May 17, 2020

Máscaras





Foi descoberta em 1876 por Heinrich Schliemann durante escavações em Micenas, na Grécia. Acreditou que tinha descoberto o corpo do lendário líder grego Agamemnon, daí o nome.

É uma máscara funerária de ouro que cobria o rosto de um corpo. Contudo, pesquisas arqueológicas recentes sugerem que a máscara é de 1.500 a 1.550 AC, o que significa uma época bem anterior a Agamemnon. Apesar disso, o nome permanece.

Agamemnon foi um dos mais distintos heróis gregos, filho (ou neto) do rei Atreu de Micenas e da rainha Aerope,e irmão de Menelau.

Não há registos que provem que tenha de facto existido, mas é provável que tenha sido o rei de Micenas a comandar o épico cerco dos Aqueus à cidade de Troia para resgatar Helena , esposa de Menelau , irmão de Agamémnon.

A máscara está hoje no Museu Arqueológico Nacional de Atenas, em Atenas. Grécia.


May 16, 2020

Pintando os sonhos



Artem Chebokha

Jamming Bach 🙂




O presente do passado



Paris, anos 20 - os filmes, como a pintura, onde o pintor pinta o presente, dão-nos um acesso ao presente do passado. E, sendo muito diferente do nosso, é o mesmo.

Olhares que questionam



Heather Murray

Quando o fisco vem bater à tua porta




Diário da quarentena 62º dia - ideias para um fim-de-semana confinado


A série da BBC ‘Humano, Demasiado Humano’ (Human All Too Human) inclui três programas fantásticos sobre Friedrich Nietzsche, Jean Paul Sartre e Martin Heidegger, um trio de pensadores controverso que continuam a influenciar a filosofia e a psicologia. A série aborda os personagens e suas teorias. 

May 15, 2020

Cavalos lusitanos em acção



O cavalo lusitano é o mais antigo cavalo de sela, do mundo. Há 5 mil anos que é montado. Descendente do cavalo ibérico e do Sorraia, que ainda existe, no vale do mesmo nome (esteve à beira da extinção), esteve quase a desaparecer a seguir ao 25 de Abril.

O meu pai, que criava cavalos lusitanos (aparecem nos livros da coudelaria de Alter e lembro-me de alguns deles; um Isabel, por exemplo), juntamente com outros criadores, como se lê aqui nesta história do cavalo lusitano, fez parte de um grupo que se preocupou em manter a raça lusitana viva e pura apesar das forças de destruição da época.

Eu tinha uma égua lusitana de um negro lustroso chamada, 'lidadora' mas com o 25 de Abril tudo se esfumou de um dia para o outro, excepto a vida (por pouco), o que já não foi mau.

No filme, O Senhor dos Anéis, os cavalos usados são lusitanos, apesar de que nos comentários dos vídeos os comentadores americanos e outros ignorantes dizerem que são espanhóis, mas isso é porque pensam que Portugal faz parte de Espanha e confundem os lusitanos com os andaluzes, que têm a mesma origem mas são raças diferentes, geneticamente, na morfologia e no temperamento.

O lusitano puro é um cavalo muito dócil mas muito voluntarioso. Bonitíssimo. Cheio de nobreza e majestade - daí serem usados nas estátuas equestres.
Gosto deles todos mas tenho uma predilecção especial pelos de pelagem alazão avermelhado e, sobretudo, os tordilhos. Há isabéis lindos, claro. Alguns baios também são muito bonitos, sobretudo quando são calçados.

O cavalo é um animal estranho nisto de ser, ao mesmo tempo, elegante e poderoso. É uma combinação invulgar.



o que este cavalo está a fazer, esta hiperflexão do pescoço, chama-se 'rollkur' e é uma violência que se força na dressage. Hoje em dia é proibido forçar o cavalo com esta técnica.
não sei de quem são as fotografias - esta via Macie Castner

da minha janela, um fim de dia pastel




Educação, vida, cultura, tecnologia e escola - excerto duma pequeníssima entrevista a Gilles Lipovetsky



R. A escola pública não é uma despesa, é um investimento para o futuro. É preciso pagar bem aos professores e ensinar o aluno a respeitá-los. Não sou eu quem diz isso, hein. Platão já dizia. Se acreditamos que computadores e tablets resolverão todos os problemas, estamos em um erro grave. O professor é imprescindível. E é preciso formar os jovens de modo que sejam mais adaptáveis, com menos medo de mudar. Assim, haverá menos frustração. E muito importante: é preciso dar muito mais importância à arte e à cultura. Caso contrário, só nos restará o shopping!

P. Sem querer ser um pessimista desmancha-prazeres, dá a sensação de que caminhamos para o lado oposto. Reinam sem rival os tais “saberes instrumentais”...
R. Sem dúvida.

P. Não acha que se instalou na sociedade uma espécie de aristocracia tecnológico-computacional?
R. Totalmente, e é um problema. É bom formar elites tecnológicas, mas acho que vamos acabar pagando um preço por essa situação. Porque o ser humano é complexo. Veja, eu observo muitos pesquisadores, matemáticos, físicos e engenheiros de nível bem elevado que cantam em corais. Ou que se inscrevam em cursos de teatro ou de pintura. Não sei por quê, mas acontece. Talvez simplesmente não encontrem um sentido pleno em seu trabalho. E isso é também a democracia. A democracia não é só ter eleições livres, é formar indivíduos que desfrutam, que sejam ricos em suas habilidades, e não apenas instrumentos de voto e de trabalho.

P. O senhor fala do longo prazo como opção social. Infelizmente, não parece que...
R. Ah, eu não sou político. Não tenho um programa. E o que estou propondo não teria um resultado eleitoral direto, é claro. O hiperindividualismo, um assunto sobre o qual escrevi, não é apenas uma retração egoísta. É também um desejo de expressão de si. O hiperindivíduo quer gostar do que faz. E que o que faz lhe agrade. Conheço muitas pessoas que ganham muito dinheiro, pelo que sei, mais de 10.000 euros por mês e que detestam seu trabalho. É claro que não são uns coitados, mas, sim, frustrados. A democracia tem a ver com o enriquecimento da pessoa —um enriquecimento não econômico—, e nesse sentido estamos vivendo um fracasso democrático. A democracia não pode ser só um instrumento de eficiência utilitarista. Da mesma forma que lutamos contra a degradação do meio ambiente, temos que trabalhar contra a degradação das qualidades criativas da pessoa. Os jovens querem sentir estima por si mesmos, a autoestima é um dos grandes temas da nossa sociedade.

P. Refere-se a um apoio político prioritário à educação e à cultura? E é raro encontrar isso. Na Espanha, não, por exemplo, isso está claro.
R. Sim, falo sobre isso, mas não são necessários grandes projetos. Sou contra projetos culturais grandiosos! No final, isso acaba só no star system. Se Mitterrand tivesse dedicado o gasto de suas obras faraônicas em Paris a melhorar a infraestrutura cultural das cidades pequenas ou a melhorar a situação dos subúrbios das grandes cidades, tudo teria sido melhor. Trata-se de mobilizar pintores, escritores, músicos para que ensinem as pessoas a fazer coisas enriquecedoras, especialmente as crianças, como atividades extracurriculares, mas a sério, e não necessariamente a cargo do professor. Os professores não podem fazer tudo. Se um ator de uma companhia profissional de teatro diz a um adolescente em que consiste este ou aquele trabalho do século XVIII, isso adquire um significado totalmente diferente e há uma boa chance de que a criança goste. Investir nisso custa muito menos do que em usinas nucleares, é claro. É uma questão de vontade política, trata-se de fazer com que as pessoas digam o que gostam, não só quem detestam!

P. O que o senhor fala, definitivamente, é de um novo contrato social, não só de política.
R. Uma sociedade cujos eixos exclusivos são as telas, o trabalho e a proteção social é uma sociedade deprimente. É preciso investir em educação. E as possibilidades de investimento em assuntos educacionais são infinitas. Um dos maiores fracassos nas sociedades ocidentais do pós-guerra foi a "democratização da cultura". Pensou-se que, ao abrir muitos museus por muitas horas e com grandes obras, graças ao dinheiro do Estado, muita gente nova se juntaria às visitas, mas não foi assim. Quando se presta atenção, ao longo do tempo as pessoas que vão aos museus são as mesmas de sempre: gente de um certo nível educacional. Os camponeses e os operários da construção em geral vão pouco. É uma questão de educação.

P. Talvez seja mais uma questão de princípios do que de dinheiro. Ou de que o primeiro garante o segundo.

R. Sem dúvida alguma. Pais e professores têm aí uma responsabilidade crucial.

P. O senhor escreveu contra o fato de que os pais eduquem seus filhos com luvas de pelica. O que queria dizer exatamente?

R. É um erro imenso. É indispensável que o professor recupere a autoridade. Há alunos que insultam o professor, e isso é inadmissível. Educar não é seduzir. Há obrigações. Em um dado momento, é preciso obrigar a fazer coisas. Nem tudo pode ser flexível, agradável, discutível. É preciso trabalhar duro, e forçar a trabalhar. O homem é Homo faber, é preciso ensinar a fazer. E é preciso recuperar a retórica, ensinar as crianças a se expressarem e a raciocinar, porque o computador não vai fazer isso por eles. O homem é Homo loquens, o ser que fala.

O problema é que isto não é um jogo



... isto é a vida real, a história a fazer-se e os vosso ganhos particulares e arrecadações de tachos e dinheiros e empregos para a família e partidarites são as nossas perdas.


Livros onde voltamos vezes sem conta



... porque em cada página há uma frase que inspira, uma visão que toca. Camus tinha essa qualidade dos grandes escritores que é usarem as palavras à vontade como quem usa pincéis numa tela e mostra o exterior e o interior das coisas e das pessoas de uma maneira que até sabíamos mas nunca tínhamos visto daquela perspectiva de modo que aparecem como desvelações.





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Quando damos por isso vemos a Alemanha a imitar Trump, passinho por passinho



COUR CONSTITUTIONNELLE DE KARLSRUHE : DEUTSCHLAND ÜBER ALLES ?

La seule chose qui puisse sauver l’euro, c’est que l’Allemagne se voie elle-même incapable d’accommoder le choc titanesque dans le cadre de ses propres prescriptions. Et qu’elle aussi se trouve en situation de devoir arbitrer entre le maintien de ses principes et la préservation de ses intérêts essentiels — entendre : contenir la dislocation économique et sociale.

En pleine crise du COVID, la Cour constitutionnelle allemande de Karlsruhe vient de rendre le 5 mai une décision extraordinaire dans laquelle elle montre que la voie germanique sera celle du refus de la solidarité européenne. Pour faire simple, cette juridiction a posé le principe de la supériorité du droit allemand sur le droit européen supranational. L’arbitrage dont parle Lordon semblent bien avoir été rendu par l’arrêt du 5 mai. En faveur des seuls intérêts de l’Allemagne.

J’ai demandé à Philippe Prigent avocat la cour de P
aris et Sébastien Cochard, conseiller de banque centrale de nous proposer un commentaire de cette décision.

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A Alemanha, que já antes tinha dinamitado a proposta de eurobonds, enviou uma espécie de ultimato ao BCE a propósito da compra de dívida dos países em dificuldade e os argumentos que usa são todos válidos: as instituições europeias não podem sobrepôr-se às leis dos Estados, sob pena de, em cada país, a democracia se esvaziar de conteúdo e se reduzir ao gesto formal do voto. Logo, os Estados devem poder influenciar, de facto, as políticas que governam os seus concidadãos.

Os argumentos estão construídos à volta desta ideia que é correcta. A questão é que estes mesmos argumentos não são novos. Já foram utilizados vezes sem conta, nomeadamente por todos aqueles países a quem a própria Alemanha impôs uma troika que violava todos os princípio democráticos dos Estados e os esvaziava desse conteúdo mesmo que se queixa querer preservar, ao ponto de obrigar um Estado a comprar navios ou material de guerra a um fabricante alemão bem como nacionalizar o seu maior porto, por exemplo, a uma firma alemã, por tuta e meia, etc.
Centenas de exemplos deste espírito de mercância que fizeram perder milhares de milhões a esses países (mais pobreza e emigração em massa - por acaso para a  Alemanha...) e a Alemanha ganhar milhares de milhões em compras e vendas.

Por conseguinte, há muito tempo que a Alemanha viola, erode e mina as democracias europeias mais pobres, sempre que pode, para ganhos pessoais. Na prática, os alemães estão a imitar Trump: German first e I'm gonna make German great again têm sido, na prática, os seus lemas. 
E estão a imitá-lo, não apenas nos seus desideratos e hipocrisia mas também nos métodos: deixar de injectar ajuda económica nos países mais desfavorecidos e deixar de suportar as instituições supra-nacionais.

A questão que a Alemanha tem que pôr a si própria, dado o resultado que esses métodos mostraram ter na influência dos EUA no mundo, é se também quer perder toda a influência que tem na Europa. 
Já agora os países do Leste e a Grécia se voltam para a Rússia e para a China (nós também) procurando uma liderança que a Alemanha deixou de exercer por conta de estar apenas focada nos seus interesses económicos. Ora, a riqueza da Alemanha vem, em parte de leão, da influência que tem na Europa, por conta de ser um contribuinte de peso e, por isso, pôr e dispor do BCE, ali mesmo ao lado do Bundesbank, como quer.

Os EUA mantiveram uma enorme influência na Europa, a seguir à Segunda Guerra, em parte porque investiram no desenvolvimento da economia europeia e, em outra parte, porque eram os maiores credores das instituições supra-nacionais: a NATO, a ONU e por aí fora. 
A Europa e o mundo aturaram muita investida agressiva, bélica, egoísta, imoral dos EUA à conta desse outro lado deles de se prestarem a contribuir para a manutenção de uma ordem, de uma estabilidade que garantisse certos princípios geo-estratégicos universais. 
A partir do momento em que os EUA retiram o suporte financeiro e os deixam ao deus dará, outros correm a ocupar o lugar de influência e os EUA vêem-se, hoje em dia, com falta de apoios a nível internacional, à conta da sua política, America First e estamo-nos nas tintas para os outros.

Portanto, o que a Alemanha -que está a seguir este lema americano- tem de considerar é se quer ser o princípio da demolição europeia e ainda, se isso -o não estar disposta a comprar a paz com os vizinhos, apesar de ter tanto dinheiro para gastar- não é também um enorme tiro no pé.

Intervalo - fim da parte síncrona



Hoje estive a explicar um conceito. Expliquei, dei exemplos -este tempo de pandemia em que nos encontramos é fértil de exemplos de dilemas éticos- e depois perguntei se tinham percebido. Sim, sim, sim, sim... 20 sins de enfiada. Ok, então, vou expor uma situação para aplicarem o conceito - numa situação tal, usando o conceito tal, fulano de tal, agiria assim ou assado? A resposta correcta, aplicando o conceito é, 'assim'. Resposta deles; assado, assado, assado... ahah   ... oh meu deus! Expliquei aquilo mal para todos se enganarem na aplicação do conceito ao caso em apreço? Em vez de dizer que a resposta está errada, resolvi fazer perguntas compartimentadas, dividir a situação/problema nos vários passos que o agente deu e pensar cada um à luz do conceito. Aí foram sempre respondendo bem e no fim deram-se conta que tinham respondido mal, de início.
Conclusão: o facto de se perceber uma ideia em geral não significa que se tenha aprendido a pô-la em prática, que dizer a saber instrumentalizá-la para apreciar os contornos de um problema da realidade ontológica. Para isso é necessário saber problematizar, 'ver' o problema nas suas partes e no modo como se interseccionam, uma analítica à moda cartesiana, para no fim se ter uma perspectiva global da situação. É por isso que aprender lógica não ensina ninguém a pensar, apenas a ver se, do ponto de vista formal, aqueles pensamentos são coerentes, mas coerência e solidez são realidades distintas. Portanto, explicar os conceitos sem fazer o processo analítico do seu uso nas situações da realidade em que podem aplicar-se (induzir nos alunos esse processo mental, com perguntas e objecções), é pouco. Não chega.

Infelizmente esta evolução (talvez involução) não acontece só nos EUA



Da minha janela - um disco voador e a Secil a poluir o ar da Serra da Arrábida - reserva natural




Acerca do desperdício de água


Uma curta-metragem - chama-se Aquametragem, realizada por Marina Lobo, venceu o prémio da categoria “Proteger o nosso planeta”, no Festival de Filmes ODSs em Ação, da Organização das Nações Unidas.

Diário da Quarentena 61º dia - uma espécie de paz














Nuno de Sousa

Viana do Alentejo 

May 13, 2020

Hard Night




Hard Night
BY CHRISTIAN WIMAN



What words or harder gift

does the light require of me

carving from the dark

this difficult tree?


What place or farther peace

do I almost see

emerging from the night

and heart of me?


The sky whitens, goes on and on.

Fields wrinkle into rows

of cotton, go on and on.

Night like a fling of crows

disperses and is gone.


What song, what home,

what calm or one clarity

can I not quite come to,

never quite see:

this field, this sky, this tree.


Citação deste dia