O Prémio Nobel de Economia Joseph Stiglitz apoia o projeto de imposto mínimo sobre as maiores fortunas #BFM2
50 anos de reduções fiscais para os ricos não produziram efeitos positivos, afirma estudo de economiaO novo artigo, escrito por David Hope, da London School of Economics, e Julian Limberg, do King's College London, examina 18 países desenvolvidos — da Austrália aos Estados Unidos — ao longo de um período de 50 anos, de 1965 a 2015.
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A análise descobriu uma grande mudança: os rendimentos dos ricos cresceram muito mais rapidamente nos países onde as taxas de imposto foram reduzidas. Em vez de beneficiar a classe média, os cortes fiscais para os ricos podem não ter muito mais efeito do que ajudar os ricos a manter mais das suas riquezas e exacerbar a desigualdade de rendimentos, indica a investigação.
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A procura de justiça social durou uns 30 anos após a Segunda Grande Guerra, que foi a grande impulsionadora desse esforço.
Essa guerra pôs a nu as consequências desastrosas das grandes injustiças sociais, do fosso de direitos e oportunidades de uma vida decente, entre ricos e pobres. Fez surgir uma classe média forte. É claro que do lado dos detentores de grandes fortunas isso não agradou e assim que puderam começaram a trabalhar para acumular dinheiro à custa da justiça social.
Li há pouco tempo um artigo que situava essa viragem, nos EUA, em meados dos anos 70, aquando da crise do petróleo. Não sei. Sei, porque é óbvio e entra pelos olhos adentro, que temos pessoas com acumulação doentia de dinheiro -Elol passou a barreira dos 500 biliões de dólares- e que têm lobbies que defendem esta narrativa ridícula segundo a qual, quanto mais ganharem sem pagar impostos melhor é para os que vivem no fio da navalha carregados de impostos e, ainda, lutam para que se sacrifiquem os serviços públicos e a classe média, para poderem ter 10 mansões, 3 aviões a jacto, 5 iates, 1 ilha privada, etc.
Para Bezos alugar Veneza para casar os seus trabalhadores no armazém ganham 15 dólares à hora e fazem xi-xi para uma garrafa para o trabalho render o máximo, com zero benefícios.
Para aqueles xeques do petróleo no Médio Oriente poderem enviar o seu jacto privado a Paris buscar uma carafe de 1L de perfum Chanel nº5, os trabalhadores filipinos e outros trabalham como escravos e vivem no limiar da pobreza.
Para Putin e os oligarcas seus capangas acumularem biliões e terem 10 mansões e 5 iates de luxo, a maioria dos russos não têm saneamento básico e aproveitaram a guerra na Ucrânia para roubar retretes.
Para Trump construir um salão de baile em ouro na Casa Branca, os trabalhadores não têm direito a serviços médicos públicos.
Etc.
Aqui em Portugal, depois do 25 de Abril e passados aqueles primeiros anos de desvarios comunistas, fez-se um grande esforço para melhorar a vida da classe média, construir serviços de saúde e educação públicos de qualidade e dar a todos oportunidades de melhoramento social. Mas isso foi chão que deu uvas e de há muitos anos a esta parte que os lobbies impuseram uma narrativa de que o melhor é ter educação privada, saúde privada e o fosse entre ricos e pobre e seus direitos, está cada vez maior, para que administradores e gestores tenham salários anuais de 1 milhão de euros ou lá perto.
Portanto, terem sido precisos 50 anos para dizer o que entra pelos olhos adentro, há muito tempo, só mostra o poder que essas pessoas têm e a quantidade de políticos que têm no bolso, por esse mundo fora.