September 11, 2024

🇺🇦 🇨🇦 A que propósito o Canadá esta a passar um documentário com o ponto de vista dos soldados russos sobre a guerra que eles mesmos começaram?

 

Seria como a Inglaterra, durante a 2ª Guerra, passar um documentário com o ponto de vista dos nazis.

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A Vice-Primeira-Ministra do Canadá, Chrystia Freeland, comentou hoje o documentário.

“Há um filme que vai ser projetado hoje na Tiff, em Toronto, sobre soldados russos em guerra. Os diplomatas ucranianos e a comunidade ucraniana canadiana manifestaram sérias preocupações em relação a esse filme e eu quero dizer que partilho dessas preocupações.
Temos de deixar bem claro que esta é uma guerra em que não há equivalência moral, é uma guerra de agressão russa, é uma guerra em que a Rússia está a violar o direito internacional e a cometer crimes de guerra. Há claramente um bem e um mal nesta guerra. Os ucranianos estão a lutar pela sua soberania e pela democracia em todo o mundo e nós, enquanto país, temos de ser muito, muito claros quanto ao facto de não poder haver equivalência moral na nossa compreensão deste conflito. Não é correto que o dinheiro público canadiano apoie a exibição e a produção de um filme como este”.


Hoje é o dia 11 de Setembro



(...) mesmo que o terrorismo islâmico pareça longe das principais preocupações tanto dos americanos como dos líderes das grandes potências, seria um erro desprezar a ameaça. O jihadismo global já provou, via Al-Qaeda ou Daesh, que tem um potencial destrutivo enorme. E nenhum país se pode considerar a salvo. No 11 de Setembro morreram portugueses. Noutros atentados, como o do Bataclan, em Paris, igualmente. Nunca esquecer que há 23 anos a América foi o alvo, mas o mundo também.

Leonídio Paulo Ferreira
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O facto de a resposta ao 11 de Setembro ter sido desastrada, desorientada e mal gerida não invalida o outro facto de termos de lidar com o terrorismo actual desse grupo islamita que voltou a crescer com a, também desastrada e irresponsável, retirada do Afeganistão. A Europa ainda está a pagar a destruição de vários países e a emigração em massa para o Ocidente, agora gerida e manipulada por Putin e seus acólitos (Bielorrússia, Sérvia, Hungria, Eslováqui) para instabilizar e dividir os europeus.

Portugal, you gotta love it...

 




Acordar no planeta

 


Gylfi Dalmann Aðalsteinsson-The Cloud Appreciation Society


September 10, 2024

Entretanto no Afeganistão as raparigas perderam também o direito à saúde

 


Habib Khan

@HabibKhanT

In Afghanistan, the Taliban have prevented female staff from participating in the polio vaccination program, tightening restrictions on women in the health sector.

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No Afeganistão, os talibãs impediram as mulheres de participar no programa de vacinação contra a poliomielite, aumentando as restrições impostas às mulheres no sector da saúde.

Só os homens podem ter saúde. As raparigas e as mulheres, como são escravas, objectos sem valor, se ficarem doentes deitam-se para o lixo e vão-se buscar outras para violar. Esta é uma religião de gente criminosa e depravada. 
Até quando se vai deixar estes criminosos manterem um sistema de escravatura a funcionar no século XXI? E porque é que os que passam o tempo a gritar pela Palestina do Hamas e a acusar os europeus de terem sido esclavagistas, não têm uma palavra sobre a reinstalação da escravatura, com compra e venda de crianças, separadas das famílias, que se passa actualmente no Afeganistão?

Do it now!

 


'Zelenskyys update

 


Timóclea a matar o capitão de Alexandre, o Grande

 




Timóclea mata o capitão de Alexandre, o Grande
 (1659) de Elisabetta Sirani

Esta obra de Elisabetta Sirani, conta a história dramática de Timóclea, uma nobre tebana, que se vinga depois de ter sido violada por um dos capitães de Alexandre, o Grande. Depois de o conduzir a um poço, empurrou-o lá para dentro e apedrejou-o até à morte. 

A obra de Sirani de 1659 realça a determinação e a bravura ferozes de Timóclea, reflectindo o fascínio da era barroca pelo drama emocional intenso e pela coragem moral.

Pormenores ocultos: Sirani, conhecida pelos seus poderosos temas femininos, Sirani utiliza um forte contraste na iluminação e na composição para realçar o drama. O momento da queda do capitão é captado com uma energia dinâmica. A expressão composta, mas resoluta, de Timoclea contrasta com a impotência do capitão, simbolizando o poder feminino numa época em que as mulheres raramente eram retratadas em tais papéis.
 
Esta pintura não é apenas uma representação de um conto de vingança; reflecte a posição feminista de Sirani, mostrando as mulheres como indivíduos fortes e moralmente motivados. Sirani, uma das poucas mulheres artistas barrocas, usa a Timóclea para desafiar os papéis tradicionais de género, tornando esta obra de arte não só uma recontagem histórica emocionante, mas também uma declaração sobre o papel das mulheres na arte e na sociedade.

Onde ver: Esta poderosa pintura está atualmente na Galeria Uffizi em Florença, Itália. 
fonte: Stories Behind Art · 

Julgamento das violações de Mazan

 


Gisèle Pelicot falou no tribunal:

“A polícia salvou a minha vida ao investigar o computador", explica Gisèle Pelicot, calma e precisa, já não usando nunca a palavra, 'marido', de quem se está a divorciar. “Ver as imagens em que estou deitada inconsciente na minha cama, a ser violada. São cenas bárbaras. O meu mundo desmoronou-se, tudo o que construí ao longo de 50 anos. Eu achava que ele era um tipo impecável. Eles usam-me como se fosse uma boneca de trapos."

De todos os homens que a maltrataram, diz conhecer apenas um, que se deslocou a casa do casal em Mazan para falar de ciclismo com o marido: “Encontrava-o de vez em quando na padaria e cumprimentava-o - não fazia ideia de que ele tinha ido lá a casa para me violar. Sinto nojo."

Gisèle aborda a questão da submissão química, dos ansiolíticos que o marido a fazia engolir, sem o seu conhecimento, para depois a entregar aos homens que tinha aliciado. “Estou a falar em nome de todas as mulheres que são drogadas e não sabem, estou a fazê-lo em nome de todas as mulheres que talvez nunca saibam o que lhes fazem (...) para que nenhuma mulher tenha de continuar a sofrer de submissão química”.

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Na vila de Mazan onde a maior parte dos crimes aconteceram, estão ainda perto de 30 homens que participaram nas violações e aparecem nos vídeos (cerca de 400 vídeos e imagens) mas que a polícia ainda não foi buscar. Ninguém sabe quem eles são porque os vídeos não foram, nem vão ser, tornados públicos. A vida na vila é agora um cenário de horror. Para além da família de Gisèle Pelicot e das outras famílias que já descobriram que os seus maridos/pais/irmãos/tios são violadores abjectos, porcos e repugnantes, existem ainda todas as outras famílias que não sabem se os seus maridos/pais/irmãos/tios fazem parte dos 30 violadores que falta irem buscar. Não sabem se o seu familiar marido/pai/irmão/tio, é um dos 30 - se é aquele que propôs que violasse a sua filha ou a sua mãe. O ambiente de desconfiança já fez estragos em algumas famílias.

A prática de drogar as raparigas e as mulheres para as violar já não é uma situação excepcional, mais a mais com os sites da internet em que homens se incentivam uns aos outros a serem predadores. Se calhar está na altura de tomar medidas drásticas contra esses indivíduos.

A BBC já não é o que era...

 


Na BBC, uma entrevistadora tapou-se toda para ir falar com um talibã e pergunta-lhe se eles não estão dispostos a deixar as raparigas estudarem. Se eles deixarem elas aceitam o seu governo, diz ela. O talibã diz que estão a resolver o problema. Okidoki e passa ao assunto seguinte... a BBC já não é o que era... 


As coisas essenciais à vida

 




Paris, 1945? Fotografia de Branson Decou?, ou de Madame Decou?

September 09, 2024

James Earl Jones (1931-2024) - Song of Myself





A voz humana

 


🇺🇦 💪 🌻

 


Bandera Fella *-^

Ukraine stands, scorched but unbroken, a land carved by fire and war. The soil here is sacred, not because of what it grows, but because of what it has endured. It is soaked in the blood of those who stood and fell, those who refused to bow.
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A Ucrânia está de pé, causticada mas intacta, uma terra esculpida pelo fogo e pela guerra. O solo aqui é sagrado, não por causa do que cresce, mas por causa do que teve de suportar. Está ensopado no sangue daqueles que se ergueram e caíram, daqueles que se recusaram a submeter-se.

“A maior parte do que passa por entretenimento legítimo é inferior ou tolo e só serve ou explora as fraquezas das pessoas.”

 

A citação tem 2000 anos, mas parece ser relevante para o mundo atual:

É uma frase do filósofo estoico Epicteto. Não podia ser mais reveladora sobre a nossa atenção e as coisas em que nos concentramos. Permitimos que outras pessoas nos controlem porque estamos praticamente indefesos quando os media exploram as nossas fraquezas.

Não sou contra todos os media mas acho que há muita manipulação a acontecer. Basta olhar para todas as plataformas de redes sociais, sites de notícias, sites de streaming e aplicações para smartphones, para perceber que estamos a ser explorados. Basta olhar para os sinais.

O que se faz quando uma notificação da Netflix aparece a dizer que há uma nova temporada disponível da nossa série favorita? Fazemos uma pausa em todo o resto da vida para ver a temporada INTEIRA em poucos dias e quando terminar, provavelmente passa-se para a próxima coisa no Prime Video ou talvez se vá ver alguns clips no YouTube. 

Não faço isso porque me fecho a essas coisas. Quero controlar a minha atenção tanto quanto possível. Se não o fizer, milhões de pessoas e organizações estão ansiosas por o fazer por mim.

E o que acontece quando os outros controlam a nossa atenção? Tornamo-nos num drone sem sentido (mindless).

Eis algumas dicas para ter mais controlo sobre aquilo em que se concentra:

Em primeiro lugar, é preciso ter consciência da importância de estar atento àquilo em que nos concentramos. Por isso, voltemos a Epicteto. Ele explicou melhor o seu ponto de vista em Um Manual para a Vida:

“Se não fores tu a escolher os pensamentos e as imagens a que te expões, alguém o fará e os seus motivos podem não ser os mais elevados.”

Quando li isto pela primeira vez, comecei a levar isto mais a sério. Apercebi-me de que tenho de ser eu a escolher expor-me a certos pensamentos, imagens, notícias, ideias e mensagens.

Aqui estão algumas coisas que fiz para que isso acontecesse: 

Desativar todas as notificações não essenciais. Pode desativar as notificações de todas as aplicações do seu telemóvel, para que não tenha de colocar o telemóvel no modo “não incomodar” permanente. Eu não uso o modo 'não perturbe' porque ele desliga TODAS as notificações. Vou às definições e às notificações e vou a cada aplicação individual para desativar as notificações. Desta forma, tenho mais controlo sobre o que vejo no meu telemóvel.

Por exemplo, quero receber chamadas e mensagens de texto de familiares, amigos, da minha equipa ou de pessoas com quem tenho negócios. Também tenho notificações na minha aplicação de calendário e lembretes. A questão é que deve utilizar o seu telemóvel de forma consciente. Pense se precisa ou não de uma determinada notificação.

Precisa de saber das últimas notícias? Ou que alguém gostou da sua publicação? Provavelmente não.

Não utilize as redes sociais para obter informações. A quantidade de lixo nas redes sociais é incomensurável. Se quiser utilizar as redes sociais, utilize-as para se relacionar com as pessoas e não como substituto de livros ou de artigos.

Não sou contra as redes sociais porque são uma ferramenta. O problema é que a maioria das pessoas não tem consciência de que está a ser usada. Pensam que têm o controlo, mas estão a ser influenciadas a toda a hora.

É por isso que devemos estar atentos à forma como utilizamos as redes sociais. Tem muitas limitações, mas nem tudo é mau.

Utilize-as apenas para as coisas boas, se quiser. Mas não perderá nada se não estiver nas redes sociais.

Concentre-se no conhecimento e não na informação. A informação é geralmente sobre dados, factos ou declarações. O conhecimento é geralmente sobre a aplicação de certas informações a uma causa específica.

Qual é um exemplo de informação? O facto do fundo de cobertura médio ter tido um desempenho inferior ao do mercado na última década. Se utilizar essa informação para criar uma estratégia de investimento, tem conhecimento.

A maioria das pessoas adquire muita informação, mas não sabe construir conhecimentos. Isso acontece porque é fácil obter informação. Mas adquirir conhecimento é moroso e leva tempo.

Por exemplo, ler um livro ou fazer um curso é um investimento de tempo sério que requer uma decisão.

Penso que toda a gente precisa de se perguntar: “Vale a pena perder tempo com isto?” 

Mas não perguntamos isso quando pegamos no telemóvel para consumir informação aleatória. Pensamos: “É apenas uma publicação nas redes sociais, um pequeno vídeo, um artigo” e por aí adiante, mas o problema é que se entra numa poço sem fundo, consumindo muita tempo com muita informação que, na maioria das vezes, não serve para nada.

Quando adquirimos conhecimento, fazemo-lo com intenção e com um foco específico. Os pensamentos são influenciados por aquilo em que se concentra. É importante controlar a atenção porque ela influencia os seus pensamentos e acções. 

William James, o fundador do Pragmatismo e pioneiro da psicologia moderna, explicou-o da melhor forma:

Os pensamentos tornam-se perceção, a perceção torna-se realidade. Altere os seus pensamentos, altere a sua realidade.

Para alterar os seus pensamentos, precisa de duas coisas:

Primeiro, precisa de gerir a conversa negativa na sua mente, o que a maioria das pessoas faz através da meditação.

Em segundo lugar, precisa de gerir a conversa negativa externa, o que pode fazer limitando a sua exposição a fontes externas.

Isso não significa que tenha de se fechar para o mundo.

Basta perguntar a si próprio: “Isto merece a minha atenção? Isto vai enriquecer a minha vida?” Se a resposta for não, siga em frente.

you-become-what-you-focus


Há uma falha muito, muito grande na educação dos rapazes

 


Costuma dizer-se que as mulheres, em comparação com os homens, não se unem muito entre si. E realmente comprova-se. Há uns dias, foi notícia um grupo de Whatsapp de partilha de fotos e vídeos íntimos de mulheres, que reúne 70 mil homens portugueses. Como é que ainda oiço tipos a dizer que é cada vez mais difícil arranjar 10 amigos para uma futebolada.

70 mil homens. São mais de seis Altices Arenas de machos que veem e partilham imagens de ex-mulheres, ex-namoradas e desconhecidas em situações íntimas, bem como informações pessoais das mesmas. Geralmente, costumam ser os mesmos que classificam como porcas as mulheres que escolhem meter nas suas redes pessoais fotos em biquíni. Na verdade, depois de saber isto, é capaz de ser frustração pela foto ter sido publicada pela própria e não uma fotografia que o Joni_SLB83 arranjou para partilhar com os restantes camaradas.

Como raparigas, a nossa educação para a violência passa por não nos pormos “a jeito”, e a verdade é que sinto que há uma lacuna no que diz respeito aos rapazes.

Cátia Domingues in o-whatsapp-é-a-appocilga/
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70 mil homens é muita gente. Quantos destes 70 mil homens, sem dúvida que muitos deles, 'bons pais de família' já foram dar com fotografias das filhas, das irmãs, das primas, das amigas das filhas, das amigas das filhas...? Masturbam-se com essas fotografias das filhas, das irmãs, etc.?

Quantas raparigas vão ter a vida estragada por terem essas imagens s a circular na internet?

Há uma falha muito, muito grande na educação dos rapazes que devia ser a de dominar os instintos e não de os exacerbar ao extremo. Vivemos em sociedades de seres humanos e não de porcos. Em vez de serem educados para respeitar as raparigas, que são metade dos seres humanos do planeta, são educados pelo exemplo dos pais homens a assediar raparigas e mulheres, a serem promíscuos, a serem machos ordinários sem controlo. Convencem os rapazes, desde que nascem, que ser homem é controlar mulheres, abusar de mulheres e ser lascivo. Agora também têm a pornografia ao dispor e começam a ser educados nessa violência contra as mulheres logo aos 10 ou 11 anos.

Vemos os pais homens por aí a comentar nos jornais, nos blogues e nas redes socais. São particularmente ordinários com as mulheres. Tudo bons pais de família que vão à igreja aos sábados e domingos rezar o credo do bom cristão.

E quando as crianças têm mais juízo que os adultos?

 


Acerca da educação - o preço

 

do sucesso.


AngoUniverso

Educação - esta jornalista tem alguma razão

 

Este artigo chama-se, Burnout parental. Não tenham filhos, tenham cães e gatos. 

Os pais actuais, por um lado tornaram-se uma espécie de, não treinadores olímpicos dos filhos, como diz jornalista, pois isso dá muito trabalho, mas advogados dos direitos dos filhos a serem medalhados de provas olímpicas cujo treinamento deixam inteiramente a outros. Recusam-se a educar os filhos quanto aos seus deveres e os miúdos pensam e agem como se só tivessem direitos. Isso já se vê em adultos nos locais de trabalho. 

Outro dia contaram-se que um rapaz novo, em idade e em experiência, no local de trabalho, um empresa privada, ligou ao chefe a dizer que não podia ir trabalhar porque estava muito em baixo emocionalmente porque tinha acabado com a namorada e que precisava de, pelos menos, duas semanas, para se acalmar. E o chefe respondeu-lhe que o trabalho não pára duas semanas para ele chorar a namorada. E ele ficou muito ofendido e acusou o chefe de não ser inclusivo, por o local de trabalho não garantir apoio para esse estado emocional, na forma de folga de duas semanas... 

Outra pessoa contou-me que uma estagiária, licenciada e com mestrado de uma universidade importante, ficou ofendida e foi queixar-se ao chefe porque terem corrigido um texto seu, cheio de erros de ortografia e sintaxe. Disse que não estava habituada a ser tratada dessa maneira ofensiva...

Desde que o mundo é mundo que os filhos são dores de cabeça para os pais: uns mais que outros, é verdade, mas ninguém escapa a esse cansaço de ter de insistir, ter de lidar com as malcriadices da adolescência, ter de chatear os filhos para que estudem, etc. Só que os pais de hoje não querem fazer nada dessas tarefas, querem que sejam outros -professores, chefes no trabalho, treinadores, etc.- a assumirem toda a educação dos filhos. Querem ter direitos de pais sem os devidos deveres. É por isso que desde que nascem lhes metem telemóveis e tablets na mão, para não terem que chatear-se a ter de lidar com eles.

No ano passado, numa reunião de pais (e já agora, as reuniões de pais, se bem que não sejam divertidas, pois a quem apetece ir aturar professores no fim de um dia de trabalho(?) podem, e devem, não ser suplícios), falei dos perigos da utilização dos telemóveis e das redes sociais no rendimento dos filho e na sua saúde mental, a maioria dos pais confessou que o telemóvel, a PSP e os tablets são um descanso porque os miúdos sossegados e não os solicitam - em contra-corrente, uma mãe disse que só deu um telemóvel ao filho no fim do 9º ano, mas que isso obrigou-a, a ela e ao marido, a arranjar actividades substitutas para ele, todos os fins de semana e durante a semana também. [Devo dizer que isso teve um efeito excelente no rapaz em todos os sentidos.]

Portanto, ser mãe e pai custa muito em termos de atenção, solicitações, dedicação, paciência, insistência, às vezes com discussões, disponibilidade de tempo, responder a perguntas infindáveis, jogar jogos e fazer actividades enriqueceras, passar noites sem dormir por causa de doenças ou de saídas à noite com pessoas de má influência e outras situações que nos deixam exaustos, física e mentalmente. Não há parentalidade sem estas coisas e os pais dos nossos dias não estão para isso. 

Portanto, se não querem isto e só querem lidar com outros que não dêem trabalho e abanem a cabeça a dizer sim, então, não tenham filhos, tenham cães e gatos.

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Existe nas nossas sociedades um problema cultural complexo e quase irresolúvel (o mesmo que leva os pais do nosso tempo a irem à universidade inteirarem-se da performance académica dos filhos ou aparecerem com eles nas entrevistas de emprego) que tornou a nossa sociedade, nos últimos anos, incrivelmente “pet friendly” e pouco disponível para um acto que é muitas vezes cansativo – o de educar uma criança.

O falhanço está nos pais, evidentemente, que transformaram o acto de criar um filho numa performance olímpica – que os leva a acompanhar os filhos às tais entrevistas de emprego. As exigências e as auto-exigências que estão em cima dos pais não são normais, mas são os próprios pais que decidiram normalizá-las. A pressão da sociedade pode ser muita, mas ainda existe livre-arbítrio para alguma coisa.

Quando o meu filho era miúdo, as reuniões de pais na escola eram para mim um suplício. Hoje, vejo que os pais têm grupos de WhatsApp para estarem em constante comunicação uns com os outros. Eu acho que morria se estivesse em permanente comunicação com os pais das outras crianças. Enfim, se calhar até se percebe que, a viver assim, seja mais provável que alguns pais entrem em burnout ou coisa que o valha.

O peso que os pais põem em cima de si – a busca da impossível perfeição no acto comum que é criar um filho – conduziu-nos à situação de quebra de natalidade que vivemos hoje.

Enfim, ter cães dentro de um apartamento dá uma trabalheira dos demónios. Mas ir passeá-los às sete da manhã e depois mais tarde, viver numa casa atulhada de pêlos de cão e ainda partilhar – quantas vezes – a cama com o cão, é hoje considerado um ideal perfeito de vida. Os cães e gatos silenciosos passaram a filhos de substituição e são tratados como tal. Acho que não sou só eu que acha isto uma loucura colectiva em que os valores estão todos trocados.

Ana sá Lopes in burnout parental-não tenham, filhos tenham cães e gatos


Mais uma pessoa a 'dizer coisas' sobre a educação

 

Preocupa-me mais a pesada mochila às costas, no sentido literal. Todos os anos se fala do problema, que me parece pré-histórico, mas, na verdade, continua a não haver uma solução. São mesmo necessários tantos livros? Na era digital, com as aplicações à distância de um clique, continuamos a assistir à epopeia dos alunos carregados com quilos de material. A imagem, passe a hipérbole, lembra-me Obélix a transportar os menires, mas esse valia-se de uma poção mágica. As nossas crianças, que se saiba, não caíram num caldeirão com poderes. 
E resisto a entrar a fundo pelos cinzentos programas letivos, aos meus olhos demasiadamente amarrados ao passado e que impedem as crianças de se soltarem. São demasiadas horas sentados em salas de aulas, muitas vezes a ouvir as cansadas músicas da Carochinha, o que não abona a favor da saúde física e mental.

Arnaldo Martins - JN
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Vejamos, há aqui dois problemas diferentes que o articulista não percebeu (talvez porque não sabe sobre o tema de que fala) e, por isso, não soube separar: o 1º é o de saber de os livros em papel são melhores, do ponto de vista pedagógico, que os digitais; o 2º é o de pensar em maneiras de diminuir o peso que os alunos trazem às costas, nas mochilas cheias de livros.

Quanto ao 1º problema.
O autor refere os países nórdicos como pioneiros-modelos da gratuidade dos manuais escolares mas 'esquece-se' de referir que também são pioneiros em ter voltado aos livros em papel. Como sabemos, os livros digitais, bem como as aplicações digitais, induzem a passividade e a dependência emocional. Um livro ou um manual escolar não são livros para se ler, passivamente, como se fossem um romance, são suportes de trabalho, onde se escreve, onde se anota, onde se resolvem problemas, etc. Um manual escolar bem utilizado, começa o ano limpinho e chega ao fim do ano todo escrito - a questão da escrita e da anotação tem grande importância nos processo de memorização, interiorização e processamento dos conhecimentos, mas talvez este articulista também não esteja por dentro desses assuntos. Portanto, a questão de substituir manuais físicos por digitais tem que ver-se do ponto de vista pedagógico e não do ponto de vista da moda ou de slogans superficiais sobre a era do digital. 
Ainda ontem li uma opinião segundo a qual os alunos sentem-se melhor, menos ansiosos, a ser ensinados por uma aplicação de IA sozinhos diante do computador que numa sala onde têm de interagir com pessoas... que tipo de trabalho terão, um dia, estes alunos, educados a só saber interagir com máquinas, educados para não saberem lidar com outras pessoas e com as ansiedades próprias das relações humanas? E que tipo de seres humanos e de cidadãos serão estes, ligados emocionalmente a máquinas e desligados dos outros seres humanos reais? Ditadores narcisistas sociopatas? - como o exército de narcisistas que vive em Silicon Valley? Num tempo em que se fala de educação para a colaboração e para a empatia, os mesmos que a defendem, querem um ensino que é a sua negação em todos os aspectos.

Quanto ao 2º problema.
Há várias maneira de diminuir o peso dos manuais escolares. A mais eficaz, do meu ponto de vista, é obrigar as editoras a imprimir os livros por secções ou capítulos. Um aluno só estuda um tema de cada vez e não precisa de andar com todo o currículo às costas. É o equivalente a estar a trabalhar na letra 'B' da enciclopédia e ser obrigado a carregar todos os seus 20 volumes. O que acontece nos dias de hoje é as editoras publicarem imensos cadernos acessórios aos manuais como maneira de os encarecer e os alunos andarem com aquilo tudo às costas. Portanto, pode ter-se um manual dividido por temas e o aluno, em vez de carregar 200 páginas por cada manual, só carrega aquelas 10 páginas correspondentes ao tema que está a abordar nesse momento nas aulas (mais 2 ou 3 páginas dos exercícios próprios do tema) de cada disciplina, desse dia. Reduz o peso de... não sei, 500 ou 600 páginas, para 45 ou 50, por dia.
Outra estratégia que completava esta, seria a de os aluno todos terem cacifos nas escolas, não a pagar, como é agora -nas que os têm- mas gratuitos. Como a maioria deles vai de carro para a escola, se assim que chegarem puserem os livros no cacifo e ficarem só com os que necessitam, aula a aula, acaba-se o problema do excesso de peso.

Portanto, os problemas das escolas referentes aos alunos têm que ver-se sempre primeiramente na vertente pedagógica, a que diz respeito à aprendizagem, pois esse é o primeiro objectivo da escola.

E já agora, quanto a esta afirmação gratuita do autor:

E resisto a entrar a fundo pelos cinzentos programas letivos, aos meus olhos demasiadamente amarrados ao passado e que impedem as crianças de se soltarem.

O que significa os programas serem "cinzentos"? Não serem como os jogos de PSP, os vídeos de Tik Tok e a pornografia em que os alunos estão viciados e em frente dos quais passam seis ou oito horas por dia, passivamente, a serem manipulados? Devemos acabar com o ensino da escrita e da leitura na primeira classe, dado que são aprendizagens muito difíceis e morosas -como tudo o que se refere à educação e à aprendizagem consistente- que requerem horas e horas de prática 'cinzenta', aborrecida?

E o que significa os "alunos estarem amarrados ao passado", nos programas? Aprender a nossa história é inútil e impede que estejamos no presente? Pelo contrário. Aprender o que se passa no mundo em termos físicos (geográficos, geológicos, históricos, etc),e mentais é (que ideias nos trouxeram até aqui, porque é que umas falharam, que méritos têm outras como a da ciência, etc.) é inútil para formar pessoas conscientes e capazes de decidir e fazer escolhas no mundo actual? Pelo contrário.

E o que é isso das crianças "não se poderem soltar"? Por acaso estão presas? A ideia de que a aprendizagem impede a imaginação e a criatividade é um lugar-comum sem nenhum fundamento. A imaginação que não assenta em conhecimentos e técnicas estruturais definha e não cria nada. Quando vemos quem são os grandes cozinheiros ou arquitectos ou engenheiros ou poetas ou médicos, etc., o que vemos é que os melhores e os que mais inovam são os que têm conhecimentos -cinzentos- mais sólidos e profundos sobre os temas do seu trabalho e não os que se ficaram pelo giro, colorido, superficial.

Gostava mesmo que não dessem o microfone para falar de educação, a pessoas que nem sabem nada do assunto e nem sequer sabem dar bom uso de actividade à sua parte cinzenta de células (pun intended)