Showing posts with label AO. Show all posts
Showing posts with label AO. Show all posts

June 30, 2025

AO - um artigo que vale a pena ler

 


O acordo ortográfico e a “sonolência passiva” que silenciou o espírito crítico

É pena que o espírito crítico de homens e mulheres de Ciência do nosso país, no caso do AO90, continue a primar por um estranho silêncio.

Maria do Carmo Vieira in www.publico

*****

Cada vez é mais comum os alunos não relacionarem a palavra escrita com a palavra dita oralmente. Quando falam pronunciam correctamente as palavras com consoantes surdas: dizem, concepção ou facto, abrindo as vogais, assim como sabem dizer pára quando usam o verbo parar. Porém quando estão a ler e se deparam com as mesmas palavras escritas, lêem «concessão», «fato» ou «para». Como também já não têm o hábito de ler, lêem sem as pausas e a entoação apropriadas ao conteúdo do texto, de maneira que não são capazes de extrair o sentido e a pronuncia das palavras pelo contexto. Resultado: não percebem o que estão a ler.
Nestes últimos anos acontece-me ter que ler aos alunos do 10º ano um texto qualquer, só para mostrar como se deve fazer a leitura para que tenha significado e não seja apenas uma sequência de palavras anódina.

March 05, 2025

Um texto escrito de um ponto de vista elitista e solipsista

 


Uma pessoa adulta, educada academicamente e que domina a língua pode introduzir termos estrangeiros, dobrar regras, brincar com a gramática, com a fonética, etc. Agora crianças e adolescentes que estão a entrar na língua, a construir a sua arquitectura linguística têm que ser ensinados segundo as regras, sob o risco de desenvolverem um pensamento incapaz de estrutura lógica. Sim, a linguagem reflecte uma construção conceptual e lógica - fazem-se pensamentos e raciocina-se com palavras, com conceitos. Se não sabemos usar as palavras ou se simplificámos excessivamente a língua tiramos-lhes a capacidade de lidar com problemas complexos e de pensar com rigor. 

O rigor não cai do céu como a chuva, é desenvolvido através do trabalho e, desde logo, do trabalho sobre a linguagem. Dizer que as pessoas são sempre atraídas pelo simples é uma frase infundada. Quando só damos às pessoas coisas simples elas depois não sabem sequer compreender o complexo, mesmo quando o querem muito. Nós professores todos os dias vemos isso nas aulas com este ensino que há anos advoga que tudo que é sério é enfadonho e que o ensino deve reduzir-se ao simples, ao giro e ao divertido. 

E o que é isso de a realidade ser a matéria-prima da língua? Que realidade? A sua realidade subjectiva? É que há muitas realidades. Uma delas é a realidade da Língua. 

E desde quando só a língua falada é que interessa? É bom educarmos os miúdos para ficarem todos presos à subjetividade e incoerência da língua falada? Se calhar nós professores devíamos falar assim nas aulas para ser tudo mais giro e menos enfadonho? 

Porque, então, escreve artigos? Porque não faz podcasts e aproveita para falar assim dessa maneira anglófila?

Para quebrar regras é preciso primeiro saber usá-las. Não por acaso a Rússia, de cada vez que invade um país, ou proíbe o uso da língua local ou russifica-a, coloniza-a, de maneira que as crianças aprendam, não a sua identidade como povo, mas a deles.


Língua portuguesa de mãos dadas com outras línguas


Afinal já todos adotámos os verbos “googlar”, “tuitar”, “postar” ou “instagramar”. A língua inglesa tem essa piada de ser simples sem ser simplória. Fazemos bem em surripiá-la. Tem mais lógica e é mais prático dizer “googlar” que “pesquisar no google” ou, pior, “vou pesquisar num motor de busca”. As versões “escrevi no Twitter” ou “publiquei no Facebook” ou “pus uma fotografia de tal e tal no Instagram” são enfadonhas e complicadas. E os seres humanos correm sempre atrás da simplicidade e repudiam o que complica desnecessariamente.

As realidades mudam, surgem novidades e a língua corre atrás. Pelo menos a falada – que é a que conta, porque é esse o meio de transporte onde viaja a comunicação mais direta e informal entre as pessoas. A língua falada é a mais dinâmica, a mais versátil, a que mais depressa incorpora as tendências e novidades. A língua escrita, mesmo quando faz por emular a leveza e originalidade coloquial, é mais conservadora. As gramáticas e os dicionários, então, contêm as regras, os dogmas linguísticos, são meramente um reconhecimento a posteriori das mudanças introduzidas (e impostas) pela oralidade.

Confesso que não sou purista com a língua portuguesa. Nem tenho paciência para os puristas. Por um lado, sendo eu anglófila, lendo mais em inglês do que em português e sendo fã dos bons autores britânicos, que conseguem tornar bonitas e originais (e espirituosas) as versões mais correntes da língua, termino usando muitas das minhas expressões inglesas preferidas. Se não aqui, nas redes sociais ou (mais importante) nas minhas conversas.

Por outro lado, gosto de traduzir ou cooptar expressões de outras línguas. Por exemplo, entre tonteira ou “tonteria” (que é espanhol), uso sempre tonteria. Gosto mais.

Como disse, não tenho paciência para os puristas. Nunca tenho – não é só para os assuntos da língua – paciência para pessoas enfadonhas e cinzentas que não sabem sair dos espartilhos, não testam as regras, não veem a criatividade e a inovação (e a brincadeira) como mais aliciantes que os cânones.

No meio de tantas escapadelas aos cânones – e porque é impossível fugir completamente da realidade que, no fundo, é a matéria-prima da língua...

Maria João Marques in Público



Coisas boas - revisão do AO




Onde já se viu fazer uma revisão da ortografia de uma Língua tendo como regra que cada um escreva como pronuncia a palavra mas que há uma pronúncia que é culta e é melhor que a inculta?  



Já há um grupo de trabalho para “aperfeiçoar” o acordo ortográfico


Na última semana de aulas de 2021, mais precisamente entre os dias 14 e 18 de Junho, 30 alunos de quatro turmas do 9.º ao 11.º ano, e duas turmas do 12.º ano de Humanidades da Escola Secundária de São Lourenço, em Portalegre, fizeram um exame linguístico que tentava detectar efeitos do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90) no modo como se fala e se apreende o português. Chamaram-lhe EILOS, acrónimo de Estudo sobre o Impacto na Linguagem Oral e na Sematologia, área que trata da significação e modulação das palavras.

O que verifiquei na altura é que os alunos, ao lerem um certo termo, já articulavam as palavras com algum emudecimento vocálico e até o apagamento de vogais pretónicas”, diz António Jacinto Pascoal, o professor que esteve à frente do projecto, dando como exemplo dessa alteração o efeito da retirada da letra “c” em “coletânea”. Como consequência, na oralidade, o “e” que antecede o “t” passou a ser pronunciado não de forma aberta, como até então, mas fechado, emudecendo a palavra. Ou seja, a alteração feita de modo a respeitar a fonética acabou por alterar o som com que a palavra passou a ser pronunciada.

(...) já em 2019, o então deputado do PSD José Carlos Barros, enquanto relator do Grupo de Trabalho – Avaliação do Impacto da Aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, no Parlamento, chamava a atenção para a necessidade de “assumir que o acordo ortográfico [de 1990] correu mal”. Na entrevista que então deu ao PÚBLICO, sublinhava ainda que devia haver coragem política para assumir esses erros e que não deveria haver “tabus em democracia”.

Manuel Monteiro tem uma posição mais extremada. “Se há uma instabilidade lexicográfica, é evidente que alguma coisa não correu bem”, salienta. “Ninguém parece saber exactamente como é que se escrevem determinadas palavras”, salienta. Dito isto, para este revisor linguístico, “o acordo não é reformável, porque erigir ortografia com base na pronúncia nunca vai correr bem. Só é revogável.”

Muitas editoras e livros de estilo estabelecem-na como uma excepção quando adoptam o AO90. “Porque não voltar a olhar para a questão e repor o acento se ele faz assim tanta falta?”, propõe Ana Salgado. E termina: “É necessário voltar a olhar para casos como este.”

Público


August 19, 2023

Frase do dia

 


... o Acordo Ortográfico torna-nos minoritários na nossa própria língua.

António M. Carrilho

April 16, 2023

Acordo ortográfico e escrita, 'à la carte'

 

No fim artigo do post anterior, podemos ler: O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor

Li esta frase e perguntei-me, 'O que quer isto dizer? O autor inventou uma terceira via de escrita em que escolhe o que adopta do acordo e o que nega? Uma espécie de português 'à la carte'? Mas depois, pensando melhor, eu que não digo esta frase, nem faço tenção de ter uma escrita que não é carne nem peixe, também acabo por fazer isto de escrever uma mistura de ortografias, embora sem querer, quer dizer, escrevo com a ortografia pré-acordo, mas há palavras que, nesta confusão, escrevo com as novas regras, como por exemplo, muitas palavras que tinham hífen e agora não tê e que às vezes já confundo. 

Foi nisto que deu este acordo, defendido como, 'cada um escrever como fala': agora, cada um define como quer a língua portuguesa. 

March 01, 2023

O AO transformou-nos numa variante do brasileiro



Segue mais abaixo outra prova sobre a eliminação em curso da LÍNGUA PORTUGUESA substituída a nível internacional pela sua variante brasileira. Há inúmeros exemplos destes. Até a Bandeira Nacional de Portugal foi substituída pela do Brasil. O mesmo NÃO sucedeu com a Bandeira da Espanha. Comprovem aqui: https://www.stopworldcontrol.com


Artigo da autoria de Francisco João DA SILVA, Membro Fundador do Movimento em Prol da Língua Portuguesa (MPLP).

Contacto : restauracaolingua.portuguesa2011@yahoo.com



November 12, 2021

Consoanticídio

 


No Manual de Filosofia que adoptaram na minha escola, vem escrito, "conetiva" em vez de "conectiva". 




July 09, 2020

Ministra de quê...??



Que raio de país tem a sua língua está mãos do MNE? E uma ministra da cultura que não tem opinião sobre a língua que fala a não ser para dizer que ainda bem que outros decidem por si?


do blog https://olugardalinguaportuguesa

March 05, 2020

A quem interessa o AO?



É instrutivo passar em revista o que de mais relevante sucedeu nestes 30 anos e que o PÚBLICO acompanhou em milhares de edições (chega hoje à n.º 10.907). Como? Uma solução prática e acessível é a Wikipédia. Há uma súmula desses factos, para cada ano, e em português. Universal? Isso é coisa que não existe, apesar da ilusão, que também surgiu em 1990 sob a forma de um acordo ortográfico internacional, de uma “unificação”. Na verdade, tais textos estão escritos em legítimo português do Brasil e, por isso, neles lemos coisas que por cá se escrevem de outra maneira (e nada relacionado com ortografias): “metrô de Moscou”, “vai ao ar [o último episódio de Friends]”, “lançado videogame”, “[sonda] aterrissa em Titã”, “Microsoft lança o novo console de jogos”, “festividades de virada de ano”, “primeiro turno [de eleições]”, “pandas marrons”, “ônibus espacial”, “Copa do Mundo”, “Quênia decreta toque de recolher”, “[inaugurado] primeiro trem-bala chinês”, “governo de coalizão”, “vítima de parada cardíaca”, “terremoto”, “Madri”, “Copenhague”, “Irã”, “Teerã”, “Bagdá”, “tênis”, “Aids”, “usina nuclear”, “astrônomos”, “colisão entre trem, ônibus e caminhão”, “decolagem do aeroporto”, “restos mortais de 1.270 detentos”, “ministro do trabalho se demite após 1 mês de denúncias de propina”, “torcidas de times de futebol”, “Facebook atinge um bilhão de usuários cadastrados”, “Cuba concede anistia”, “fenômeno astronômico permite ver Vênus próximo da Lua”, “alunissagem”, “Ronaldo ganha o prêmio da FIFA”, “narrador esportivo”, “israelenses e palestinos”, “sofria de câncer”, “disparos contra policiais”, “no Marrocos”, “dezesseis pessoas”, “caminhoneiros [em greve]”, “caminhões-bombas”, “Donald Trump e Kim Jong-un fazem reunião de cúpula”, “Suprema Corte da Índia derruba lei colonial”, “primeira espaçonave a pousar no lado oculto da Lua”, “mortos após um vazamento de gás”, “contêiner refrigerado de um caminhão”, “1917 vence prêmio de Melhor Filme”, “Brigid Kosgei quebra recorde mundial de maratona”, “[astronauta] aterrissa na Soyuz MS-13”, etc.


February 09, 2020

Leituras pela manhã - 'Words won’t sit still.'




Language changes all the time. Some changes really are chaotic, and disruptive. Take decimate, a prescriptivist shibboleth. It comes from the old Roman practice of punishing a mutinous legion by killing every 10th soldier (hence that deci­- root). Now we don’t often need a word for destroying exactly a 10th of something – this is the ‘etymological fallacy’, the idea that a word must mean exactly what its component roots indicate. But it is useful to have a word that means to destroy a sizeable proportion of something. Yet many people have extended the meaning of decimate until now it means something approaching ‘to wipe out utterly’.
...
We are all tempted to think that complex systems need management, a benign but firm hand. 
Broadly trusting the distributed intelligence of your fellow humans to keep things in order can be hard to do, but it’s the only way to go.

Language is self-regulating. It’s a genius system – with no genius.

Lane Greene
in 'Who decides what words mean?'