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April 09, 2025

Liguei a TV e apanhei o debate de Tavares e Raimundo

 


Cada um despejou a sua cassete. O debate foi desinteressante. Slogans sobre tudo, alguns contraditórios com outros que defendem e nenhuma proposta de solução de problema algum. Curiosamente, mas sem surpresa, muitos dos desejos de Raimundo (temos que falar mais vezes com Putin, temos de acabar com isso de armar a Europa, etc.) são os que Trump defende.


March 24, 2025

Uma falsa dicotomia

 


O que pesará mais no resultado final da AD, os portugueses que avaliam positivamente a governação e estão-se a marimbar para eventuais desvios éticos ou os portugueses que, mesmo dando nota positiva ao governo, não acham aceitável o facilitismo? A falta de transparência foi, e vai continuar a ser, o principal foco de instabilidade. O resultado da Madeira mostra que o eleitorado privilegia a estabilidade

Paulo Baldaia in Expresso


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Baldaia põe a questão do votos dos portugueses de tal modo que parece haver apenas duas alternativas: ou os portugueses votam Montenegro porque se estão nas tintas para a ética ou os portugueses não votam Montenegro, mesmo pensando que fez um bom trabalho, porque dão importância à ética. Desta maneira rotula os portugueses que votarem no PSD como pessoas sem ética. Obviamente uma falsa dicotomia (talvez com intenção pouco ética). Uma terceira alternativa a estas duas será a dos portugueses pensarem que a alternativa ao voto no PSD é o voto no PS, um partido que governou o país quase desde o início do milénio com um breve interregno de três anos, quase sempre com as mesmas pessoas e quase sempre com enormes escândalos de corrupção, compadrio, tráfico de influências, roubos, casos de mortes por negligência, perseguição de pessoas pelos poderes públicos, tentativa de captura da justiça, distribuição de familiares, amigos e correligionários pelos cargos do poder... enfim, uma falta de ética tão grande que um dos governantes desses largos anos de PS no governo está a braços com dezenas de processo na justiça. Fora todos os outros. Portanto, usando a (má) lógica de Baldaia, podíamos dizer que quem vota no PS não quer saber da ética e do facilitismo que os governantes do PS têm evidenciado ao longo de tantos anos.

March 23, 2025

No que me diz respeito nunca votarei num governo de bloco central

 


E não voto no PS enquanto as pessoas ministeriáveis são estas dos governos de Sócrates e de Costa.


Moderado, responsável, em coligação

António Barreto

Não é absolutamente certo, mas a estabilidade política e governamental criada por uma coligação e um governo de centro é o grande trunfo pelas liberdades e pelo progresso.  - Público


February 20, 2025

Um artigo muito interessante sobre a candidatura de Gouveia e Melo




Penso que só falta ter feito uma observação: a popularidade de Gouveia e Melo vem justamente de ser pouco conhecido para além da competência e seriedade que mostrou durante a pandemia. Os outros candidatos, em geral, já as pessoas os conhecem de ginjeira e sabem o que são: gente ao serviço de partidos, uns e, de si mesmos, outros. De resto, uma análise muito bem feita.

Gouveia e Melo não é um perigo, é um aviso ao PSD e PS (e o risco que corre é outro)


David Dinis

Parece que o Almirante Gouveia e Melo decidiu largar a carreira militar e abraçar uma candidatura presidencial, já a partir de março. Parece que muitos políticos se assustaram com isso e que alguns comentadores ficaram mesmo preocupados com a ascensão de um militar ao Palácio de Belém, cerca de 40 anos depois de Eanes. Percebo o susto de uns e o pânico de outros, mas estou em crer que é excessivo: o risco de Gouveia e Melo na Presidência não é ele ser militar, é outro. E talvez nem seja um perigo, mas um aviso.

Neste Observatório da Minoria, tento explicar-lhe porquê.

É melhor começar por explicar o pânico de alguns, porque há razões históricas que o justificam. Experimente, por razões de conforto e rapidez na pesquisa, perguntar ao ChatGPT, quais são os riscos de um militar na Presidência e terá prontamente à mão uma lista de tópicos. Começo por estes:
Risco de militarização da política, com maior controlo do Governo pelas Forças Armadas (como tivemos com o Conselho da Revolução, até 1982); 
Polarização e instabilidade social, “especialmente se o militar tiver apoio das Forças Armadas, mas não da maioria da população”; 
Potencial para desrespeito aos direitos humanos, como “perseguições políticas, desaparecimentos forçados, tortura e repressão a grupos opositores”; 
Risco de autoritarismo, como restrição da liberdade de expressão, censura aos media, ou repressão de opositores políticos e enfraquecimento das garantias constitucionais – em nome da “ordem e a estabilidade”; 
Criação de um precedente perigoso, “encorajando outros militares a envolverem-se na política e desestabilizando a ordem constitucional”; 
Desconfiança internacional: a comunidade internacional, especialmente as organizações que defendem os direitos humanos e a democracia, “pode ver essa mudança como um retrocesso e isolar o país politicamente ou impor sanções”.


Lendo isto, salta à vista que uma eleição de Gouveia e Melo é inofensiva para a nossa Democracia. Siga comigo: Portugal tem, há quase 50 anos, uma Constituição sólida, imune a retrocessos ou à militarização do Estado – sem que dois terços dos deputados abram esse espaço numa revisão futura; o papel do Presidente não é Executivo, pelo que as ameaças à liberdade de expressão não partem de Belém; não existe na estrutura militar qualquer tentação de subversão da ordem política; não é conhecida qualquer posição do Almirante contrária ao respeito dos direitos fundamentais; e, mais, sendo a eleição direta e unipessoal, Gouveia e Melo teria sempre o apoio da maioria dos votantes – pelo que o país estaria perfeitamente a salvo de tensões com os seus aliados.

Os manuais de história do século XX explicam que estes eram riscos muito sérios no auge da guerra fria. Mas o que os manuais de Ciência Política de hoje nos explicam é que os regimes autoritários já não se impõem, como antigamente, com tomadas de poder feitas pelas armas. Leia “A ditadura adaptada ao século XXI” e perceberá como “uma nova geração de políticos trocou as fardas militares pelos fatos de marca”, fazendo com que o que aconteceu no Chile e Uruguai em 1973, na Argentina em 1976 ou no Brasil em 1964 estejam hoje fora de causa (como prova a facilidade com que o golpe de Bolsonaro caiu por terra).

Sim, é verdade que a ameaça autoritária persiste e que vivemos tempos de visível regressão democrática. Só que, agora, os ditadores vestem-se de Prada, como dizem os autores daquele livro:

“Em vez de julgamentos que eram autênticos espetáculos ou brutais campos de detenção, estes novos ditadores controlam os cidadãos através da manipulação e de ações aparentemente democráticas, para construir a sua base de apoio.”

É por isto que os críticos de Gouveia e Melo estão a olhar para o lado errado da equação: o que nos deve preocupar não são os riscos da eleição de um militar para Belém, é o contexto em que essa eleição se revela possível em pleno século XXI.

Por outras palavras, a pergunta que nos devemos colocar é esta:
POR QUE É QUE GOUVEIA E MELO APARECE COMO FAVORITO?

A resposta a esta pergunta está na fragilidade das instituições democráticas, ou na crise institucional que enfraqueceu o sistema político. Há vários estudos que a atestam, mas veja por exemplo este, publicado pela OCDE há escassos meses:
    Em Portugal, só 32% confiam (ainda que moderadamente) no Governo central, abaixo dos 37% registados nos restantes países da organização;
    Os partidos políticos (18%) e o Parlamento (31%) são as instituições em que menos se confia em Portugal; 
    Apenas 43% dos portugueses estão satisfeitos com os serviços administrativos que utilizaram – um importante fator de confiança na função pública – em comparação com a média da OCDE de 66%. Neste campo, notam-se sobretudo níveis baixos de satisfação relativamente ao SNS, à justiça com são tratados os pedidos de apoio ao Estado e à (in)capacidade de proteger vidas em cenários de emergência; 
    Mais problemático ainda, todos os indicadores de confiança desceram nos últimos dois anos, como atesta o gráfico em baixo:

Tudo isto ajuda a explicar as más prestações nas sondagens dos potenciais candidatos vindos dos partidos: todos eles estão, justa ou injustamente, colados à perceção de que os políticos não têm resolvido os problemas quotidianos. Ao que se junta a ideia (muito visível nas comemorações do 25 de novembro esta semana), de que os políticos se entretêm em jogos de palavras, muitas vezes contribuindo ativamente para a má imagem que os cidadãos têm deles – com vergonha de subir os seus salários, quando trocam a disputa por ideias por acusações pessoais, quando falham na ética, na palavra, na proximidade.

O perfil público de Gouveia e Melo parece contrastar: o Almirante resolveu a distribuição das vacinas, no mais difícil dos momentos e contra a maioria das expectativas; e manteve-se visível à frente da Marinha, aproveitando a sua rara visibilidade para passar a mensagem da sua utilidade à frente desse ramo das Forças Armadas. Claro que, de caminho, foi abrindo o caminho para uma candidatura presidencial, conseguindo ótimos resultados nas sondagens.

A candidatura pré-anunciada serve, portanto, de aviso aos políticos e aos principais partidos. Mas será também um perigo?

Para não cair no erro de fazer juízos pré-concebidos, fui reler as várias entrevistas que ele deu à imprensa nos últimos anos. E percebi que o discurso que foi preparando, alinhando, testando, o coloca como um candidato muito forte nas eleições de janeiro de 2026. Repito o que lhe disse ainda há pouco: há um perigo, sim, mas não será aquele que eu próprio identificava como provável.

O QUE NOS FOI DIZENDO GOUVEIA E MELO, O PRÉ-CANDIDATO?

O pressuposto mais frequente sobre o posicionamento do Almirante é de que se trata de um militar com tendências populistas. Mas não é verdade: apesar da tentativa de colagem de André Ventura, Gouveia e Melo não está nem perto do discurso do Chega. Trago-lhe alguns exemplos:
"Eu não tenho nada contra o poder político, acho que é uma coisa muito nobre” (Correio da Manhã em dezembro de 2021); 
“Os partidos são essenciais para a democracia, que não sobrevive sem partidos. Mais uma vez, esta ideia do ‘são todos corruptos’: se são todos corruptos, então somos todos corruptos, não são só os outros. Há gente muito boa nos partidos, e os partidos são a forma como conseguimos congregar ideias políticas. Demonizar a política é péssimo para a democracia” (Expresso, dezembro 2021); 
“Os negacionistas são gente que vive numa bolha de desinformação, que se autodiminuiu” (Noticias Magazine, dezembro 2021); 
"A maior ameaça está relacionada com as alterações climáticas. Não quero ser apocalíptico, mas quando penso nos meus filhos e netos, não posso deixar de estar preocupado” (Noticias Magazine, dezembro 2021); 
“O nosso país tem muitos problemas que tem de resolver. O que é perigoso é a simplificação de soluções. E haver certas forças políticas que advogam soluções muito simplificadas que podem ser perigosas em termos de execução” (Noticias Magazine, dezembro 2021).
Outra das críticas que lhe têm sido feitas é sobre a ausência de pensamento sobre o país. Quem o diz anota, ao mesmo tempo, que um militar não deve falar de política. Mas Gouveia e Melo, claro, não o evitou grandemente:
“Vamos imaginar que alguém é condenado ao fim de 10 anos? É Justiça? A Justiça tem de ser célere” (Correio da Manhã, abril de 2024); 
"Tem de haver uma classe média forte para afastar as pessoas dos extremismos” (Correio da Manhã, abril de 2024); 
“Tenho agora um conhecimento superior do SNS, das fragilidades e potencialidades. O SNS mostrou grande capacidade de organização e resiliência na pandemia”(Noticias Magazine, dezembro 2021); 
“O centro deve ser forte e deve encontrar soluções” (DN, maio 2024); 
“Estamos nesta ambição de distribuir a riqueza inexistente, que não produzimos. E um dia vamos acordar sem riqueza para distribuir. Temos de ter a ambição de produzir riqueza para poder distribuir”(Expresso, dezembro 2021); 
“Sou do centro pragmático. Umas coisas mais à esquerda, outras mais à direita. É preciso que as pessoas tenham fé no sistema: se trabalharem e produzirem, a distribuição não fica acumulada e também vem para elas. Temos de criar um sistema minimamente justo, para que isto aconteça” (Expresso, dezembro 2021).
sobre o mundo de hoje, o Almirante em nada destoa do mainstream político português:
“Dois dos pilares da nossa segurança e prosperidade, a NATO e a UE, poderão vir a ser submetidas às maiores provações e testes de stress” (DN, maio 2024); 
“Se a Europa for atacada e a NATO nos exigir, vamos morrer onde tivermos de morrer para a defender” (DN, maio 2024; 
“A guerra na Ucrânia vai fazer repensar muitos dos modelos atuais. A Europa vai ter de se defender” (DN, maio de 2023); 
"Sempre existiu a tentada de criar um pilar europeu dentro da NATO, mas é o mesmo que dizer que temos um clube de futebol e que querem criar mais dois dentro desse clube. Já temos um clube, chama-se NATO, e tem a vantagem de unir as duas partes do atlântico. Começarmos a pensar numa só parte pode fazer como que a outra parte ache que já não vale a pena estar tão unida a nós" (DN, maio de 2023); 
“Quem levou a Finlândia e a Suécia para a NATO foi o sr. Putin” (DN, maio de 2023);


Por fim, a mensagem política – mas não partidária: ambição, com um cheirinho a ‘ordem’, fazendo lembrar o de Cavaco Silva quando apareceu lá nos idos anos 80:

  • “A Saúde tem muitas coisas, todos os ministérios têm. Este país levava anos a endireitar” (Nascer do Sol, junho de 2021);
  • “Faltam-nos líderes com visão política, para definir objetivos, estratégias e encontrar recursos para os cumprir. Se defino objetivos irrealizáveis, por não ter recursos, o que vou fazer? Passar a vida a escrever papéis e a deixar as coisas a degradarem-se? Porque quero manter-me num pseudo-lugar com um pseudopoder? Isso revolta-me. A população deve ser ambiciosa”(Expresso, dezembro 2021);
  • “Acho que devíamos fazer uma revolução cultural e de atitude que nos libertasse dos pesos que há anos nos prendem ao chão” (Noticias Magazine, dezembro 2021);
    “A maioria das pessoas são pessoas do bem. Se calhar, faltava-lhe um bocadinho de ordem” (Noticias Magazine, dezembro 2021);
    “Não estou a ver que Portugal tenha de ser um país pobrezinho, um país de coitadinhos, um país periférico. Todos nós temos de lutar” (Nascer do Sol, agosto 2024).

ISTO É UM AVISO AO PSD E PS
Por tudo isto, não admira que os políticos se assustem. É claro que Gouveia e Melo se posicionou, com tempo e método, como um forte candidato presidencial. Tem gravitas, tem discurso e posiciona-se onde os partidos têm tido mais dificuldades em afirmar-se, na concretização.

Henrique Gouveia e Melo será, por isto tudo, um candidato difícil de bater.

    As sondagens posicionam-no como favorito e a passagem à segunda volta parece bastante à mão;
    Terá uma longa campanha com forte exposição, provavelmente maior do que os adversários – sobretudo se PSD e PS insistirem em manter-se à margem do processo, sem apressar calendário – abdicando de ir à procura dos candidatos mais fortes e de garantir a unidade interna a partir daí;
    Pode ter ao lado vários candidatos, porque as direitas parecem insistir em marcar presença e as esquerdas mais ainda. Aliás, tendo em conta a vontade e os egos de muitos, até nos dois maiores partidos há riscos claros de haver sobreposições;
    Mais importante ainda, Gouveia e Melo tem um discurso tão longe da direita radical que será improvável que o partido que ficar de fora da segunda volta apele ao voto no candidato do adversário direto – seja o ligado ao PSD ou ao PS. Mais ainda quando é provável que, logo a seguir, venham eleições legislativas antecipadas.

    O VERDADEIRO RISCO DE GOUVEIA E MELO
Não tenho, portanto, ilusões. Gouveia e Melo tem hipóteses reais de chegar ao Palácio de Belém. O seu maior risco, creio, é um outro que ainda não vi referido: o almirante gosta de se apresentar como um “fazedor”, impaciente quando não vê as vontades alinhadas na direção em que quer, preparado para – como o método próprio de um militar capaz – meter as mãos na massa e resolver os problemas pessoalmente.

O azar é que se esteja a candidatar a um cargo onde não poderá fazer nada disso. Na Presidência da República pede-se alguém que conheça os protagonistas, que saiba trabalhar a fina arte da filigrana política, que consiga criar os incentivos para que os partidos se alinhem, na época mais turbulenta e perigosa da política nacional dos últimos 50 anos. Sempre de fora, sem qualquer poder Executivo.

Um Presidente é um influente, se for bem-sucedido. Se não o conseguir, não será nada – arriscando-se a prejudicar tudo.

Exato, é aí que quero chegar: se não tropeçar na campanha, onde terá de ir mais ao concreto em cada tema, Gouveia e Melo será um forte candidato. Mas será ele realmente um bom Presidente?

November 18, 2024

Se tivesse que aventar uma hipótese para Kamala Harris não ter sido eleita diria que foi por ser mulher

 


Sim, é verdade que na campanha não apresentou muitas ideias e no fim, às vezes, só dizia mal de Trump - mas ele fez o mesmo e insultou-a com frequência.

Sim, ela falou muito no tema dos direitos das mulheres - mas Trump desprezou o tema e isso devia ter funcionado contra ele e não a favor.

Kamala Harris, no debate que teve com Trump arrumou-o a um canto - mas em vez de isso jogar a seu favor parece ter jogado contra.

Kamala falou a favor dos pobres, dos que menos têm, das regiões com menos rendimentos, de dar apoios a quem precisa - mas isso parece ter funcionado contra ela. Trump, pelo contrário, falou contra os pobres, chamou-lhes loosers, falou contra os militares que morreram nas guerras, chamou-lhes loosers, prometeu cortar os apoios em vários sectores aos que mais precisam, prometeu expulsar imigrantes à toa - mas isso parece ter funcionado a seu favor contra Kamala.

Lembro-me de há uns anos, após Hillary ter perdido as eleições para Trump, apesar de ter tido mais votos que ele(!), terem-lhe feito uma campanha pública abjecta, de atribuição de culpas, por conta de, 'não ser emocional', 'ter demasiada inteligência' (os elogios que agora fazem a Musk), 'não falar como uma mulher', 'não se emocionar e chorar como uma mulher', 'ser muito cerebral', etc.

Portanto, se tivesse que aventar uma hipótese para Kamala Harris não ter sido eleita diria que foi por ser mulher.

E se penso que as pessoas votam baseadas nos seus preconceitos, com ignorância do programa e da história e práticas das pessoas que rodeiam os candidatos, por ressentimento contra qualquer coisa, por lealdades deslocadas e sem pensar nas consequências do voto? Sim, é exactamente isso que penso.

Um alemão pode dizer que se enganou a votar em Scholz, porque o homem não parecia ser um verme sem coluna vertebral. Agora, ninguém pode dizer que votou enganado em Trump e na sua pandilha porque eles não escondem quem são e ao que vêm.

Quando vejo pessoas como Ana Gomes defender terroristas, assassinos violadores que declaram publicamente que o fundamento da sua ideologia é a opressão e morte dos não-crentes e a escravatura sexual das mulheres, é exactamente isso que penso.




November 06, 2024

Um segundo Ragnarok vem aí, se Trump ganhar estas eleições







Ragnarok, provas do apocalipse nórdico de 536 d.C. 

Novas descobertas sugerem que o Ragnarok se baseia em factos reais: um inverno vulcânico que devastou a Europa em 536 d.C.

O ano de 536 d.C. foi considerado o pior ano da história da humanidade. Um véu de cinzas e de gases sulfurosos obscureceu o sol durante uma década, desencadeando uma cadeia de acontecimentos devastadores: neve no verão, temperaturas negativas, fome, peste. Agora, novas descobertas sugerem que esta catástrofe climática pode ter dado origem a um dos mitos mais poderosos da cultura nórdica: o Ragnarok.

Ragnarok - quando o mito encontra a ciência

O Museu Nacional da Dinamarca efectuou uma investigação interessante que redefine as fronteiras entre a mitologia e a história. Analisando os anéis de crescimento de mais de 100 carvalhos do século VI, os investigadores encontraram provas concretas de um período de pouco ou nenhum crescimento, particularmente evidente nos verões entre 539 e 541.

Morten Fischer Mortensen, investigador principal do museu, sublinha a importância desta descoberta, que lança uma nova luz sobre um dos períodos mais negros da história europeia, tanto literal como metaforicamente.

Muitos especularam sobre o assunto, mas pela primeira vez podemos provar que talvez a maior catástrofe climática da história da humanidade tenha devastado a Dinamarca.

Análises científicas revelam que, nesse ano, uma ou mais erupções vulcânicas no hemisfério norte desencadearam um “inverno vulcânico” de dez anos. O impacto foi global: na China nevou no verão, enquanto na Europa a temperatura média desceu 2,5 graus Celsius. Do outro lado do Atlântico, o Peru sofreu uma seca e a peste bubónica chegou ao Egito em 541. 

Impressiona-me particularmente a forma como estes acontecimentos podem ter moldado não só o destino das populações, mas também a sua mitologia. O Fimbulwinter, o “Grande inverno” que, segundo a mitologia nórdica, precede o Ragnarok, parece refletir perfeitamente esta catástrofe climática.

A arqueologia oferece outras pistas interessantes. Durante este período, aparecem várias descobertas importantes de ouro (os cornos de ouro, o tesouro de Vindelev e o tesouro de Broholm), enquanto os tesouros criados em períodos posteriores são surpreendentemente escassos. Os estudiosos acreditam que este facto pode indicar que todos os objectos de valor eram sacrificados aos deuses na esperança de trazer de volta o sol.

A crise climática também alterou as práticas agrícolas. Os sobreviventes foram obrigados a diversificar as suas culturas para garantir uma maior segurança alimentar. O centeio, por exemplo, tornou-se cada vez mais comum nos séculos seguintes, provavelmente porque exige menos sol do que outros cereais. No entanto, o impacto na população foi devastador. Como explica Mortensen:
Quando as árvores não podiam crescer, nada crescia nos campos. Numa sociedade em que todos vivem da agricultura, este facto tem consequências desastrosas.
As estimativas sugerem que até metade da população da Noruega e da Suécia pode ter morrido e cenários semelhantes podem ter ocorrido na Dinamarca.

É fascinante observar como esta catástrofe conduziu a mudanças duradouras na sociedade nórdica. O centeio, introduzido como “seguro” contra futuras fomes, tornou-se uma parte fundamental da cultura alimentar escandinava. Por outras palavras, o nosso amor pelo pão de centeio nasceu de uma crise climática: isto mostra como as estratégias de sobrevivência podem transformar-se em tradições culturais duradouras.

Embora não existam provas conclusivas de que o mitológico Fimbulwinter se baseia nestes acontecimentos, as coincidências são notáveis. Como conclui Mortensen:
Os mitos podem ser pura imaginação, mas também podem conter ecos de verdades de um passado longínquo. Podemos agora dizer que existe uma grande correspondência com o que podemos comprovar cientificamente.

November 04, 2024

Just saying...

 


Até que enfim que chegou o dia das eleições americanas porque eu recebo, por dia, mais de 20 emails a pedir apoio e contribuições para a campanha de Kamala. Hei-de estar em alguma lista estou que entrou na lista dos apoiantes dos Democratas. Isto já dura há meses. Tem sido um massacre com propaganda e pedidos de apoio e contribuições. Livra...


July 17, 2024

De acordo




@BernieSanders

Elon Musk, the world’s richest person, is donating $45 million a month to the Trump campaign. If democracy is to survive in the US, we need to overturn Citizens United and move to public funding of elections. We need a government that represents all, not just billionaires.

July 10, 2024

Centeno e Vitorino como presidentes? Livrem-nos disto, sff!

 


PS entre Mário Centeno e Vitorino para as presidenciais

O governador do Banco de Portugal emerge como futuro candidato presidencial apoiado pelo PS. Nos bastidores do PS, parece o nome mais consensual, até agora.
Ana Sá Lopes


Mário Centeno surge no lugar cimeiro das preferências e é o nome mais consensual entre os socialistas, neste momento, para ser o candidato a Belém daqui a dois anos. Mas também António Vitorino, um histórico do partido que chegou a fazer parte de uma “short list” de possíveis cabeças-de-lista ao Parlamento Europeu (o que não se confirmou), é apontado como possível candidato a Belém.

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Centeno é um homem com uma sede de poder sem fim, um bluff que destruiu os serviços essenciais do país por confundir governação com cobrança de impostos e cativações (austeridade). É um homem que não respeita os outros e não serve o povo: serve-se. Vive para a sua imagem e para o seu prestígio pessoal.

Vitorino, como diz o artigo, é um "histórico do partido". Não tem mais nada que o recomende. Não é um homem com sede de poder como o outro, mas é um homem de tachos. Não tem méritos políticos, nunca fez nada de valor pelo país. Ocupou cargos, teve cunhas boas, como outros tantos do PS.

Espero que os outros partidos não apoiem estas lástimas e encontrem alguém com valor. Há portugueses com valor. Não temos que nos conformar sempre com carreiristas entachados e narcisistas do poder.

July 09, 2024

Estas eleições francesas parecem ser apenas uma catástrofe anunciada para daqui a bocadinho

 


Em primeiro lugar, o partido de Le Pen reforçou o seu perfil e ganhou mais 50 lugares do que em 2022, enquanto a coligação liberal do Presidente Macron recuou. Durante quanto tempo mais poderá o establishment mantê-los fora do poder?

"É uma reviravolta política, mesmo que o Rally Nacional não acabe por governar o país", disse Benjamin Morel, analista político da Universidade Panthéon-Assas, em Paris. O movimento de Le Pen é "o grande vencedor das eleições. Milhões de votos traduzem-se num grande ganho financeiro", disse, referindo-se ao financiamento estatal que se seguirá ao resultado. Isso coloca Le Pen numa posição poderosa e com uma queixa perfeita para explorar, antes da sua provável campanha para a presidência francesa quando Macron se afastar em 2027: podem dizer que a sua vitória foi roubada e que são a verdadeira alternativa".

Antes das eleições antecipadas, Macron comandava o maior grupo parlamentar. Agora, é provável que tenha de trabalhar com um político da oposição como primeiro-ministro. A sua autoridade no país e a sua credibilidade no estrangeiro foram afectadas.

Embora a aliança de esquerda e os liberais de Macron tenham concordado em colaborar e votar taticamente para impedir a vitória do Rally Nacional de Le Pen, uma coligação mais profunda entre os dois grupos para governar a França parece improvável.

O veterano da extrema-esquerda, Jean-Luc Mélenchon, um dos partidos da aliança de esquerda, excluiu a possibilidade de governar com os liberais do Presidente. Da mesma forma, o primeiro-ministro de Macron, Gabriel Attal, afirmou que o seu partido nunca partilharia o poder com Mélenchon.

Qualquer que seja o governo que saia desta confusão, é pouco provável que dure muito tempo. 
A França está sob pressão para reduzir o seu défice, depois de ter falhado os objectivos no início do ano. Há muitas ideias sobre as quais a esquerda, os liberais e a extrema-direita nunca estarão de acordo. A política orçamental está no topo da lista.

Mélenchon, três vezes candidato presidencial indicou que não se importaria de ser ele próprio o primeiro-ministro de França: "Estamos prontos para isso", declarou.

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O problema de Mélenchon não é só ser de extra-esquerda, é também ser um anti-semita confesso, um político que se recusa a condenar os ataques de 7 de Setembro a Israel, que se recusa a considerar o Hamas como um grupo terrorista, que já declarou várias vezes não ser favorável a democracias partidárias, não ser favorável à existência da NATO, querer um referendo parecido com o do Brexit para a França sair da UE, ter admiração por Putin e defender que a França não deve ser contra Putin. 
A nossa posição é a de uma França não-alinhada. Os russos não são nossos adversários. Queremos sair da NATO. A NATO é uma aliança de países europeus e norte-americanos criada em 1949, no auge da Guerra Fria. Moscovo procura conter a expansão da NATO para leste e opõe-se à adesão de Kiev à Aliança Atlântica.
Mélenchon considerou que a França devia ser "não-alinhada", antes de acrescentar: "Isto significa que os russos não devem entrar na Ucrânia e que os americanos não devem anexar a Ucrânia à NATO" Na sua opinião, a posição de Vladimir Putin é compreensível. "Não sei como é que nós, franceses, reagiríamos se soubéssemos que Erdogan [o Presidente turco] criou uma aliança que cercaria a França. Não gostaríamos disso, por isso penso que a palavra-chave deveria ser desanuviamento", continuou. 
 
[quanto à Síria] O candidato do La France insoumise deu o seu apoio assertivo a esta intervenção. Entrevistado na France 2, em fevereiro de 2016, afirmou: "Penso que ele (Putin) vai resolver o problema". E "felicitou" o Presidente Putin pela sua acção na Síria. Em outubro do mesmo ano, Jean-Luc Mélenchon apareceu no programa "L'Epreuve de vérité" do Public Sénat, fazendo comentários ambíguos sobre a existência de crimes de guerra russos na Síria. Questionado pelo jornalista: "Contesta a noção de crimes de guerra imputáveis à Rússia?", Jean-Luc Mélenchon respondeu: "Tudo isso é uma conversa de treta. Está a decorrer uma guerra...".    melenchon-est-il-un-soutien-du-regime-russe

Logo, não vejo que seja uma grande vitória para a França ou para a Europa, a vitória deste extremista, defensor de terroristas. Na realidade, nem os outros partidos da esquerda com quem ganhou as eleições querem ter alguma coisa a ver com ele. De maneira que estas eleições francesas parecem ser apenas uma catástrofe anunciada para daqui a bocadinho.



Eleições em França: UE respira de alívio, mas não está tranquila

A perspetiva de um parlamento francês paralisado "não é tranquilizadora". Nenhum partido ou aliança formam uma maioria, obrigando a negociações para encontrar uma coligação de Governo junto de diferentes forças e quadrantes políticos.


June 09, 2024

Liguei a TV

 


Apanhei a filha do pai a dizer coisas. Uma encunhada com carteira profissional. De maneira que o que ela diz interessa muito... vou experimentar outro canal.

Costa na CMTV a fazer de comentador. Tiram ilações destas eleições para a política nacional e estão a falar do próximo OE e se o Presidente deve dissolver a AR. Esta viragem para a política nacional parece ter sido induzida pelo sr. Costa. Que surpresa.

Na CNN está o Vitorino... outro encunhado com carteira profissional. 

Vou experimentar a SIC.

Então, Macron dissolveu o Parlamento a meio do mandato... qual é a estratégia dele? Como ele já devia saber desta catástrofe por sondagens, deve ter uma estratégia.


Eleições: como aumentar a abstenção? "O sistema não funciona"

 


Fui votar. Onde voto há 2 salas de voto, em frente uma da outra. Fui à do costume. Tinha 5 pessoas à minha frente. Na outra sala também havia uma fila de 5 pessoas. Esperei, esperei. A certa altura uma das pessoas da mesa de voto diz de lá de dentro, 'aqui não se pode votar porque o sistema não funciona'. Ainda perguntei se já não tinham os cadernos, como plano B (a maioria das pessoas vota no sítio do costume), mas não. Fui à outra sala. A fila estava maior. Esperei. Algumas pessoas foram-se embora (não sei se desistiram ou se foram votar a outro sítio). Na outra sala, num dos computadores o sistema funcionava muito lento, mas funcionava; no outro computador, de cada vez que alguém votava era necessário reiniciar o sistema para o próximo voto. Enfim, não foi muito fácil mas já votei.

Há quanto tempo andam a preparar o sistema de votação para as eleições e quem é a empresa amiga que recebeu uns milhões para pôr a funcionar um sistema que só funciona às vezes? E porque é que não há um plano B? Se faltar a electricidade na cidade ou se a internet tiver uma daquelas falhas que duram um dia e afectam toda uma região, como se faria a votação? Mandavam-nos ir a outra cidade? 


June 07, 2024

As eleições para o PE não são eleições legislativas




Montenegro apela ao voto dos eleitores desiludidos do PS e do Chega (DN)

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Este ano vou votar nestas eleições pela positiva e não por exclusão de partes, a pensar no mal menor ou em quem pode evitar alguém de ter maioria absoluta, como faço desde há muitos anos, para tudo quanto é eleição. Vou votar para fortalecer o Grupo, Renovar a Europa (Europe Renew Europe). Li o programa deles e estou de acordo com o que defendem e com as suas prioridades para a Europa: o apoio à Ucrânia para a derrota de Putin; o fortalecimento da coesão política da Europa; a revitalização da independência e pujança económicas da Europa; o compromisso pela questão ambiental. Ainda por cima, fazem parte deste grupo, muitos políticos internacionais de quem gosto, pelas posições políticas que têm tomado e que me parecem dignos de respeito. Tenho ouvido Cotrim de Figueiredo nestes temas e gosto das suas posições e das razões que apresenta. Parece-me que há-de ser um bom representante de Portugal no PE. De maneira que vou votar na IL para aumentar aquela família europeia. Se fossem eleições legislativas não votava neste partido porque as suas políticas de educação são extremamente danosas da escola pública e, portanto, dos que menos oportunidades têm, cavando ainda mais o fosso da desigualdade social (mais ainda que as deste que lá está e as do miserável anterior), mas estas eleições não são internas nem são para se votar por vingança contra este ou aquele partido - que todos os dias dinamita a vida parlamentar portuguesa. Estas são eleições para pensar o projecto europeu, os desafios dos tempos que se vivem no presente e os dos que aí vêm. Ainda para mais este grupo europeu apoia Ursula von der Leyen contra outros candidatos de extremistas, se for preciso. Portanto, vou votar neles e é um voto pela positiva.

June 06, 2024

Algumas das questões sobre as quais seria necessário que os candidatos a eurodeputados tomassem posição para podermos votar neles de modo consciente.

 


O debate sobre a Europa foi capturado pela politica nacional, quando não pelas minudências da política nacional. É uma total desvirtuação das eleições para o Parlamento Europeu ver nelas uma desforra de anteriores eleições legislativas nacionais ou eleições antecipadas de futuras eleições legislativas.

Pertenço àquele grupo de cidadãos que entendem que a campanha para as eleições para o Parlamento Europeu não está a ser produtiva porque nela não se estão a discutir as questões que verdadeiramente estão em causa nestas eleições. Estas eleições seriam uma excelente oportunidade para se explicar aos portugueses a participação de Portugal na União e para se discutir o que Portugal pode dar à União e o que a União pode dar a Portugal que não sejam apenas fundos financeiros.

(...)– invasão da Ucrânia: no panorama das relações internacionais o problema da Ucrânia é muito simples, só o complica quem quer. A Ucrânia é um Estado soberano e independente, como tal reconhecido pela Comunidade Internacional e pelas Nações Unidas. Há um século, em 1928, o Pacto Internacional Briand-Kellogg deixou claro que os Estados não adquirem quaisquer direitos pelo uso da força. Portugal foi um dos muitos Estados que aderiram a esse Pacto. Ele foi depois incluído na Carta das Nações Unidas. Esta, para além de proibir o uso da força, veio, no seu artigo 51º, reconhecer ao Estado agredido um “direito natural” à legítima defesa, que depois foi tornado Direito Internacional consuetudinário, e tanto como defesa “individual” como “coletiva”.

A prática internacional e a sentença do Tribunal Internacional de Justiça de 27-6-1986 no litígio EUA-Nicarágua confirmaram esse costume internacional obrigatório embora sujeitando-o ao princípio da proporcionalidade. Para o caso concreto da invasão da Ucrânia resulta daí que a Ucrânia, no respeito pelo artigo 51º da Carta da ONU, pode-se defender, com armamento próprio ou facultado por outros Estados, contra o ataque armado da Rússia tanto no interior do seu território como atuando no interior do território do Estado agressor, a Rússia, com o fim específico (em nome da proporcionalidade) de neutralizar e destruir as bases militares e todos os locais que estejam a ser utilizados para daí se atacar a Ucrânia. Até por uma questão de bom-senso não podia ser de outra forma.

Isto não é uma questão de geopolítica ou de geoestratégia, que tantas vezes são invocadas para de forma sibilina se propor a rendição da Ucrânia, isto é simplesmente uma questão de Direito Internacional. E nas relações internacionais o que rege as relações entre Estados não é a geopolítica, é o Direito Internacional, sob pena de, doutra forma, transformarmos a Comunidade Internacional numa selva onde os mais pequenos e fracos teriam tudo a perder. Esta é uma questão vital para a paz na Europa. Qual é a posição sobre isso dos partidos portugueses que concorrem às eleições para o PE? Quase todos eles têm fugido à questão.

– defesa europeia: Está provado que a União Europeia deve ter a sua defesa própria. Os Tratados prevêem a criação de uma “defesa comum” da União no quadro da OTAN. Enquanto ela não for criada os Tratados prevêem que a União tenha uma “política comum de segurança e defesa” (artigo 42º do TUE). Essa política comum vai exigir às Forças Armadas de cada Estado membro o reforço dos seus meios militares e humanos, o que os Estados se comprometeram a fazer nos Tratados. Como deve o Estado português reforçar a sua capacidade militar perante o desafio de aumentar a capacidade de defesa da Europa depois da guerra na Ucrânia? Não se sabe o que os candidatos a eurodeputados pensam disso.

– Emigração: A AD, o PS e a IL concordam em que o Pacto sobre Migração e Asilo foi o acordo possível mas que ficaram questões por resolver e que esperam pelo reexame da matéria, como, só a título de exemplo, a da retenção de menores. Até agora não ficou explicado nesta campanha como é que os eurodeputados portugueses lidarão com essas novas matérias quando elas voltarem ao PE;

– Alargamento da União: o próximo alargamento a cerca de dez Estados de leste da Europa está previsto para por volta de 2030 mas terá que ser preparado desde já, portanto, durante o próximo mandato do PE. Portugal não pode criar reticências ao alargamento. As razões que levam esses Estados a pedir agora a adesão são as mesmas que levaram Portugal a requerer em 1977 a adesão que ocorreu em 1986, ou seja, a necessidade de consolidar a Democracia e de promover o desenvolvimento económico e social. Mas o alargamento pode trazer algumas dificuldades a Portugal, dificuldades cujos efeitos têm de ser previamente afastados ou atenuados. O alargamento envolve riscos para Portugal na revisão da Política Agrícola Comum, na nossa continuação no Grupo da Coesão e pode passar o nosso País para contribuinte líquido na União. Tudo problemas muito sérios, que passarão também pelo PE. É difícil de entender que nesta campanha eleitoral até agora ninguém se tenha lembrado deles, nem partidos, nem candidatos, nem comentadores, nem moderadores;

– Pacto Ecológico Europeu e Clima: esta matéria tem de ser ligada à emergência climática e à aprovação em 2021 do Direito Climático Europeu, que pretende que a Europa seja em 2050 o primeiro continente neutro em matéria climática. Para tanto, o PE e o Conselho da União Europeia, como órgãos do Poder legislativo da União, preparam-se para começar a aprovar legislação europeia sobre a matéria. Nessa legislação terão de ser atendidas, de modo especial, as preocupações dos agricultores com este assunto. Como vão os eurodeputados portugueses votar no PE para levarem em conta a especificidade de Portugal perante o Pacto?

– Inteligência artificial: a IA tem aspetos positivos e negativos. A União Europeia foi a primeira a ter um Regulamento sobre a Inteligência Artificial. Ele é comummente considerado um ótimo instrumento para aproveitar a IA para a Economia, a Saúde, a Justiça. Mas, ao mesmo tempo, ele faz questão de na utilização da IA serem respeitados os valores da União, a Ética e os direitos fundamentais que a União reconhece aos cidadãos europeus. Esse Regulamento vai ter de ser seguido por outros atos legislativos. Quais devem ser as linhas fundamentais dessa legislação e como vão os eurodeputados portugueses votar na participação do PE na sua aprovação? Para o PE a IA deve estar ao serviço do Cidadão e do seu Bem-Estar ou vão estes ser vítimas dos malefícios da IA?

Aqui estão algumas das questões sobre as quais seria necessário que os candidatos a eurodeputados tomassem posição para podermos votar neles de modo consciente. Anda estamos a tempo de sermos esclarecidos?

Fausto de Quadros in https://ionline.sapo.pt
(Professor Catedrático Jubilado de Direito Europeu da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Cátedra Europeia Jean Monnet ad personam em Direito Constitucional Europeu
Autor de dois manuais em Direito Europeu: Droit de l’Union européenne, (Bruylant. Bruxelas) e Direito da União Europeia (Almedina, Coimbra))

May 25, 2024

Agora é que vou ouvir o debate de ontem

 

António Costa tem a ambição de ser presidente da Comissão Europeia? Para quê? Para levar para lá o Cabrita, o filho deste e a filha daquele e os Escárias da sua lidação?  

O PAN quer a cabeça da PGR.

Sebastião Bugalho e Fidalgo Marques, os dois homens no debate, desrespeitam a autoridade da moderadora... machismos. e bugalho passa o tempo a dizer aos outros que não perceberam bem as coisas, mas que não faz mal que ele explica.

Fidalgo Marques não vive na realidade. Fala como se pudéssemos fazer investimentos sem fim, sem gerar riqueza.

Bugalho embrulha-se a explicar o chumbo do seu partido ao direito das mulheres à IVG ser consagrada na Carta dos Direitos da Europa e diz que são pormenores jurídicos. O que se passou com Núncio do CDS e com as tentativas de PPC e seus amigos de afastar as mulheres da vida pública e impedi-las de serem economicamente independentes não são pormenores jurídicos. Queriam essa subordinação inscrita na Constituição, mas o direito à IVG não pode estar nos direitos das mulheres por questões jurídicas... é isso.

Esta indisponibilidade de aceitarem os direitos das mulheres de serem donas do seu corpo e das suas vidas é uma grande linha vermelha.

May 21, 2024

O debate hoje vai ser quente

 


Bugalho já se atirou a Temido e Tânger já está à defesa.

O João Oliveira que vem de um partido não democrático e apoia partidos não democráticos farta-se de falar de democracia... lol  E insiste que a Ucrânia deixe de se defender. Como se pode confiar num indivíduo que acredita num fascista pensando que ele é comunista, só porque é russo...? A solução dele é fingir que não vemos a guerra. Que desonestidade intelectual.

A Temido está ao lado do povo ucraniano mas tudo longe e à distância - mas apoia a Ucrânia.

Estou de acordo com Tanger que o desinvestimento na defesa nos últimos anos (à custa do investimento nas reformas dos generais...) nos deixa extremamente vulneráveis.

O Bugalho fala com os outros com uma condescendência ridícula, como se fosse um papá que educa os filhinhos. É terrorista no debate. Não deixa os outros falar e parece o Ventura, apenas sem as ofensas.

O Carlos Daniel é muito bom moderador.

May 20, 2024

O debate das eleições estava morno

 


Nem parecia um debate. Cada um fazia o seu balão de discurso, digamos assim. Depois começou a falar-se de defesa e da guerra da Ucrânia.... João Oliveira tem um discurso desfasado da realidade: não precisamos de nos defender, não precisamos de tomar medidas contra a desinformação, porque só precisamos de cidadãos críticos e educados, os ucranianos devem ser a favor da paz e entregar-se a Putin, Putin não tem más intenções... ... este indivíduo é um parvalhão...

Ele e o candidato do Chega são defensores da paz de Putin (mas Tânger diz que não são pró-russos e que defendem a Ucrânia), ou seja, do desaparecimento da Ucrânia, o que para mim é uma falha moral gravíssima e um sinal de ausência de inteligência abaixo da crítica séria. É gente que, se os Espanhóis nos invadissem, iam a correr ser Miguéis de Vasconcelos e entregar um ramo de oliveira ao inimigo. 🤮