E não é só cá, é em todo o lado, e não é só nas escolas, é nas universidades também. Políticos nas universidades a subverter o sistema, políticos a comprar teses de mestrado e doutoramento, sistema de verificação de pares tão selecto que só com a cunha certa se consegue ser revisto, políticas educativas moldadas aos interesses eleitoralistas dos políticos ou às pedagogia dos donos de empresas de explicações, escolas privadas, gestão escolar salazarenta para controlo micro-totalitário...
Em França chegou-se ao cúmulo de subir por decreto um ou dois valores das notas que os júris atribuíram nas provas do 'bac'. Depois das notas atribuídas os professores viram, com estupefacção, que o júri nacional tinha mandado subir um valor a todas as notas, de modo totalmente arbitrário. Isto depois do próprio sistema informático estar programado para fazer ajustes internos às notas lançadas na plataforma. Para quê todo este trabalho de classificar?
As provas do bac que nos anos 90 tinha uma taxa de sucesso de 75%, agora têm de 90%. É como cá faz este ex-SE, agora ministro: manda que se passe todos e depois gaba-se que reduziu muito a taxa de abandono e de insucesso.
A responsabilidade desta degradação é dos políticos que querem instrumentalizar a educação e os professores, mas também dos seus facilitares, entre os quais se contam a maioria dos professores universitários (quem faz os currículos escolares e forma professores) que em vez de se informarem do que passa realmente nas escolas só querem chamar nomes aos professores e espalhar mentiras para... não sei... sentirem-se mais importantes ou assim. Em vez de ajudarem a resistir a esta decadência reforçam-na e são coniventes com estas manhas de fazer parecer que o trabalho da educação está bem pensado pelas suas cabeças.
Não tarda muito para que esta decadência dos níveis de qualidade do ensino chegue à produção científica e comece a ser difícil a inovação científica e tecnológica como as conhecemos. Neste momentos beneficiamos dos que foram educados há, pelo menos, quinze anos ou mais, antes desta falência intelectual que assola os políticos e satélites. Mas daqui a vinte anos, o que é já ao virar da esquina, o panorama será muito diferente. Talvez já se tenha posto as máquinas a fazer o que não saberemos fazer.
Por Marie-Estelle Pech
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