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October 24, 2025

Hoje devia ter feito greve

 

Devia ter subido de escalão este mês de Outubro (aliás, Setembro), mas o ME criou tanta burocracia que é necessário o preenchimento de 50 coisas por várias pessoas. Uma pessoa faz tudo o que tem de fazer a tempo e horas mas depois levam anos com complicações burocráticas para nos prejudicarem. Não vejo outra razão. Fui à plataforma porque alguém me disse que mesmo depois de tudo preenchido é preciso ir lá dizer que se aceita não sei o quê e aquilo está a zeros, diz que falta isto e aquilo. Não falta nada. Desde a nojenta da Lurdes Rodrigues que é isto. Já lá vão 20 anos e todos os que vêm a seguir fazem mesmo. É de propósito para nos prejudicar. Devia ter feito greve.


October 07, 2025

Hoje na escola

 

Toda a gente ria à gargalhada e fazia piadas sarcásticas com o 'inquérito' dos 93% de professores que estão muito satisfeitos com a profissão - falava-se em pessoas que se vendem com facilidade e pessoas que compram. Outros estavam revoltados com o óbvio cozinhado manipulador e todos nos perguntávamos qual seria o objectivo? Trazer pessoas ao engano para as escolas? Ou vêm aí malfeitorias e está a preparar-se o povo para ficar contra os professores como faziam a Rodrigues e o seu clone? Disseram-me que aquilo passou no telejornal e que, pelo modo como a notícia foi dada, parecia credível a quem estivesse por fora do assunto - ou não estando por fora mas querendo muito acreditar. 



July 04, 2025

Eu culpo a Lurdes Rodrigues, essa Megera autoritária

 

Na minha escola decorreu o processo de escolha da nova direcção. Havia duas listas a concurso. Uma era de uma pessoa de fora da escola, uma pessoa que ninguém conhece a não ser uma pessoa ou duas que passaram pela escola onde ela fazia parte da direcção. Portanto, era normal que não tivesse apoiantes. 

A outra era de uma colega da escola. A colega da escola é uma professora de quem tenho muita boa impressão, tanto enquanto professora, muito competente -já tivemos turmas juntas- como enquanto pessoa. Uma pessoa série e sensata, inteligente e cordial, com as ideias estruturadas. Só qualidades a favor.

O Conselho Geral estava há dois meses a escolher. Não se percebe porquê, teve de fazer duas votações e no fim não escolheram ninguém, Não votaram contra a colega da escola, mas também não votaram a favor dela (o que me parece uma cena à Pilatos) e deixaram-nos a nós todos, na escola, num impasse de agora ter de ser a Direcção Geral de Educação a nomear uma equipa qualquer que apareça na escola para geri-la interinamente.

Mesmo que tenhamos a grande sorte de não nomearem bestiagas, serão pessoas que não conhecem a escola, não conhecem a dinâmica da escola, não conhecem as pessoas e hão-de chegar a querer marcar território... mas alguém precisava desta merde?

Não percebo isto... eu culpo a Lurdes Rodrigues que fez questão de esvaziar todos os cargos da escola de democraticidade e transparência e transformar os professores em vozes passivas.

Não percebo, mas o que parece é que as pessoas do CG não levaram em consideração que são eleitas pela comunidade escolar e nos representam a nós e não a sim mesmos e aos seus gostos e interesses pessoais. Porque não vejo outra razão.

Há este entendimento dos cargos escolares, não como locais de serviço mas como locais de poder.

Acho isto típico dos portugueses, esta incapacidade de se porem num lugar neutro e compreenderem objectivamente o interesse geral e serem depois capazes de compromissos com esse fito.

Davam uma oportunidade a esta colega e à sua equipa e se não gostassem, ao fim do mandato, escolhiam outra pessoa.

Se estavam indecisos, podiam ter feito uma auscultação aos professores e funcionários da escola e depois escolher de acordo com a maioria porque a Rodrigues não quis na lei um pingo de transparência em nenhuma etapa do processo, mas também não o proíbe.

Não está escrito em lado algum da legislação aplicável que o CG está impedido de saber a opinião da comunidade escolar e levá-la em conta na ponderação. E alguns de nós até sugerimos isso, mas não foi levado em conta. Não se lembraram que podiam ser democráticos.


June 02, 2025

Histórias da escola

 


A professora do gabinete disciplinar da escola contou-me que aqui há uns anos, um aluno fez uma coisa grave que não devia ter feito e depois mentiu dizendo que não tinha feito e acusou falsamente outro, para se escapar. Foi enviado ao gabinete disciplinar, ter com ela. A professora interrogou-o, mais às testemunhas do caso (tinham imagens no telemóvel) e ele acabou por confessar. A caminho de casa arrependeu-se de ter confessado e contou à mãe a primeira mentira que tinha dito, isto é, que outro é que tinha feito a coisa grave e que o tinham acusado a ele. E depois, para justificar a confissão acusou a professora do gabinete disciplinar de o ter forçado a confessar com ameaças. A mãe foi à escola toda abespinhada acusar essa professora e dizer que ia fazer queixa dela ao ME porque o coitadinho do filho estava a ser vítima de uma conspiração para o condenarem por uma coisa feita pelo outro. A professora contou-lhe o que se passou no gabinete mas a senhora manteve a sua narrativa (mas os pais não conhecem minimamente os filhos que têm? Não. E não percebem que ao falar com os professores estão a falar com adultos que não têm interesse nenhum em prejudicar alunos? Não.). Enfim, como havia testemunhos e outras provas, o aluno acabou por re-confessar. A mãe não pediu desculpa das ofensas e ameaças que fez à professora. No fim disto tudo, o aluno em questão, foi ter com a professora do gabinete disciplinar a perguntou-lhe se era possível arranjar-lhe uma entrevista com uma psicóloga porque era um mentiroso compulsivo e queria deixar de o ser... 


May 20, 2025

Elaborar testes

 


Estou aqui há mais de 4 horas a fazer um teste  para uma turma, com duas versões e mais uma outra versão para um aluno estrangeiro. Não quero o teste demasiado simples -tem de obrigar a pensar- mas também não o quero difícil porque este período é minúsculo (a Páscoa devia ser fixa) e depois não há tempo para remediações. Também o quero interessante e variado. E o teste tem de ser diferente de outros que fiz no passado sobre o mesmo tema (a Filosofia das Ciências) porque os explicadores de hoje-me-dia são manhosos. Têm todos os testes, fichas de trabalho e afins de cada professor da disciplina de que dão explicações, de todas as escolas da cidade, tudo organizado em ficheiros com informações de cada professor e depois treinam os alunos nesses testes, sabendo que a grande maioria dos professores usa os mesmos enunciados de teste, ano após ano - aquilo que estão a querer fazer com as provas de aferição... De maneira que de há uns anos para cá, raramente uso questões de testes antigos e quando as uso transformo-as de tal maneira que ficam irreconhecíveis. Conclusão: uma trabalheira. 


November 06, 2024

Questões da escola actual: a nossa escola ainda é laica?

 

... ou a vida laica deve submeter-se à fé e idiossincrasias das religiões? Alunos que queiram que a religião imponha princípios de conduta à escola não deviam frequentar uma escola particular de cariz religioso? Hoje querem um espaço para rezar, amanhã querem que a escola fique em silêncio enquanto rezam?


Problemas da escola actual:

Alunos que saem a meio da aula, sem mais, para irem rezar.

Pais que exigem que a escola tenha um espaço de oração.

Alunos que faltam a testes porque calham em dias em que a escola tem eventos de celebração do Halloween e a religião deles proíbe assistir a esses eventos.

July 04, 2024

Pela parte que me toca, obrigada Filipa Chasqueira!



O trabalho da DT é um trabalho fundamental, mas como é invisível, na maioria do tempo, ninguém se apercebe a não ser os próprios e aqueles que já andam há muitos anos 'a virar frangos', como se diz por aí. Sobretudo em anos de transição de ciclo, onde tantos alunos se perdem, o trabalho de um bom DT faz uma diferença abissal. 

Dantes era um trabalho menos exigente mas nos dias que correm, com as solicitações exteriores dos alunos, com os encarregados de educação em modo de ansiedade constante (quando não em modo de ataque) e com a falta de professores e a consequente entrada de pessoas sem nenhuma formação para leccionar, o trabalho tornou-se pesado e muito exigente.

Um bom DT tem uma atitude positiva e mantém todos os actores em equilíbrio e em paz para que nas aulas se possam criar situações de aprendizagem frutíferas. Isso implica antecipar problemas, constantemente gerir conflitos, estar por dentro da legislação, saber quem são as pessoas dentro da escola que podem ajudar cada aluno consoante a especificidade do seu problema, perceber se há conflitos dentro da turma e resolvê-los antes de se estragar o ambiente de trabalho, estar constantemente em contacto com os pais, transmitir optimismo dentro das exigências do estudo, responder a problemas que surjam, saber lidar com os EE que tentam sabotar um ou outro professor (o que deixou de ser uma raridade), lidar com os colegas, decidir o que levar ao CT e o que resolver no silêncio para não perturbar um bom clima de trabalho e, acima de tudo, criar um clima de confiança na turma, de maneira que os alunos saibam e sintam que estão em segurança e podem falar com o DT de qualquer problema ou necessidade.

É um trabalho invisível mas fundamental. Muitos professores não percebem isso, assim como não percebem a importância de colaborar com os DT e pensam que umas turmas terem um ambiente de trabalho positivo e outras estarem cheias de problemas não resolvidos é uma questão de sorte. Isto acontece porque o trabalho do DT é invisível para os olhos inexperientes. E não é valorizado nem reconhecido. 

Por conseguinte, pela parte que me toca, obrigada Filipa Chasqueira!

Jornal Sol


June 17, 2024

Dead tired

 

O meu dia de trabalho começou às 5 da manhã e acabou agora mesmo...



June 04, 2024

A idade pesa

 


Quase um dia para esta tarefa. Há 20 anos corrigia 7 turmas de testes na mesma semana e os testes tinham muitas questões de desenvolvimento - nem havia escolhas múltiplas. De facto perde-se muita energia com a idade - ganha-se muito cansaço. A(s) doença(s) também não ajuda(m).

Quando chego a esta altura do ano e faço testes com análise de textos filosóficos (pequenos) e ponho casos concretos para que os pensem e problematizem a partir de um ou outro filósofo ou corrente filosófica, as notas baixam drasticamente, sobretudo por causa do problema do fraco domínio da língua portuguesa e de relacionar conceitos e conjugá-los numa estrutura coerente. 

Faço, nas aulas, exercícios de maleabilidade mental, para que aprendam a relacionar conceitos dentro de um assunto, de tal modo que, sabendo o significado de cada conceito, sejam capazes de responder a qualquer questão. Mas a aprendizagem leva muito tempo, requer maturação.

É preciso dar uma volta na aprendizagem da língua porque influencia todas as áreas de pensamento e de conhecimento.


March 18, 2024

Iniciar?? Isto para mim vale zero

 


Isto de iniciar e devolver durante uns anos tinha tido valor em 2015 ou 1016 e tudo teria sido devolvido até 2020. Agora, passados quase 10 anos a ouvir dizer que é preciso iniciar ou que nem se inicia vai voltar-se 10 anos atrás e iniciar um processo que quando acabar já não há ninguém a quem repor a injustiça? Vão-se encher de pulgas, com todo o respeito. Pelas pulgas.


Novo governo terá “capacidade financeira” para iniciar devolução aos professores

No PSD cresce a convicção de que não será preciso um orçamento rectificativo para avançar com bandeiras da AD, como iniciar a devolução do tempo de serviço das carreiras docentes.


March 16, 2024

Uma escola diferente



Ontem, a propósito de um assunto, falei numa turma da rede social Distort e do artigo que li no WP: dos grupos de predadores que lá andam, dos cuidados que é preciso ter e de como é importante, em caso de se ser apanhado por um predador, não ter medo de falar logo com a família ou com um professor em quem confiem. Os miúdos ficaram chocados com a história. Muitos não entendem porque razão as vítimas fazem o que lhes mandam fazer. Não têm nenhuma noção do que são os processos psicológicos. Um rapaz da turma está nessa rede social e usa-a para jogar jogos.

As escolas são lugares onde a degradação das relações acompanha a degradação da sociedade: as pessoas estão mais pobres e, apesar disso fazer Centeno muito feliz, torna as pessoas mais irritadiças: pais, alunos e professores. Os pais não estão equipados para lidar com estes novos fenómenos das redes sociais e o que elas fazem aos filhos e esperam que a 'escola' resolva toda a vida deles. Não há professores, vão-se buscar pessoas que não têm formação - manter uma turma em ordem, disciplinada positivamente, livre de conflitos e, em muitos casos, de violência é uma tarefa muito difícil que não se coaduna com curiosos. Muito menos ser capaz de lidar com pais cada vez mais intrusivos e, não no bom sentido de colaboração. A escola precisa de seguranças que patrulhem os espaços exteriores, precisa de funcionários - há escolas fechadas, sem aulas, por não terem funcionários suficientes para assegurar as valências. Claro que nestas condições a violência aumenta.

Não tenho esperança nenhuma que as coisas melhorem, dado que umas elites políticas pensam que é excelente os portugueses serem pobres, outras que é preciso privatizar tudo porque 'os mercados' é que sabem pensar os seres humanos e todos eles entendem que não há razão para valorizar os professores, que qualquer um pode 'dar aulas' e que os alunos podem ser desviados para o ensino particular ficando o ensino público como uma espécie de escola de pobrezinhos para quem 6 anos de escola primária basta.

Há muitos anos que defendo que os professores novos, mesmo com formação especializada, devem ter nas escolas para que vão, um buddy - um professor mais velho, com experiência, que os oriente e ajude nos primeiros dois anos, por exemplo, mas para isso era necessário que houvesse professores suficientes. Neste momento, os que existem estão com horas extra para minimizar a falta de professores.

A ideia de ir buscar professores reformados para voltarem à escola é uma miragem. As pessoas querem mesmo ir embora. Quem está de fora não entende o ambiente dentro das escolas com a desgraça que têm sido as políticas na educação. Lá está, as escolas reproduzem o que se passa na sociedade: em cada escola há 10 ou 12 pessoas que estão excelentes à custa dos outros todos.

Ontem falava com um colega que está doente. Disse-me que trabalhou uma série de anos numa empresa e depois resolveu vir para o ensino por causa do horário flexível, mas que está arrependido porque o trabalho que tinha, embora obrigasse a estar dentro do escritório aquelas horas fixas por dia, não era um trabalho intensivo. Tinha momentos intensivos mas com muitas quebras em que ia beber um café, falava com os colegas, etc. e o trabalho na escola é muito intensivo/desgastante. Assim que se entra na sala de aula está-se concentrado com a máxima intensidade 90 minutos a representar o papel de uma peça, que recomeça várias vezes ao dia (com esse ou outro guião), com a diferença que tem de preparar-se cada um e todos os 30 da audiência para trabalhar, aprender, progredir, desenvolver atitudes e comportamentos positivos, aprender a pensar, adoptar metodologias de trabalho, ter rigor e brio no trabalho, estar preparado para a entre-ajuda, para ir a exame, para apresentar um trabalho, para regular emoções, para ter autonomia e iniciativa... etc. E depois disto e de lidar com a ansiedade e, por vezes, a hostilidade dos pais, mais a estupidez do ME e das pessoas que nas escolas professam com entusiasmo a estupidez do ME e de preencher grelhas infinitas vai-se para casa fazer fichas, ler, estudar, fazer formação, classificar testes, preocupar-se com este aluno e o outro... no geral, disse-me ele, a flexibilidade de horário que se podia ter não compensa este desgaste, mais a falta de uma carreira, a desvalorização social, a antipatia da sociedade pelos professores, os ataques constantes das tutelas, o paternalismo, o mau salário, o roubo de anos de serviço e agora, ter de trabalhar com pessoas sem nenhuma formação para o trabalho do ensino - nem são da área que ensinam nem têm alguma formação em pedagogia e didática. Algumas só arranjam problemas e aumentam o desgaste.


September 20, 2023

Inclusão é atirar os alunos para dentro da escola

 


Este ano tenho uma turma do 10º ano (29 alunos) com 3 casos de alunos com necessidades especiais, um deles complicado. Ainda tem um aluno ucraniano refugiado de guerra. Veio para cá a meio do ano passado mas tinha aulas online com a Ucrânia para poder passar o ano e ter equivalência. Resultado: não fala nem percebe português. Não há ninguém na turma que fale ucraniano. Ele tem Português Língua Não Materna, duas vezes por semana... isso é o quê? Nada. O miúdo precisava de um curso intensivo de português e de um intérprete para fazer a transição. Hoje tivemos a 1ª aula e tive que falar com ele em inglês. De início vou levar os documentos e fichas e tudo bilingue, em português e inglês, mas nas aulas estou a trabalhar em português e a falar português. Está o rapaz à nora, sem perceber nada. Inclusão é atirar os alunos para dentro da escola e depois desenrasquem-se. Agora ando na escola a tentar encontrar uma aluna do 12º ano que é romena e que me disseram que costuma ajudar os miúdos do Leste, para lhe pedinchar que faça o trabalho que era suposto ser feito por um profissional designado e entretanto vou ver se um aluno qualquer da turma fala inglês para se sentar ao lado dele e ajudar.

Entretanto, imensos professores estão com horas extra para evitar enviar horários de duas turmas a concurso e ficarem montes de alunos sem aulas por falta de professores.

E ninguém nos livra deste ministro.


September 11, 2023

Obrigada!

 

(...)

É por isso que tudo aquilo que é investido nas escolas não pode ser entendido como um custo. Cada cêntimo que é investido na educação e na escola é, isso sim, um investimento em cada um de nós.

É um investimento no futuro do país e a garantia de que as gerações vindouras estão mais bem preparadas para se realizarem plenamente, em harmonia com o ambiente e com respeito pelos nossos valores fundamentais. Bom ano letivo para todos!

Álvaro Araújo in com-a-escola-no-coracão
Presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e Vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses

April 05, 2023

Ontem passei a tarde a mandar emails para os alunos e para os encarregados de educação

 


O primeiro dia do período de férias escolares dos alunos, quando muitos viajam com a família, foi o dia em que a tutela resolveu abrir as inscrições para os exames (as inscrições decorrem durante as férias) e foi o dia em que enviou resmas de documentos de legislação sobre os exames. Algumas das orientações enviadas requeriam ser discutidas nos conselhos de turma, que já tinham sido realizados!!! Entretanto, os miúdos e os pais, que têm sempre dúvidas sobre os exames, agora estão de férias -alguns fora do país- e não têm os professores disponíveis, como acontece quando decorrem as aulas, para tirar dúvidas e pedir ajuda. Pessoalmente penso que estes dirigentes merecem uma medalha de mérito pelos serviços de incompetência regular que exibem, ano após ano. Não é para qualquer um. Não falham um ano.


January 24, 2023

Hoje tive a 1ª reunião de EE

 


Estava na expectativa de ver a reacção dos pais à situação da greve. Falei muito brevemente no assunto só para dizer que tem havido alguma perturbação devido à greve e que pelo caminho que as coisas estão a tomar não parece que venham a ser resolvidas rapidamente. Nenhum dos pais se manifestou contra ou algo do género e  alguns concordaram comigo sobre não parecer haver luz ao fundo do túnel por parte de quem governa. A reunião correu bem. Toda os professores gostam da turma, os miúdos são muito simpáticos.

Amanhã há outra, logo se vê como corre.

January 06, 2023

"Pela saúde da escola pública"





Pela saúde da escola pública

por Miguel Guedes

No momento em que a escola pública é alvo dos maiores ataques, pela ganância e cobiça de quem desvaloriza o seu valor fundador como semente de democracia, igualdade e progresso, é impossível não estabelecer paralelismos com os ataques ao SNS e à dificuldade que tem havido em racionalizar e garantir a progressão na carreira dos seus profissionais, em número e qualidade, valores maiores e garante de uma resposta capaz, de confiança e certezas. É a saúde da educação pública que está em causa, numa luta que promete fazer parar o país antes que ele se perca em actividades extracurriculares à História fora de aulas. Nunca a escola pública correu tantos perigos, nunca teve tantos algozes capacitados, ao virar da esquina do Parlamento, para a enfraquecer e destruir.

É ao poder político que compete dar o sinal que entende a algumas das legítimas reivindicações dos professores e comunidade escolar. Numa economia assolada pela espiral inflacionista, com a perda do poder de compra dos salários e pensões abaixo da inflacção, um mercado especulativo e disfuncional na habitação que justifica a criação (e bem) de um ministério, a subida das taxas de juro que prometem entregar casas das famílias aos bancos, com os fenómenos de demagogia e assalto ao sector público que germinam e proliferam, as legítimas greves no sector da educação devem ser proporcionais ao dano que, inevitavelmente, causarão a centenas de milhares de crianças e jovens que, após meses de covid à distância, irão mesmo ficar sem aulas, comprometendo a recuperação do seu percurso escolar e a dinâmica das famílias que, em tempo normal de trabalho, não as conseguirão reter em casa com acompanhamento.

A "municipalização" dos concursos poderá ser uma questão ultrapassável e eivada de preconceito e maus entendimentos. Mas décadas de subinvestimento nas escolas e nos seus profissionais, que culminam nos últimos anos de acrescidas dificuldades e congelamento do tempo de serviço e progressão nas carreiras, são verdades absolutas que resistem, indesmentíveis, à prova de todas as boas intenções. Uma actualização equilibrada e progressiva de vencimentos, uma avaliação de desempenho decente (que não seja autolimitada por "numerus clausus" e "ratios" completamente alheios à avaliação), uma nova equação para a "norma-travão" que, por inadequação à realidade, tem afastado docentes da vinculação e estabilidade, limitações ao excesso de burocracia e maiores garantias de respeito pelo papel dos professores nas escolas, terão de ser imperativos para a manutenção dos laços de estabilidade mínima entre aqueles que elegeram uma maioria absoluta pela ilusão de estabilidade e segurança que estes nove meses de permanente gestação executiva tudo têm feito para ilidir. Uma greve geral prolongada na educação pode ser dinamite no fim de um inverno rigoroso para o Governo. Competirá a António Costa perceber o momento.

January 02, 2023

Ladrilhozinhos de vitrais

 


É o que me faz lembrar a época filosófica em que vivemos. À semelhança da época helenística que a partir das grandes escolas filosóficas da Antiguidade se partiu em miríades de vidrinhos, de correntes filosóficas e suas subsidiárias, também a época actual é uma miríade de ladrilhozinhos multiplicados a partir das grandes escolas da idade moderna. É muito difícil alguém ter, nos dias de hoje, uma visão completa de tudo o que se pensa na filosofia, mesmo entre os investigadores universitários, tal é a catadupa de centenas artigos, textos, ensaios, teses e livros que se publicam constantemente. Isso em parte deve-se à obrigação que os professores universitários têm em publicar artigos (muito do que se publica acaba por ser, necessariamente, sem interesse) e aos milhares de pessoas que se dedicam à filosofia devido à democratização dos estudos universitários. 

É uma época interessante dado que há muita perspectiva nova a entrar no rio das ideias. Por outro lado, é preciso alguma inteligência para uma pessoa se orientar nesta enorme rede. Não sei até que ponto será possível um pensador desenvolver nos dias que correm uma grande filosofia - pensar requer tempo e dedicação para evoluir em profundidade e as exigências de burocracia e publicações que fazem aos investigadores juntamente com a sobrecarga de trabalho são um obstáculo à possibilidade de pensamento profundo e original de grande escopo. Muito do que se escreve (ou pelo menos do que leio do que se escreve, que é uma ínfima parte) são remakes de ideias do passado, sem nada daquele espírito típico dos filósofos que se reconhece imediatamente pela intuição penetrante e original com que perspectivam a 'realidade'.

Para uma pessoa como eu, que não sou investigadora e que ensino numa escola secundária, a vantagem dos dias de hoje é termos acesso a tudo o que se escreve e pensa. Há trinta anos isto não seria possível. Para ter acesso à investigação universitária era preciso ir às universidades consultar as teses de mestrado ou de doutoramento, procurar actas de colóquios, ler as revistas todas da especialidade, gastar rios de dinheiro em livros ou conhecer alguém de dentro que nos orientasse. E mesmo assim o que se acedia é um grão de areia quando comparado à situação actual. É certo que havia muito menos a que aceder e conhecíamos muito bem os grande especialistas neste ou naquele autor ou tema. Pois hoje temos acesso às mais recentes abordagens filosóficas à distância de um clique, se as sabemos procurar ou até mesmo sem procurar: o algoritmo envia-nos todos os trabalhos reputados dos temas que sabe que nos interessam.

Há bocado, à tarde, estava a preparar um pequeno plano para abordar na primeira aula do período a questão da possibilidade e valor do conhecimento. Pus-me a ver maneiras de estruturar a questão do cepticismo e o dogmatismo - não gosto da maneira como o tema é tratado no Manual adoptado. Fui dar com uma dúzia de tipos de cepticismo, alguns dos quais não sabia, como por exemplo, o neo-pirronismo, que tem origem no pensador brasileiro, Oswaldo Porchat e que hoje-em-dia domina o pensamento filosófico da América Latina. Muito interessante.

É claro que não me vou pôr a trabalhar todos estes tipos de cepticismo com os alunos, porque a Filosofia no ensino secundário não é um curso de especialização. Nem há a intenção que os alunos se posicionem a favor ou contra esta ou aquela perspectiva (isso são os totós que fizeram estas orientações do programa e que influenciam os exames). A maioria são trabalhadas para parecerem equipolentes (talvez algumas o sejam...) porque não estamos a ensinar verdades ou metodologias de verdade e essa diaphonía, embora apreça negativa para a mentalidade actual que quer respostas rápidas e enlatadas para tudo, é um caminho que leva à prudência no pensar e à consideração das perspectivas diferentes das nossas. De maneira que a Filosofia no ensino secundário é uma introdução -e se possível uma descoberta transformadora- às possibilidade do pensar crítico e racional e às virtudes da sua aplicação na vida de cada um e de todos, no pressuposto de que essa adolescência é uma idade em que o terreno ainda é permeável às sementes do pensar. 

Porém, podemos entrar um bocadinho nelas, porque é melhor que se perceba a complexidade da realidade, mesmo que não se consiga abarcá-la totalmente, do que se pense que tudo é trás-pás como se vê.


December 19, 2022

Desejos físicos e desejos metafísicos

 



Por que é que as universidades de elite injectam estudantes nas mesmas cinco indústrias: direito, medicina, tecnologia, investimento e consultoria de gestão?

Segundo o pensador René Girard a infância moderna está estruturada como um tapete rolante. Cada criança progride à mesma velocidade, independentemente do quanto aprenda. Suba para o tapete rolante e terá sucesso. O liceu leva à universidade, que leva à pós-graduação, que leva a uma carreira de prestígio.

Sempre que conheço um universitário, pergunto: "Preferes ter um C numa disciplina, mas na realidade aprender o material em estudo ou um A mas sem aprender nada"? A maioria obedece à lógica da correia transportadora e escolhe com relutância o A. Claro, alguns estudantes gostam do tapete rolante. Gostam de saber o que precisam de fazer e quando precisam de o fazer. Geralmente, estes conformistas estão mais interessados nas recompensas das boas notas do que nos frutos do conhecimento. São bons estudantes e bons empregados.

Outras pessoas, como eu, detestam o sistema de tapetes rolantes. Sentem que as recompensas não valem o esforço. Não querem seguir o programa na aula e certamente não querem que o seu manual de instruções para a vida venha de burocratas e professores da escola.

René Girard diz que há dois tipos de desejo: o desejo físico e o desejo metafísico. O desejo físico é querer um objecto pelas suas qualidades inerentes, como um copo de água porque se tem sede - ou aprender pelo desejo de saber. Isto é saudável.
O desejo metafísico é diferente. Adquirir o objecto só traz alegria porque é um meio de se tornar um certo tipo de pessoa. Só se preocupa com ele por causa do que ele diz sobre si - aprender apenas para obter boas notas ou um diploma é insalubre.

As pessoas movidas pelo desejo metafísico pensam que a sua realização lhes trará total satisfação. Pensam que as notas de 20 e um trabalho impressionante para os outros irão satisfazê-los. Mas independentemente do quanto progridam na esteira rolante, ainda se sentem vazias.

A esteira rolante funciona com o combustível do desejo metafísico. Copiamos os desejos de outras pessoas e confundimo-los com os nossos. Eventualmente, já não conseguimos ouvir os caprichos da nossa voz interior. Os nossos desejos minam-nos e vão contra os nossos melhores interesses. Demasiados estudantes ficam entorpecidos com as alegrias inerentes ao trabalho. "Aprender" é apenas um esforço digno quando os ajuda a avançar para a fase seguinte. As suas satisfações são passageiras e imediatamente seguidas de um vazio. Como uma miragem no deserto, nunca saciam a sua sede de realização.

Há uma escassez de desejo físico e um excesso de desejo metafísico. Mesmo após 16 anos na sala de aula, demasiados alunos desconhecem quem realmente são e que assuntos os interessa. Não têm qualquer sentido de curiosidade e não fazem ideia do que os interessa. Intuitivamente, sabem que algo está errado. São governados por um desejo metafísico. Como um estudante me disse recentemente: "Sinto que ninguém gosta da escola."

Quem segue o caminho do tapete rolante tem desejos espelhados, o que leva ao stress e à ansiedade. Todos os anos, cada vez mais alunos do ensino secundário sonham em entrar nas escolas da Ivy League que prometem a salvação da vida, mas limitam os seus números de aceitação como uma discoteca de Berlim.

Com a mentalidade de tapete rolante vem um medo de fracasso. Se cai, fica para trás... por isso não pode cometer nenhum erro. Um mau teste e o seu boletim de notas ficará para sempre manchado. Um semestre pobre, e as suas hipóteses de educação numa Ivy League desaparecem.

E uma vez que o seu avanço tem um limite máximo, porquê ser criativo?

Mas a vida real não funciona assim. Não há limite de velocidade. Uma vida interessante não tem um caminho concebido por outros em automatismo. A vida não acaba aos 30 anos. A aprendizagem é crucial, mas a perfeição não é o que está em jogo.

Se tivéssemos concebido explicitamente um ambiente para a competição mimética, construiríamos um sistema como o que temos hoje: competição insana por pontos limitados, a busca de recompensas sem sentido e estudantes indiferenciados que competem pelos mesmos escassos símbolos de estatuto.

Prémios sem sentido conduzem a rivalidades brutais. Reflectindo sobre o seu tempo nas universidades, Henry Kissinger disse uma vez: "A política académica é especialmente viciosa porque as apostas são muito pequenas".
A modernidade enganou-nos a pensar que os nossos desejos mais autênticos são os nossos desejos mais fortes. Mas isso é falso. Mesmo os nossos desejos mais fortes podem tornar-nos infelizes se os desejarmos não pela utilidade que nos proporcionam, mas pelo estatuto que supostamente nos trarão.

Porque é que a diferenciação é importante? Paz e estabilidade. As pessoas não invejam aqueles que são muito diferentes deles, razão pela qual as pessoas têm invejado historicamente os seus vizinhos e amigos mais que os bilionários. "Ama o teu próximo" é mais difícil do que amar alguém distante.

A pior luta acontece entre iguais. A primeira linha de Romeu e Julieta diz: "Duas casas, ambas iguais em dignidade". O ódio entre os Montéquios e os Capuletos é tão feroz porque são tão semelhantes.

Para Girard, a falta de diferenciação lança as sementes da violência. O arco da história está a conduzir a uma menor diferenciação. O núcleo comum tem todos os estudantes de escolas públicas na América seguindo o mesmo currículo. Os SATs têm-nos a estudar para os mesmos testes. O prestígio de um diploma da Ivy League leva-os a candidatarem-se às mesmas escolas. As empresas multinacionais têm-nos a competir pelos mesmos empregos. Quase todos os universitários querem trabalhar nas mesmas cinco indústrias: direito, tecnologia, medicina, investimento, e consultoria. Estão presos em bolhas claustrofóbicas e cegos às oportunidades.

Dizem aos miúdos que manterem-se no tapete rolante é a chave para o sucesso. Mas as escolas são máquinas de uniformidade esmagadoras. Os troféus são ocos. As notas são basicamente desprovidas de sentido. As suas recompensas trazem uma satisfação fugaz.

A alternativa é um sistema escolar que encoraje a diferenciação. Um sistema em que as crianças são encorajadas a explorar a sua curiosidade e a escapar à estreita e conformista esteira rolante. 

David Perell
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Este artigo é interessante e toca num ponto sensível, mas a sua conclusão não deriva logicamente das premissas. Se a sociedade incentiva as famílias a empurrarem os seus filhos para um sistema de aparências e recompensas, não é a escola que vai conseguir transformar a sociedade. Entre a escola e a sociedade há uma relação dialéctica, não unívoca.

Vejamos: as indústrias empurram as crianças e adolescentes para as mesmas redes sociais que existem no espaço da recompensa dos desejos metafísicos; os videojogos, diferentemente dos jogos antigos, incentivam a recompensa individualista; os jornais e os meios de comunicação social fazem publicidade aos alunos que têm notas de 20, que entram para os cursos onde se requer 20 valores de entrada como se isso fosse o ideal do estudante e do sentido da vida; só falam no sucesso, fazendo com que todos que não têm 20 se sintam um fracasso; as empresas publicitam que só vão buscar empregados a um número restrito de universidades; os políticos põem os filhos em certos colégios e universidades e depois atiram-nos com cunhas para assistentes de um ministro ou da presidência europeia; os ministros da educação discriminam professores não-uniformes e não-conformistas e premeiam os que aceitam as cangas do conformismo; punem o pensamento crítico e divergente; aliás, punem o pensamento e promovem a sua substituição pelo emocionalismo; promovem os testes 'de cruzinhas' classificados automaticamente por máquinas; o ensino é reduzido ao essencial (língua materna e matemática); os alunos passam todos indiferenciadamente, tenham ou não aprendido alguma coisa... é preciso dizer mais? Depois disto tudo ser pensado para esmagar professores e alunos com o cinto da uniformidade, pedem que a escola seja diferenciadora? Organizar a sociedade como um todo para a mesmidade e depois clamar que não há diferenciação? É completamente ilógico.

March 18, 2022

“Esta escola, que cansa os alunos, arrasa os professores” – Luís Costa

 


Estabilidade e mudança devem caminhar sempre juntas, num sábio equilíbrio. Excetuando os imprevisíveis momentos revolucionários, a segunda deve ir acontecendo, paulatinamente, sem nunca pôr em causa a primeira. É um princípio válido em todas as áreas da ação humana, mas especialmente pertinente no ensino, que se consubstancia, consolida e aperfeiçoa precisamente na estabilidade pedagógica, numa sensata longevidade das práticas. Só assim, num caminho que se faz caminhando, os professores, assessorados pelo tempo, podem planificar a sua ação didática, produzir os seus materiais pedagógicos, os seus instrumentos de avaliação, e aperfeiçoá-los, adequando-os cada vez mais aos seus alunos, ao que resultou ou não resultou tão bem. Depois, devem ter tempo para, com eles, tirar o devido partido das rotinas criadas, tornando a sua prática pedagógica mais eficiente, mais bem-sucedida, mais perfetiva, mais estimuladora e geradora de aprendizagens. Porém, o que acontece atualmente está nos antípodas.
Nas escolas portuguesas, presentemente, vive-se um autêntico (e tresloucado), vórtice de mudança. Tudo muda, a toda a hora, a todos os níveis, no início, no meio e no final dos anos letivos: muda-se, constantemente, os documentos mais estruturantes; muda-se, constantemente, todos os regimentos; muda-se, constantemente, todos os critérios; muda-se, constantemente, todos os restantes documentos de natureza mais pedagógico-didática; muda-se, constantemente, a própria carga horária das disciplinas; muda-se, constantemente, os objetivos programáticos/metas/competências essenciais; muda-se, constantemente, as regras de transição dos alunos; experimenta-se até a alteração da própria duração dos períodos escolares, em muitos casos só porque sim, como se tanta mudança não fosse já extravagante, como se as escolas vivessem, há muito, num sereníssimo lago de apatia e fizesse alguma adrenalina ao quotidiano escolar. Ao projeto Milagre, sucede o Eureca; ao Eureca, sucede o Flexi; ao Flexi, o Desmaia; ao Desmaia, o Passe-vite; ao Passe-vite, o Fornicoques. E assim… por diante! Mas a vertigem não se fica por aqui. Segura-te o leitor, toma um Rennie, porque a montanha-russa ainda tem mais uns “loopings” bué de loucos. São as maradas reviravoltas das interrupções e das intromissões.
(...)
Programas extensos para cargas horárias tão diminutas e uma infinitude de balões de água sempre a cair no espaço pedagógico, em nome de tudo e mais alguma coisa: da articulação, da cidadania, da transversalidade, da interdisciplinaridade, da sexualidade, do exercício físico, da ecologia, da solidariedade, dos valores, da leitura… do diabo a quatro. 
Não há nenhuma santa unidade que comece e acabe sem uma, duas, três ou mais interrupções. “Acabar” é um eufemismo, pois há muito que nenhuma unidade acaba efetivamente, visto que, há muito, deixámos de ter tempo para exercitar verdadeiramente, para consolidar, para aprofundar (já nem sequer falo em expandir), ou seja, para aprender realmente. E, nesta autêntica cozinha comunitária em que se está a transformar o currículo do ensino básico, todos os cozinheiros acabam por meter a colherada na sopa coletiva, desde os que moram nos andares superiores aos locatários do mesmo andar, passando pela vizinhança. 
Até a RNB (que mais parece a Rede Nacional de Bibliossecas) já se está a querer assumir, não como coadjuvante da nossa ação pedagógica e educativa, mas como entidade que impõe atividades, numa determinada regularidade, exige relatórios, estatísticas e evidências. Diz o povo, e com razão, que muitos cozinheiros estragam a sopa. É verdade, mas também é verdade que adrenalina não falta, e muita resulta da interação, cada vez mais apimentada, entre os diferentes actantes deste autêntico centro de atividadezinhas em que a escola básica tem vindo a ser transformada.
Esta escola, que cansa os alunos, arrasa os professores, fragmenta o currículo e “superficializa” as aprendizagens.