February 09, 2020

A situação na educação III



Não se pense que a fraude se fica no secundário. Não. As universidades já foram preparadas, com os cursos à bolonhesa para receberem estes alunos 500/2 (500 faltas, nota 2), como lhes chamo.

Os cursos -agora até o Técnico vai passar a ter cursos à bolonhesa- para passarem de 5 ou 4 para 3 anos, perdem dezenas de cadeiras. Podemos ter engenheiros, por exemplo, que nunca ouviram falar de uma Gaiola de Faraday...

A ideia de que os cursos são uma espécie de etiqueta que todos têm de cumprir para melhorar o seu horizonte intelectual é uma profunda perversão dos objectivos da educação universitária que tem como fim o avanço do conhecimento.

A infantilização dos adolescentes levou à infantilização da educação. E isso está a chegar, ou já chegou, às universidades.

Parece-me que devia haver um modelo de educação que permitisse a todos beneficiar dela sem comprometer o rigor e os objectivos do ensino universitário.

(continua)

Um aparte: se o José Eduardo dos Santos abre a boca cai o governo em Portugal...



José Eduardo dos Santos ameaça contra-atacar

O ex-Presidente angolano pondera divulgar a forma como alguns atuais dirigentes enriqueceram no seu reinado.


A situação na educação II



 Nas escolas, as coisas degradam-se a um ritmo alucinante. Já chegaram ao 10º ano os alunos com plano semestral (estiveram um ano e meio sem contacto com o inglês, por exemplo, e estão a zero...) e as turmas onde passaram todos por decreto. É o descalabro.
Os pais agora queixam-se muito que os filhos estão habituados a ter 5s no básico e no 10º ano não passam do 10 ou nem aí chegam. Uma pessoa tem que explicar-lhes que o ensino básico foi transformado numa fraude em que um aluno pode passar com 7 negativas  e 500 faltas, isto é, sem saber nada de nada... depois os professores começam a compensar, claro. Se os de 2 vão passar, os 3s sobem logo para 4 e os 4s para 5.

Depois tiram os elementos da pauta para ninguém ver, mas mesmo assim ainda se vêem as negativas, de modo que qualquer dia proíbem as pautas (com o falso pretexto da protecção de dados) para que ninguém veja que uma turma inteira passou de ano com 500 faltas cada um e tudo notas de 2. A seguir passam para o 10º ano que está a começar a sofrer a pressão que o básico sofreu para se tornar numa fraude. Pois se os alunos chegam quase todos ao 10º ano sem fazer nada e sem saber nada (na minha escola há centenas de livros gratuitos do básico que os alunos não vão levantar... pois para quê, se não é preciso estudar... aliás, a proibição de escrever nos livros mostra a relevância que têm...) os professores do secundário começam a baixar o nível de exigência se não chumbam todos e têm que gramar a inspecção como se fossem criminosos.

No fim passam todos com 14, pois com essa nota podem ir a exame e tirar 0 que passam na mesma. E se é isso que os pais querem para os filhos (serem uns ignorantes encartados sem futuro) vão ter que esperar que estes professores que estão a dar aulas e são do tempo em que se valorizava o saber e não o fazer crochê, se reformem, porque há limites para o que aceitamos fazer.

É claro que temos que dizer isto por outras palavras aos pais se não desmaiavam, que a verdade mata.

A situação na educação




Nos próximos anos há grupos disciplinares que vão praticamente desaparecer. Outros já estão nesta situação. E, não se diz aqui, mas os professores contratados que todos os anos suprem faltas têm mais ou menos a mesma idade que estes. De modo que a situação é de uma decadência aflitiva. A educação está a ser alvo de um ataque sem precedentes. Só ainda não percebi bem qual é a intenção deste descalabro. Estão a contar que não haja alunos nenhuns que justifiquem haver uma escola pública? É que se for esse o caso, se o país ficar uma espécie de aldeia desabitada só com velhos, desaparece...


Espero que isto não seja verdade...



Refiro-me à pergunta. Isto não é uma pergunta sobre a eutanásia, que é ajudar uma pessoa em sofrimento não tolerável. É uma pergunta sobre matar pessoas. Uma pergunta tão enviesada nem vale a pena fazer. Isto é não levar o assunto a sério. Porque é que a Igreja não trata da salvação da alma, que é para isso que existe e está sempre a querer impôr a todos os seus padrões de comportamento, que deixam muito a desejar...?

Referendo sobre a eutanásia ganha velocidade com o apoio da Igreja
“Concorda que matar outra pessoa a seu pedido ou ajudá-la a suicidar-se deve continuar a ser punível pela lei penal em quaisquer circunstâncias?”.

Nueva Mirada






YAROSLAV KURBANOV 

A spring February day



























Monika.S

Acerca da Eutanásia




A vulnerabilidade das pessoas, por doença ou velhice, favorece estados depressivos e de abandono que podem propiciar a fantasia da morte. Tendo em conta o horrível que é a solidão, e tendo em conta o horrível de muitas famílias, pouco solidárias ou disfuncionais, confusas ou oportunistas, imagino bem que pelo cansaço ou pela fúria, por vingança ou ganância, muitos elegíveis para a eutanásia se verão encurralados, como se pedir a morte fosse a única coisa decente a fazer.

Horroriza-me que, aberta a oportunidade institucional de morrer, usemos a morte como resposta obrigatória para aqueles que viveriam apaziguados num contexto de cuidado e carinho.

Não sou, naturalmente, contra a opção lúcida de alguém que, assistido por uma bateria de médicos especialistas, encontre apenas na morte uma solução. Não posso ser contra a liberdade das pessoas de mente saudável.




A discussão sobre a eutanásia não é fácil e está muito minada por petições de princípio. 
Há argumentos de derrapagem, que são falácias de argumentação. Dizem mais ou menos o seguinte: se aprovarmos a eutanásia em breve estamos a matar criancinhas. Fazem crer que há um encadeamento de acções determinista desde que se aprova a eutanásia que leva, necessariamente, à morte indiscriminada de qualquer um. Como se a lei não pudesse, e devesse, incluir restrições.

Outra argumento muito usado é o do numero de eutanasiados na Bélgica e Holanda que tem crescido um pouco. Esquecem-se de dizer que a população idosa está a aumentar, que entre os idosos cada vez há mais casos de cancros e outras doenças terminais e que por isso, é normal que haja mais casos desses e, havê-los, não significa que se tenha entrado no laxismo da eutanásia.

Depois, assume-se que quem pede a eutanásia tem de estar em depressão, mas isso não é verdade. E nem sempre os médicos percebem a situação das pessoas. Já tive uma médica que entendia que eu, com as insónias e outros sintomas, tinha de estar em depressão e eu dizia-lhe que não, nem tinha nenhuma tendência para isso mas ela era completamente surda. Estava na 'sua' verdade e queria à força obrigar-me a ela. Os médicos sabem até certo ponto mas depois somos nós que decidimos da nossa vida.

A mim parece-me uma enorme crueldade obrigar pessoas ao sofrimento intolerável só para que os outros não tenham problemas de consciência com a sua morte. Parece-me também que os argumentos religiosos são uma violência para quem não é religioso, quer dizer, obrigar uma pessoa a viver pelos padrões das outras que acreditam em seres voadores, deuses castigadores e outras coisas que fazem parte do seu imaginário mas não têm que impôr aos outros como ideais de vida e de morte. Finalmente parece-me uma grande perversidade roubar a pessoa da liberdade de decidir sobre si mesma e a sua existência física. Quem não concorda que não participe. 

De resto, é certo que devia-se melhorar os cuidados paliativos e que a lei deve ter cautelas, impedimentos condicionais e restrições. Tudo isso é discutível e aperfeiçoável. O resto não. Vejamos: uma pessoa tenta suicidar-se e corre mal. Fica viva. Deve o Estado prendê-la porque tentou acabar com a própria vida? Acho que ninguém defende tal coisa...  Podemos não concordar, mas é uma opção que assenta na liberdade da pessoa adulta e consciente. A eutanásia não é diferente, sendo que é um caso em que a pessoa não está em condições de o fazer sozinha e pede ajuda. 

Livros, ' How to Lose a Country: The 7 Steps from Democracy to Dictatorship.'



I am one of the early birds…” Ece Temelkuran told me, “I saw democracy collapse in Turkey and tried to warn the United States, European Countries and Britain about this.  I’ve been telling people that what you think is normal, or a passing phase, is part of a bigger phenomenon that affects us all.  Somehow though, European democracies feel they’re exceptional – and too mature to be affected by neofascist currents.”


Leituras pela manhã - 'Words won’t sit still.'




Language changes all the time. Some changes really are chaotic, and disruptive. Take decimate, a prescriptivist shibboleth. It comes from the old Roman practice of punishing a mutinous legion by killing every 10th soldier (hence that deci­- root). Now we don’t often need a word for destroying exactly a 10th of something – this is the ‘etymological fallacy’, the idea that a word must mean exactly what its component roots indicate. But it is useful to have a word that means to destroy a sizeable proportion of something. Yet many people have extended the meaning of decimate until now it means something approaching ‘to wipe out utterly’.
...
We are all tempted to think that complex systems need management, a benign but firm hand. 
Broadly trusting the distributed intelligence of your fellow humans to keep things in order can be hard to do, but it’s the only way to go.

Language is self-regulating. It’s a genius system – with no genius.

Lane Greene
in 'Who decides what words mean?'

A Poética do Espaço

















Pierre.Antoine.Demachy, Templo em Ruínas

February 08, 2020

Poesia ao anoitecer - Torga



VIDA
Do que a vida é capaz!
A força dum alento verdadeiro!
O que um dedal de seiva faz
A rasgar o seu negro cativeiro !
Ser!
Parece uma renúncia que ali vai,
— E é um carvalho a nascer
Da bolota que cai!
Diário II


'No one protect us. We protect us'



Fui ver este filme, Dark Waters. É um grande exemplo, inspirador, de cidadania. Um advogado duma grande firma que defende grandes corporações entende ajudar um agricultor contra a DuPont, gigante químico fabricante da Teflon e responsável, consciente, pelas doenças e morte prematura de milhares de pessoas no West Virginia, nos EUA. A firma para quem ele trabalha resolve apoiá-lo porque entende que uma empresa que envenena milhares de pessoas sem escrúpulos deve ser responsabilizada. Foram 10 anos de luta mas conseguiu-o. Nesta cena, num momento de frustração, ouvimo-lo dizer o que o agricultor, entretanto falecido de cancro, lhe disse a primeira vez que falaram e ele não acreditou.


Acerca da intervenção política VI - precisamos de uma ínclita geração




3. O terceiro caminho é um caminho de influência/resistência baseado na lei mas fora do sistema partidário político, uma vez que as oposições partidárias já são peças do jogo.Se queremos fortalecer a democracia ou, pelo menos, impedir a sua decadência, temos de intervir na raíz que enfraqueceu e fortalecê-la: ora, as Leis são a raíz da democracia.

Não quero dizer com isso que deve-se desistir do sistema partidário ou até de constituir um partido que rejuvenesça o sistema; o que quero dizer é que neste momento isso não é possível porque o sistema foi sendo fechado a forças novas que preconizem uma maior participação da população nas decisões.

Hoje em dia está na moda um modelo de chefia autoritária que assenta em nenhum pressuposto válido de gestão mas apenas na recuperação da ideia de hierarquias fortes. Se isso já é problemático num empresa no Estado é calamitoso. O facto de elegermos um partido para chefiar os assuntos do país não implica, de modo nenhum, que lhe demos um cheque em branco ou que aceitemos que os governantes sejam nossos tutores. Não precisamos, nem queremos, tutores, somos emancipados.

É por isso que me parece mais urgente, neste momento, construir uma cultura de resistência e, ao mesmo tempo, influência.

Então, é necessária uma dupla acção:

1. de influência na preservação do Estado de Direito e melhoramento de Leis. Impedir activamente que a produção de Leis seja feita por grupos privados com fitos que servem interesses particulares; isto implica constante vigilância da produção de Leis: quem está a fazer o quê e com que fim.

2. de resistência, na exigência do cumprimento das Leis. Enquanto formos um Estado de Direito, a força da Lei estende-se ao poder executivo e podemos, devemos, obrigá-lo a cumprir a Lei.

O meu pressuposto é: Sendo este problema, o de travar a decadência das democracias, um problema muito difícil de resolver, isso não significa que tenhamos que ficar à espera de grandes soluções revolucionárias ou, pior, fazer nada e esperar por um milagre.
Muita coisa pode ser reformada, muito passo pode ser dado e cada passo abre caminho.

Precisamos de uma ínclita geração constituída por grupos de pessoas/instituições que se organizem e tomem iniciativas, seja de denunciar o que está mal, seja de sugerir o que pode fazer-se para melhorar.

Algumas coisas já são feitas. Há cidadãos que constituíram um grupo que defende a melhoria da democracia e têm tentado mudar a legislação da eleição dos deputados ao Parlamento; há ainda jornais que resistem às pressões e publicam notícias sobre tentativas de abuso, de corrupção, etc. Alguns jornais publicam fascículos de esclarecimento de legislação na área da economia, das finanças, outras dos direitos dos consumidores, por exemplo. Há iniciativas de denuncia, na Justiça, de abusos de políticos, há procuradores do MP que fazem o seu trabalho.

Há muitas ideias que podem ir buscar-se a outros países: na eleição dos deputados, à Alemanha, por exemplo, na representação à Inglaterra; na participação dos cidadãos, à Suíça que tem um nível muito elevado de auscultação à população. Hoje em dia é fácil fazer votações online. 

Devia usar-se mais o referendo e não apenas para questões como o aborto, porque os partidos, por terem sido eleitos, não nos representam em tudo. Por exemplo, a questão da eleição de deputados nominais, devia ser objecto de referendo. E ao argumento de que as pessoas não percebem o suficiente dos assuntos para se pronunciarem, respondemos, promovam discussão pública que é assim que as democracias amadurecem, porque para amadurecer é preciso crescer e não morrer jovem.
Por exemplo, os conselheiros de Estado deviam ser outro tipo de pessoas independentes dos partidos políticos. Aquilo é um orgão de fachada.

Precisamos de juristas e advogados capazes de elaborar propostas legislativas de melhoramento do sistema e de denunciar o que está a ser mal feito (como está a acontecer agora na questão das ordens ao MP). Precisamos de começar a usar a Justiça para obrigar os governantes a agir dentro da Lei. Quando se levam os casos à justiça, muito frequentemente o Estado é condenado e obrigado a cumprir os deveres. É urgente começar a responsabilizar os políticos. É necessário que se pressione por uma justiça que seja acessível a todos e não apenas a quem tem dinheiro ou é indigente.

Para isto precisamos de uma ínclita geração: um grupo de pessoas com boa vontade, com recursos técnicos e outros, e conhecimentos, que se organize num ou vários grupos com finalidade de contribuir para o melhoramento da democracia através do melhoramento das Leis e das práticas. Muita gente haveria de contribuir, apenas não sabe como porque falta iniciativa de liderança independente dos partidos.

Cada um tem que fazer a sua parte: se pode denunciar, denuncia; se pode resistir, resiste; se pode influenciar, influencia; se pode organizar, organiza; se pode mudar, muda. O país é de nós todos.

Até que enfim




O documento de aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), aprovado na quinta-feira pela Academia de Ciências de Lisboa (ACL), propõe o regresso de consoantes mudas, do acento gráfico, em alguns vocábulos, do circunflexo, noutros, assim como do hífen.

Sim, sim, contem-nos história que nós acreditamos



Agora que tem todos os faróis apontados para ele, é claro que ia fazer uma coisa dessas, já a correr...

Juízes receiam que Rui Pinto volte a tentar extorquir

Quando a sociedade civil se empenha




Laurent, director do gabinete do perfeito, responsável pela manutenção da ordem, passou-se para o lado dos 'gilets jaunes', em nome dos valores mesmo que o fizeram servir o Estado, depois de um polícia ter atirado sobre um manifestante, Ce sont mes valeurs de réclamer de la justice sociale et fiscale."


um polícia parece abrir fogo contra um dos manifestantes que protestam contra a reforma da idade e calculo das reformas.


O momento em que o manifestante cai em frente do polícia, não se sabe se atingido pelo projéctil.

Uma espécie de Ruisdael





Just realised



it was not the size of the lie that surprised me the most but how vulgar clichê it was.