June 13, 2022

A instrumentalização política da educação só tem feito degradar os sistemas

 


E não é só cá, é em todo o lado, e não é só nas escolas, é nas universidades também. Políticos nas universidades a subverter o sistema, políticos a comprar teses de mestrado e doutoramento, sistema de verificação de pares tão selecto que só com a cunha certa se consegue ser revisto, políticas educativas moldadas aos interesses eleitoralistas dos políticos ou às pedagogia dos donos de empresas de explicações, escolas privadas, gestão escolar salazarenta para controlo micro-totalitário... 

Em França chegou-se ao cúmulo de subir por decreto um ou dois valores das notas que os júris atribuíram nas provas do 'bac'. Depois das notas atribuídas os professores viram, com estupefacção, que o júri nacional tinha mandado subir um valor a todas as notas, de modo totalmente arbitrário. Isto depois do próprio sistema informático estar programado para fazer ajustes internos às notas lançadas na plataforma. Para quê todo este trabalho de classificar?

As provas do bac que nos anos 90 tinha uma taxa de sucesso de 75%, agora têm de 90%. É como cá faz este ex-SE, agora ministro: manda que se passe todos e depois gaba-se que reduziu muito a taxa de abandono e de insucesso.

A responsabilidade desta degradação é dos políticos que querem instrumentalizar a educação e os professores, mas também dos seus facilitares, entre os quais se contam a maioria dos professores universitários (quem faz os currículos escolares e forma professores) que em vez de se informarem do que passa realmente nas escolas só querem chamar nomes aos professores e espalhar mentiras para... não sei... sentirem-se mais importantes ou assim. Em vez de ajudarem a resistir a esta decadência reforçam-na e são coniventes com estas manhas de fazer parecer que o trabalho da educação está bem pensado pelas suas cabeças.

Não tarda muito para que esta decadência dos níveis de qualidade do ensino chegue à produção científica e comece a ser difícil a inovação científica e tecnológica como as conhecemos. Neste momentos beneficiamos dos que foram educados há, pelo menos, quinze anos ou mais, antes desta falência intelectual que assola os políticos e satélites. Mas daqui a vinte anos, o que é já ao virar da esquina, o panorama será muito diferente. Talvez já se tenha posto as máquinas a fazer o que não saberemos fazer.


Controvérsia sobre as notas do bac, aumentadas de forma autoritária

Por Marie-Estelle Pech

Embora a taxa de sucesso do bac tenha subido de 75% nos anos 90 para 90% em 2021, os professores-correctores estão muito pressionados a corrigir as provas. E estão ainda mais exasperados porque o software que têm de utilizar faz pequenos ajustes internos muito mais visíveis do que antes.

Centenas de professores testemunharam isto durante os últimos dois dias. As notas do bac nos nos testes da sua especialidade foram aumentadas sem aviso. "As minhas notas foram sistematicamente aumentadas. Eu tinha uma média de 11,3 no meu pacote de provas. A média foi aumentada para 12,5. A pior nota era 5, agora é 7/20. É um escândalo", disse uma professora de história à Marianne. "Todas as minhas notas subiram um valor. Qual é, então, o objectivo da classificação? O descontentamento aumenta ainda mais porque estes pequenos remendos nas notas estão agora acessíveis através da plataforma de correcção online do ministério: Santorin. A associação de professores de história foi a primeira a expressar a sua exasperação. "Segundo numerosas fontes que foram cruzadas e verificadas, esta plataforma aumento todas as médias de todos os testes nas academias de Versalhes, Paris e Créteil, entre outras", disse a associação.

DECISÃO "OPACA E ARBITRÁRIA

Os professores que tinham sido responsáveis pela correcção "ficaram muito surpreendidos ao descobrir que as suas notas tinham sido alteradas quando quiseram registar as suas notas para sua própria informação". Manifestámos repetidamente a nossa preocupação sobre a organização deste bac, "mas em momento algum poderíamos imaginar que a prerrogativa de classificação por um júri soberano pudesse ser posta em causa, mais uma vez de uma forma totalmente opaca e arbitrária". A associação denuncia uma atitude casual "em relação às suas funções de avaliação". Há muito que há instruções orais a aconselharem a benevolência nas reuniões de harmonização, mas sempre deixando à "responsabilidade dos professores, enquanto que neste caso, foi simplesmente uma decisão arbitrária, tomada sem qualquer transparência".

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