters in Wisconsin every 4 years"

 

September 07, 2024

🇺🇦 A Europa deve reforçar o seu apoio à Ucrânia e não depender da ajuda dos EUA - somos 500 milhões


Joni Askola

@joni_askola

Mais de 500 milhões de europeus não deviam depender de 333 milhões de americanos para se defenderem contra 144 milhões de russos e a sua pequena economia. A Europa deve reforçar o seu apoio à Ucrânia e não depender da ajuda dos EUA.

A Europa não se pode dar ao luxo de adiar o aumento da sua ajuda à Ucrânia até depois dos resultados das eleições nos EUA. A Ucrânia faz parte da Europa e é nossa responsabilidade prestar-lhe um apoio maior do que o prestado pelos Estados Unidos.

A Europa no seu conjunto poderia facilmente duplicar ou mesmo triplicar a sua ajuda militar à Ucrânia, o que será necessário se o apoio dos EUA diminuir ou cessar. O impacto sobre nós seria mínimo; ainda nem sequer começámos a fazer um esforço significativo.

Muitos países europeus são capazes de fazer muito mais. Por exemplo, a Noruega está a ganhar dezenas de milhares de milhões por ano com esta guerra, mas a sua ajuda continua a ser, comparativamente, mínima. A Noruega poderia facilmente triplicar a sua ajuda sem que isso tivesse um impacto significativo na sua própria economia.

Temos muitas opções. Se não tivermos armas próprias suficientes para doar, podemos comprar armas ucranianas para a Ucrânia. São também mais baratas do que as suas equivalentes ocidentais e a sua capacidade de produção ainda não foi totalmente explorada devido à falta de financiamento.

A guerra injusta iniciada pela Rússia na Ucrânia não é apenas existencial para a Ucrânia, mas também para a Europa no seu conjunto. Não temos desculpas válidas para não fazermos tudo o que estiver ao nosso alcance para apoiar a Ucrânia, mas, até à data, continuamos significativamente atrasados nos nossos esforços.

August 18, 2024

Heinz Wismann: "L'Europe n'est pas un gène, elle naît de la séparation avec l’Asie"

 

Guillaume Erner fala-lhe aqui do seu último livro, Lire entre les lignes, sur les traces de l'esprit européen. Remontando ao mito da Europa, o filósofo analisa os fundamentos culturais da integração europeia, que teriam precedido quaisquer considerações geográficas, políticas ou económicas.

Segundo Wismann, a Europa nasce da separação com a Ásia, num acto cultural e não num acto político e durante muito tempo (desde Heródoto) a Europa era referida como o Ocidente por comparação com o Oriente - o 'Grande Ventre' que é a China.

Na Europa, a situação de uma comunidade de línguas diferentes obriga a que cada um se desprenda da naturalidade linguística -significante/significado- em que se encerrava como coisa evidente. Então, a diversidade que leva ao descentramento é o primeiro gesto europeu em oposição a civilizações unitárias que invocam constantemente a origem pura para manter as tradições. A Europa é como a música onde o mesmo e o outro coabitam na harmonia as sua dissonâncias particulares. É uma renovação constante da identidade pela alteridade.

Uma conversa muito interessante sobre a filosofia, a cultura, a política, a economia, a música, a Europa - e o futebol.

July 18, 2024

Espero que von der Leyen esteja à altura das suas palavras porque se estiver, o futuro é promissor

 


Mesmo com os problemas complexos que temos. E espero que se rodeie de gente capaz e séria.

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“A Europa não pode controlar ditadores e demagogos em todo o mundo, mas pode escolher proteger a sua própria democracia. A Europa não pode determinar eleições em todo o mundo, mas pode escolher investir na segurança e defesa deste continente. A Europa não pode parar a mudança, mas pode escolher abraçá-la e investir numa nova era de prosperidade e melhoria da nossa qualidade de vida”, defendeu na sua última alocução perante os eurodeputados, antes da votação que agora lhe deu a vitória.
"A segurança da Europa é dever da Europa", afirmou, sublinhando a importância de um investimento conjunto em defesa."Os desafios da migração precisam de uma resposta europeia com uma abordagem justa e firme baseada nos nossos valores," afirmou.

Ursula von der Leyen

July 08, 2024

É exactamente isto




Taras Shevchenko

New russian crimes are the direct result of the absence of punishment for old russian crimes.

June 27, 2024

Mil palavras 🇺🇦🇪🇺

 

27/6/2024



UE com maus princípios

 


O acordo para que António Costa vá para a presidência do Conselho Europeu foi fechado pelos primeiros-ministros da Polónia, Donald Tusk, e da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, em nome do Partido Popular Europeu; o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e o presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, do Partido dos Socialistas Europeus; o Presidente de França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro em funções dos Países Baixos; ou seja, pelos socialistas. Mais uma vez quem escolhe não olha ao perfil e historial do candidato mas à sua cor política. (Público)

Percebo o PSD ter apoiado Costa como uma parte da negociação do PS os deixar governar. Percebo mas acho mal, porque o cargo de Presidente do Conselho Europeu é demasiado importante para se dar a alguém como favor, moeda de troca ou cunha partidária. Não percebo o Presidente da República estar contente com esta escolha, a não ser que seja cego ao que foi mau trabalho de Costa e o prejuízo pra o país real, não o dos gabinetes de Estado onde ele se fechava com os Escárias.
A ideia de que ter um português nos cargos, só por si é positiva porque joga a nosso favor, tem sido demonstrada falsa, uma e outra vez: Durão Barroso prejudicou-nos e só tratou de si, Vitorino fez zero no cargos das migrações e Guterres tem destruído a credibilidade das NU e envergonhado o país. E, sabe-se lá quantos socialistas andam por cargos da ONU, sem nenhum benefício para o nosso país, à conta do senhor em questão.
António Costa é um outro Durão Barroso, mas ainda pior, pois o DB não promovia Cabritas e Galambas. Sempre era mais discreto. AC vai usar o cargo para arranjar estágios aos filhos dos amigos, cunhas aos amigos e a todos os que pedem, "arranja-me aí uma merda a ganhar 12 mil euros".
Esta é a minha convicção e estaremos cá para ver se me engano.

June 05, 2024

Não interpreto a situação da Europa desta maneira

 


A Europa está em transição de um “projecto de paz” para um “projecto de guerra? Vejamos, a Europa estava num caminho de paz, de repente tem uma guerra no seu âmago, o que deveria fazer? Fingir não ver e continuar na sua vidinha? Deixar os ucranianos ao 'Deus dará'? Desde quando um projecto de paz implica falta de solidariedade e conivência com países coloniais brutais? Aliás, o projecto de paz da Europa sempre foi um projecto de democracias contra ditaduras. Cumprir critérios democráticos é obrigatório para entrar na UE. Devia deixar a Rússia ir andando, andando, até à Porta de Brandemburgo?

Portanto, a Europa não se transformou num 'projecto de guerra'. A Europa está a lidar com a realidade e a realidade é que dentro dos EUA, os apoiantes de Trump são contra a NATO, contra a Ucrânia e a favor de Putin e Biden recua todos os dias um bocadinho com medo que o apoio à NATO e à Ucrânia lhe ponha em causa as eleições. A realidade é que os EUA se tornaram uma paródia com metade dos políticos a prestarem vassalagem a um indivíduo bronco, venal, criminoso e cheio de apetência pelo poder não-democrático. E a Europa está a lidar com essa realidade de ter de deixar de contar com o apoio do principal aliado e ter de se desvencilhar sozinha. E para isso precisa de ser independente e forte militarmente. Isso não é 'um projecto de guerra', é uma precaução, para podermos seguir em frente com o nosso projecto de paz e não ficarmos reféns de Putins, Trumps e Xis.

No passado, acreditávamos que podíamos transformar inimigos em amigos através de relações económicas próximas? Estávamos a ser enganados por Putin que desde que chegou ao poder, nunca teve intenção de ser um 'amigo'. Foi sempre um impostor. A primeira coisa que fez quando chegou ao Kremlin foi invadir a Geórgia à maneira soviética. Infelizmente a Europa não teve políticos de visão, nomeadamente na Alemanha, que percebessem o perigo da Rússia invadir a Ucrânia, logo em 2014 e apoiaram-no parvamente. Em 2022, lá perceberam, muito a custo. E os EUA a mesma coisa. Isso tem sido um parto a ferros.

Por conseguinte, a Europa está a lidar com a realidade. Se tivessem apoiado a Ucrânia logo de início, a guerra estava acabada há muito, mas como os governantes de mais peso na Europa e nos EUA são, ou fascinados por ditadores e parecem, alguns, infantis a falar com ele, ou medrosos ou gananciosos, arrastou-se e agora é mais difícil. E quanto mais tempo levarmos a ajudar a Ucrânia e a tornarmo-nos independentes militarmente mais difícil será.

Nem me parece que haja uma crise de identidade na Europa. Pelo contrário, há muito tempo que a Europa não estava tão unida (tirando um breve tempo aquando do Covid) a favor de se defender, de parar Putin, de lidar com o amancebado de Putin que é Orban. 

A divisão de esquerda direita da Europa foi criada, há muito tempo, pela esquerda francesa para capitalizar votos dividindo a direita. Abriram o fosso, os outros foram atrás e agora não sabem fechá-lo, porque é fácil destruir, construir é que é difícil.

Mark Leonard: “A invasão da Ucrânia abriu uma crise de identidade na União Europeia”


A Europa está em transição de um “projecto de paz” para um “projecto de guerra”, acredita o director do European Council on Foreign Relations.


Escreveu recentemente que a UE está a atravessar um processo de transição de um “projecto de paz” para um “projecto de guerra”. O que quer dizer exactamente?

O que quero dizer é que, quando Putin lançou uma invasão em grande escala da Ucrânia, não abriu apenas uma crise de segurança, abriu uma crise de identidade, porque o núcleo central da identidade europeia foi posto em causa. A União Europeia era um projecto essencialmente de soft power e agora estamos a viver um processo de rearmamento maciço em curso em muitos países, incluindo na Alemanha, onde sempre houve um grande cepticismo sobre isso. Em segundo lugar, também mudou a forma como pensávamos a interdependência. No passado, acreditávamos que podíamos transformar inimigos em amigos através de relações económicas próximas. Percebemos agora que isso também nos cria vulnerabilidades, sem realmente alterar a natureza desses países. Essa compreensão provocou uma alteração psicológica importante.

O terceiro factor é sobre as fronteiras da Europa. No passado, pensávamos que as fronteiras tinham pouca importância e que o projecto europeu era acabar com elas. Hoje, tornaram-se uma questão existencial. Tínhamos a ideia de que havia a União, a Rússia e uma série de países entre ambas…

Uma zona cinzenta.
Sim. E hoje pensamos que definir fronteiras é realmente importante e que não podemos permitir-nos manter essa zona cinzenta. A questão passou a ser: ancoramos a Ucrânia ou a Moldova numa comunidade de segurança europeia ou não. Isto também faz parte desta transformação.


Creio que estamos a caminho de criar uma economia de guerra.

É isso que designa por “projecto de guerra”?
Sim, porque a força motriz da integração europeia passou a ser como respondemos à guerra na Ucrânia. É daí que vem grande parte da energia.


May 30, 2024

O que se comemora neste feriado de hoje?

 

As alucinações de uma freira agostiniana chamada Juliana de Mont Cornillon que, por volta de 1264 disse que viu Cristo e que este lhe disse que queria que o mistério da Eucaristia fosse celebrado e também a alucinação de um sacerdote desconhecido que no mesmo ano disse que viu o sangue de Cristo a sair de uma hóstia.

Por mim tudo bem, sou a favor de feriados -venham eles!- seja qual for a mitologia, mas parece-me que podíamos acrescentar um feriado especificamente europeu -a 9 de Maio, por exemplo- com festas alusivas à outra mitologia da origem da Europa.


A Europa jaz, posta nos cotovellos:
De Oriente a Occidente jaz, fitando,
E toldam-lhe romanticos cabellos
Olhos gregos, lembrando.

      Fernando Pessoa. Mensagem