Não há dúvida que os homens com propensão para o autoritarismo e narcisismo têm uma enorme atração por outros homens que percepcionam como fortes e cuja associação lhes traz mais força e projecção de poder e estatuto. Foram educados na admiração dos grandes imperadores e dos grandes militares. É essa a história que se ensina às crianças e jovens. Como diz o ditado, "Dos fracos não reza a História".
É por esta razão que tantos homens políticos e militares no Ocidente têm uma atração, quase juvenil e homoerótica, como diz Johnson, por Putin. A imoralidade e depravação de Putin afasta pessoas de bem, mas não tem impacto na admiração que homens imorais têm por ele e pelo tipo de autoridade que vêem nele e invejam - como sabemos, Trump inveja a autoridade de Kim Jon de ter o povo calado e a tremer de medo diante de si.
Putin foi muito hábil, nestes anos todos, a forjar de si mesmo uma imagem de homem forte, uma espécie de herdeiro das virtudes dos homens fortes da Rússia, todos eles grandes depravados e/ou assassinos, desde os Czares aos sovietes, diga-se de passagem - é preciso notar que a Rússia, em toda a sua história, nunca viveu em democracia, excepto durante três curtos anos, entre 1990 e 1993, quando Ieltsin tentou democratizar e reformar a Rússia. Não conseguiu e logo em 1994, dissolveu o Soviete Supremo e mudou a Constituição para dar a si mesmo poderes quase absolutos. Esses três curtos anos, foram anos de dificuldades financeiras para os russos e de embaraço por terem um líder sempre bêbedo, de maneira que não deixaram boa memória.
Portanto, os russos não sabem, nem nunca souberam o que é uma democracia e, para eles, a vida sob um líder autoritário e ditator, mesmo que corrupto e ladrão ou assassino, é o seu normal. Não conhecem outra vida e entendem as democracias, onde tudo leva tempo a ser discutido e decidido, como é próprio de regimes que assentam na força da argumentação em vez de, na força das armas, como sistemas fracos com líderes fracos. É claro que fraqueza é a incompetência de só se saber impor com uma pistola apontada aos outros.
Acresce a isso que Putin é um KGB, logo, especialista em espalhar desinformação, em manipular informação, chantagem, recrutar com subornos, intimidar, etc.
De maneira que é necessário combater a sua imagem de homem forte com a realidade dos factos: Putin é um homem que não é capaz de sobreviver numa democracia, que é um sistema que requer mais inteligência que força de armas. Putin tentou ser um ocidental liberal e democrata, mas não foi capaz.
Putin é um KGB incompetente enquanto líder político e é por isso que precisa da força das armas para se aguentar no poder. Putin tem assassinado e aprisionado todos os seus opositores políticos porque é incompetente para os vencer nas urnas.
Putin é um homem à frente do maior país do mundo e um dos mais ricos. O país dele tem tudo quanto é recurso natural e em abundância, mas ele não foi capaz de o tornar próspero. Pelo contrário, a maioria dos russos vive na pobreza e se sairmos das cidades, nem saneamento básico têm. É um incompetente.
Putin não é capaz de fazer acordos comerciais pacíficos com outros países. É um KGB que só conhece os métodos do KGB: ou subornar -toma lá petróleo de borla e ficas às ordens- ou usar a força para colonizar.
Putin destruiu o seu país, expôs todas fraqueza da Rússia, tem um povo deseducado, atrasado a recuar aos tempos soviéticos, que vive na pobreza, numa sociedade militarizada.
Putin é um KGB incompetente e fracassado que recorre à guerra para que as suas insuficiências e incompetência enquanto líder não fiquem completamente expostas. Mesmo na guerra, que poderíamos pensar ser o seu ponto forte, ele tem mostrado ser fraco e incompetente. Já percebemos, em virtude do brilhantismo e extrema competência dos ucranianos, que Putin teve sucesso nas outras invasões porque o Ocidente tinha essa visão dele como homem que não vale a pena confrontar dada a sua superioridade. Pois, os ucranianos expuseram a Grande Mentira de Putin e hoje só os cegos não vêem que o segundo maior exército do mundo é um grande bluff.
A Rússia de Putin lembra-me o livro de Le Carré, "A Casa da Rússia", onde um cientista russo passa um segredo para os espiões do Ocidente, que é o da investigação científica e infraestruturas russas estarem na decadência total e ninguém no Ocidente acredita nele porque contraria a crença dogmática que têm da Rússia como uma grande potência científica e militar.
É preciso que o Ocidente combata a desinformação de Putin, com a informação dos factos acerca da sua incompetência, da sua fraqueza enquanto líder político, do estado em que deixou o seu país, a sua economia, de como tudo o que faz é para esconder a Grande Mentira e poder continuar no poder sendo um zero à esquerda. É preciso que os lideres autoritários e proto-autoritários ocidentais interiorizem a ideia de que a associação a Putin os mancha com uma nódoa de incompetência, desinteligência e fraqueza.