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August 21, 2024

Pode haver mudança na economia sem mudança de mentalidades?

 


Hoje li um artigo no caderno de economia do jornal suíço, letemps.ch. O artigo é uma longa melúria sobre o desaparecimento da marca Made in Switzerland, a propósito da deslocalização da produção da Hero, uma marca centenária de produtos agro-alimentares, nomeadamente compotas (que todos já comemos ao pequeno-almoço em hotéis) para Múrcia, em Espanha. Isto, depois de outras marcas centenárias, totalmente Made in Switzerland terem fugido da Suíça: a Toblerone para a Eslováquia, a Sugus (que saudades...) para França e China, a Suchard para Estrasburgo, a Milka para a Alemanha. 

O patrão da Hero, Rob Versloot, explica que o franco suíço está muito alto de maneira que a mão-de-obra é muito mais cara que em outros países. E o artigo fica-se por aqui e não levanta questões a esta explicação.

A minha questão é: e então? Porque razão a mão-de-obra estar mais cara na Suíça que em outros países é motivo para deslocalizar as fábricas, despedir pessoas e perder tecido industrial? A resposta todos a sabemos: por que estes patrões não abdicam das suas margens de lucro de 300% ou 500% ou 2000%. Não estão para partilhar as perdas da sociedade. Exigem que os seus lucros se mantenham num crescimento constante, mesmo que à custa do empobrecimento dos trabalhadores e do prejuízo do país. Exigem poder fugir ao fisco, exigem benefícios com o argumento de que criam postos de trabalho, mas na verdade o que criam são condições para manterem as suas margens de lucro sempre a crescer.

Tal como os bilionários que há pouco pediam ao governo norte-americano que os taxassem em 2%, porque pagam 0,5% de impostos e isso põe em causa a democracia. Um deles queixava-se até de a empregada doméstica pagar de impostos mais que ele. Que descaramento. Esses bilionários têm uma opção evidente: pagar os devidos impostos que são na ordem dos 50%, em vez de fugir ao fisco com manigâncias e depois dizer que são tão bonzinhos que querem ser taxados em 2%. 

Ou seja, não abdicam das suas margens de lucro obscenas na ordem dos biliões (americanos) mesmo que isso torne toda a sociedade mais injusta e menos democrática.

Enquanto esta mentalidade não mudar ou enquanto os políticos não tiverem a coragem de regular as deslocalizações massivas de dinheiro e produções e cobrar os devidos impostos, não vejo que possa haver mudanças na economia que beneficiem os países e não cinco ou seis pessoas dentro deles e, por maioria de razão, não vejo possibilidade de evolução na democratização dos países. Pelo contrário: mais pobreza, mais revolta, mais insegurança, mais populismos e extremismos.


August 20, 2024

Política americana: showbiz

 

July 12, 2024

Há uma série de raparigas novas aí pelos vinte anos que são herdeiras de tronos europeus

 


Os Reis de Espanha educaram bem as duas filhas. Têm tudo para fazer sucesso. Há uma série de raparigas novas aí pelos vinte anos que são herdeiras de tronos europeus e parecem ser todas pessoas com a cabeça no lugar e sentido de responsabilidade. Tenho esperança nesta geração da realeza mais nova, educada para ser consciente dos problemas do planeta, com uma mentalidade virada para a preservação da Natureza e um espírito de serviço que faz falta aos nossos políticos. Pode ser que inspirem novas lideranças.





May 24, 2024

Um país nauseabundo

 

Porque está nas mãos de quem empesta o ar. O país está sequestrado por Sócrateses, miméticos e patéticos - estes últimos são os respeitáveis que se prestam a assinar qualquer coisa, na companhia de qualquer corrupto ou facilitador de corruptos.

O país é desta gente e nada lhes chega. Também querem a Justiça aprisionada para poderem pôr 500 recursos e nunca ter de responder por nada. 

Entretanto, aqui os palhaços que trabalham no duro, são roubados de anos de trabalho e depois andam 20 anos a discutir e negociar umas merdas de umas migalhas sem nunca fazerem justiça e sempre com ofensas pelo meio enquanto se regalam com aumentos e retroactivos e manifestos de, 'Aqui-d'el-rei que sou uma vítima, porque não posso ser uma auto-estrada de cunhas sem que me chateiem, a mim e ao meu parceiro que esconde dezenas de milhares de notas vivas no meu gabinete no meio do vinho - o meu gabinete de trabalho está cheio de vinho...'. 

Temos um país nauseabundo.

Estou a trabalhar a Filosofia Política com os alunos e estamos a estudar a Teoria da Justiça de John Rawls. Hoje expliquei o que significa um Estado de Direito, a importância das leis, da independência dos orgãos de soberania e de todos, sem excepção, estarem obrigados ao cumprimento da lei. Como, sem essas garantias, não somos livres, mas constrangidos pela força de pessoas com poder. 

Também reflectimos sobre a ideia da Justiça Retributiva e porque é que a questão da desigualdade social é tão importante para a questão do Estado de Direito. Porque é que ter uma sociedade mais justa e menos desigual, beneficia até o milionário, apesar de isso significar que não consegue uma tão grande acumulação de riqueza e poder. 

Farto-me de dar exemplos de como os legisladores e os outros orgãos de soberania estão na origem das leis que afectam directamente as suas oportunidades de poderem concretizar um projecto de vida e de terem uma vida decente e não de escravatura, de como têm de estar por dentro dos assuntos políticos e serem intervenientes para não serem apenas recipientes passivos da vontade dos outros. Espero que alguma coisa lhes fique e que as pessoas mais novas quebrem estes ciclos viciosos de políticos que vivem em circuito fechado a comer 120 mil milhões por ano, sem nenhum escrutínio e contra todo a responsabilização.




January 23, 2023

Onde está a oposição?




Como é que num quadro de total desnorte de governação e multiplicação de casos de prevaricação com dinheiros públicos o maior partido da oposição não consegue capitalizar votos? E os outros partidos, também, com excepção do Chega. Que vento de mediocridade varreu a política portuguesa? 


Maioria absoluta do PS esfumou-se, PSD também perde, Chega ganha força


22 de Janeiro

Um ano depois das legislativas, o Bloco Central apresenta sinais de desgaste, a Direita deixa a Esquerda a sete pontos de distância, e os liberais multiplicam-se por dois.

Um ano depois das últimas legislativas, o PS de António Costa voltaria a vencer umas eleições, mas longe da maioria absoluta (27,1%). Não conseguiria sequer liderar uma maioria parlamentar à Esquerda, porque ela desaparece. De acordo com a sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF, o PSD de Luís Montenegro não consegue afirmar-se como alternativa (25,1%). A Direita teria primazia, mas à custa do crescimento de Chega (12,9%) e Iniciativa Liberal (9,5%). O BE também recupera, mas pouco (6,6%), enquanto a CDU parece estagnada (4,8%). Livre (3,4%) e PAN (3,1%) deixariam de ser partidos de deputado único. E o CDS ficaria fora do Parlamento.

August 28, 2022

Os países não podem ser governados como se fossem empreendimentos comerciais



A segurança nacional continua a ser a função irredutível do Estado. Ao assistir ao ocaso da ideologia globalista, espero que tenhamos aprendido de uma vez por todas que o comércio pode tornar-se uma vulnerabilidade estratégica se as corporações e os governos o desvincularem de considerações de segurança nacional.

Andrew A. Michta


August 25, 2022

Gostei de ler este artigo

 


Olhar para trás

Percorrer por estes dias o fio da história do desastre de Chernobyl na série que passa diariamente na RTP 3, ou revisitar a tragédia na reconstituição apresentada pela HBO em 2019, é convocar a inquietude da fragilidade dos dias que vivemos. Mas vale a pena fazê-lo, mesmo arriscando a que o sono nos abandone, porque o pesadelo dos outros não pode deixar de nos sobressaltar e até pode vir a ser o nosso. Está lá tudo.

A hipocrisia dos regimes despóticos, a vacuidade da política - e como precisamos hoje de homens de fibra -, a ganância de uns poucos que levam à condenação de tantos, a persistência da mentira sobre a verdade. De como de tantas vezes contamos a mentira até acreditarmos nela. Está também o lado bom dos bons, mesmo que eles já tenham pactuado com o mal, a seriedade e a coragem desses poucos que salvam tantos. 

Seis meses depois da invasão da Rússia à Ucrânia, aumentam as sombras sobre a aparente luz que separava o bem do mal. O que sabemos, na verdade, é que permanecem por esclarecer as razões que levam às atrocidades que vimos e vemos serem cometidas, à pulverização de cidades inteiras, à morte de crianças, idosos, pais, mães e avós, à separação de famílias, e ao prolongamento de um conflito que, hoje, não só está a alterar drasticamente a geopolítica mundial, como se faz sentir nas ações mais básicas do dia a dia. 
 As ameaças à Humanidade com a eventualidade de uma guerra nuclear, sempre presentes no gatilho das palavras, ou a incerteza face ao que se passa em centrais nucleares como a de Zaporíjia, obrigam a que os detentores de cargos políticos sejam pessoas de bem, empenhadas em encontrar soluções mais eficazes do que aquelas que se jogam na praça pública. Porque essas não parecem surtir efeito. Mas também, e sobretudo, que nós, todos nós, não nos deixemos adormecer pelas raízes que alimentam o mal. 

Domingos de Andrade, *Diretor-Geral Editorial

July 08, 2022

O que é preciso é mudar esta TINA

 


Acabar com os penetras.



June 13, 2022

A instrumentalização política da educação só tem feito degradar os sistemas

 


E não é só cá, é em todo o lado, e não é só nas escolas, é nas universidades também. Políticos nas universidades a subverter o sistema, políticos a comprar teses de mestrado e doutoramento, sistema de verificação de pares tão selecto que só com a cunha certa se consegue ser revisto, políticas educativas moldadas aos interesses eleitoralistas dos políticos ou às pedagogia dos donos de empresas de explicações, escolas privadas, gestão escolar salazarenta para controlo micro-totalitário... 

Em França chegou-se ao cúmulo de subir por decreto um ou dois valores das notas que os júris atribuíram nas provas do 'bac'. Depois das notas atribuídas os professores viram, com estupefacção, que o júri nacional tinha mandado subir um valor a todas as notas, de modo totalmente arbitrário. Isto depois do próprio sistema informático estar programado para fazer ajustes internos às notas lançadas na plataforma. Para quê todo este trabalho de classificar?

As provas do bac que nos anos 90 tinha uma taxa de sucesso de 75%, agora têm de 90%. É como cá faz este ex-SE, agora ministro: manda que se passe todos e depois gaba-se que reduziu muito a taxa de abandono e de insucesso.

A responsabilidade desta degradação é dos políticos que querem instrumentalizar a educação e os professores, mas também dos seus facilitares, entre os quais se contam a maioria dos professores universitários (quem faz os currículos escolares e forma professores) que em vez de se informarem do que passa realmente nas escolas só querem chamar nomes aos professores e espalhar mentiras para... não sei... sentirem-se mais importantes ou assim. Em vez de ajudarem a resistir a esta decadência reforçam-na e são coniventes com estas manhas de fazer parecer que o trabalho da educação está bem pensado pelas suas cabeças.

Não tarda muito para que esta decadência dos níveis de qualidade do ensino chegue à produção científica e comece a ser difícil a inovação científica e tecnológica como as conhecemos. Neste momentos beneficiamos dos que foram educados há, pelo menos, quinze anos ou mais, antes desta falência intelectual que assola os políticos e satélites. Mas daqui a vinte anos, o que é já ao virar da esquina, o panorama será muito diferente. Talvez já se tenha posto as máquinas a fazer o que não saberemos fazer.


Controvérsia sobre as notas do bac, aumentadas de forma autoritária

Por Marie-Estelle Pech

Embora a taxa de sucesso do bac tenha subido de 75% nos anos 90 para 90% em 2021, os professores-correctores estão muito pressionados a corrigir as provas. E estão ainda mais exasperados porque o software que têm de utilizar faz pequenos ajustes internos muito mais visíveis do que antes.

Centenas de professores testemunharam isto durante os últimos dois dias. As notas do bac nos nos testes da sua especialidade foram aumentadas sem aviso. "As minhas notas foram sistematicamente aumentadas. Eu tinha uma média de 11,3 no meu pacote de provas. A média foi aumentada para 12,5. A pior nota era 5, agora é 7/20. É um escândalo", disse uma professora de história à Marianne. "Todas as minhas notas subiram um valor. Qual é, então, o objectivo da classificação? O descontentamento aumenta ainda mais porque estes pequenos remendos nas notas estão agora acessíveis através da plataforma de correcção online do ministério: Santorin. A associação de professores de história foi a primeira a expressar a sua exasperação. "Segundo numerosas fontes que foram cruzadas e verificadas, esta plataforma aumento todas as médias de todos os testes nas academias de Versalhes, Paris e Créteil, entre outras", disse a associação.

DECISÃO "OPACA E ARBITRÁRIA

Os professores que tinham sido responsáveis pela correcção "ficaram muito surpreendidos ao descobrir que as suas notas tinham sido alteradas quando quiseram registar as suas notas para sua própria informação". Manifestámos repetidamente a nossa preocupação sobre a organização deste bac, "mas em momento algum poderíamos imaginar que a prerrogativa de classificação por um júri soberano pudesse ser posta em causa, mais uma vez de uma forma totalmente opaca e arbitrária". A associação denuncia uma atitude casual "em relação às suas funções de avaliação". Há muito que há instruções orais a aconselharem a benevolência nas reuniões de harmonização, mas sempre deixando à "responsabilidade dos professores, enquanto que neste caso, foi simplesmente uma decisão arbitrária, tomada sem qualquer transparência".

February 15, 2022

Não era suposto os Jogos Olímpicos serem acerca de desporto?

 


Pois era, mas não não são. São também sobre política. Kamila Valieva, a patinadora de 15 anos favorita ao título foi testada com doping de uma substância que potencia o desempenho e decidiram que vai à mesma competir, "porque seria uma pena que não pudesse competir". Porém, Sha’Carri Richardson, favorita nos 100 metros corrida foi impedida de participar nos Jogos Olímpicos de Tóquio por ter testado positivo à canabis, que não é uma droga de desempenho. Sha’Carri Richardson queixa-se de racismo, mas talvez seja apenas o factor amizade actual Rússia-China a funcionar.



Sha'Carri Richardson Wants To Know Why She Was Banned From The Olympics When A Russian Skater Who Failed A Drug Test Was Allowed

"The only difference I see is I'm a black young lady."




January 26, 2022

Muro anti-Rússia

 


Mais do que anti-migrantes...


Polónia dá início à construção de muro na fronteira com Bielorrússia


Até junho deve estar concluído o muro na fronteira da Polónia com a Bielorrússia para bloquear a passagem de migrantes.

Com 186 quilómetros de extensão, quase metade dos 418 km da fronteira, a vedação, feita em metal, terá cinco metros e meio de altura e vai custar cerca de 353 milhões de euros, devendo estar concluída em junho.

January 23, 2022

Filmes - «Munique, The Edge Of War» (Munique, À Beira Da Guerra)

 


Este filme gira à volta da assinatura do acordo de paz de Munique, em 1938, entre Chamberlain, primeiro-ministro inglês e Hitler, em vésperas da Segunda Grande Guerra. O filme tem duas histórias paralelas a correr em simultâneo: uma é a da assinatura do acordo e do papel de Chamberlain nesse processo -que o filme defende ter sido positivo pela razão de ter dado um ano de paz à Inglaterra e aos aliados para se preparem para a guerra; outra é uma tentativa de impedir a assinatura do acordo por parte de dois diplomatas, um inglês, secretário de Chamberlain e outro alemão, secretário de Hitler, que se conheciam e eram amigos desde os tempos de Oxford, que ambos tinham frequentado. 

O filme está bem feito. Sabemos a história e, mesmo assim, ficamos presos ao suspense da situação. Somos levados a questionar-nos se, chegado o momento que não tem retorno, o saberíamos reconhecer e, reconhecendo-o, se estaríamos à altura do momento. Esta é uma questão importante no filme.

É difícil não traçarmos um paralelo com a situação actual, salvas as devidas distâncias, naturalmente, pois Putin não é Hitler, mas a situação geopolítica tem os mesmos contornos. 

Estamos num momento de autoritarismo crescente nos regimes do mundo, de crise económica com muito populismo, muita revolta e temos a Rússia de Putin a exigir que o Ocidente feche os olhos e permita o sacrifício de uma parte grande da Ucrânia e da sua possibilidade de sucesso económico, bem como de outros países da esfera da ex-URSS, a troco de paz. Na altura do acordo de Munique, em 1938, também se estava numa grande crise económica, com autoritarismos crescentes no mundo, populismos e revoltas e com a Alemanha de Hitler a exigir que o Ocidente fechasse os olhos à anexação dos Sudetos da Checoslováquia a troco de paz.

Tal como na época, também hoje há acordos secretos entre o líderes da minoria separatista e o ditador invasor. Então como hoje, o ditador que faz exigências a troco de paz não é pessoa capaz de honrar compromissos ou acordos e tem a mão leve para o assassinato. Então como hoje o Ocidente tem, acima de tudo, desorientação e medo do ditador.

(publicado também no blog delito de opinião)



January 08, 2022

Uma questão em duas perguntas

 

Se as pessoas que escrevem programas políticos que já deram mau resultado no passado e as que executam programas políticos com maus resultados são as mesmas, não será uma loucura confiarmos nelas e nas suas políticas? Não cabem na definição atribuída a Einstein, segundo a qual, "Loucura é fazer a mesma coisa vezes sem conta, mas esperando resultados diferentes"?


January 01, 2022

O Carlos Moedas tem ideias

 


Estou a ver um programa de conversa informal na SIC com opinadores que teve como primeiro convidado do ano o presidente da Câmara de Lisboa. Tem estado a responder a perguntas e algumas provocações dos outros participantes e na verdade, tem respostas que mostram, não só estar dentro dos assuntos, mas já ter pensado neles na óptica das soluções. Boas perspectivas, portanto. 


December 24, 2021

Há fome de competência no rectângulo

 


Tanta, tanta que um tipo organiza um processo de vacinação com sucesso e já se pensa que pode ser o próximo Presidente da República.

Percebemos que o PS quer ir à boleia de Gouveia e Melo que está com a cotação em alta, e percebemos que o próprio viu isso como uma oportunidade de acção política. 

A pressa do PS pôs o almirante Calado a falar e não foi bonito, mas não é nada que surpreenda da parte de um partido político, isso de comprometer pessoas para caçar votos.

Quanto ao Gouveia e Melo... vamos ver o que ele é capaz de fazer. Estamos sempre a dizer que precisamos de gente diferente dos moços dos partidos nos cargos, agora aí está um. Vamos ver o que ele faz.


Vamos ver




Se ele conseguir de facto fazer essa «revolução» a mim convence-me que é capaz de outras coisas.

Gouveia e Melo toma posse segunda-feira como chefe do Estado-Maior da Armada


O vice-almirante Henrique Gouveia e Melo foi o responsável pela task force de vacinação contra a covid-19.

A "revolução" que o vice-almirante tem assumido querer fazer na Marinha, tornando este Ramo das Forças Armadas numa espécie de catalisador para novas políticas de valorização do mar como ativo estratégico nacional, é conhecida de António Costa e encaixa na perfeição na "ambição" declarada do primeiro-ministro de transformar os oceanos numa "grande causa e missão global".

December 18, 2021

"I thought those gains meant something"

 


Olha, enganaste-te. A única coisa que conta são: os votos e o dinheiro.


December 07, 2021

Dizer que os anti-vacinas são todos estúpidos é uma visão simplista de um problema complexo




Esta, 'comunicadora de ciência' reduz todos os que não estão de acordo com as vacinas e com a comunidade científica e médica a estúpidos a quem é preciso repetir muitas vezes a mesma mensagem até que entre na cabeça e a gente ignorante da 'verdade', dominados que estão pela ansiedade. Farta-se de falar na verdade: a verdade da ciência, a verdade da comunidade científica. As pessoas são todas gente ignorante com um filtro de crenças e sistemas de valor -como se ela não fosse também uma pessoa com o seu filtro de crenças e sistemas de valor- que não lhes permite ver o óbvio. Para ela a ciência é obviamente verdadeira e  se os outros não vêem essa verdade são todos idiotas.

Esta é uma postura dogmática, simplista e, por essa razão, com poucas probabilidades de mudar a visão que os anti-vacinas têm da ciência. Ela queixa-se que as pessoas ao dizer as suas opiniões dizem «achismos», mas o que é a opinião dela sobre os que rejeitam vacinas senão um «achismo»? Ela é licenciada em farmácias com doutoramento em química. Que sabe ela acerca dos sistemas dos condicionalismos valorativos e de crença dos diversos sistemas sociais e políticos? O mesmo que a maioria dos outros todos que dizem opiniões. Ao mesmo tempo que argumenta contra as opiniões pseudo-científicas de não-especialistas vai aduzindo argumentos contra os sistemas de crenças e valores sociais com opinião pseudo-científica, pois que não tem nenhum formação nessa área.

Thomas Kuhn, aquele que cunhou o termo, «paradigma» aplicado à ciência e às revoluções científicas dizia que, "a ciência não pensa, o cientista não sabe pensar". Logo no início da pandemia vi uma entrevista com o virologista que agora está sempre na TV em que ele dizia mais o menos o seguinte, "as pessoas confiem em mim porque a ciência pode ter opiniões contraditórias mas a certa altura chegamos à verdade." Nunca mais liguei um átomo ao que ele diz porque a idea de um cientista vir, como um padre, pedir fé e clamar que tem a verdade consigo é tão pouco científica que caiu logo ao chão, no meu sistema de avaliação de credibilidade.

Li um artigo com dados sobre a percentagem de pessoas que não querem vacinar-se e porquê: na Rússia, quase um quarto da população não quer vacinar-se; nos EUA, 20%; na Alemanha, 10%; na África do Sul, pediram para deixarem de mandar vacinas porque têm stock para 150 dias, que não conseguem gastar, à beira de passar o prazo de validade - nos países de Leste que viveram em ditadura comunista a desconfiança nas instituições científicas e médicas é muito superior aos da UE. Talvez porque durante muito tempo a ciência foi usada para pseudo-legitimar a ideologia comunista e as malfeitorias que fizeram aos povos.

A hesitação de vacinar-se parece ser um aspecto de uma quebra mais vasta de confiança entre alguns sectores da população, por um lado, e as elites e especialistas, por outro. Essa quebra de confiança é que é explorada nas redes sociais e não o oposto, quer dizer, não são as redes sociais que criam a hesitação, ela existe, é um problema complexo que e é anterior à pandemia. Portanto, vir dizer que é um problema de as pessoas serem ignorantes e não verem o óbvio por estarem dominadas pelas redes sociais, é uma visão, ela mesma, ignorante e simplista. 

"Se os decisores políticos quiserem limitar os danos que a Omicron e as variantes futuras fazem, terão de compreender melhor porque é que as pessoas rejeitam as vacinas. Algo tão complexo como a hesitação vacinal é susceptível de ter muitas causas, mas a investigação sugere que um instinto fundamental o impulsiona: a falta de confiança. Para que as pessoas superem a sua hesitação, será necessário restaurar a sua confiança na ciência, nos seus líderes, e, muito possivelmente, uns nos outros. A crise de hesitação vacinal e a crise de confiança nas instituições são uma e a mesma coisa."

A literatura médica mostra que há um forte relação entre a desconfiança na indústria farmacêutica e a desconfiança nas vacinas. Entre os sul-africanos negros, por exemplo, o cepticismo em relação aos médicos pode surgir do facto de os argumentos pró-apartheid, até há pouco tempo, terem estado frequentemente enraizados em crenças e propaganda, pseudo-científicas, sobre as diferenças entre as raças.

Jonathan Kennedy, um sociólogo da Queen Mary University of London, destaca um factor para a erosão da confiança no governo e na ciência: a narrativa do otimismo e do progresso do pós-guerra não se ter concretizado para muitos, "Há grandes quantidades da população que não beneficiaram economicamente da globalização. Muitas pessoas sentem-se cada vez mais marginalizadas pela política; sentem-se como se os políticos não estivessem interessados neles". Populismo e sentimento anti-vacinas "parecem ser uma espécie de rejeição desta narrativa de progresso civilizacional ... um grito de impotência".

A Rússia, e a Europa de Leste em geral, têm um nível de confiança extremamente baixo nas instituições relativamente à Europa Ocidental - a Roména e a Bulgária vacinaram pouquíssimas pessoas. Os russos têm tentado espalhar o caos com desinformação profissional relativamente à eficácia produzidas pela BioNTech-Pfizer, Moderna, e AstraZeneca e compararam os confinamentos com a ocupação nazi e o apartheid.

Também estamos a pagar caro o desinvestimento, em termos globais, nos sistemas de saúde e na desvalorização da profissão, para poupar dinheiro, desde que os hospitais viraram empresas geridas por investidores sem interesse nenhum na medicina. Existe agora uma desconfiança nos médicos que não havia. São tratados como se fossem mercenários. 
As farmacêuticas recusam investir em medicamentos se o retorno em lucros for abaixo de não sei quantos milhões de dividendos para os acionistas. Isto não ajuda à confiança. 

Em cima disto temos que a ciência hoje em dia já não é praticada como antigamente. Dantes um artigo científico sobre inovações só era publicado depois de muitos estudos feitos e era lido apenas por especialistas, que eram poucos. Quando chegava ao público já vinha depurado de todas as imprecisões e erros grosseiros. Porém, hoje em dia, os cientistas são na ordem dos milhões. Um doutoramento hoje em dia é algo frequente entre a comunidade universitária das ciências. As universidades obrigam os doutorandos a publicar artigos científicos em catadupa sob pena de serem postos de lado, de maneira que muitos milhares de cientistas publicam papers a torto e a direitos, sobre tudo e o seu contrário que chegam aos jornais, nesses termos contraditórios. A maioria do público, hoje-em-dia, já não aceita petições de princípio baseadas em apelos à autoridade: querem argumentos. Vivemos em sociedades de comunicação. A comunicação científica não pode ser constantemente contraditória.

Acresce a tudo isto que os comunicadores científicos, ou são como Graça Freitas e Fauci nos EUA que mentem e distorcem os factos porque têm uma ideia de gestão de informação baseada na crença de que as pessoas são estúpidas e têm de ser manipuladas ou são como esta comunicadora de ciência nesta entrevista que diz que a solução, dado as pessoas serem idiotas e não verem a verdade óbvia é repetir muitas vezes a informação, até que lhes entre na cabeça, calculo que seja o que quer dizer. Só que os anti-vacinas são uma larga comunidade que vai desde os próprios médicos e cientistas ao homem vulgar. Não são uma massa informe de analfabetos e são aos milhões. Não se pode querer mudar a visão das pessoas chamando-lhes, dogmaticamente, estúpidas.

Vai ser difícil restaurar a confiança nas instituições universitárias, médicas e científicas, dados que estão politizadas e algumas capturadas por grandes empresas multinacionais (o que reforça a desconfiança), mas de certeza que isso não se faz chamando estúpidas às pessoas. O problema é um bocadinho mais complexo, não? Esta comunicadora de ciência fala como se a ciência, os laboratórios dos cientistas e a comunidade médica fosse tudo gente nobre do lado da verdade, desligados do dinheiro e da política. Isto é ingenuidade, não? Quer dizer, eu não sou especialista em comunicação de ciência e aqui em um quarto de hora encontrei artigos e dados para perceber um poucochinho a complexidade do problema.



“A EVIDÊNCIA A FAVOR DAS VACINAS É TÃO AVASSALADORA QUE A COMUNIDADE CIENTÍFICA ACHOU QUE OS ANTIVACINAS ACABARIAM POR SE CALAR. O QUE NÃO SE PREVIU É QUE A VERDADE NÃO INTERESSA NADA”

A comunicadora de Ciência Joana Lobo Antunes, em entrevista à VISÃO

Como se deve comunicar a incerteza inerente à Ciência sem causar demasiada ansiedade nas pessoas?
Quando comunicamos a incerteza ao nível da saúde é impossível não causarmos alguma ansiedade. As pessoas têm de aprender a viver com uma certa dúvida, um certo risco, também é isso que nós vivemos na investigação científica. E é exatamente essa adrenalina de entrar num terreno inexplorado que é entusiasmante na Ciência. Consigo perceber que, para as outras pessoas, essa ansiedade seja má, mas a única maneira de ajudá-las a lidar com isso é repetindo, muitas vezes, que enfrentar o desconhecido para procurar respostas faz parte do processo científico.

A pandemia parece ter exacerbado o discurso contra a Ciência. Qual a origem desse fenómeno?
O discurso anticiência já existia, e vai continuar a existir, não tenho a veleidade de achar que vamos acabar com ele. O que aconteceu foi que, de repente, teve mais espaço. O movimento antivacinas não apareceu com a Covid-19. O seu grande impulsionador foi um artigo falso, hoje completamente desacreditado, que tentou provar uma relação de causa e efeito entre as vacinas e o aparecimento de autismo nalgumas crianças. Isso era tão absurdo que os cientistas nem se deram ao trabalho de desmentir. A evidência científica a favor das vacinas é tão avassaladora que a maior parte da comunidade científica achou que, mesmo que não fizesse nada, os antivacinas acabariam por se calar. O que não se previu é que a verdade não interessa nada, o que importa é o que tem melhor marketing e vai ao encontro das ansiedades das pessoas.

Que ansiedades são essas?
Os cientistas dizem: “a ansiedade não vai deixar de existir e temos de aprender a viver com ela”; enquanto os anticiência afirmam: “nós podemos tirar-vos a ansiedade”. Além disso, usam palavras e conceitos que as pessoas conhecem e que estão de acordo com o seu sistema de crenças e de valores. Por isso, emocionalmente, é muito mais fácil acreditar neles, sem perceber que se está a cair num logro. A única maneira de ajudarmos as pessoas a lidar com a ansiedade é fazendo muita divulgação de Ciência e obrigando a comunidade científica a ajudar a desmontar a desinformação.

Como devemos dialogar com alguém que nega factos científicos?
É preciso muita paciência. Alguém que nega a evidência científica, obviamente, não vai lá por os factos falarem por si. É preciso conhecer o contexto emocional, social e cultural dessas pessoas para perceber onde está o problema. Por que razão alguém tem um filtro que não lhe permite acreditar numa coisa óbvia? Temos de andar à volta para entender qual o conjunto de valores e de crenças que leva aquela pessoa a acreditar em coisas que não fazem sentido.

O risco de não conseguir dialogar com essas pessoas é grande?
Na comunicação de Ciência, usamos a expressão “pregar aos convertidos”, ou seja, o público das nossas iniciativas, habitualmente, já está interessado. Mas é fundamental irmos além dos convertidos. Temos de ser atraentes o suficiente para que mais gente queira dialogar connosco. Os cientistas não devem ser vistos apenas como pessoas que dão aulas mas também como bons ouvintes. Não conseguimos mudar a mentalidade das pessoas se não as ouvirmos. E essa parte ainda é difícil de se fazer.

É recorrente o argumento da censura, quando não se dá voz a quem nega a Ciência. Como responde a isso?
É preciso distinguir opiniões fundamentadas de opiniões pessoais. Durante a pandemia, houve pessoas que fizeram serviço público ao explicarem o melhor conhecimento científico até à data, mas outras limitaram-se a dar a sua opinião, um achismo que não era baseado na melhor evidência disponível. Os órgãos de comunicação social têm de ser capazes de avaliar se alguém está só a dizer asneiras. Dar palco só porque no dia seguinte vai dar que falar… Não pode valer tudo.

Mas é fundamental manter o espírito crítico. A Ciência já errou. Como se mantém esse equilíbrio entre confiança e ceticismo?
A Ciência, de facto, não é perfeita. E, sim, já errou, mas uma das grandes qualidades da Ciência é admitir correção. Se fosse escrita na pedra, nós nunca evoluiríamos, e a evolução da Ciência é o que a torna maravilhosa. Quando as pessoas se queixam de que num dia os cientistas dizem uma coisa e no seguinte dizem outra, a minha única resposta é: ainda bem que assim é, senão éramos fundamentalistas. Claro que depois há aquelas coisas parvas, às vezes a cafeína faz bem, outras faz mal, mas isso são fait-divers científicos. Às vezes, dá-se voz a artigos que não têm impacto na comunidade científica apenas porque são engraçados. Quem me dera que o chocolate emagrecesse, essas são as minhas notícias preferidas.

Como podem as pessoas proteger-se da desinformação que circula na internet?

Primeiro, é preciso saber de onde veio a informação, se uma fonte fidedigna verificou a sua veracidade ou se é uma coisa que uma pessoa qualquer pôs na internet. As fontes devem estar identificadas; se é alguém com nome, instituição, credibilidade, posso estar mais tranquila. Um dos fenómenos da pandemia foram mensagens a dizer “a minha tia trabalha num hospital e…”, que eram reencaminhadas por não sei quantas pessoas, sabia-se lá quem era a tia que, provavelmente, nem sequer existia. Contudo, como era um boato que ia ao encontro dos medos e das ansiedades das pessoas, ele era partilhado.

É inevitável perder a batalha contra a desinformação?
Não, mas temos de ser mais rápidos a pôr informação de qualidade e em massa cá fora, numa linguagem que as pessoas entendam. As autoridades de saúde foram muito cautelosas até decidirem dar informações fidedignas [sobre a pandemia], e isso deu imenso espaço para que houvesse milhares de informações paralelas não verdadeiras a circular. Não há uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão. E dá muito mais trabalho desmentir. Quando Graça Freitas vem dizer que, se calhar, se acaba com os boletins diários porque criam muita ansiedade, esse é o primeiro passo para começar a haver pseudoinformação sobre os números reais. Não acabem com a informação; não é ela que causa ansiedade às pessoas, é a ausência de informação fidedigna, verdadeira e transparente.

Os raros efeitos secundários das vacinas deviam ter sido esclarecidos mais rapidamente?

Acho que as autoridades de saúde não se chegaram à frente porque, para elas, essa questão era muito óbvia, mas a população esquece-se de que até um medicamento tão básico quanto o paracetamol tem efeitos adversos. As pessoas sabem, mas apagam essa informação da sua memória, porque é uma chatice viver com essa ansiedade. Ninguém tomava medicamentos se estivesse sempre a pensar em todos os efeitos secundários que podem acontecer. Na verdade, os efeitos secundários esperados com estas vacinas são muito mais improváveis do que os de outros medicamentos, como a pílula. Os benefícios de tomar a vacina são largamente superiores aos eventuais efeitos secundários que elas possam ter numa percentagem ínfima de pessoas.

Quais foram os principais erros de comunicação da Direção-Geral da Saúde (DGS)?

Não quero dizer mal porque tenho a certeza de que a DGS fez o melhor que conseguia. Um organismo do Estado tem muita dificuldade em criar rapidamente equipas; o problema não é apenas da DGS. É preciso perceber que condições podem ser criadas para termos estruturas mais ágeis, que possam lidar com estas situações de forma mais célere e com mais qualidade. A grande lição que tiramos daqui é a necessidade de a comunicação ser mais ágil e mais transparente para não dar espaço à desinformação.

Os cientistas estão mais conscientes da importância de comunicarem com a população?
Já temos muitos cientistas disponíveis para falar, mas temos de continuar a trabalhar a sua capacidade de ouvir. É absolutamente fundamental haver diálogo. A comunidade científica tem de perceber quais são as dúvidas e as inquietações das pessoas porque, se calhar, está a dar-lhes respostas que não são aquelas que elas precisam de ouvir. Temos de ouvir, senão vamos falhar.

A falta de financiamento é o principal problema da Ciência nacional?
Sim, sem dúvida. A percentagem do PIB atribuído à Ciência tem vindo a crescer, mas precisa de crescer mais. É ainda necessário que as carreiras científicas sejam valorizadas. Estamos a formar pessoas com doutoramentos, e nem todas vão ficar a trabalhar na academia. São profissionais com competências que devem ser valorizadas no mercado de trabalho. Os privados têm de perceber que existe uma mais-valia ao investir em parcerias com a Ciência. A vantagem de pôr os cientistas a dialogar não é apenas ensinar às crianças o que é a Ciência; é também influenciar decisores políticos, as empresas e todos os outros setores da sociedade.

Ainda é um desafio trazer as mulheres para a Ciência?
Portugal é o país da OCDE com mais mulheres na Ciência, mas os lugares de topo são maioritariamente ocupados por homens. Estamos a falhar às raparigas de alguma forma, porque a partir de certa altura passamos a mensagem de que há determinadas coisas a que só os rapazes podem aceder e de que há determinadas capacidades cognitivas que elas não têm. Isto é transmitido de um modo muito subtil, mas muito eficaz, e faz com que, em muitas áreas do conhecimento, as raparigas se excluam, enquanto os rapazes nunca consideram que determinada coisa não é para eles. Também está relacionado com os modelos de representatividade. Temos de criar um ambiente propício para termos mais exemplos femininos.

Tem uma grande paixão pelo teatro. É uma herança de família esta conjugação entre a Ciência e as Artes? O seu pai, António Lobo Antunes, é médico e escritor…

O teatro apareceu mais ou menos por acaso, mas foi um casamento que resultou muito bem, e também cantei num coro. Além de me dar prazer, passei a incorporar as ferramentas do teatro nas minhas formações para ajudar os cientistas a comunicar melhor. Cientificamente, a pessoa que mais me marcou foi o meu avô [paterno]; era médico, investigador, professor e um amante de tudo o que é belo, seja arte, pintura, escultura, música… Foi a pessoa a quem dediquei a minha tese de doutoramento e que deu nome ao meu primeiro filho [João]. O meu avô conseguia conjugar a paixão e o interesse pela Ciência com toda esta vertente humanista. Na nossa casa, não era possível alguém ser só técnico; esta vontade de olhar para o belo era muito natural para nós. Uma coisa muito curiosa é que ninguém fala de trabalho em família, falamos do resto.

De literatura?
Por acaso, sim.