August 05, 2024

Uma história de vida numa entrevista

 


Maria Aurora Dantier, comissária de Polícia


No Comando Metropolitano da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Lisboa, a comissária Maria Aurora Dantier coordena as equipas de uma dezena de divisões que têm policiamento de proximidade.

Aurora ou Maria? “Isso depende. Sou Maria Aurora. Maria vem no meu cartão-de-visita. Habitualmente não me chamam Maria. Sou Aurora ou sou Dantier.” No seu local de trabalho ou nos eventos em que é convidada a participar como oradora, a comissária que coordena o Policiamento de Proximidade do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP destaca-se – pela postura e o passo seguro, os olhos grandes e o sorriso largo, a tez escura contrastando com o cabelo louro, apanhado num frisado fino e encrespado, sob a boina a condizer com a farda que lhe assenta sempre bem. Aurora Dantier completa 60 anos neste Verão e reforma-se, em princípio, em Fevereiro

Cedo foi chamada a assumir responsabilidades no policiamento de proximidade, área menos visível da actividade policial à qual dedicou grande parte da sua carreira, e que passa por contactar, proteger e encaminhar os mais vulneráveis ou excluídos e sem respostas sociais, e as vítimas de crimes. Aurora Dantier esteve envolvida na génese do Espaço Júlia, que ela própria dirigiu (o primeiro de atendimento especializado às vítimas de violência doméstica aberto em Lisboa), trabalhou de forma directa junto das comissões de protecção de crianças e jovens (CPCJ) e no âmbito do programa Escola Segura (que já existia quando chegou). Antes disso, fez de tudo aquilo que é o trabalho da polícia. Dá e continuará a dar formação nas áreas do policiamento mais próximo das pessoas, e em direitos humanos.
"Eu saio com muita satisfação e alguma tristeza", diz. “Nós temos adrenalina todos os dias. E de repente ficamos sem ela. Como é que fazemos essa passagem de 'somos polícia' num dia e 'não somos' no outro?”

Está a poucos meses de se reformar. Como vê isso de deixar de ser polícia?
​Como uma luz ao fundo do túnel. Significa que estou a terminar o meu mandato. Quero deixar tudo arrumado, dossiers fechados, e tudo programado para quem me vier suceder, encontrar tudo e poder continuar o trabalho que fiz. Este é o primeiro passo. O segundo passo é sair. Eu tenho uma família grande, pais, netos, filhos, irmãos, sobrinhos. Agora, tenho a oportunidade de os colocar em primeiro plano e dar-lhes tudo aquilo que eu, na altura certa, não consegui dar.


O que é importante passar às novas gerações?

Fazer o trabalho bem feito e saber como podemos tratar bem as pessoas, mesmo quando estamos perante alguém que fez alguma coisa mal, e temos de proceder a uma detenção. Quando é um suspeito de violência doméstica, de maus tratos a uma criança, ficamos com muita raiva dele, mas temos de saber que somos, acima de tudo, profissionais. Temos de saber separar muito bem as águas. Ele está detido, temos ali um possível criminoso, mas é, acima de tudo, uma pessoa.

Essa é a regra no policiamento de proximidade?
Nem sempre é fácil, mas é preciso transmitir isto às equipas do policiamento de proximidade. Quando interpelamos alguém ou a detemos, não sabemos aquilo por que passou no seu passado. Com as crianças delinquentes também. Nós encontramos muitas crianças de 12 ou 13 anos cujo percurso de vida já é, nessas idades, horrível. Temos de ter isso presente. Não sabemos se ele tomou o pequeno-almoço, o que aconteceu na casa dele. Sabemos que ele fez algo errado, que deve ser responsabilizado, mas temos de nos lembrar que ele é uma pessoa, e uma criança, acima de tudo.

Sempre esteve nas equipas de proximidade?

Sempre, desde 2007, quando passei a chefiar a área operacional da 1.ª Divisão [da Cometlis] e tinha a responsabilidade do policiamento de proximidade de quatro esquadras. Em 2019, vim para aqui e estou responsável por coordenar todo o policiamento de proximidade do comando metropolitano nas 11 divisões de competência genérica com este policiamento de proximidade.

Escolheu esse caminho por vocação ou foi fruto das circunstâncias?
Foi um pouco das duas. Quando entrei para o curso de oficiais em 2001, terminando em 2002, fui comandar a 15.ª esquadra, que era a antiga esquadra Caminhos-de-Ferro, em Santa Apolónia. Depois disso, passei a comandar a esquadra das Olaias, e aí tínhamos muita violência doméstica, muitas pessoas idosas. Foi o meu primeiro contacto com essas realidades, sobretudo a da violência doméstica. Mas 2007 foi o marco importante: fui assumir a chefia do policiamento de proximidade na 1.ª Divisão, e isso aconteceu quando na PSP também estava a começar este novo modelo da proximidade.

O que é mais importante para si neste trabalho?

Para mim, há em especial três grupos que me dizem muito: as crianças, as pessoas com deficiência e as vítimas de violência doméstica. E, entre as vítimas de violência doméstica, temos os idosos, que me dizem muito, porque ficam muitas vezes esquecidos. As crianças, as pessoas dão conta delas. As vítimas de violência doméstica, as pessoas dão conta delas. As pessoas com deficiência, as pessoas não se livram delas. Já os idosos, ficam esquecidos. O que custa muito é chegarmos ao Natal e sabermos que ficam lá despejados, nos hospitais. Ninguém os vai buscar.

Conheceu pessoas nessa situação?

Eu tenho na memória um caso, do qual nunca mais me esquecerei. Foi num Verão há muitos anos. É de um idoso que deixaram no jardim ali na frente do Cemitério do Alto de S. João. Estava bem vestido, bem arranjado, cheirava bem. Ele chegou de manhã, alguém o viu lá. Ao final do dia, ninguém vinha buscar o idoso, e ele continuava ali sentado no mesmo banco. Não se mexeu. Chamaram a polícia. E claro que a polícia o levou ao hospital.

Não descobriram a sua identidade?
Não. Quando se fazem as diligências, e não se localiza a família, passa a ser um caso social. O senhor não tinha documentos. Não tinha nada, nada, nada. Como é que alguém deixou ficar o seu familiar, que não tem orientação nenhuma, o dia inteiro num jardim? Não viu se o sol lhe bateu na cara, se bebeu água, se não bebeu água, se comeu, se não comeu. Não comeu nada. Depois vai para o hospital, fica lá e ninguém o vai buscar. Ninguém é chamado porque não se sabe quem ele é.

Há outras histórias de que não se esquece?
Com crianças, também tive casos muito horríveis que me custaram. Este talvez o que me custou mais. Duas crianças. Véspera de Natal. Estava eu na esquadra, de serviço, e trouxeram-me duas crianças. Uma de quatro, e outra de 11 anos. O que aconteceu? A mãe estava emigrada e deixou-as com uma ama. Antigamente, acontecia muito isso. Sucede que a ama ficou doente e deu entrada no hospital. Os familiares da ama não queriam ficar com as crianças. Deixaram-nas na esquadra. Queriam ir passar o Natal com a família e não queriam levar as crianças. Rejeitaram-nas. A criança de quatro, cinco anitos, nem estava a perceber o que estava a acontecer. Mas a menina de 11 anos percebia tudo, sabia que estava a ser rejeitada, e era a segunda vez para ela porque a mãe tinha-a deixado ficar aqui. As crianças ficaram naquela noite. No outro dia, dia 25, fiz as diligências com a Santa Casa [da Misericórdia] para acolher aquelas crianças.

Devem ser momentos de grande sofrimento para as crianças.
Não é só o sofrimento. É a insegurança. Eu tenho de ter a garantia de que a pessoa que está com ela a trata bem. Independentemente de ser mãe, pai, tia, avó. Se eu apanho um ambiente tóxico, se é uma situação de violência doméstica, por exemplo, e há perigo para a mãe e, consequentemente, para a criança, mas a mãe insiste em querer ficar naquela casa, eu retiro a criança. Não tenho dúvidas. Custa-me imenso, porque aquela mãe também é vítima de violência doméstica, mas é adulta. Pode escolher. A criança, não. Ela vai por opção da mãe.

Como conciliava essa vivência profissional tão exigente com a vida em família?
Eu vou dizer uma coisa: se fosse actualmente, tiravam-me os filhos [risos]. Quando me separei, a minha filha tinha seis anitos, e o meu menino tinha dez. Então, ele é que tomava conta da irmã. Era assim. Eu trabalhava por turnos. Havia o turno da noite. Havia o turno da manhã. E havia o turno da tarde. Quando eu entrava à meia-noite, deixava o jantar feito e a roupa pronta para o dia a seguir. Eles acordavam. Eu ligava para casa ou eles ligavam-me. Tínhamos sempre de falar antes de irem para a escola.

Na altura, fui obrigada a comprar um microondas para eles não utilizarem o fogão. Aqueciam o pequeno-almoço, comiam, iam. Ele ia levar a irmã. Eu ia buscá-la e, ao final do dia, estávamos os três em casa. Quando eu entrava às 8h, eu dormia com eles. Saía pelas seis e pouco da manhã. Mal eu chegasse à esquadra, telefonava: "A mamã já chegou no trabalho", e eles diziam: "Nós também já comemos e vamos para a escola." Quando eu entrava às 16h é que era mais complicado. Deixava o jantar preparado em casa. Ele ia buscar a irmã. Vinham os dois para casa. Ele dava-lhe o comer. Tinha o pijama pronto e deitava-a. Eu chegava por volta da 1h da manhã. Ele tinha jantado, mas não dormia enquanto eu não chegasse.

Sempre quis ser polícia?
Eu não quis ser polícia.

Então como aconteceu isso?
O marido de uma tia minha tinha sido polícia em Angola, e foi ela quem um dia me disse para eu concorrer. Um dia fui passar férias a casa dela, em Castelo Branco. Ela era cabeleireira e disse-me: "Olha lá, não queres concorrer para a polícia?" Eu tinha 19 anos, tinha acabado o 12.º ano. "Eu? Polícia?", respondi. "Vai já ao comando-geral preencher aquela folha de 25 linhas a dizer que queres ir para a polícia", disse-me ela. Ela sabia que estava a decorrer um concurso. Foi exactamente assim.

Como foi a sua vinda de Angola?
Nasci lá e vim para Portugal com 10 anos. Éramos oito irmãos e viemos para Sever do Vouga, terra do meu pai. A minha mãe dizia que, se nós ficássemos lá, não íamos ter futuro. Ela estava determinada a vir para a capital, para nos dar condições. E conseguiu. Investiu na compra de uma casa. Uma casa não, uma barraca. Na verdade, comprou as chaves, era como se fazia na altura.

E o seu pai?
O meu pai trabalhava na segurança. E a minha mãe fazia limpezas. A barraca não tinha nem água canalizada nem electricidade. Tínhamos de ter a banheira cheia de água, e encher a bilha para deitar na sanita, para tomar banho e para cozinhar, para tudo. Fizemos uma mangueira que ligámos ao chafariz. Nós e todos os vizinhos. No meio disto, a minha mãe dizia que a única coisa que nos podia salvar eram os estudos. Então, tínhamos de estudar. Sem herança, dizia ela, a única forma de ter segurança era estudar e arranjar um emprego no Estado.

Gostou logo de ser polícia?
Sim. Logo no início, estive no trânsito, gostei muito de trabalhar no trânsito. E sempre pensei em terminar a minha carreira no trânsito. Foi no trânsito que aprendi a lidar com públicos difíceis. Eu tive chefes que me ensinaram como lidar com essas pessoas, fiscalizar o condutor, dar-lhe a multa nas mãos, e ainda agradecer-lhes. Nem sempre era fácil. Ou quando, por exemplo, estive a regularizar trânsito como polícia sinaleira, diziam: "O que estás aí a fazer, vai para casa, vai coser as meias ao teu marido, vai fazer a sopa." Isto era nas Avenidas Novas, Avenida da Liberdade, Avenida Fontes Pereira de Melo, Avenida da República. Não havia tantos semáforos, por isso, no final do turno de autuarmos os carros mal-estacionados, tínhamos um cruzamento, onde regularizávamos o trânsito.

Mas, afinal, não terminou a carreira no trânsito nem voltou para lá.
Não, porque logo a seguir estive dez anos como chefe, a atender público na esquadra, a receber queixas. Aí aprendi a fazer um pouco de tudo. Desde os cheques carecas, furtos de carros, furtos no interior do veículo. A violência doméstica não era como é tratada agora. Era uma queixa como outra qualquer. No balcão, as pessoas estavam de pé. Felizmente que isso mudou. Quanto ao resto, era tudo feito com máquina de escrever e com os químicos. Se nos enganássemos a colocar o químico, tínhamos de começar tudo de novo [risos]. E o texto, fazíamos de carreirinha. Não havia como voltar atrás e apagar. Tinha de sair bem à primeira. Também não havia fotocopiadoras. Quando apareceram, tínhamos de ir à junta de freguesia para tirar as fotocópias. Era tudo tão diferente. A comunicação interna agora é por email, é imediato. Antigamente não, era através de circulares, que no fundo eram comunicações internas para sabermos das ocorrências nas nossas zonas. E chamavam: "Circular, circular", toda a gente estava ao telefone ao mesmo tempo com alguém do outro lado na sede a dizer, "circular, desapareceu fulano tal, furtaram carro assim assim…" para cada uma das esquadras. E nós tínhamos de apontar aquilo tudo.

Como foi ser mulher na polícia?
Não foi fácil. Eu, por exemplo, e por ser mulher, ia a ocorrências no carro de patrulha, e tinha de ouvir: "Mandam as mulheres agora? Já não há homens para vir aqui?" Eu já era chefe na altura e mesmo assim, para receber uma ordem, a pessoa dirigia-se ao motorista, e este respondia: "Tem de falar com aquela senhora, que ela é que manda, ela é que é a chefe." Eu tive esse problema nas Olaias, com a comunidade roma, porque entenderam que não recebiam ordens de uma mulher. E ainda por cima de uma mulher "preta". Nem pensar! Eu só lhes disse: "Quem manda aqui sou eu. E vocês não gostam? Tenho pena. Sou polícia, sou mulher e sou preta."

Isso incomodou-a?
Não. Eu nem lhes dava oportunidade de me sentir ofendida por isso. Havia pessoas racistas, mas eu nunca senti o racismo como se sente actualmente. Eu sabia que havia pessoas que tinham esse preconceito. Dizia-lhes: "Quando vocês não têm argumentos, usam a cor. Isso não é argumento. Vocês têm de estar comigo de igual para igual. Não usem a cor."


They call it , "Cost optimization to navigate crises"

 


Wall Street Oasis

August 04, 2024

🇺🇦 Entretanto...

 


A Ucrânia continua a defender o nosso modo de vida contra o imperialismo colonialista russo.


"Olhem que eu roubo muito, tirem-me umas migalhas para dar aos pobrezinhos" LOL

 

O Brasil propôs a criação de um imposto para os super-ricos. A ideia não é nova, mas agora está em dicussão no G20.

Segundo o Relatório Global sobre Evasão Fiscal 2024, do Observatório Fiscal da União Europeia, “os multimilionários têm taxas de imposto efetivas equivalentes a 0% a 0,5% da sua riqueza, porque usam frequentemente empresas de fachada para evitar o imposto sobre o rendimento”. E “nenhuma medida séria foi tomada para resolver esta situação, que corre o risco de minar a aceitação social dos sistemas fiscais existentes”, alerta o documento.

Vários multimilionários defendem sistemas fiscais progressivos, em que os mais ricos paguem significativamente mais do que atualmente. Bill Gates, fundador da Microsoft e um dos mais ricos do Mundo, considera que os super-bilionários dos EUA como ele devem ser mais tributados num sistema progressivo. Warren Buffett, megainvestidor e presidente da Berkshire Hathaway, há muito que advoga uma maior taxação das grandes fortunas e já expressou que é uma grande injustiça a sua secretária pagar uma taxa de imposto mais alta do que ele. O filantropo húngaro George Soros é outro defensor de impostos mais altos sobre os ricos como via para financiar serviços públicos e reduzir desigualdades sociais.

JN

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Deixa-me rir... os bilionários não abdicam de fazer falcatruas para pagar 0% de impostos, mas ao mesmo tempo pedem que os taxem porque têm pena dos pobrezinhos... LOL

Jimmy Carter tem 100 anos de decência a mais que estes bilionários da pseudo-caridadezinha.



After Escher's 'Puddle'

 




photo by Marc-Olivier Jodoin 

August 03, 2024

Estafetas mistas

 


Agora há estafetas mistas no atletismo e na natação dos jogos olímpicos: cada equipa tem dois homens e duas mulheres. Foram espectaculares. A da natação foi absolutamente emocionante.


A arte de fazer mal e parecer que se fez bem: o ex-ME



Para esconder a sua incompetência e fazer parecer que estava a fazer um grande trabalho -o que resultou porque conseguiu uma cunha para estragar uma agência internacional- inventou vagas que não existem, na ordem dos milhares e agora temos o absurdo de não haver professores (aos milhares) em muitas escolas e em outras estarem colocados professores sem alunos. Ainda por cima, em vez de os professores se aproximarem das suas residências, foram parar mais longe. 




Porque é que nenhum homem trans exige competir com mulheres na trave da ginástica feminina?

 


Porque não tinham hipótese nenhuma. Não é um desporto de potência de força muscular, mas de flexibilidade e coordenação acrobática em equilíbrio. E quem diz ginástica artística, diz outras modalidades. Não é que os homens não pudessem treinar para estes desportos e até superar uma atleta média, mas não uma atleta de topo. 

Da mesma maneira, Aryna Sabalenka, número 2 do ténis mundial, tem uma velocidade de serviço de 117 km/h, superior a um tenista médio masculino -114 km/h- e venceria um tenista médio e provavelmente um bom, está acima de um tenista médio e do bom, mas está longe da velocidade de serviço dos atletas de topo que estão todos acima dos 200 km/h. 

Há uma enorme quantidade de desportos que podem ser exercidos indiferentemente por homens ou mulheres -automobilísticos, de equitação, o críquete, todos os desportos de tiro, algumas artes marciais, atletismo e natação de resistência (o recorde absoluto de natação de longa distância pertence a Sarah Thomas) e outros... nesses podia haver competição mista e talvez não haja por falta de hábito ou preconceito, mas isso não é válido para todos os desportos e o boxe é um desses desportos onde homens e mulheres têm de estar separados.


O pugilista americano Jake Paul oferece à pugilista italiana Angela Carini a oportunidade de competir noutra competição de boxe “não contra um homem”, depois de ter sido derrotada por um homem nos Jogos Olímpicos de Paris. 

“Para Angela Carini, apesar de os seus sonhos não se poderem realizar hoje devido às agendas loucas que estão em jogo no nosso mundo neste momento, gostaria de lhe oferecer um combate numa competição de boxe, para mostrar ao mundo o seu talento numa plataforma justa e não contra um homem.

E vão 7




Por orden del presidente José Raúl Mulino, el gobierno de Panamá anuncia que reconoce como GANADOR de las elecciones en Venezuela al presidente electo Edmundo González Urrutia.

Agustín Antonetti

Leituras pela manhã - o financiamento científico passou a depender de um juramento de lealdade a «consultores de inclusão»

 

Nos EUA -e como sabemos, o que se faz lá alastra-se para todo o lado- o financiamento de projectos científicos atirou o critério do mérito para segundo plano e querem resolver o problema da discriminação (que é real), não na sua origem, isto é, numa real igualdade de oportunidades, mas no fim do caminho, manipulando a ciência para que as equipas de cientistas apareçam diversificadas, independentemente de terem ou não mérito científico. 50% da avaliação de propostas para escolha de projectos científicos a financiar é feita por «consultores de inclusão» (LGBTQ+)



A implacável politização do financiamento da ciência

Os mandatos ideológicos da DEI (diversidade, equidade e inclusão) correm o risco de corromper a produção de conhecimento pela raiz.


Como deve ser utilizado o dinheiro dos contribuintes destinado ao financiamento da ciência? Esta é uma questão que envolve 90 mil milhões de dólares por ano [nos EUA].

O dinheiro é confiado a agências de financiamento federais, incluindo a National Science Foundation (NSF), o Department of Energy (DOE), os National Institutes of Health (NIH) e a National Aeronautics and Space Administration (NASA). Cada agência tem uma missão bem definida.

A NSF centra-se na investigação fundamental; o DOE na energia; os NIH na saúde; e a NASA na exploração espacial. Os cientistas apresentam propostas de investigação e as agências decidem quais as propostas a financiar e quais as que devem ser recusadas.

Os critérios tradicionais, testados ao longo do tempo, têm sido o mérito científico, o historial dos investigadores e o alinhamento com a missão da agência. A tomada de decisões assenta num processo de análise pelos pares que envolve revisores com competências adequadas e directrizes claras para a avaliação e a prevenção de conflitos de interesses pessoais ou profissionais. O sucesso desta abordagem do financiamento da ciência baseada no mérito pode ser visto nas realizações e na excelente reputação mundial da investigação dos EUA.

No entanto, isto está a mudar e não é para melhor. Hoje em dia, para obter financiamento, os cientistas têm de demonstrar que a sua investigação irá promover os objectivos da “diversidade, equidade e inclusão” (DEI).

Estes termos conotam objectivos grandiosos, mas um olhar atento ao que é realmente implementado sob a égide da DEI revela um programa de discriminação, justificado por motivos mais ou menos nitidamente ideológicos, que impede, em vez de fazer avançar a ciência. E esse programa estendeu-se muito mais profundamente às disciplinas científicas fundamentais do que a maioria das pessoas, incluindo muitos cientistas, se apercebe. 

Isto aconteceu, em grande parte, por mandato federal, em particular por duas Ordens Executivas, EO 13985 e EO 14091, emitidas pela Casa Branca de Biden.

Estas ordens executivas não apelam à igualdade de oportunidades no financiamento da ciência - financiamento das melhores ideias científicas, independentemente de quem as propõe - mas à chamada equidade, que dá preferências no financiamento a grupos de identidade específicos. O EO 13985 afirma perversamente que essas preferências de grupo são um pré-requisito para a igualdade de oportunidades.

Como escreve a bióloga molecular Julia Schaletzky, “por definição, muitas agências de financiamento da ciência são independentes do governo e não podem ser obrigadas a fazer o seu trabalho de uma determinada forma”. 
Então, como é que as ordens executivas de Biden têm força? A resposta: São implementadas através do processo orçamental, um processo que visa, como diz Schaletzky, ligar “a dotação orçamental do próximo ano à implementação de planos DEI ideologicamente orientados a todos os níveis”.

Na prática, isto significa que os cientistas que procuram financiamento para a investigação têm agora de professar a sua crença na existência de barreiras sistémicas nas suas instituições e apresentar planos sobre a forma como, através da sua investigação, irão fazer avançar os objectivos da DEI, por exemplo, dando preferência a grupos historicamente sub-representados na esperança de conseguir uma representação proporcional ao seu número na população em geral. 

As agências exigem que os investigadores dediquem recursos a actividades de DEI e algumas recomendam mesmo a contratação de “consultores de DEI” remunerados. Além disso, exigem que os investigadores apresentem declarações de diversidade que serão avaliadas juntamente com as partes cientificamente substantivas da proposta de investigação.

De uma forma verdadeiramente orwelliana, o DOE comprometeu-se a “atualizar o [seu] Programa de Revisão de Mérito para melhorar os resultados equitativos dos prémios do DOE”. 

As propostas que procuram financiamento do DOE devem incluir um plano PIER (Promoting Inclusive and Equitable Research), que é “encorajado” a discutir a composição demográfica da equipa do projeto e a incluir “planos inclusivos e equitativos de reconhecimento em publicações e apresentações”.

A iniciativa BRAIN (Brain Research through Advancing Innovative Neurotechnologies - Investigação do Cérebro através do Avanço de Neurotecnologias Inovadoras) dos Institutos Nacionais de Saúde exige que os candidatos apresentem um “Plano para o Reforço de Perspectivas Diversas (PEDP)”. Por “perspectivas diversificadas”, os NIH explicam que se trata de diversidade demográfica. Nas próprias palavras da agência, “o PEDP é um resumo das estratégias para fazer avançar o mérito científico e técnico do projeto proposto através da inclusão. Em termos gerais, as perspectivas diversificadas referem-se às pessoas que fazem a investigação, aos locais onde a investigação é feita, bem como às pessoas que participam na investigação como parte da população do estudo [ênfase nossa].”

Os esforços dos NIH no sentido de promover a equidade racial também oferecem um convite para “Assumir o Compromisso”, que inclui comprometer-se com a ideia de que “a equidade, a diversidade e a inclusão impulsionam o sucesso”, “marcar uma consulta com um elemento de ligação EDI [DEI]” e “encomendar o ‘Cartaz de Compromisso EDI’ (ou ... criar o seu próprio cartaz) para o seu espaço e fazer com que a sua equipa o assine”.

Os cientistas que se candidatam à National Science Foundation para os chamados Centros de Inovação Química devem agora fornecer um Plano de Diversidade e Inclusão de duas páginas “para garantir um ambiente diversificado e inclusivo no centro, incluindo investigadores a todos os níveis, grupos de liderança e grupos consultivos”. Devem também apresentar um plano de “impacto mais alargado” de 8 páginas, que inclui o aumento da participação de grupos sub-representados. Para efeitos de comparação,
a parte científica da proposta tem de 18 páginas.

Provas directas de uma intenção de considerar a raça como um fator de financiamento foram reveladas noutra iniciativa dos NIH. Em 2021, os NIH publicaram um aviso encorajando os cientistas negros e de outros grupos sub-representados a assinalar a caixa para a raça no pedido de financiamento, o que sinalizaria os seus pedidos para serem considerados “mesmo se a pontuação de qualidade que os painéis de revisão por pares atribuem às propostas estiver fora do limite para a maioria das bolsas”. (Sim, leitor, leu corretamente.) A iniciativa foi entretanto revogada, mas os NIH continuam a sublinhar que a “diversidade das equipas” é uma vantagem nas decisões de financiamento.

Como explica Kevin Jon Williams, um investigador cardiovascular da Universidade de Temple, isto cria um dilema moral para os cientistas de ascendência “diversa” que são cépticos em relação ao regime DEI, pois se recusarem identificar-se como afro-americanos, é muito provável que a sua candidatura perca para outros, por motivos de “diversidade”. É um duplo erro. Não só o sistema é manipulado com base em critérios não científicos - e possivelmente ilegais - como incentiva a participar nessa manipulação”. Williams não poupa palavras: “Nunca poderei perdoar os Institutos Nacionais de Saúde por reinjectarem o racismo na investigação médica”.

Por seu lado, a NASA exige que os candidatos dediquem uma parte dos seus esforços de investigação e do seu orçamento a actividades de DEI, que contratem especialistas em DEI como consultores - e que lhes “paguem bem”. 

Quanto custam esses serviços? Uma empresa de DEI sediada em Chicago oferece sessões de formação por 500 a 10.000 dólares, módulos de e-learning por 200 a 5.000 dólares e palestras por 1.000 a 30.000 dólares. As avenças mensais de consultoria custam entre $2.000 e $20.000, e os “produtos de consultoria” individuais custam entre $8.000 e $50.000. Assim, o dinheiro dos contribuintes, que poderia ser utilizado para resolver desafios científicos e tecnológicos, é desviado para consultores de IDI. Dado que os planos de IDI dos candidatos são avaliados por painéis compostos por 50% de cientistas e 50% de especialistas em IDI, o interesse próprio da indústria de IDI é evidente.

Estas exigências de incorporação da DEI em cada proposta de investigação são alarmantes. Constituem um discurso forçado; minam a liberdade académica dos investigadores; diluem os critérios de financiamento baseados no mérito; incentivam práticas de contratação discriminatórias pouco éticas - e, na verdade, por vezes ilegais -; corroem a confiança do público na ciência; e contribuem para a sobrecarga e o inchaço administrativos.

As instruções aos candidatos e os exemplos de propostas bem sucedidas deixam bem claro que os planos DEI têm de aderir a uma doutrina ideológica específica. De acordo com a NASA, “a avaliação do Plano de Inclusão basear-se-á [...] na medida em que o Plano de Inclusão demonstrou consciência das barreiras sistémicas à criação de ambientes de trabalho inclusivos que são específicos da equipa da proposta”. 

Assim, para obter financiamento, os cientistas têm de declarar que a sua própria instituição e grupos de investigação são pouco inclusivos e discriminatórios, o que constitui uma ofensa para os muitos cientistas que trabalharam arduamente para garantir práticas de contratação justas e transparentes nas suas instituições. Estes requisitos constituem efetivamente juramentos de lealdade à DEI como pré-requisito para o financiamento.

A introdução de planos DEI na avaliação das propostas científicas dilui o critério do mérito intelectual, criando um terreno fértil para a corrupção e resultados perversos. Na competição pelo financiamento, que proposta deve o DOE financiar - a que demonstra mais promessas para fazer avançar a investigação sobre a energia solar ou a que promete envolver mais estudantes do sexo feminino? Deverão os NIH financiar as melhores ideias na investigação do cancro ou os melhores planos para conseguir uma maior representação de investigadores LGBTQ+?

Sabemos, pela história dos regimes totalitários, que quando a ciência é subjugada à ideologia, a ciência sofre. E a actual abordagem de associar as considerações da DEI às decisões de financiamento enfraquece os critérios baseados na realização e no mérito no financiamento da ciência, o que significa que o dinheiro pago pelos contribuintes que trabalham arduamente não está a ser utilizado para apoiar os melhores projectos científicos.

Além disso, quando as agências de financiamento utilizam o seu poder para promover uma determinada agenda política ou ideológica, contribuem para a desconfiança do público em relação à ciência e às instituições científicas. Quando os cientistas se tornam cúmplices, infundindo ideologia na sua investigação, deixam de ser vistos como peritos dignos de confiança - e não deveriam ser. Se o público retirar o seu apoio à ciência, acabará por se verificar uma perda de financiamento, com consequências negativas para a nação.

As disparidades sistémicas em termos de oportunidades, especialmente as relacionadas com o estatuto socio-económico, são reais e estão bem documentadas. As iniciativas de DEI, como as relacionadas com o financiamento de subvenções, tomaram o lugar dos esforços para investigar e abordar as questões subjacentes que conduziram às desigualdades actuais - as causas profundas que impedem todos os americanos de atingir o seu potencial. A abordagem da DEI codificada pelas ordens executivas de Biden baseia-se na falsa presunção de que uma sociedade justa e equitativa pode ser alcançada através da participação proporcional numa atividade altamente competitiva e baseada em resultados, como a ciência. A tentativa de corrigir as disparidades através da engenharia social é ineficaz, injusta e provavelmente viola a lei dos direitos civis.

É tempo de reconhecer que se enveredou por um caminho errado e de nos colocarmos no caminho certo - o caminho da verdadeira não-discriminação e da igualdade de oportunidades.

Partes deste ensaio foram adaptadas de um artigo recentemente publicado na revista Frontiers in Research Metrics and Analytics.

Robert P. George and Anna I. Krylov in chronicle.com/

∞ O infinito numa poça de água

 

Nos anos que se seguiram à guerra, Escher costumava passear depois do jantar nos bosques que rodeavam a sua casa em Baarn. Passava lá muitas horas, para desanuviar a cabeça, mas também para a encher de novas ideias para trabalhos gráficos. A partir de 1951, começou a anotar as suas ideias no seu diário. Uma dessas notas desse ano diz o seguinte:

Traços de pneus de carros e bicicletas, vistos perspectivamente, na diagonal; Recanto inclinado cheio de água: poça. Nela se reflecte a lua. 

M.C. Escher, Puddle, woodcut in black, green and brown, printed from three blocks, February 1952


Escher viria a desenvolver esta ideia na xilogravura Poça de Água, de Fevereiro de 1952. Posteriormente, descreveu esta gravura da seguinte forma,
O céu noturno sem nuvens reflecte-se numa poça que uma chuva recente deixou num caminho florestal. Os rastos de dois automóveis, duas bicicletas e dois peões estão impressos no solo pantanoso.
Escreveu ao seu amigo Paul Kessler sobre a impressão,
Embora possa parecer muito impressionista para alguém como eu, a sua natureza simbólica fascinou-me à maneira de Antoine de Saint-Exupéry que, algures em Terre des Hommes, diz: une mare en relation avec la lune révèle des parentés cachées (Uma poça de água em relação à lua revela ligações escondidas)
Escher conhecia a obra do aviador/escritor francês, que desapareceu durante um voo sobre o Mediterrâneo, em 1944. O nome de Antoine de Saint-Exupéry está sobretudo associado a um pequeno livro, Le Petit Prince, mas ele escreveu mais livros aclamados. Em Terre des Hommes, apela à humanidade para que assuma as suas responsabilidades e seja solidária. Inspirado por este livro, Edmond Kaiser fundou a ONG com o mesmo nome em 1960. 

Também para Escher, o livro foi uma fonte de inspiração. Recortou a citação na xilogravura, na pequena primeira série de gravuras. Mais tarde, retirou-a do bloco. A explicitação das camadas e significados no seu trabalho de forma tão evidente não era o seu género.

O que se vê nesta imagem, depois de num primeiro olhar se ver uma poça de água ligeiramente enlameada com marcas de botas e de pneus? Da segunda vez, reparamos na cor. A areia é castanha. Escher costumava usar a tinta preta sobre papel branco mas nesta impressão capta não só a areia castanha, mas também a beleza improvável do brilho prateado da lua cheia numa noite sem nuvens. 

Para conseguir este efeito, Escher utiliza um verde muito claro. É o tipo de verde que parece cinzento a um olho destreinado e, no entanto, evoca a ilusão do brilho prateado de uma lua enorme. A lua, perfeitamente redonda, está escondida atrás dos ramos e por isso foi deixada branca. Quem não teve já a experiência de uma quieta noite de luar? Escher revela a enormidade do universo. Fá-lo à sua maneira habitual, reflectindo o brilho do luar na poça através dos ramos. 

Só quando nos apercebemos de que não estamos a olhar para a poça de água, mas para o céu através do reflexo da lua, é que a gravura adquire profundidade. A estrada de terra batida é, de facto, a moldura em que Escher capta o universo! De repente, encontramo-nos presos numa sala de espelhos onde o chão é, de facto, o céu. O que vemos é a inversão da realidade, uma exploração da eternidade.

Uma poça de água no bosque - uma ideia aparentemente simples, mas é exatamente isso que faz de Poça de Água uma gravura tão marcadamente filosófica sobre a quietude, a natureza, a reflexão e a recordação. 

Escher mostra-nos a infinitude do universo com uma poça de lama cheia de rastos como uma moldura errática.

fonte: puddle

August 02, 2024

Biden vai fazer o máximo que puder pela democracia antes de sair de cena

 

Não tem nada a perder. Antes pelo contrário.



Vladimir Vladimirovich Kara-Murza é um político da oposição russa e protegido do falecido Boris Nemtsov. É vice-presidente da Open Russia, uma ONG fundada pelo empresário russo e ex-oligarca Mikhail Khodorkovsky, que promove a sociedade civil e a democracia na Rússia. 

É o autor de dois documentários, They Chose Freedom e Nemtsov. Em 2021, atuou como membro senior do Raoul Wallenberg Center for Human Rights. Foi agraciado com o Civil Courage Prize (Prémio Coragem Civil) em 2018.

Em 26 de maio de 2015, Kara-Murza foi alvo de uma tentativa de homicídio por envenenamento. Em 2 de Fevereiro de 2017 foi novamente envenenado.

Em abril de 2018, o senador dos Estados Unidos John McCain, que havia trabalhado com em questões sobre a Rússia, escreveu-lhe sobre o diagnóstico de cancro no cérebro e pediu-lhe servisse como portador do caixão no seu funeral. McCain morreu em 25 de agosto; Kara-Murza juntou-se a quatorze outros escolhidos pelo próprio McCain, incluindo o ex-vice-presidente Joe Biden, como portador do seu caixão no funeral, em Washington. A escolha de Kara-Murza por McCain foi descrita pelo jornal Politico como um "ataque final" a Putin, de quem McCain era um crítico e a Donald Trump, pela sua proximidade com o presidente russo.
Em Abril de 2023, foi acusado de traição, de "espalhar desinformação" sobre os militares russos, e condenado a 25 anos de prisão. Wikipédia

Está livre.

"Bucha Witches"

 


Bucha Witches são um grupo de mulheres voluntárias que defendem a Ucrânia. 


Terroristas caírem não é tragédia, tragédia é estarem no poder



A Jordânia vai abater mísseis que entrem no seu espaço aéreo a caminho de Israel

 


Zelenskyy 's update

 

Imane Khelif e Lin Yu-ting, dois homens trans a competir no boxe feminino, porque no passaporte aparecem como mulheres

 


Imane Khelif after her win against Angela Carini (Getty Images)

Um deles, o algeriano  Imane Khelif, deu dois murros de tal ordem na italiana que ela temeu pela vida e desistiu da prova. 

Hoje será a vez de Lin Yu-tin. Em breve as mulheres deixarão de competir porque os homens trans exigem ser tratados como, biologicamente, mulheres. O que não são.

Na realidade, o sexo não é indiferente às disposições biológicas, nomeadamente na força muscular. Mulheres e homens têm disposições físicas diferentes e, por isso, há poucos desportos mistos. Vemos isso muito bem no tipo de aparelhos que mulheres e homens fazem na ginástica.

Em 2023, Khelif foi desqualificada do Campeonato Mundial de Boxe, juntamente com Lin Yu-ting, de Taiwan, “por não terem cumprido os critérios de elegibilidade para participar na competição feminina”. Esta decisão baseou-se, não nos níveis de testosterona (há mulheres com níveis de testosterona muito elevados), mas num “teste separado e reconhecido, cujos pormenores permanecem confidenciais”.

Um comunicado em língua russa foi mais directo: “Com base nos resultados dos testes de ADN, identificámos uma série de atletas que tentaram enganar os seus colegas e fingiram ser mulheres. Com base nos resultados dos testes, ficou provado que eles têm cromossomas XY”. 

Lin não recorreu da decisão, enquanto Khelif iniciou um recurso e depois retirou-o, o que significa que, em ambos os casos, a sentença se tornou juridicamente vinculativa.

Lin Yu-ting is also scheduled to compete at Paris 2024 (AP)


Mas como as decisões do Campeonato Mundial de Boxe (IBA) não são vinculativas para os Jogos Olímpicos, o Comité Olímpico Internacional (COI) é livre de aplicar as suas próprias regras em matéria de categorias sexuais no desporto. 

O porta-voz do COI, Mark Adams falou em caça às bruxas e disse que "estes são atletas que competiram durante muitos anos no boxe e são mulheres nos seus passaportes”. O que seria uma forma totalmente aceitável de classificar o sexo, se a luta fosse entre passaportes, em vez de dois corpos biológicos com ossos e pêlos. 

Aparentemente, Khelif não é do sexo feminino, numa categoria destinada a atletas do sexo feminino. 

Embora o COI tenha feito questão de sublinhar que esta controvérsia não tem qualquer relação com a questão controversa das mulheres trans no desporto, evidentemente essa é uma separação impossível de manter. 

A questão de como o sexo deve ser definido - por cromossomas, por níveis hormonais ou por definições em passaportes - é o cerne da discussão sobre a inclusão.

Quando a inclusão é a negação das mulheres e dos seus direitos, o nome é 'machismo'. Individuos que nasceram biologicamente homens e foram educados como homens no machismo tradicional.

O que aconteceu no ringue em Paris é uma resposta a todas as afirmações absurdas de que o sexo é irrelevante para o desempenho desportivo.

Se as mulheres não fazem nada, qualquer dia estão afastadas dos desportos. Esta italiana que desistiu e perdeu com este homem trans algeriano, assim que levou o primeiro murro dele, foi ter com o treinador e disse, "isto não é justo".

Condenar sem buscar as razões não melhora a realidade

 


(...) esta semana, no Reino Unido, um jovem de 17 anos ter assassinado três crianças — e ferido outras oito com gravidade — e ainda dois adultos, num ataque com uma faca durante uma aula de dança dedicada a Taylor Swift. A polícia britânica divulgou pouca informação sobre o ataque bárbaro, até porque o acusado é ele próprio menor. Entretanto, sempre foi assegurando que o crime não estava a ser investigado como ataque terrorista, e o The Guardian escreveu que terá sido motivado por perturbações mentais, enquanto a BBC avançou que o suspeito não tinha ligações a movimentos islâmicos radicais.

De pouco valeu esta informação de duas fontes credíveis ou os apelos dos familiares das vítimas para que o luto fosse respeitado. Nas redes sociais, em particular no X, figuras proeminentes da extrema-direita britânica logo se apressaram a sugerir que o atacante tinha chegado de barco ao Reino Unido e que aguardava resposta a um pedido de asilo. As palavras tiveram consequências: primeiro em Southport, depois por todo o Reino Unido, um conjunto de motins levou à detenção de mais de cem pessoas, com 50 polícias feridos.


Pedro Adão e Silva, publico.pt

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Neste artigo condena-se as pessoas que sugerem hipóteses acerca do rapaz que matou e feriu crianças na Inglaterra que classifica de extrema-direita preconceituosa - como se a extrema-esquerda fosse constituída de seres humanos à parte, sem preconceitos. Porém, não tenta sequer compreender as razões. Condenar sem compreender não ajuda a melhorar a realidade.

Há aqui questões num contexto que não é indiferente ao que se passa nestas 'teorias' sobre o rapaz. Por exemplo:

1. Porque não dizem nada sobre o rapaz? Uma coisa é não identificá-lo, sendo menor, outra é não darem nenhuma informação sobre o contexto do ataque, a motivação do ataque, etc. Têm mantido segredo de tudo o que se relaciona com o ataque, o que aparece suspeito, num país onde a comunicação à imprensa e ao público é a regra. 
Um ataque a crianças que ouvem músicas da Taylor Swift é um ataque indirecto à cantora? Tem que ver com as declarações do próximo do candidato a VP de Trump dizer que uma mulher se não tem filhos é lixo? É um daqueles incels? Um anti-ocidental? É normal que as pessoas se perguntem e que estranhem que nada lhes seja dito e que nem expliquem porque nada é dito.
Vivemos num tempo em que as pessoas não têm filtros e vão para as redes sociais dizer tudo o que lhes passa pela cabeça, por mais estrambólico que seja - o que foi fomentado por uma parte da sociedade que defende que todas as opiniões são válidas e que agora se queixa do excesso de opiniões absurdas, mas isso dava pano para muitas outras mangas. Ainda há pouco tempo, a propósito da princesa de Gales estar afastada dos eventos oficias por causa da doença oncológica, as teorias sobre a sua pessoa atingiram um grau de absurdo tão grande, ao ponto de dizerem que tinha morrido e tinha sido substituída por uma sósia,  que ela teve de vir a público dizer que estava viva e a ser bem tratada. Porque foi isto? Porque as pessoas são de extrema-direita? Porque são maldosas e preconceituosas? Não, porque estão habituados a ser informadas e a informação cessou repentinamente e começaram a vomitar tudo que lhes passa pela cabeça.
Entretanto o juiz deste caso revelou o nome do rapaz que vai fazer 18 anos na semana que vem: Axel Rudakubana. É uma família de imigrantes, o que se calhar não tem que ver com o ataque, mas como esconderam a informação, agora dá ideia que foi por isso, o que piora a situação.

2. Não é anormal esconderem informação quando se refere a pessoas imigrantes, sobretudo islamitas. Cá também se faz isso. Os governos fazem gestão da informação como se fossem os paizinhos do povo que decidem o que o povo pode e não pode saber sobre assuntos que são da vida pública e não privada. Como se sabe sempre tudo, quando o povo percebe que o governo andou a esconder-lhe informação, começa com as teorias da conspiração. 
A falta de transparência e de vontade de resolver os problemas em vez de os varrer para debaixo o tapete, é o que está na origem destas teorias todas.

3. Não é indiferente ao assunto a Inglaterra estar com problemas grande por conta dos imigrantes, que em Londres são já quase 38% da população, sendo que a parte islamita anda nas ruas todos os dias com bandeias do Estado Islâmico a gritar morte a Israel e à democracia inglesa. Birmingham, por exemplo, tem 44% de imigrantes, sendo que metade nasceram fora da Inglaterra. Há 8 ou 9 cidades inglesas que têm ou tiveram mayors muçulmanos - nem todos são eleitos, alguns são nomeados. Há sítios em Inglaterra onde a polícia não vai porque os imigrantes resolvem os problemas entre si e não a chama - a polícia recusa dizer se são muçulmanos. Há mais de 8 dezenas de tribunais de sharia - a polícia recusa dizer se, na prática, fazem justiça à margem da lei inglesa. 

Portanto, os organismos oficiais nunca respondem claramente às questões, escondem a informação e não resolvem os problemas e é neste contexto que as pessoas querem saber quem é o rapaz e o que se passou e porquê. Estes levantamentos de população estão radicados, em grande parte, na falta de transparência e de capacidade em resolver os problemas dos governos. Este problema não é só inglês, a Holanda, a Suécia, o sul de França e parte da Suíça também o têm. Em Lisboa, há zonas da cidade onde se concentram imigrantes onde os portugueses idosos e moradores de décadas não saem à rua com medo. Só quem não anda informado sobre a prática da religião islamita, nomeadamente no que respeita ao modo de tratarem as mulheres, ao nível do pior que se fazia na Idade Média, é que não se preocupa com um eventual crescimento desta religião nas nossas sociedades.

Os mesmos esquerdistas que condenam a direita por ser contra o aborto, contra a eutanásia, contra uma paródia na abertura dos jogos olímpicos, defendem com unhas e dentes pessoas que professam uma religião que não apenas condena aqueles actos mas mata à pedrada e decapita os que o praticam ou defendem. Pessoas que vivem no tempo medieval de maiores trevas e obscurantismo. E em cima disto, defendem a educação desde a adolescência a partir dos telemóveis e das redes sociais, autênticos viveiros de esgoto mental. É uma contradição pegada, que não ajuda nada à clarificação e resolução dos problemas.

Por consequência, condenar o alarme das pessoas como, 'preconceitos de extrema-direita' que vêm do nada ou talvez da maldade própria dos não-esquerdistas, é improdutivo e é uma visão preguiçosa da realidade e do contexto do problema e é, ela mesma, preconceituosa.

Em época: salmonetes

 


“Não há nada”, dizeis, ”mais belo do que uma surmullet [mullo] moribunda. Na própria luta pelo fôlego de vida, primeiro um vermelho e depois um tom pálido o impregna e as suas escamas mudam de tonalidade. E entre a vida e a morte há uma gradação de cor em tons subtis.... Vejam como o vermelho se inflama, mais brilhante do que qualquer vermelhão! Vejam as veias que pulsam ao longo dos seus lados! Olhai! Dir-se-ia que o seu ventre é sangue! Que azul brilhante resplandecia mesmo debaixo da sua fronte! Agora está a esticar-se, a empalidecer e a assentar numa tonalidade uniforme”.

Séneca, Questões Naturais (III.18.1,4)


Mosaico romano de um salmonete (século I d.C.), atualmente no Museu Histórico Estatal de Moscovo 

um salmonete verdadeiro



Segundo Plínio, o Velho, que viveu em meados do século I d.C., um dos peixes mais consumidos pelos antigos romanos era o salmonete. Como ele próprio assinala, o peixe tem uma “barba dupla” (mullus barbatus) e não é adequado para a reprodução, sendo os melhores exemplares encontrados em águas abertas.
Os romanos distinguiram outro tipo de salmonete - mullus surmuletus - que era maior. Como espécie de peixe, têm diferentes cores de escamas e encontram-se no Mediterrâneo, no Mar do Norte e no Atlântico. De acordo com os antigos, o nome do peixe - Mullus - teria vindo dos sapatos usados pelos patrícios romanos, que se distinguiam por uma forte cor vermelha (mulli), que também marca o peixe.

O preço do salmonete no tempo de Calígula era astronómico. Asinius Celer, o cônsul terá pago oito mil sestércios por um. Para efeitos de comparação, o édito de Diocleciano de 301 d.C. fixou o preço máximo de 1 sextarius (cerca de meio litro) de vinho maduro de boa qualidade em 24 denários, ou 96 sestércios. Suetónio relata que Tibério tencionava regular o preço do salmonete, pois houve uma transação de 30.000 sestércios por 3 exemplares deste peixe. Suetónio conta também uma história interessante da ilha de Capri, onde o imperador se hospedou:

Poucos dias depois de ter chegado a Capri e de se encontrar sozinho, um pescador apareceu inesperadamente e ofereceu-lhe um enorme salmonete; alarmado com o facto de o homem ter subido até ele pela parte de trás da ilha, através de rochas ásperas e sem caminho, mandou esfregar a cara do pobre coitado com o peixe. E porque, no meio da tortura, o homem agradeceu às estrelas por não ter dado ao imperador um enorme caranguejo que tinha apanhado, Tibério mandou rasgar-lhe também a cara com o caranguejo. Castigou com a morte um soldado da guarda pretoriana por ter roubado um pavão das suas reservas. Quando a liteira em que viajava foi impedida de avançar por silvas, mandou estender no chão o centurião da primeira coorte, que ia à frente para abrir caminho, e açoitá-lo até à morte

- Suetónio, Tibério, 60

Como se vê, o salmonete era sobretudo um luxo extravagante em todo o tipo de festas.

É claro que o peixe também era apreciado pelo seu sabor, como refere Galeno. Dizia-se que o sabor do peixe se assemelhava ao da ostra. De acordo com Plínio, algumas pessoas viram o peixe tomar cores diferentes antes de morrer; finalmente, a escama vermelha torna-se branca. Segundo consta, o famoso mestre culinário romano Apicius tinha uma excelente receita de molho para o salmonete - o famoso garum


penelope.uchicago.edu

August 01, 2024

A trave é muito mais difícil do que parece

 

A trave é, quanto a mim, o aparelho de ginástica mais difícil que existe, incluindo os masculinos. Obriga a exercícios de acrobacia (saltos mortais, piruetas, espargatas no ar) de força explosiva e potência muscular a partir de uma posição parada, sem possibilidade de preparação de impulsão, como acontece nos outros aparelhos. Tudo isto feito num equilíbrio instável, numa barra a 1.25m do chão, com 10cm de largura, onde se perde várias vezes a visão da trave e que obriga a um rigor e uma flexibilidade dos movimentos quase impossíveis.