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July 20, 2022

A França está pior que nós

 


Citando-me a mim mesma: temos que nos preparar para o fim do progresso científico-tecnológico como o conhecemos e para a ascensão da superstição e crendice como há séculos não se via e se pensava ter ultrapassado.

June 22, 2022

Twilight zone





A Rússia reclama de não a ajudarem a ganhar a guerra. Quer fazer bloqueios aos outros sem travões ou retaliação. A França avisa a Ucrânia que tem de acabar a guerra, como se a tivesse começado ou quisesse que a Rússia a invadisse e ter o país todo reconstruído, o que será talvez daqui a vinte anos.


Rússia insiste que bloqueio lituano é "inaceitável" e França avisa Ucrânia que tem de "terminar a guerra" antes de aderir à UE

June 14, 2022

Uma noticia com piada, para destressar

 


Fui esperar as temperaturas excepcionais da vaga de calor: 23ºC, 27ºC, 30ºC... dois sítios com 37ºC. LOL Temperaturas de Primavera com uma pontinha de início de Verão. Nunca vieram ao Alentejo de Verão, para não falar da Amareleja. Nem nunca foram a Sevilha no Verão. 

Esta notícia faz lembrar aquelas notícias aqui no rectângulo quando, lá para Dezembro, as temperaturas mínimas baixam para 2ºC e os telejornais fazem reportagens de meia-hora a dizer que vamos todos enregelar, sendo que três países mais acima, 2ºC são as temperaturas... máximas 

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França prepara-se para uma onda de calor excepcional que está a começar no Sudoeste e vai alastrar ao resto do país a partir de quarta-feira
 https://bfmtv.com/meteo/en-direct-la-france-se-prepare-a-l-arrivee-d-une-vague-de-chaleur-exceptionnelle_LN-202206140387.html#article_115961




May 29, 2022

O absurdo nesta guerra

 


É que a Ucrânia podia já tê-la ganho se a Alemanha tivesse entregue as armas que prometeu e Scholz fosse um estadista em vez de um comerciante e se isso tivesse sido feito, já Putin tinha sido afastado na Rússia e se isso tivesse acontecido, podia estar-se agora a negociar-se com a Rússia sem o perigo de todos os países próximos dela terem medo de ser destruídos por um fascista. 

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Wes Clark

@GeneralClark

Os russos agora usam maciçamente armas termobáricas para destruir aldeias no leste da Ucrânia. Aos meus amigos no governo dos EUA: Por favor, apresse esses sistemas MLRS dos EUA para a Ucrânia - a batalha em Donbas é cada vez mais desagradável. M777 bom, mas não o suficiente!

A Rússia adverte que os mísseis de longo alcance na Ucrânia são intoleráveis? Então, a Rússia que cesse e desista da guerra! Retire-se! A sua agressão é intolerável! Os seus crimes de guerra são intoleráveis! A Ucrânia deve defender-se e recuperar os seus territórios, e o Ocidente deve e irá ajudar!


May 22, 2022

TdM

 


Uma troika de merdosos (TdM) agora que a Itália também se juntou ao grupo.

A Itália, que anda a pagar o gás russo em rublos porpôs um plano de Paz em 4 pontos.

Os 4 pontos: 

1) Cessar-fogo e desmilitarização das linhas da frente [lol - dar tempo à Rússia de reagrupar-se]

2) Neutralidade da Ucrânia com garantias de segurança [como aquelas que foram escritas quando a Ucrânia deu as armas nucleares aos russos?]

3) Acordo entre a Ucrânia e a Rússia para combinar os termos de autonomia para a Crimeia e o Donbas, mesmo em termos de defesa, embora estas regiões fossem consideradas da Ucrânia. [No papel seriam ucranianos, mas na prática podiam ser completamente controlados pela Rússia, mesmo militarmente.]

4) Acordo UE-Rússia sobre a retirada das tropas para conduzir ao levantamento das sanções [objectivo deste acordo: levantar as sanções à Rússia para poder voltar à lógica dos negócios]

May 18, 2022

Pôr as coisas em perspectiva: as preocupações com a face de Putin são irrelevantes

 



Timothy Snyder

@TimothyDSnyder

Não faz sentido proteger Putin da sensação de estar a perder. Ele vai descobrir isso por si próprio, e vai agir para se proteger.

Os russos não estão encurralados. O exército russo não está encurralado. É uma força invasora. Quando derrotadas, as forças invasoras apenas recuam através da fronteira para a Rússia. 

Putin governa na realidade virtual, onde há sempre uma rota de fuga. Ele não pode ser encurralado na Ucrânia, porque a Ucrânia é um lugar real. É difícil para as pessoas noutras sociedades compreenderem que Putin é um ditador que controla os media do seu país. Ele governa mudando de assunto. Putin muda de assunto o tempo todo. Da última vez que a Rússia invadiu a Ucrânia, os seus meios de comunicação social mudaram o assunto para a Síria de um dia para o outro, e os russos seguiram em frente.

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia em Fevereiro deste ano, os meios de comunicação social rapidamente se ajustaram passando de dizer que a invasão era impossível para dizer que era inevitável. Os russos alinharam.

Se for derrotado na realidade, Putin irá apenas declarar vitória na televisão, e os russos irão acreditar nele, ou fingir acreditar. Ele não precisa da nossa ajuda para isso. Não faz sentido criar uma s
aída de emergência no mundo real, quando tudo o que Putin precisa é de um mundo virtual que ele controla completamente. Falar de "saída de emergência" apenas dá aos líderes russos algo para  rir em tempos que, de outro modo, seriam difíceis. 

Há a hipótese de Putin errar e esperar demasiado tempo para declarar a vitória no mundo virtual. Nesse caso, perderá o poder. Não podemos, nem queremos, salvá-lo de um tal erro de juízo.

O poder de Putin sobre os meios de comunicação é completo até ao momento em que cessar. Não há intervalo onde as nossas acções no mundo real farão a diferença. Ou as nossas acções são desnecessárias ou são irrelevantes.

É grotesco pedir aos ucranianos que tomem decisões sobre a guerra para o conforto dos produtores de televisão russos, que de qualquer forma não se guiam pelo mundo real.

Interpretar mal a Rússia através de clichés de "encurralados" e "saídas de emergência" fará com que a guerra dure mais tempo, distraindo da simples necessidade da derrota russa.

A Ucrânia é uma história muito diferente. Zelensky, ao contrário de Putin, é democraticamente eleito, sente-se responsável pelo seu povo, e governa num mundo onde os outros importam.
A Ucrânia tem uma imprensa que o governo não dirige. Zelensky não pode simplesmente mudar de assunto. Ele tem de levar em conta o seu povo ao tomar qualquer decisão importante.

Ao contrário de Putin, Zelensky tem de apresentar um caso ao seu povo para pôr fim a esta guerra. Ele precisa, portanto, de ajuda, tanto para ganhar a guerra como para dizer aos ucranianos o que vem a seguir.

May 17, 2022

Just saying...

 


Talvez fosse melhor, no futuro, em vez de a Alemanha e a França aumentarem os seus exércitos cheios de putinistas, entregarem a defesa da Europa à Ucrânia (a quem todos agora podem pedir lições) e aos outros países do Báltico que estão motivados e preparados. Pagam um imposto, chamado, por exemplo, imposto do muro, já que esses países fazem de muro e guardam o muro do avanço da Rússia - como no GOT - e prometem não interferir.


May 16, 2022

🇩🇪 and 🇫🇷 take that!

 


May 10, 2022

Macron quer muito ser amigo de Putin

 


O Presidente Macron exortou a Europa a poupar o seu homólogo russo da "humilhação" e disse à Ucrânia que tem de esperar décadas para aderir à UE como crítica montada à sua incapacidade de seguir outros líderes e visitar Kyiv @thetimes

Evidentemente... para quê haver um tribunal internacional que julga criminosos de guerra? Não vamos humilhar os criminosos... porquê responsabilizar Putin pela guerra injustificada à Ucrânia, por Bucha, por Mariupol, pela perda de milhares de vidas, pelas violações de mulheres e até de bebés, pela condecoração de assassinos, torturadores e violadores, pela destruição do país, pelos campos de filtragem, pelos 5 milhões de refugiados, pela devastação da economia e das vidas dos ucranianos?

Desde quando a responsabilização dos criminosos pelos seus crimes é humilhação? Foi com esta ideia de não ofender Putin que o deixaram à solta e chegámos onde chegámos.
Macron não aprendeu nada com estes últimos dois meses e ainda julga que estamos no 23 de Fevereiro quando a Alemanha e a França mandavam em todos os países da UE e diziam o que cada um podia ser. As coisas mudaram e em grande parte pela pobre e medrosa resposta destes dois líderes à invasão da Ucrânia.

"A Ucrânia tem de esperar décadas para aderir à UE." Décadas? Porquê? Para não pôr em causa as quotas da França? A Ucrânia serve para defender os valores europeus e a paz na Europa mas não serve para entrar na UE?

texto também publicado no delito de opinião

May 02, 2022

Les Jardins de Marqueyssac ao som dos violinos de Bach

 

Um poema visual. Deleite-se com as bolas de algodão verde deste petit château, no Périgord. São 6 quilómetros com 150.000 buxos centenários aparados à mão no meio de miradouros, jardins de pedra, quedas de água e teatros verdes. 





April 13, 2022

Le Pen: mais uma putineira/trampeira que querer fazer a França, 'great again'

 


Estou tão farta deste líderes-pavões alucinados com manias megalómanas à Rei-Sol...


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França : Durante uma entrevista coletiva, M Le pen declarou: “Eu simplesmente nunca colocarei nossas forças armadas sob um comando que não esteja sob a soberania nacional francesa, nem sob um comando integrado da OTAN, nem um futuro comando europeu"
@lordivan22

April 09, 2022

E se a Le Pen ganha? Uma camarada de Putin, de Trump e de Johnson que quer o fim da UE...

 

March 22, 2022

Macron contribui para a guerra de Putin




Renault retoma produção na Rússia enquanto rivais se retiram

Kristie Pladson

Montadora francesa havia suspendido a produção em fevereiro, citando problemas logísticos. Decisão de reativar fábricas em Moscou é apoiada pelo governo francês, principal acionista da Renault.



February 11, 2022

Esta imagem ainda é pior do que parece




Putin fez imensas exigências de testes PCR russos para receber Macron na segunda-feira e como ele não os fez, recebeu-o assim desta maneira, como se ele trouxesse a peste negra. Porém, na quinta-feira seguinte andou encostado ao presidente do Cazaquistão. Isto é humilhante. Porque é que os líderes europeus se prestam a estas humilhações por parte de um bully? Putin deve rir à gargalhada com aquela múmia do 'Lakrov' (eu sei que ele é Lavrov, mas ele lembra-me um lacrau) quando falam da Europa Comum: falta de união, falta de estratégia comum, falta de visão. Ao contrário do que dizia uma comentadora de um jornal há pouco tempo, a UE ter uma estratégia comum combinada, não significa que todos digam o mesmo, mas significa que uns não andem a fazer figura de tontos e a fazer os outros passar por tontos.




O Presidente francês Emmanuel Macron terá recusado fazer um teste COVID-19 russo antes do seu encontro com o Presidente Vladimir Putin esta semana, não querendo que Moscovo tivesse acesso ao seu ADN.
Macron, que fez um teste PCR francês antes de sair de França e mandou o seu próprio médico fazer-lhe um teste antigénico assim que chegou à Rússia, foi confontrado com a opção de fazer um teste PCR russo ou então seguir protocolos de distanciamento social mais rigorosos, se quisesse uma reunião para discutir a crise da Ucrânia. "Os russos disseram-nos que Putin precisava de ser mantido numa bolha de saúde rigorosa", disse o indivíduo.

Na quinta-feira, em contraste com a reunião de Macron com Putin, o Presidente cazaque Kassym-Jomart Tokayev visitou a Rússia, sentou-se perto de Putin e apertou-lhe a mão, observou a Reuters.

September 26, 2021

O massacre da Vendeia

 


O genocídio francês que tem sido arredado da história

Jaspreet Singh Boparai

François Flameng - Le massacre de Machecoul (wiki)


A História Secreta

A 4 de Março de 2011, o historiador francês Reynald Secher descobriu documentos nos Arquivos Nacionais em Paris confirmando o que sabia desde o início dos anos 80: tinha havido um genocídio durante a Revolução Francesa. Os historiadores sempre estiveram conscientes da resistência generalizada à Revolução. Mas (com algumas excepções) caracterizam invariavelmente a rebelião na Vendée (1793-95) como uma guerra civil abortada e não como um genocídio.

Em 1986, Secher publicou as suas descobertas iniciais em Le Génocide franco-français, uma versão ligeiramente revista da sua dissertação de doutoramento. Este livro vendeu bem, mas destruiu qualquer hipótese que ele pudesse ter tido de uma carreira universitária. Secher foi difamado por jornalistas e académicos de renome por ousar questionar a versão oficial dos acontecimentos que tinham ocorrido dois séculos antes. A Revolução tornou-se um mito de criação sagrada, pelo menos para alguns dos franceses e não são gentis para os blasfemos.

Guardiães da Chama

O primeiro grande mitógrafo revolucionário foi o jornalista e político Adolphe Thiers (1797-1877), que se tornou o primeiro Presidente da Terceira República de França, em 1871. Ele fez o seu nome na década de 1820 com um best-seller de 10 volumes de história da Revolução. Puramente como história, o seu trabalho era descuidado e pouco fiável; mas o objectivo era celebrar o assunto, não examiná-lo. Thiers não desculpa as atrocidades na Vendée; de facto, quase nem as menciona.

Ao contrário de Thiers, Jules Michelet (1798-1874) olhou realmente para os documentos ao pesquisar a sua história de sete volumes da Revolução (1847-53). Michelet, mais do que qualquer outro historiador, é responsável pela mitologia oficial que representa a rebelião da Vendée como uma pretensa guerra civil instigada por camponeses iludidos e crédulos que não compreendiam que estavam a lutar contra o Progresso - uma espécie de versão do século XVIII dos protestos dos gilets jaunes.

Michelet culpa as mulheres da Vendée por serem "sinceras, violentamente fanáticas" ao assediarem incessantemente os seus maridos até os levarem a pegar em armas contra a Revolução. Elas eram "campeãs da contra-revolução"; critica-as pelo seu "amor ao passado; pela força do seu hábito; pela sua fraqueza natural; e pela sua piedade pelas vítimas da Revolução". Com "inacreditável ingratidão, injustiça e absurdo", forçaram a rebelião sobre os seus homens.

Para crédito de Michelet, ele admite pelo menos alguns dos "excessos" dos Revolucionários, mas só depois de insistir que houve atrocidades de ambos os lados. No entanto, ele evitou conspicuamente lidar com provas de dezenas de milhares de mortes de civis na Vendéé - mesmo as enumeradas pelo antigo soldado e político revolucionário Jean-Julien Savary (1753-1839), cuja Guerres des Vendéens et des Chouans contre la République française (1824-27) Michelet descreveu como "o trabalho mais instrutivo sobre a história da Vendée".

O primeiro mitógrafo estatal da Revolução foi François Aulard (1849-1928), que ocupou a cadeira inaugural da História da Revolução Francesa na Sorbonne, de 1891 a 1922. A Histoire politique de la Révolution française (1901) de Aulard institucionalizou o ponto de vista de Michelet sobre a rebelião da Vendée. Os rebeldes eram camponeses insignificantes e supersticiosos (p.376) que, de alguma forma, eram também um grande perigo para a República (p.378). Eles podem ter feito parte de uma grande conspiração internacional para a qual ainda não foi encontrada documentação convincente.

Aulard parece não ter notado o massacre em massa de civis, não provocado, pelo Exército Revolucionário em 1794. No entanto, fundou a Sociedade para a História da Revolução, editou a revista académica La Révolution Française, publicou inúmeras colecções de material ao longo de quase meio século de investigação profissional e treinou os seus estudantes para examinarem sistematicamente os materiais de origem primária, insistindo que fornecessem documentação completa de todas as teses. O seu domínio dos recursos de arquivo não ficou atrás do de ninguém. Algo deve ter estado errado com a sua abordagem da história.

O ex- historiador comunista François Furet (1927-97) escreveu sobre os historiadores activistas que se dedicaram ao estudo da Revolução Francesa ao longo do século XX. Eles foram abertamente e apaixonadamente pró-Revolucionários. Para os historiadores mais influentes que ocupavam posições de poder nas principais instituições francesas, a Revolução Francesa não era um tema de investigação mas um mito de origem - o coração da cosmologia da sua fé secular. Como poderiam celebrá-la se ela levasse a um genocídio?

A Vendée 'Inexplicável

A Vendée é uma região do oeste de França cujos habitantes se tornaram famosos pela sua piedade depois de os protestantes terem sido expulsos da zona, na sequência do Édito de Fontainebleau do Rei Luís XIV (1685). Ao longo do século XVIII, a Vendée foi, cultural, política e economicamente, um remanso de água. A grande cidade mais próxima, Nantes, continua a ser conhecida pelo seu papel no tráfico de escravos.

Os Vendéens pareciam ter acolhido a Revolução Francesa, pelo menos inicialmente. Todos ficaram aborrecidos com os elevados níveis de tributação. Até os fiéis estavam fartos do que tinham de pagar à Igreja. O problema não era tanto com o clero, mas com as assembleias paroquiais (fabriques), que controlavam as finanças paroquiais. Os Vendéens tinham pouca interacção com a nobreza local, que em regra permanecia na região e conhecia bem os camponeses. Apenas uns poucos deles passavam algum tempo em Paris, Versalhes ou mesmo Nantes. Os nobres ressentiram-se demasiado com a administração centralizada.

Religiões Conflituosas

Em 2 de Novembro de 1789, a recém-criada Assembleia Nacional Constituinte (NCA) em Paris (antiga Assembleia Nacional) declarou que todos os bens geradores de receitas da Igreja, em França, seriam nacionalizados. Em 19 de Abril de 1790, os legisladores revolucionários decidiram ajudar-se a si próprios com o resto dos bens da Igreja. Os bens seriam vendidos; a riqueza seria redistribuída pelo governo revolucionário.

A 12 de Julho o NCA aprovou uma lei, a Constituição Civil do Clero, que subordinava completamente a Igreja Católica ao governo Revolucionário e proibia a fidelidade católica a qualquer autoridade estrangeira (por exemplo, o Vaticano, ou o Papa). Não haveria mais reconhecimento da autoridade de bispos que tivessem sido nomeados por potências não francesas. O clero foi também ordenado a jurar fidelidade aos Revolucionários. Agora, seriam agora nomeados funcionários públicos, completamente sujeitos ao novo Estado francês.

A maioria dos padres e bispos não só condenou a nova Constituição Civil do Clero, como também se recusou a prestar o juramento que os submeteria como funcionários civis. As autoridades revolucionárias estavam preocupadas com o facto de as pessoas ainda serem leais ao clero. Em Outubro o Directório do Baixo Loire foi obrigado a recordar ao clero que estavam a ser teimosos e que tinham de fazer o que lhes foi dito. Porém, a maioria dos padres continuava a desobedecer .

Em 10 de Novembro de 1790, 103 padres da diocese de Nantes assinaram uma carta de protesto, em termos muito claros, ao NCA, condenando o seu autoritarismo. Os legisladores ficaram chocados e zangados com a ingratidão. Alguns meses mais tarde, o Bispo de Nantes ordenou ao seu clero que rejeitasse a Constituição Civil. Nove em cada dez nem sequer precisavam dessa ordem. As autoridades revolucionárias não tiveram outra escolha senão nomear novos bispos entre os poucos padres que juraram submeter-se à NCA.

Em 26 de Junho de 1791, o NCA declarou o direito à deportação ou ao exílio do clero "refractário" que se tinha recusado a fazer o juramento. Apenas o clero "constitucional" obediente que tinha prometido a sua lealdade ao NCA foi autorizado a cumprir quaisquer deveres. Em breve houve falta de sacerdotes; a maioria das paróquias não tinha agora ninguém legal para realizar baptismos, casamentos, ou funerais. As Igrejas eram encerradas pelas autoridades. No entanto, os cidadãos continuavam a aparecer na igreja aos domingos, mesmo quando as portas estavam seladas e o padre estava preso ou escondido. Era necessária a força para manter os novos regulamentos da NCA sobre religião.

O povo recusou-se a comparecer nas missas celebradas por padres "constitucionais". De facto, o clero "constitucional" foi amplamente ridicularizado como cobarde, traidor e infiel. Frequentemente eram sujeitos a agressões físicas, mas como agora eram funcionários públicos, podiam ser protegidos pelas forças armadas, se necessário, particularmente quando os fiéis os sujavam com terra e estrume, atiravam pedras, pontapeavam e cuspiam nas suas caras.

A 20 de Setembro de 1792, a Convenção Nacional (NC) substituiu o NLA, que tinha suplantado o NCA, que tinha sido formado em Julho de 1789 a partir da Assembleia Nacional original (estabelecida em Junho de 1789). A posição dos Revolucionários sobre o clero permaneceu consistente. Não queriam bons padres, ou padres inteligentes, ou padres bem educados, ou padres que conhecessem as suas paróquias e as necessidades dos seus paroquianos: queriam padres que lhes obedecessem, que seguissem ordens e que não lhes respondessem. O clero conseguiu impedir os planos de recrutar trezentos mil homens para o exército revolucionário.

Desobediência Civil

Em 6 de Março de 1793, todas as igrejas católicas não servidas pelo clero "constitucional" foram permanentemente encerradas. A 7 de Março, entrou em vigor uma lei de recrutamento. Os líderes revolucionários, legisladores, autoridades municipais, administradores e funcionários do governo em geral foram naturalmente isentos do serviço militar.

Na Vendée, o pedido de alistamento do NC não foi recebido com entusiasmo. Quando o Comissário Distrital de Thouaré tentou anunciar o decreto oficial ao povo, foi recebido com quarenta camponeses armados com paus que cantavam "liberdade santa, liberdade sagrada". Um deles gritou:

Matastes o nosso rei, afugentastes os nossos padres e vendestes os bens da nossa Igreja. Onde está o dinheiro? Gastaram-no todo. Agora quereis os nossos corpos? Não! Não os tereis!

Outros camponeses de Saint-Julien-de-Concelles perguntaram:

O quê? Espera que vamos lutar por este governo? Que vamos lutar sob o comando de homens que viraram a administração deste país de cabeça para baixo, executaram o nosso rei, venderam todas as terras da Igreja e querem submeter-nos a padres que não queremos enquanto mandam os verdadeiros líderes da nossa Igreja para a prisão?

Disseram aos Revolucionários para tirarem as mãos dos bolsos do povo e devolverem-lhes os seus velhos padres. Se agra eram livres como a propaganda revolucionária dizia, porque não eram livres para trabalhar nos seus campos e serem deixados em paz?

A revolta na Vendée começou seriamente a 10 de Março com ataques coordenados em todo o campo, principalmente a oficiais da Guarda Nacional que estavam estacionados fora das igrejas oficialmente sancionadas para proteger o clero "constitucional" no seu interior.

Eclodiram tumultos nas cidades. As multidões itinerantes começaram a saquear escritórios revolucionários, armados com enxadas, forquilhas e outro equipamento agrícola. Tanto os presidentes de câmara como o clero "constitucional" foram fisicamente atacados. Em Machecoul e Challeau, os edifícios da administração municipal foram queimados até ao chão. Oficiais e "patriotas" revolucionários foram obrigados a fugir do campo e procurar abrigo em enclaves burgueses ricos nas cidades onde os seus princípios eram mais bem-vindos.

Os funcionários revolucionários em Paris não tiveram outra escolha senão prestar atenção à rebelião do povo. O próprio NC estava em tumulto: políticos influentes estavam a tentar substituir o ineficaz Comité Executivo que acabaria por ser chamado, Comité de Segurança Pública. Enquanto o governo tentava reorganizar-se novamente, as autoridades revolucionárias reuniam informações na Vendée. Teriam de fazer dos rebeldes um exemplo ou perderiam o controlo do resto do país.

Os Revolucionários foram confrontados com uma conspiração tão ameaçadora que todos os afectados por ela teriam de ser exterminados no caso de a poluição moral ser contagiosa. Quarenta e cinco mil tropas foram enviadas para pôr fim à rebelião.

Hillbilliescom forquilhas

O exército voluntário dos rebeldes contava entre 25.000 a 40.000 camponeses cuja principal experiência de combate consistia em rixas de bêbados nas tabernas das aldeias. Não tinham uniformes; a maioria usava "sabots" (tamancos de madeira) em vez de botas. No entanto, conseguiam constantemente bater de volta soldados profissionais bem armados e experientes. Alguns tinham espingardas de caça e eram excelentes atiradores; mas a grande maioria estava armada com forquilhas, pás e enxadas. Quando as forças revolucionárias recuaram, os reblels voltaram para casa para cuidar das suas quintas, para que as suas famílias não passassem fome.

Os generais revolucionários não esperavam que eles lutassem tão ferozmente. Claro que os rebeldes não tinham reforços atrás de si e sabiam que se não repelissem os Revolucionários, as suas casas seriam destruídas e as suas famílias massacradas. Os Vendéens não foram pagos pelos seus combates. As suas principais recompensas por terem vencido uma batalha não estavam a ser abatidos por mais algum tempo. Nestas circunstâncias, a sua disciplina era notável, como até os generais revolucionários admitiram.

Os Revolucionários não gostavam de perder para um bando de camponeses e começaram oficialmente a descrevê-los como "bandidos". Agora que eram "salteadores", podiam ser tratados como os criminosos que eram. Como o padre "constitucional" Abbé Roux, vigário de Champagne-Mouton, assegurou aos seus senhores revolucionários a 7 de Maio de 1793, perante os seus restantes paroquianos:
Os filhos da região de Charente aguardam as vossas ordens para exterminar estes bandidos que estão a dilacerar a nossa amada nação. Vós, cidadãos, permanecei firmes nos vossos postos: não percam de vista os traidores e os conspiradores: nunca esqueçam que se mostrarem misericórdia, estarão a alimentar vampiros e abutres dentro dos recintos desta cidade, e um dia beberão profundamente do sangue daqueles que os salvaram da vingança que os seus crimes merecem.
Justiça para Bandidos

A partir de Abril de 1793, as autoridades locais começaram a reunir os suspeitos de bandidagem em grupos de 30 ou 40 e a executá-los sem julgamento. Mas, como o General Beysser observou num despacho ao seu colega General La Bourdonnaye a 11 de Abril:
...a morte de um homem é logo esquecida, enquanto que a memória de queimar a sua casa dura anos.

As forças revolucionárias geralmente asseguravam que não havia ninguém em casa quando incendiavam as casas dos bandidos. Também começaram a disparar canhões contra as igrejas.
Os exércitos revolucionários estabeleceram fundições para canhões em território amigável: havia muitas igrejas em toda a Vendée que ainda não tinham sofrido disparos. Além disso, no interesse da segurança pública, tinham de ir de casa em casa para confiscar o máximo de metal que conseguissem encontrar. Qualquer coisa podia ser usada como arma contra eles, mesmo um garfo. Os Revolucionários também confiscavam sinos de igreja onde podiam. Não só para serem derretidos para as balas de canhão: também, alguns bandidos pareciam estar a usá-los para sinalização.

Convenientemente, as autoridades revolucionárias ainda tinham dinheiro suficiente da venda de terras da Igreja para pagar comités de vigilância e outros oficiais de segurança. Criaram dois tribunais criminais na Vendée para assegurar aos cidadãos leais que, mesmo os bandidos não fossem imediatamente fuzilados, encontrariam alguma forma de justiça. As forças armadas revolucionárias foram encorajadas a retirar bens às famílias dos bandidos, particularmente quando os homens estavam fora a lutar e não havia ninguém em casa para defender os fracos, os doentes ou os idosos.

No final de Junho os exércitos revolucionários estavam a lutar para manter a ordem: os seus homens recusavam-se a disparar contra os bandidos; alguns estavam mesmo a abandonar os seus postos, e a abandonar a causa do Progresso. Mas os Revolucionários, ao contrário dos bandidos, podiam de facto substituir homens que fossem mortos, feridos ou desertores. Outros 20.000 soldados endurecidos na batalha foram despachados para a Vendée. 
Como o General Salomon tinha lembrado aos seus homens (17 de Junho de 1793) enquanto esperavam por reforços:
Esta é uma guerra de salteadores: exige que todos nos tornemos salteadores. Neste momento, temos de esquecer todos os regulamentos militares, cair em massa sobre estes criminosos e persegui-los incansavelmente: a nossa infantaria tem de os expulsar do mato e da floresta para que a nossa cavalaria os possa espezinhar na planície. Numa palavra: não devemos deixá-los reagrupar-se.

Já tinham começado a destruir moinhos de vento e torres de sinos; agora começaram a demolir sistematicamente casas, chateaux e quaisquer outras estruturas que parecessem poder servir no futuro como casas seguras para bandidos. Ainda não dispunham de mão-de-obra para queimar florestas ou devastar terras agrícolas de forma significativa; pelo menos podiam fazer saber aos salteadores que não tinham onde se esconder.

Começa a purificação

O Exército Revolucionário ultrapassava agora o número dos bandidos e estava muito melhor armado. À medida que o Verão avançava, começaram a reconquistar território e a afastar os camponeses. Agora a matança podia começar a sério. Os Revolucionários preferiram não fazer prisioneiros. Não haveria clemência ou misericórdia para os salteadores. À medida que o Inverno se aproximava, era evidente que a insurreição não sobreviveria por muito tempo.

O Comité de Segurança Pública enviou Jean-Baptiste Carrier a Nantes: chegou a 20 de Outubro de 1793 e aí permaneceu até meados de Fevereiro. Carrier foi pioneiro na técnica de afogamento de bandidos para poupar dinheiro em balas. Durante os seus quatro meses como representante do Comité, em Nantes, 452 alegados bandidos foram absolvidos e libertados da prisão, 1.971 foram executados por meios normais, cerca de 3.000 morreram de doença, e 4.860 foram afogados. Talvez 3.000 prisioneiros tenham sobrevivido.

No início, o afogamento foi utilizado para lidar com o clero "refractário". A 16 de Novembro de 1793, 80 sacerdotes foram afogados juntos num barco; a 5 ou 6 de Dezembro mais 58 foram eliminados da mesma forma; 10 dias depois, o afogamento foi aberto a bandidos em geral e 129 Vendéens foram afogados.

Tornou-se habitual afogar os bandidos nus, não apenas para que os Revolucionários pudessem ajudar-se a si próprios com as roupas dos Vendéens, mas também para que as mulheres mais jovens entre eles pudessem ser violadas antes da morte. 
Os afogamentos espalharam-se muito para além de Nantes: a 16 de Dezembro, o General Marceau enviou uma carta ao Ministro Revolucionário da Guerra anunciando triunfantemente, entre outras vitórias, que pelo menos 3.000 mulheres Vendéen não combatentes tinham sido afogadas em Pont-au-Baux.

Os Revolucionários estavam bêbedos de sangue e não podiam massacrar os seus prisioneiros ladrões com rapidez suficiente - mulheres, crianças, idosos, padres, doentes, enfermos. Se os prisioneiros não conseguiam andar suficientemente depressa até ao local da matança, eram baionetados no estômago e deixados no chão para serem espezinhados por outros prisioneiros enquanto sangravam até à morte.

O General Westermann, um dos soldados mais célebres da Revolução, notou com satisfação que chegou a Laval a 14 de Dezembro com a sua cavalaria para ver pilhas de cadáveres - milhares deles - amontoados em ambos os lados da estrada. Os corpos não foram contados; foram simplesmente despejados depois dos soldados terem tido a oportunidade de os despojar de quaisquer objectos de valor (principalmente roupas).

Nenhum bandido seria autorizado a regressar a casa: Westermann e os seus homens massacraram todos os bandidos possíveis que encontraram, até que as estradas da área estivessem repletas de cadáveres. O dia 29 de Dezembro foi um dia particularmente bem sucedido, com uma colheita de 400 Vendéens que foram esquartejados por trás. Mas o melhor dia de abate do General Westermann teve lugar em Savenay, a 21 de Dezembro. 
Como ele anunciou, a um Comité de Apreciação e Agradecimento pela Segurança Pública:

Cidadãos da República, não há mais Vendée. A Vendée morreu na ponta do nosso sabre da liberdade, com as suas mulheres e filhos. Enterrei-a nos bosques e pântanos de Savenay. Seguindo as vossas ordens, esmaguei os seus filhos debaixo dos cascos dos meus cavalos, e massacrei as suas mulheres ... agora já não darão à luz mais bandidos. Não há um único prisioneiro que possa criticar as minhas acções - eu exterminei-os a todos....

Em Savenay, 3.000 camponeses foram mortos e outros 4.000 foram feitos prisioneiros para serem abatidos mais tarde.
Os generais revolucionários também decidiram pôr fim às vidas de Vendéens que tinham ficado em casa durante a rebelião ou que de alguma forma tinham conseguido regressar a casa. Já em Dezembro, 20 soldados estavam a passar o campo a pente fino em busca de candidatos a execuções extrajudiciais. Alguns compararam o processo à caça de coelhos: nenhuma das presas estava armada. 
Nunca foram guilhotinados, porque estes eram meros camponeses e artesãos; havia poucos espectadores que estariam particularmente interessados em vê-los morrer.

A Cruzada pela Liberdade

O departamento de Vendéen do governo revolucionário emitiu uma proclamação oficial na 12ª Frimaire do Ano Dois da Revolução (2 de Dezembro de 1793) prometendo paz e segurança aos cidadãos da região:

Chegou o momento...de os franceses se reunirem como uma e a mesma família. O seu povo desapareceu; o comércio foi aniquilado; a agricultura murchou graças a esta guerra desastrosa. Os vossos delírios resultaram em muitos males. Vós sabeis disso. Mesmo assim, a Convenção Nacional, que é tão grande como o povo que representa, perdoou e esqueceu o passado.
É decretado por lei... que todas as pessoas conhecidas como rebeldes na Vendée... que deponham as suas armas no prazo de um mês após o decreto, não serão procuradas nem incomodadas por se terem rebelado.
Esta lei não é uma amnistia falsa. Viemos em nome da Convenção Nacional, que nos encarregou de executar a lei, para trazer paz e consolação, falando a linguagem da clemência e da humanidade. Se os laços de sangue e afecto não forem totalmente quebrados, se ainda amais o vosso país, se o vosso regresso é sincero, os nossos braços estão abertos: abracemo-nos como irmãos.

Na verdade, foi uma amnistia falsa. A 17 de Janeiro de 1794, o General Turreau partiu com dois exércitos de seis divisões cada um numa "Cruzada da Liberdade" para lidar com o que restava dos bandidos. Ordenou aos seus tenentes que não poupassem ninguém: mulheres e crianças também deveriam ser apunhaladas no estômago se houvesse o mínimo indício de suspeita. Casas, quintas, aldeias e matas deviam ser todas incendiadas. Qualquer coisa que pudesse arder teria de ser queimada. Os soldados nas "Colunas Infernais" da Cruzada tinham instruções explícitas para eliminar todos os últimos vestígios possíveis de resistência ou rebelião.

Os Cruzados pela Liberdade foram relativamente poupados na sua utilização da baioneta. Homens, mulheres e crianças eram mais frequentemente fuzilados, ou queimados vivos nas suas casas. 
Alguns dos soldados tiveram a ideia de acender fornos, alimentá-los e cozer neles famílias Vendéen. Os bebés não eram poupados; nem crianças pequenas ou crianças pequenas. A prática habitual era matar os bebés à frente das suas mães e depois matar as mães. As jovens eram frequentemente afogadas, depois de terem sido violadas. As viúvas eram normalmente espancadas, insultadas e afogadas. Embora não houvesse um procedimento padrão estabelecido.

Nem todos os cadáveres de bandidos eram abandonados, ou deixados nas ruínas das suas casas. Muitos corpos eram esfolados. Em 5 de Abril de 1794 em Clisson, os soldados do General Crouzat queimaram 150 mulheres vivas para extrair a sua gordura para usar como óleo. Embora de um modo geral os soldados da Cruzada pela Liberdade raramente fossem tão empreendedores: eram bem pagos, e quaisquer lucros que obtivessem eram incidentais. 
A Cruzada foi dispendiosa: no total,  participaram até 62.000 soldados.
Para a eficiência sistemática de todos os Cruzados houve numerosas dificuldades logísticas imprevistas com o seu trabalho. Eventualmente, tiveram de ver como enterrar os corpos dos bandidos que não tinham sido afogados. A enorme massa e quantidade de cadáveres representava um risco potencial para a saúde dos homens do General Turreau. No entanto, muitos salteadores tinham sobrevivido. Como a burocrata revolucionária Marie-Pierre-Adrien Francastel reclamou mais tarde: "Ainda há 20.000 gargantas por cortar nesta província miserável".

Eventualmente, a matança terminou. Em 17 de Fevereiro de 1795, o que restava da liderança dos bandidos assinou um tratado de paz com o governo revolucionário, o qual permitiu generosamente que Vendéens, que tinham sido destituídos pela destruição dos seus bens e meios de subsistência, se juntassem ao exército revolucionário; embora o seu número fosse estritamente limitado e fossem mantidos sob rigorosa vigilância no caso de terem alguma ideia. 
A rebelião dos bandidos nunca terminou realmente; os revolucionários foram ocasionalmente obrigados a tomar novas medidas, como em Chanzeaux a 9 de Abril de 1795, quando rebeldes sitiados foram queimados vivos na sua igreja. Pelo menos a sua liberdade de religião tinha sido oficialmente restaurada (21 de Janeiro de 1795).

Conclusões provisórias

Reynald Secher estima que pouco mais de 117.000 Vendéens desapareceram em resultado da rebelião dos bandidos, de uma população de pouco mais de 815.000 habitantes. Isto equivale a cerca de um em cada sete Vendéens fatalmente afectados por acções militares e pela Cruzada pela Liberdade. 
Embora algumas áreas tenham perdido metade ou mais da sua população, com perdas notáveis em Cholet, que perdeu três quintos das suas casas, bem como a mesma proporção da sua população. 
Colégios, bibliotecas e escolas foram destruídas, assim como igrejas, casas particulares, quintas, oficinas e locais de negócios. A Vendée perdeu 18% das suas casas privadas; um quarto das comunas de Deux-Sèvres assistiu à destruição de 50% ou mais de todos os edifícios habitáveis. Outras consequências da Cruzada pela Liberdade incluíram uma epidemia generalizada de doenças venéreas.

Ultimamente, os historiadores tentaram caracterizar o extermínio dos bandidos como um genocídio. O jurista Jacques Villemain argumenta que o governo revolucionário pode ser justamente acusado de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e o crime de genocídio. Embora isto fosse anacrónico: o termo correcto é "populicídio", que foi usado pela primeira vez pelo intelectual revolucionário François-Noël "Gracchus" Babeuf no seu estudo pioneiro de 1794 sobre O Sistema de Despovoamento, um texto que também fornece o primeiro relato detalhado das execuções de Jean-Baptiste Carrier por afogamento em Nantes.

Um Legado Duradouro

A carreira do General Turreau demonstra a facilidade com que a sede de sangue pode ser aproveitada para a prossecução de ideais nobres. Apesar das críticas, e de uma curta pena de prisão, acabou por ser recompensado pela sua liderança durante a Cruzada pela Liberdade e passou oito anos como embaixador de Napoleão nos Estados Unidos (1803-11). 
O seu nome está inscrito no Arco do Triunfo em Paris, no topo da 15ª coluna, juntamente com os de outros heróis que lutaram pelos princípios consagrados no lema original da Revolução Francesa: "LIBERTY, EQUALITY, FRATERNITY-OR DEATH".

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[* campónios, gente bruta da montanha - é um termo pejorativo americano]

Porque é que os franceses se revoltam

 


Porque é que os franceses se revoltam

Os nossos vizinhos sempre foram os melhores combatentes da Europa

By Ed West


O povo está a revoltar-se. E por povo, refiro-me aos franceses. Embora o governo britânico tenha recuado de forma branda em relação aos passaportes vacinais, Paris decretou que as vacinas são, de facto, obrigatórias. Toulouse entrou em erupção como resposta - os protestos franceses contra os passaportes anti-vacinas estão em curso há semanas, enquanto os gilet jaunes, após um breve interlúdio, voltaram às manifestações. Já lá vai um ano.

O amor francês pelo protesto é talvez o seu traço de carácter determinante, mas reflecte uma cultura de violência política que entra profundamente na sua história, e não apenas na revolução.

A sua é uma cultura em que o uso da força é muito mais aceitável e onde a autoridade tem tanto de ameaça como de glamour. Da última vez que fiz a travessia de França para Inglaterra, o primeiro homem da 'Força de Fronteira' do Reino Unido que vi estava sentado numa dessas velhas cadeiras de escritório, com a palavra "Colin" escrita numa folha A4 nas costas; tudo na cena assegurava que a autoridade em Inglaterra é algo a não levar demasiado a sério.

Muito diferente da travessia, duas semanas antes, de Itália para França, onde se é recebido ao longo daquela fronteira ligeiramente sensível por um desfile de jovens soldados franceses com metralhadoras e vestidos como um anúncio de Jean Paul Gaultier. Concebido para mostrar que eles estão a falar a sério e que a autoridade deve ser admirada e temida.

Enquanto a nossa polícia passou grande parte do Verão de joelhos em frente dos manifestantes de Black Lives Matters, ou a fugir deles, os gendarmes têm uma atitude algo diferente em relação às manifestações: desde que o protesto dos gilet jaunes começou, pelo menos 24 pessoas perderam um olho como resultado, enquanto cinco perderam uma mão; 315 sofreram ferimentos na cabeça e duas morreram.

A frequente erupção de violência em França é desconcertante para os seus vizinhos. Têm horários de trabalho curtos, bem-estar devida e um sistema de saúde de primeira classe (muito melhor do que o britânico). Os franceses vivem vidas muito longas com uma pensão confortável e o seu rendimento disponível está a aumentar... Os franceses habitam um país que para muitos dos seus vizinhos parece o paraíso e daí a expressão holandesa leven als God in Frankrijk (viver como Deus em França), mas isso explica em parte, historicamente, o recurso recorrente à violência - era preciso ter uma certa beligerância para ocupar o imóvel mais desejável da Europa.

Da próxima vez que tiver a sorte de visitar o país, dê uma olhadela para a paisagem quando estiver a conduzir pelo Vale do Loire e olhe para o que vê - chateaux. Só nessa região existem mais de 1.000, porque os chateaux tendiam a ser construídos para substituir os velhos castelos-fortalezas e a França ocidental estava repleta deles.

A geografia da Grã-Bretanha garantiu que um monarca baseado no Tamisa fosse capaz de se tornar suficientemente rico para governar toda a Inglaterra. O reino de Wessex uniu todos os reinos anglo-saxónicos em 927 e nunca houve qualquer perigo de o Norte ser suficientemente poderoso para se separar. O País de Gales foi lentamente conquistado e embora a Escócia fosse um assunto diferente, nunca foi uma ameaça existencial para a Inglaterra.

A enorme dimensão da França - quatro vezes superior à da Inglaterra - tornou muito mais difícil para Paris estabelecer o domínio sobre as fronteiras naturais do país, que são moldadas pelos Pirenéus e pelos Alpes em dois lados do hexágono, o mar em outros dois e por uma região vulnerável e ambígua a leste e a norte do país. Os reis dos Francos governaram com a ajuda de 12 senhores regionais e, até à revolução, a "França" era efectivamente a região à volta de Paris.

A diversidade da França tornou-a um país difícil de unir, com enormes clivagens linguísticas e culturais, comparada, por um ensaísta, a "um cavalo cujas quatro patas se movem em tempos diferentes". Graham Robb no seu brilhante The Discovery of France identificou 55 línguas e dialectos diferentes e notou que em 1789 apenas 11% da população falava a língua nacional. Em Gasconha e na Provença as pessoas do norte ainda se chamavam Franchiman ou Franciot ("francês").

O militarismo francês é uma herança da incapacidade de Paris para criar um monopólio de violência numa terra que tem sido intensamente combatida ao longo dos séculos. Os castelos medievais eram uma forma de corrida armamentista entre ducados e condados altamente independentes e o mesmo acontecia com a guerra de cavalaria, que se desenvolveu em grande parte na França ocidental. Os normandos, em particular, criaram cavalos cada vez mais fortes e mais agressivos, gastando enormes quantias para dominar esta forma de guerra. A Batalha de Hastings foi ganha com um recuo falso, uma táctica que requer muito treino e coordenação; os anglo-saxões, pelo contrário, não lutaram a cavalo, razão pela qual provavelmente conhece muitos Williams e Roberts mas não muitos Leofwines ou Wulfnoths.

A cavalaria foi a fundação da Europa medieval, razão pela qual o francês se tornou durante séculos a língua das classes dominantes desde a Escócia até Jerusalém. É por isso que praticamente todas as palavras inglesas têm a ver com guerra - à excepção, talvez, da própria "guerra" - vêm do francês e não das raízes germânicas.

É estranho que aqueles que são criados no mundo anglófono aprendam um cliché sobre tanques do exército francês que andam para trás e brincam com "macacos comedores de queijo", quando, historicamente, a França é de longe o país mais bélico da Europa.

Nas suas Batalhas Decisivas do Mundo, o historiador vitoriano Edward Creasy escreveu: "Se nos esforçássemos.... para determinar qual a nação europeia que mais contribuiu para o progresso da civilização europeia, deveríamos encontrar a Itália, Alemanha, Inglaterra, e Espanha, cada uma reivindicando o primeiro lugar, mas cada uma também nomeando claramente a França como o segundo em mérito. É impossível negar a sua suprema importância na história". No início da Primeira Guerra Mundial, o país tinha quatro vezes mais soldados do que a Grã-Bretanha e quase tantos como a Alemanha controlada pela Prússia, que tinha 50% mais pessoas.

Mesmo no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, a França foi mais agressiva do que a Grã-Bretanha em relação a Hitler, e muitas divisões lutaram amargamente contra os alemães em 1940, tendo até apoiado a evacuação de Dunquerque onde perderam 18.000 franceses. Mas o país estava fatalmente dividido politicamente, psicologicamente marcado pelas enormes perdas da Primeira Guerra Mundial, quando 1,4 milhões de soldados franceses foram mortos e enfrentando um inimigo psicologicamente determinado.

Em memória viva, a França esteve envolvida em duas guerras extremamente dispendiosas, perdendo 20.000 homens no Vietname e outros 25.000 na Argélia. Estas baixas anulam o número de tropas britânicas perdidas nos problemas da Irlanda do Norte (763) ou em insurreições coloniais como a Malaia ou Chipre, que tiveram ainda menos baixas britânicas. Relativamente à sua população, as baixas francesas foram também muito mais devastadoras do que o Vietname foi para a América.

A violência na Argélia alastrou à França metropolitana, sendo esta uma das razões pelas quais se crê que o Presidente de Gaulle detém o recorde do número de tentativas de assassinato, perto dos 25 ou 26 e a sua sobrevivência é ainda mais impressionante considerando a sua gigantesca estatura. A própria Rainha Vitória da Grã-Bretanha sobreviveu a oito, mas algumas delas foram bastante débeis (alguém atirando tabaco de uma arma, por exemplo). Ao passo que a OEA, quando tenta matá-lo, tentam realmente.

Enquanto o último massacre de civis ingleses teve lugar em 1819, as autoridades parisienses mataram pelo menos 40 e talvez até 200 pessoas em 1961, que protestavam contra a guerra na Argélia. Devido à forma como a narrativa americana capturou completamente a imaginação britânica, esta história é muito menos conhecida do que a campanha relativamente pacífica pelos direitos civis nos EUA. Um evento semelhante na Califórnia ou em Nova Iorque seria o tema de inúmeros filmes, canções e peças de teatro.

Durante os anos sessenta, a França parecia mesmo estar perto de um golpe e ainda hoje os seus militares contêm vários elementos que parecem bastante interessados em derrubar o governo, algo inconcebível na Grã-Bretanha. Um golpe seria na verdade bastante popular entre o público francês, segundo as sondagens, embora seja difícil saber se se trata apenas de uma 'francesidade' performativa em acção. Este é um país que ainda realiza desfiles militares e ainda leva a sério a honra e a valentia militares.

Tudo na história francesa é muito mais violento do que a nossa. Não houve nada como a cruzada Albigensiana em Inglaterra, um conflito regional que matou talvez um milhão de pessoas, embora o Harrying do Norte se tenha aproximado. A «Grande Jacquerie», o equivalente francês da Revolta dos Camponeses, foi muito mais violento do que a revolta inglesa, tanto no total de mortes como no sadismo e crueldade envolvidos. Durante a Reforma, Mary Tudor foi considerada um monstro por matar 300 protestantes, enquanto a sua irmã Elizabeth matou 200 padres católicos e os seus simpatizantes. As Guerras de Religião Francesas mataram cerca de 3 milhões. Para além do Terror, a Revolução Francesa também levou ao que foi, sem dúvida, o primeiro genocídio moderno, na Vendée.

A violência religiosa fez agora um regresso indesejado e nos últimos anos tem sido bastante normal ver soldados franceses a patrulhar as ruas, muitas vezes protegendo catedrais que anteriormente sofriam destruição às mãos dos revolucionários. A Grã-Bretanha e a França partilham um problema de terrorismo islâmico de dimensão semelhante, mas a escala da violência ali é muito mais espectacular e aterradora, em grande parte porque há muito mais armas de fogo disponíveis - 12,7 milhões vs 3 milhões - mais a facilidade de transporte de armas através da fronteira. A Grã-Bretanha tem uma população tão desarmada que é uma espécie de brincadeira online, com as divisões da polícia de Londres a tweetarem os seus últimos confiscos de canivetes do exército suíço e colheres de aspecto suspeito. Torna-nos mais seguros, mas também há algo de bastante desmoralizante nisso.

Embora haja algo sobre a prontidão francesa para protestar e amotinar que é chocante para a alma anglo-saxónica, também é bastante admirável. No fundo, há um grande respeito por esta beligerância, parte daquela batalha gaulesa mais vasta com a americanização, o mundo moderno, e muitas vezes a realidade.

Nós, porém, somos demasiado tímidos e apaixonados para passar todos os sábados a bloquear o centro da cidade, ou a conduzir um camião cheio de estrume para o edifício governamental mais próximo; e se protestássemos como os franceses, não o poderíamos fazer com a mesma panache. Mesmo o movimento gilet jaunes conseguiu um certo triunfo estilístico ao usar coletes de alta qualidade, que na Grã-Bretanha são o próprio símbolo da inércia e do derrotismo impulsionados pela saúde e pela segurança. Para nós, os constantes protestos seriam cansativos, as greves seriam uma dor nas costas. E pareceríamos tão fixes como alguém chamado Colin segurando uma prancheta.

(os comentários deste artigo no site são interessantes)

September 20, 2021

Quando os países se comportam como judas para os amigos




Esta história é sobre poder e dinheiro mas é mais que isso porque estas negociações do AUKUS, como chamam ao acordo entre A Inglaterra, os EUA e a Austrália, duraram meses e durante esses meses em que negociavam, paralelamente, cada um desses países, tinha reuniões com os franceses, algumas sobre os tais submarinos como se estivesse tudo ok. Portanto, foram fazendo um embuste aos franceses, enquanto negociavam o acordo às escondidas deles para que não se apercebessem que estavam a ser enganados. Portanto, isto não é uma mentira por omissão: é uma fraude planeada.

O Presidente Macron chamou os embaixadores franceses em Camberra e Washington, mas não o embaixador inglês porque, "todos sabem que os ingleses não têm palavra".

Isto atinge a França economicamente, mas não atinge só a França politicamente. É um aviso do que os países aliados dos EUA e da Inglaterra -nomeadamente a Europa- devem esperar, daqui em diante, da sua palavra dada em acordos. Parece-me mesmo grave que daqui em diante, de cada vez que um país fizer um acordo com um destes três países esteja inseguro sobre se não estavam a fazer um outro acordo, paralelamente, contra esse país.

Estamos a falar de países que têm, na NATO, que tem um papel de grande relevância na paz mundial, acordos que dependem da confiança mútua. 
Que a Inglaterra dê este passo, espanta menos pois já saíram da UE por egoísmo e fuga às responsabilidades; a Austrália, até certo ponto percebe-se porque é um país inglês. Porém, os EUA, não se percebe. É uma declaração de fraqueza. Aquele que necessita, para ganhar vantagem, de pôr amigos uns contra outros -para além de minar a cooperação e eficiência futuras-, é porque já perdeu o poder que tinha de influenciar sem traições e embustes. O pior é não sabermos se Biden se apercebe, sequer, das consequências a longo prazo, deste passo.

Crise do submarino: o "amor" de Londres por Paris "é indelével", diz Boris Johnson

O primeiro-ministro do Reino Unido está numa viagem aos EUA para tentar restaurar a confiança após terem ajudado os franceses a perder o "contrato do século".
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A declaração surge depois do cancelamento, por parte da França, de uma reunião em Londres, marcada para esta semana.

Foi planeada uma chamada telefónica entre Macron e Biden

A violação deste contrato é considerada "grave" pela diplomacia francesa, que denuncia "mentiras" e uma "quebra de confiança". Na sexta-feira, 17 de Setembro, o Presidente Emmanuel Macron chamou
 os embaixadores franceses em Camberra e Washington, numa atitude sem precedentes.

"O Presidente Biden pediu para falar com o Presidente da República (Emmanuel Macron) e haverá uma chamada telefónica nos próximos dias", disse o porta-voz do governo francês Gabriel Attal. "Queremos explicações" sobre o que "parece ser uma grande quebra de confiança" e também saber "como pretendem sair deste contrato", quais as com "compensação" em jogo, disse ele domingo no BFMTV.


February 13, 2021

Para se evitar a discussão estéril e o enviesamento do juízo, convém ver/ouvir perspectivas diferentes

 


... e não ficar agarrado a um único ponto de vista veiculado nos meios de comunicação social. Isto vem a propósito de uma grande discussão em França  (dura há dias e já está nos principais canais de notícias) por causa de umas declarações de um professor de Filosofia na TV, a propósito de ter sido ameaçado e acerca do separatismo e do islamismo em Trappes, cidade em que dá aulas.

Aqui as declarações polémicas e mais abaixo o contraditório de um deputado. Esta é uma discussão importante que os europeus, nomeadamente nos países de maior imigração, têm de fazer com urgência para combater extremismos: tanto o extremismo de muitos muçulmanos como o extremismo opositor de muitos europeus.

O deputado que faz o contraditório (Karim Zeribi) foi condenado, em 2020, a dois anos de prisão com pena suspensa, uma multa de 50.000 euros e três anos de privação dos direitos civis e civis, por violação de confiança e abuso de bens sociais, seja lá isso o que for... 

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