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April 05, 2024

Três páginas da República de Platão que se aplicam perfeitamente à situação corrente

 


Platão, cuja infância decorreu no período da terrível guerra entre Atenas e Esparta e que viu a ganância que levou os atenienses a invadir Siracusa e a falência moral e material a que essa loucura levou a cidade de Atenas com a consequência do estabelecimento do governo dos trinta tiranos, adverte aqui, na República, contra a desunião dos cidadãos (uma cidade desunida e em clivagem, tantos entre classes como entre gerações nem sequer pode ser chamada de 'comunidade') e contra o desejo de querer crescer mais e mais. Existe uma proporção correcta para o tamanho/riqueza de uma cidade: se ficar aquém lutam uns com os outros pelos pouco que há, se for além criam excesso de individualismo que leva a grandes divisões entre ricos e pobres e dessa divisão vêm as outras. Sendo a desunião em assuntos fundamentais (justiça, tipo de governo, etc.) a pior característica que pode atingir os cidadãos de uma polis, o seu administrador deve cuidar que ela não cresça ao ponto de fomentar a desunião, que leva às guerras. As guerras, segundo Platão, são momentos e situações de baixeza moral generalizada.

Estava a ler isto e parece-me que se aplica perfeitamente à Rússia: um país que quer crescer ilimitadamente, em território e poder, que tem a sua sociedade profundamente dividida, governada por um tirano que fomenta a guerra e a baixeza moral. No entanto, a Ucrânia, que se defende da guerra (é a Siracusa de Atenas) conseguiu esse feito de se unir na defesa e de não ter deixado que a baixeza moral se dissemine por conta da guerra. Isto deve-se a quê?

Platão diria que isto se deve a um administrador justo. Porém, no caso, o administrador foi eleito democraticamente, o que contraria a inclinação de Platão, que depois de tudo o que assistiu durante a juventude -que culminou com a condenação e morte de Sócrates- nunca mais confiou no voto democrático do povo -ignorante e manipulável- e só no fim da vida veio a admitir que não se pode governar a cidade sem levar em conta a opinião dos cidadãos. Seja como for, Platão diria que as virtudes do governante são quem imprime uma dinâmica de contenção moral aos seus concidadãos e que a Rússia, sendo governada por um administrador sem virtudes e profundamente imoral, propaga com o seu exemplo e falta de sabedoria, a decadência, material e moral, do seu povo.

Também se aplica ao que se passa nos EUA e a perspectiva de Trump voltar a ser escolhido pelo povo para administrar com imoralidade, vício e demérito o país, levaria Platão a confirmar as suas ideias acerca do perigo que espreita constantemente as democracias.


da República de Platão da ed. Gulbenkian - acesso digital aberto neste link 





March 19, 2024

Citação deste dia

 

Guerra Hamas-Israel

"Basta pensar no absurdo que seria inverter a lógica dos escudos humanos: imaginem os israelitas a utilizar as suas próprias mulheres e crianças como escudos humanos contra o Hamas. Reconheçam como isto seria impensável, não só para os israelitas tratarem os seus próprios civis desta forma, mas também para esperarem que os seus inimigos pudessem ser dissuadidos por uma táctica destas, tendo em conta quem são os seus inimigos. [e o desprezo que têm pela vida de mulheres e crianças, até mesmo as suas]

Mais uma vez, tem sido fácil perder de vista a distância moral - o que é estranho. É como perder de vista o Grand Canyon quando se está mesmo à beira dele. 

Reserve um momento para fazer o trabalho cognitivo: imagine os judeus de Israel a usarem as suas próprias mulheres e crianças como escudos humanos. E depois imagine como reagiriam o Hamas, o Hezbollah, a Al-Qaeda, o ISIS ou qualquer outro grupo jihadista. A imagem que devem ter agora na vossa mente é uma obra-prima do surrealismo moral. É absurda. É um sketch dos Monty Python em que todos os judeus morrem.

Estão a ver o que significa esta assimetria? Vêem o quão profunda ela é? Vêem o que vos diz sobre a diferença ética entre estas duas culturas?" 

-Sam Harris \(audio is here)

Como é que nenhum país do mundo, excepto Israel, está a pedir ao Hamas que se renda, que deponha as armas e liberte os reféns? Essa é a forma mais simples de acabar com a guerra: acaba-se o Hamas, não há mais civis mortos, não há mais soldados das FDI mortos, os reféns podem ir para casa, e assim por diante. Não é complicado! (É claro que a forma de governar Gaza depois é complexa e incómoda, mas primeiro a guerra tem de acabar e com uma vitória para Israel).

E porque é que só Israel pede esta solução, uma vez que o Hamas é uma organização terrorista que jurou extirpar Israel e matar os judeus, uma vez que foi o Hamas que começou toda esta confusão, e uma vez que o Hamas está até a promover a morte de mais palestinianos, bem como de membros de ONGs, como táctica para aumentar a ira do mundo contra Israel? Como é que a ONU, a UE e outros governos ocidentais não estão a pressionar o Hamas? É apenas Israel que é pressionado - ao ponto de a América estar agora a dizer a Israel como conduzir a guerra, como conduzir as suas eleições e, por amor de Deus, não entrem em Rafah em circunstância alguma.


A resposta é simples: Biden quer ganhar as eleições e não pode apoiar explicitamente Israel.

by whyevolutionistrue

January 04, 2024

In the bleak mid-winter

 


In the bleak mid-winter
Frosty wind made moan;
Earth stood hard as iron,
Water like a stone;
Snow had fallen, snow on snow,
Snow on snow,
In the bleak mid-winter
Long ago.

In the Bleak Midwinter by Christina Rossetti (1872)


EPA,2022, Ucrânia BBC

November 11, 2023

11 de Novembro - Dia do Armistício



Hoje comemora-se o dia do Armistício, uma data simbólica do fim da Primeira Grande Guerra. A data comemora o Armistício, assinado entre os Aliados e o Império Alemão em Compiègne, na França, pelo fim das hostilidades na Frente Ocidental, o qual teve efeito às 11 horas da manhã — a "undécima hora do undécimo dia do undécimo mês". 
Os ingleses comemoram também o soldado desconhecido, o dia da evocação de todos os que morreram na guerra e o dia da união de todos os ingleses. 
Os americanos juntam a este dia a lembrança dos mortos da Segunda Guerra Mundial e chamam-lhe o Dia dos Veteranos.

A ideia de homenagear um soldado anónimo que representasse todos os combatentes é originalmente do princípe de Joinville em 1870, após a guerra que ditou a queda do Império. Portanto, desde então que essa ideia circulava, por assim dizer, nesses meios. Porém, a ideia propriamente de enterrar um soldado desconhecido num local habitualmente reservado à realeza e aos notáveis partiu de um capelão do exército inglês, o Reverendo David Railton. Em 1916, o reverendo Railton reparou numa sepultura num jardim de Armentières, marcada com as palavras "Um soldado britânico desconhecido". Em agosto de 1920, escreveu ao Deão de Westminster, Herbert Ryle, para perguntar se seria possível enterrar um soldado desconhecido na Abadia, para representar aqueles que não puderam ser enterrados pelas suas famílias. A sua intenção era que todos os familiares dos 517 773 combatentes cujos corpos não tinham sido identificados pudessem acreditar que o Soldado Desconhecido poderia muito bem ser o seu marido, pai, irmão ou filho perdido...

"Todos eles compreenderam algo do verdadeiro significado. Aqueles cujos entes queridos estavam entre os 'desconhecidos' sabem que neste túmulo pode estar - está - a repousar o corpo do seu amado."
Excerto de: A origem do túmulo do Guerreiro Desconhecido por Revd. David Railton.

Em 1920, a França e depois em 1921 a Itália, Portugal, a Bélgica e os Estados Unidos da América tomaram a decisão de honrar o seu "soldado desconhecido" - outros se seguiram em 1922, como a Grécia, a Checoslováquia, Jugoslávia e a Polónia.

Em Portugal, celebramos o Dia Nacional do Combatente a 9 de Abril, no aniversário da Batalha de La Lys onde os portugueses sofreram milhares de baixas.

No dia 9 de Abril de 1921 foram conduzidos para o Mosteiro da Batalha, Templo da Pátria, os dois Soldados Desconhecidos vindos da Flandres e da África Portuguesa, simbolizando o sacrifício heróico do Povo Português nos referidos teatros de operações. Sepultado sob a arrojada abóbada da Casa do Capítulo e alumiado pela “Chama da Pátria” do Lampadário Monumental, da autoria de Lourenço Chaves de Almeida, o seu túmulo tem Guarda de Honra e a protecção do mutilado “Cristo das Trincheiras” que no território de Neuve-Chapelle, na Flandres, foi companheiro constante das tropas portuguesas. Cabe atualmente ao Regimento de Artilharia N.º 4 assegurar a referida guarda de honra.

 

Túmulo do Soldado Desconhecido, na Batalha

Em Portugal, é nesse dia, 9 de Abril, que se comemora também o dia da União de Todos os Portugueses. Data que a maioria dos portugueses nem sabe, pois estas cerimónias são todas comemoradas no universo das Forças Armadas e não envolvem o povo como acontece nos outros países. Neste país somos pouco atreitos a comemorações conjuntas e desprezamos as datas da nossa História, como se a identidade de um povo não estivesse ligada à memória dos acontecimentos que a fizeram.

Os ingleses e outros fazem deste dia do Armistício, 11 de Novembro, um dia de grande união pública. Os ingleses usam uma papoula (ideia original dos americanos) em referência ao poema do tenente-coronel canadiano John McCrae, em 1915, que evoca os campos de papoulas da Flandres onde morreram tantos combatentes.

  In Flanders Fields

    In Flanders Fields, the poppies blow
         Between the crosses, row on row, 
       That mark our place; and in the sky
       The larks, still bravely singing, fly
    Scarce heard amid the guns below.

    We are the dead. Short days ago 
    We lived, felt dawn, saw sunset glow,
       Loved and were loved, and now we lie,
                              In Flanders fields

    Take up our quarrel with the foe:
    To you from failing hands we throw
       The torch; be yours to hold it high.
       If ye break faith with us who die
    We shall not sleep, though poppies grow
                                In Flanders fields.

     - John McCrae

Quem quiser saber como foi o dia 9 de Abril de 1921 em Portugal, desde a chegada dos corpos dos soldados até ao seu entombamento na Batalha, em todo o pormenor, pode ler aqui neste blog uma descrição acompanhada de fotografias da época: soldado_desconhecido.html

Também se podem ver imagens neste documento em filme (de preferência sem som porque a música é encanitante):



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Em Inglaterra, de onde esta ideia partiu, o dia é um grande dia de feriado nacional e de comemorações públicas. O túmulo do Soldado Desconhecido está na Abadia de Westminster.

@MozPerkins

A 7 de novembro de 1920, no mais rigoroso segredo, quatro corpos britânicos não identificados foram exumados dos cemitérios temporários dos campos de batalha de Ypres, Arras, Asine e Somme. Nenhum dos soldados que fizeram a escavação foi informado do motivo.
Os corpos foram levados numa ambulância de campanha para o quartel-general em St-Pol-Sur-Ter Noise. Uma vez lá, foram cobertos com a bandeira da União. Foram colocadas sentinelas e o Brigadeiro-General Wyatt e o Coronel Gell seleccionaram um corpo ao acaso. Os outros três foram enterrados de novo.
Foi selecionada uma Guarda de Honra francesa que permaneceu junto ao caixão do soldado escolhido durante a noite.
Na manhã de 8 de novembro, chegou um caixão especialmente concebido, feito de carvalho, proveniente dos terrenos de Hampton Court, e o Soldado Desconhecido foi colocado no seu interior. No cimo foi colocada uma espada de cruzado e um escudo com a inscrição:

"Um Soldado Britânico que caiu na GRANDE GUERRA 1914-1918 pelo Rei e pelo País".

No dia 9 de novembro, o Guerreiro Desconhecido foi conduzido numa carruagem puxada por cavalos, através da Guarda de Honra e ao som de sinos e cornetas, até ao cais.
Aí, foi saudado pelo Marechal Foche e embarcado no HMS Vernon com destino a Dover. O caixão foi colocado no convés coberto de coroas de flores, rodeado pela Guarda de Honra francesa.

À chegada a Dover, o Soldado Desconhecido foi recebido com uma saudação de dezanove canhões - algo que normalmente só era reservado aos Marechais de Campo. Foi organizado um comboio especial e foi então transportado para a Estação Victoria, em Londres.
Permaneceu lá durante a noite e, na manhã do dia 11 de novembro, foi finalmente levado para a Abadia de Westminster.
Não glorificamos a guerra. Recordamos - com humildade - os grandes e derradeiros sacrifícios que foram feitos, não apenas nesta guerra, mas em todas as guerras e conflitos em que o nosso pessoal militar lutou - para garantir a liberdade e as liberdades que agora tomamos como garantidas.

Todos os anos, no dia 11 de novembro, recordamos o Soldado Desconhecido. Ao pôr do sol e de manhã, recordá-los-emos.



caixão do soldado desconhecido em Westminster


October 18, 2023

Olha

 

Na Palestina, depois do hospital ter sido atingido, os palestinianos vieram para a rua em massa cantar o slogan da Primavera Árabe, "o povo quer que o regime caia". Isto é cantado contra as autoridades palestinianas.


October 17, 2023

É isto, palavra por palavra

 


É impossível combater o Hamas sem mortes de civis em Gaza. Nenhuma pessoa razoável espera que nenhum civil morra. O que o mundo espera é que sejam feitas as possíveis tentativas razoáveis para evitar a morte de civis. Negar água e ajuda humanitária não é razoável.

Steafan Dubhuidhe 

October 10, 2023

Testemunhos - sair vivo de um kibbutz atacado pelo Hamas

 


Vamos morrer aqui

Um relato em primeira mão da tragédia e do heroísmo do massacre que deixou mais de 900 israelitas mortos

Por Yair Rosenberg


Quando ouvi pela primeira vez que civis israelitas estavam a ser massacrados na fronteira do país com Gaza, pensei no meu amigo Amir Tibon. 
Amir é um jornalista excecionalmente talentoso, fluente em hebraico, árabe e inglês, que dedicou a sua vida e as suas capacidades a uma cobertura humanista de uma região, frequentemente desumanizante. A sua obra inclui reportagens premiadas sobre os esforços para alcançar uma solução de dois Estados e uma biografia do Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas.

No domingo, não sabia se ele estava vivo ou morto. Isto porque Tibon vive em Nahal Oz, uma pequena comunidade que faz fronteira com Gaza e que não dispõe de defesa antimíssil Iron Dome para a proteger. No sábado, foi alvo de fogo de morteiro e foi invadida por terroristas do Hamas. 
Durante a sua incursão em Israel, assassinaram mais de 900 israelitas e brutalizaram e raptaram muitos outros, na sua maioria civis. O número de mortos continua a aumentar.

Tibon e a sua família sobreviveram ao massacre indiscriminado, mas só depois de terem passado por uma provação horrível. Pouco antes de deitar as suas duas filhas, falámos sobre o que aconteceu, como se salvou, porque pensa que Israel chegou a este ponto e o que gostaria de ver da parte da comunidade internacional nos próximos dias. A nossa conversa foi editada e condensada para maior clareza.

Yair Rosenberg: Como é que é a tua vida neste momento?

Amir Tibon: Estou feliz por estar vivo. Estou feliz por a minha família estar viva. Estou a viver com a minha família alargada. Estou muito preocupado com os amigos e vizinhos que foram feridos ou raptados em Gaza. E estou preocupado com o meu país.

Rosenberg: Como judeu religiosamente observante, não uso aparelhos electrónicos nem acedo à Internet nos feriados judaicos ou no Sabbath, por isso, quando me liguei à Internet, depois de dois dias offline, já tinhas publicado que estavas em segurança e partilhado a história angustiante que passaste com a família. Podes falar sobre isso?

Tibon: Fico contente por não teres visto os acontecimentos à medida que iam ocorrendo, porque foi um dia negro, realmente o pior dia da história do Estado de Israel. 
É sábado, 7 de outubro. Estamos na cama, a dormir. Vivo com a minha mulher e duas filhas pequenas no Kibutz Nahal Oz. É uma pequena comunidade, com 500 pessoas, situada diretamente na fronteira de Israel com Gaza. É um sítio lindo, com pessoas muito resistentes e corajosas, com um forte sentido de comunidade e união. Mas é sábado, seis da manhã, e ouvimos um som muito familiar: o som de um morteiro prestes a explodir. É como um apito.
A minha mulher, Miri, empurra-me imediatamente. Corremos do nosso quarto para aquilo a que chamamos o quarto seguro. 
Em todas as casas da nossa comunidade e de outras comunidades ao longo da fronteira com Gaza, há uma divisão construída em betão muito forte, capaz de resistir a um impacto direto de um morteiro ou de um foguete. E na maior parte das famílias, é aí que se põe as crianças a dormir todas as noites. Por isso, corremos para o quarto seguro onde estão as nossas duas filhas: Galia de três anos e meio e Carmel de um ano e meio.
Elas não sabem que está a acontecer alguma coisa. Fechamos a porta e ficamos à espera. Quero dizer, isto é algo a que estamos habituados. Quando se vive na fronteira com Gaza, ataques como este acontecem de vez em quando. Esperamos por vezes uma hora, fazemos as malas e quando há uma pausa de alguns minutos, metemos os miúdos no carro e saímos da fronteira em direção a um local mais seguro. Mas desta vez, quando estávamos a fazer as malas, ouvi o barulho mais arrepiante que já ouvi na minha vida. Tiros automáticos ao longe. 
Primeiro, ouço o tiroteio nos campos. Depois ouço-o na estrada, depois no bairro e depois do lado de fora da minha janela. Ouço os tiros diretamente do lado de fora da minha janela, bem como gritos. Percebo árabe. Percebi exatamente o que se estava a passar: que o Hamas se tinha infiltrado no nosso kibutz, que havia terroristas do lado de fora da minha janela, e que eu estava fechado em casa e dentro do meu quarto seguro com duas raparigas, e não sabia se alguém viria salvar-nos. 
Foi assim que tudo começou.

Rosenberg: Uma coisa para as pessoas entenderem: Nahal Oz fica muito, muito perto da fronteira de Gaza. E é por isso que vocês não têm algo como o Iron Dome e é por isso que estão na sala de segurança.

Tibon: Sim, estamos tão perto que o Iron Dome, uma invenção espantosa que protege grandes partes de Israel dos foguetes, não é relevante na nossa área.
Mas digo-vos uma coisa. De certa forma, o facto de terem disparado os morteiros contra a nossa comunidade antes de atravessarem a fronteira salvou a vida de muita gente, porque fez com que as pessoas corressem para a sala de segurança. 
E esta sala de segurança, se a trancarmos corretamente, é muito difícil de abrir a partir do exterior. Muitas pessoas ficaram barricadas nessas salas seguras durante horas e, por vezes, durante um dia inteiro. Em muitos casos, os terroristas tentaram entrar e não conseguiram.
O que aconteceu no nosso caso foi que ficámos ali sentados às escuras. Poucos minutos depois de termos entrado e termos ouvido os tiros, a eletricidade parou. Não tínhamos comida. Tínhamos alguma água. E dissemos às nossas filhas: Têm de estar caladas agora. Têm de estar absolutamente caladas. Nem uma palavra. Não podes chorar. Não podes falar. É perigoso. E as minhas filhas foram umas heroínas. Esperaram em silêncio, no escuro, durante 10 horas, e não choraram. Entenderam. Talvez não seja a palavra certa, mas sentiram que estávamos a falar muito a sério. Então estamos com elas no escuro e elas estão completamente silenciosas.
No início, ainda tínhamos rede de telemóvel. Pouco tempo depois, também não havia rede no telemóvel. Mandei uma mensagem aos meus pais: "Há terroristas lá fora". Na verdade, pensámos que estavam dentro de casa, porque estavam a disparar munições reais contra a nossa casa, e ouvimo-las como se estivessem lá dentro. E os nossos vizinhos mandavam mensagens e toda a gente dizia que havia terroristas à porta da minha casa ou dentro da minha casa.
Telefonei a um colega e amigo, Amos Harel, o veterano correspondente do Haaretz para assuntos militares. Disse-lhe: Amos, há terroristas fora da minha casa, talvez até dentro. E o que Amos me disse em resposta foi a coisa mais assustadora que ouvi. Ele disse: Sim, eu sei, mas não é só no teu kibutz; não é só em Nahal Oz. É em todo o sul de Israel. Está por todo o lado. Está nas cidades, nas vilas, nos kibutzim e nas aldeias. Milhares de combatentes armados do Hamas infiltraram-se no país. Tomaram as bases militares. Foi assustador, porque me apercebi que, se era essa a situação, iria demorar muito tempo até que os militares viessem fazer frente a estes terroristas e nos salvem.

Rosenberg: Podes falar sobre como chegámos a este ponto?

Tibon: Sim, quero dizer algo sobre este fracasso dos militares e do governo. Miri e eu mudámo-nos para esta comunidade em 2014, imediatamente após a guerra que teve lugar nesse verão entre Israel e o Hamas, a guerra Israel-Gaza de 2014. 
Vivíamos na altura em Telavive, éramos um jovem casal sem filhos. As comunidades na fronteira de Gaza durante essa guerra sofreram com a utilização de túneis de ataque do Hamas para Israel. Basicamente, escavaram túneis sob a fronteira. Os combatentes saíam do subsolo do outro lado e matavam e raptavam soldados. Na altura, o mais assustador eram os túneis. Viemos inicialmente para apoiar a comunidade, apaixonámo-nos pelo local e decidimos ficar.
Mas os sucessivos governos israelitas, todos eles liderados por Benjamin Netanyahu, investiram milhares de milhões de dólares - penso que alguns deles provenientes do apoio dos EUA - na construção de um muro subterrâneo para impedir que o Hamas voltasse a utilizar esses túneis. Tratou-se de um grande projeto de infra-estruturas para o Estado de Israel. 
Esse projeto permitiu-nos dormir à noite, porque podemos lidar com os foguetes que caem sobre a nossa cabeça se tivermos uma sala segura em casa, mas se os terroristas se infiltrarem no subsolo e puderem entrar na nossa comunidade, isso muda tudo. 
A razão pela qual podíamos viver ali, e isso é verdade para toda a gente, é devido a este muro subterrâneo que Israel construiu. E nas primeiras horas da manhã de sábado, 7 de outubro, quando ouvimos os tiros do lado de fora da nossa janela, percebemos que este projeto é um fracasso total e completo.
Israel investiu tanto nisso, e o que é que o pessoal do Hamas fez? Pegaram em alguns tractores e SUVs e atravessaram a vedação da fronteira. 
Preparámos tudo para impossibilitar que viessem do subsolo, e eles simplesmente atravessaram a fronteira. Isso é um grande, grande fracasso. Por isso, voltando à conversa com Amos Harel, quando me apercebi de que a situação era mesmo esta, foi aí que pensei: Pronto, vamos morrer aqui. Ninguém vai conseguir chegar a tempo. E se eles conseguirem entrar na casa, vão tentar entrar na sala de segurança. E se conseguirem fazer isso, seremos mortos ou raptados.

Rosenberg: Como é que acabaram por sair?

Tibon: Telefonei ao Amos, mas também ao meu pai. O meu pai é um general reformado. Tem 62 anos de idade. Vive em Tel Aviv. E os meus pais disseram-me: Vamos já para aí. É uma hora e 20 minutos de carro. Ora, isto vai contra toda a lógica. Mas eu disse a mim próprio: Muito bem, neste momento estou a pedir às minhas duas filhas pequenas que confiem totalmente em mim e na minha mulher, nos pais delas, que façam o que lhes estamos a dizer para salvar as suas vidas, que é estarem muito, muito caladas e compreenderem que não podemos sair do quarto, não podemos ir buscar comida, não podemos ir à casa de banho, não podemos sair para brincar, e estou a pedir-lhes que confiem totalmente em mim.
Tenho de fazer a mesma coisa agora. Tenho de confiar no meu pai, que é um homem de confiança, que se ele disse que vinha aqui salvar-nos, ele fá-lo-ia. 

Só muitas horas mais tarde, quando o meu pai chegou, é que fiquei a saber o que tinha acontecido nesse dia aos meus pais, o que é uma história incrível por si só.
Os meus pais saem de Telavive e chegam à cidade de Sderot, que é a maior cidade da zona fronteiriça. Quando lá chegam, vêem pessoas a andar descalças na estrada. São sobreviventes de um festival de música ali perto, onde o pessoal do Hamas chegou de manhã cedo e massacrou logo mais de 200 pessoas, pessoas que tinham ido a um festival de música. 
Os meus pais meteram os sobreviventes no carro e levaram-nos para mais longe da fronteira. Já tinham chegado à zona fronteiriça, mas viram pessoas que precisavam de ajuda e levaram-nas. Depois deram meia-volta e continuaram a conduzir em direção à nossa zona.

Param numa comunidade próxima que fica perto da fronteira, mas não tão perto como nós. E o meu pai convence um soldado que está ali à procura de uma forma de ajudar, a vir com ele para Nahal Oz, para o meu kibutz, para matar terroristas e salvar famílias. 
Dirigem em direção ao kibutz, mas pelo caminho vêem uma força militar a ser emboscada por combatentes do Hamas. Saem do carro. O meu pai está reformado, não tem armas militares. Em Israel, ao contrário do que acontece na América, os cidadãos não podem comprar AR-15s, (e eu fico contente por isso). 
Contudo, o meu pai tem uma pistola e juntamente com este outro soldado juntam-se aos soldados que estão a combater a célula do Hamas, ajudam a matá-los, e agora estão muito perto do meu kibutz. Estão a cinco minutos da entrada do meu kibutz, mas dois dos soldados estão feridos. E, mais uma vez, o meu pai teve de voltar para trás. Põe os soldados feridos no carro, com a ajuda do outro soldado que se juntou a ele, e voltam para onde está a minha mãe.
A minha mãe leva os soldados feridos no seu carro para um hospital. O meu pai vê outro antigo general reformado, Israel Ziv, que está mais perto dos 70 do que dos 60. Israel vestiu a farda e veio como um soldado normal para o sul, para tentar ajudar. 
O meu pai diz-lhe: "Israel, não tenho carro. A minha mulher está a levar os soldados feridos para o hospital para os salvar. Preciso de ir a Nahal Oz, onde a minha família está barricada. As minhas netas estão lá. Levem-me a Nahal Oz".
Estes dois homens com mais de 60 anos estão a conduzir um carro normal. Nem sequer é um jipe ou algo do género. Não é um veículo blindado. É apenas um carro, como os que circulam na New Jersey Turnpike a caminho do trabalho de manhã. Conduzem agora na estrada onde meia hora antes houve uma emboscada mortal de soldados. Ambos têm armas. O meu pai tirou armas aos soldados feridos, que lhas deram porque ele lhes disse: "Vou voltar a entrar".
Chegaram à entrada do kibutz. E quando lá chegam, encontram um grupo de soldados das forças especiais que estão prestes a iniciar o processo muito perigoso de ir de casa em casa na nossa comunidade para tentar enfrentar os terroristas e libertar as pessoas que estão barricadas. 
Nessa altura, não faço ideia de que tudo isto está a acontecer. Estamos na sala de segurança. Os terroristas ainda estão lá fora. Não temos rede de telemóvel. Não temos bateria no telemóvel. Estamos apenas à espera no escuro.
Começamos a ouvir tiros de novo - e desta vez, são dois tipos de armas. Apercebemo-nos de que há uma batalha. Apercebemo-nos de que está a haver uma troca de tiros. Eu digo à minha mulher: Ele está a chegar. O meu pai está a chegar. Eles estão a lutar. Ele está com estes soldados. Eles não vieram imediatamente para a nossa casa. Foram de casa em casa, de bairro em bairro, dentro da nossa comunidade. Não me lembro de quanto tempo demorou.
Ouvíamos os tiros cada vez mais perto. As raparigas tinham adormecido, mas agora acordaram. Acho que são duas da tarde. Não comeram nada desde ontem à noite. Não há luz, e já não temos telemóveis, por isso nem sequer podemos mostrar-lhes a cara, mas há uma frase que as impede de se desmoronarem e começarem a chorar: O avô está a chegar.
Digo-lhes: Se ficarmos calados, o vosso avô vem tirar-nos daqui. Às 4 da tarde, depois de 10 horas assim, ouvimos uma grande pancada na janela e ouvimos a voz do meu pai. Galia, a minha filha mais velha, diz: Saba higea - o avô está aqui. Foi nessa altura que começámos todos a chorar e que soubemos que estávamos a salvo.

Rosenberg: Quero passar um pouco do pessoal para o político. Trabalhas para um jornal liberal de Telavive mas vives
 Nahal Oz onde encontraste lá pessoas que eram patriotas israelitas ainda empenhados no local e na paz e que queriam encontrar algo melhor, embora talvez tivessem mais razões do que ninguém para desconfiar do futuro. Sei que partilhas essa fé, mas pergunto-me como te sentes neste momento. Essa fé é alguma vez abalada?

Tibon: A política da nossa zona, da zona fronteiriça de Gaza, é muito interessante e é um microcosmo da política em Israel. 
As comunidades dos kibutz, como a minha, são muito esquerdistas. E a grande cidade da zona, Sderot, que também passou por uma terrível, terrível catástrofe, é de facto muito mais de direita, religiosa e apoiante de Netanyahu. Portanto, há esta divisão, mas estamos juntos nisto, estamos ambos a sofrer das mesmas condições neste momento e acho que muitas pessoas vão reexaminar tudo quando isto acabar.
Eu adoro a minha comunidade. Adoro os meus vizinhos. Orgulho-me da sua capacidade de resistência neste dia horrível. Aquilo por que passámos não é uma história única. É a história de toda uma região de Israel.
Sinto-me envergonhado pelo meu governo. Tínhamos um contrato com o Estado para que comunidades como a nossa protegessem a fronteira. É por isso que as pessoas vivem lá. 
Protegemos a fronteira com a nossa presença lá. Esta é uma estratégia fundamental do Estado de Israel desde os primórdios do país: uma fronteira que não tenha comunidades civis e vida civil ao longo dela não será devidamente protegida.
Cumprimos a nossa parte do contrato. Vivíamos na fronteira. Por vezes, passámos por situações difíceis, com morteiros e com a utilização de dispositivos incendiários para atear fogos nos campos. Quando se vive num lugar como Nahal Oz, acorda-se todas as manhãs e sabe-se que há pessoas do outro lado da fronteira que nos querem matar a nós e aos nossos filhos. Então o contrato foi: Nós protegemos a fronteira, e o Estado protege-nos a nós.
E este governo, que é o pior governo da história do Estado de Israel, liderado por um homem corrupto, disfuncional e egoísta que só se vê a si próprio - Benjamin Netanyahu - falhou-nos. 
Havia sinais de aviso de que isto iria acontecer. Os militares e as agências de informação avisaram que os vizinhos de Israel estavam a ver a divisão interna no país devido ao plano desastroso do governo para eliminar o poder judicial. 
Há notícias, neste preciso momento, de que os serviços secretos egípcios avisaram Netanyahu, há alguns dias, de que o Hamas estava a planear algo maciço na fronteira.
A forma como os acontecimentos do dia se desenrolaram foi o pior fracasso da história do Estado de Israel. Quer dizer, pessoas como o meu pai, como Israel Ziv e outros oficiais reformados, tiveram de descer para salvar cidadãos, para tentar salvar as suas próprias famílias e outras pessoas. 
Entretanto, as forças armadas estão a desmoronar-se e todas as infra-estruturas civis que deveriam apoiar as forças armadas e a sociedade numa situação destas também não estão a funcionar.
Oiçam, neste momento temos de ganhar esta guerra. Temos de destruir o Hamas. Temos de tornar impossível que possam, alguma vez, voltar a efetuar algo que se aproxime do que aconteceu no sábado. Nenhum país do mundo pode permitir que uma coisa destas aconteça aos seus cidadãos e voltar à atividade normal. Sinto-me muito mal pelo povo de Gaza. Estou destroçado. Mas este foi o nosso 11 de Setembro.
Depois de ganharmos a guerra e erradicarmos o Hamas, haverá tempo também para atirar para o caixote do lixo da história qualquer político, a começar pelo primeiro-ministro, que tenha tido alguma coisa a ver com este fracasso. Mas essa é uma conversa para amanhã. Hoje, o que está em causa é salvar os nossos cidadãos e destruir a capacidade do inimigo para voltar a fazer uma coisa destas.

Rosenberg: Amanhã, o que acontece com Netanyahu?

Tibon: Antes de mais, temos de ganhar a guerra. Isso é o mais importante. Depois da guerra, acredito que as pessoas que foram lutar e salvar as suas famílias, e as pessoas que têm os seus entes queridos raptados em Gaza, e as pessoas que perderam as suas casas - essas pessoas não permitirão que este governo fique nem mais um dia. Os protestos a que Israel assistiu no ano passado vão ser um jogo de crianças comparado com a raiva do público depois disto. Mas, neste momento, o que importa é ganhar a guerra.

Rosenberg: Isto não acabou. Está a decorrer. Há pessoas feitas reféns. O que é que espera agora dos Estados Unidos e do mundo?

Tibon: Em primeiro lugar, fiquei aliviado ao ver o compromisso muito forte do Presidente Biden, verbalmente mas também em ação, ao enviar forças militares americanas para a região e ao deixar claro que, se qualquer outro actor na região estiver confuso, os Estados Unidos apoiarão Israel se alguém estiver a tentar utilizar este momento de crise da forma errada.
Há a questão dos israelitas que são raptados, alguns dos quais têm dupla nacionalidade de outros países. E neste caso, como alguém que cobre diplomacia, penso que a linguagem é realmente importante. Podemos dizer: O Hamas é responsável pelo seu destino. Essa é a linguagem habitual dos diplomatas. Mas a frase que espero ouvir dos países, incluindo os Estados Unidos, mas também outros, é: Esperamos a sua libertação imediata.
Estes são simples cidadãos A maioria deles não são soldados. Há lá muitas mulheres. Há crianças, há pessoas idosas. E penso que a posição internacional deveria ser a de que eles devem ser imediatamente libertados. É isto que espero ouvir.
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Yair Rosenberg é colaborador do The Atlantic e autor do boletim Deep Shtetl, sobre a intersecção entre política, cultura e religião.

Isto não pode estar de acordo com o direito internacional



Não estamos na Idade Média. Com estas iniciativas os israelitas arriscam-se a perder o apoio da opinião pública.


Israel ordena "cerco total" à Faixa de Gaza

Jean-Philip Struck


Israel corta fornecimento de luz, água, comida e combustível a enclave de 2 milhões de palestinos. "Lutamos contra animais e agiremos de acordo", diz ministro israelense da Defesa. Cresce pressão por invasão terrestre.

October 08, 2023

Israel - Gaza e West Bank (Cisjordânia)

 


Ontem:

@Elad_Si
Can't sleep, and probably won't. Keep picturing the horrible images of today. The young woman screaming while taken on a motorbike by two men. 
The young boy - maybe 3 years old - alone in captivity being hit with a stick and ridiculed for being "a dirty Jew". 
The elderly woman  who clearly suffers from dementia and has no idea what's happening while her captors are laughing. 
The father who shields his son while terrorists are firing above them, the child asking, horrified if they will kill him. 
The mother who heard her two sons over the phone begging not to be taken away, telling armed men they are too young to die. Bodies of dozens of young partygoers who found themselves surrounded and shot. Some people called this day a celebration of human rights and cheered. Those who are truly humane will spend tonight crying.


@AlamuFentay
My friend's sister, Amit. A paramedic who tried to save lives in #KibbutzBari and she is only 22 years old. The last time they heard from her was that she told her family that the terrorists came in, shot her in the legs and that she loved them. Since then it is not known what happened to her.


@DrAnnaPirates
I can’t sleep thinking about that #German women who went to Israel to attend peace concert and show solidarity with #Palestine and ended up in back of truck, raped and murdered by Hamas who filmed it with pride and posted it online. I can’t imagine her family

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@IuliiaMendel
Thoughtful and wise from an Israeli war correspondent @EfratLachter

It is a nightmare.

Israel is a very small place, and we know of friends who are missing, or who have been injured, and we are terrified that soon we will start hearing of people we know who lost their lives.

The videos circling on social media remind me of the war crimes I witnessed ISIS commit. They are streaming the horrors for the world to see, and my people are recognizing their loved ones in the most horrible way one can imagine.

….We are no Saints for sure. I wish, as many of my friends do, that there was a two-state solution a long time ago. The Palestinians deserve to have a country.
But conflicts are messy. Complicated. Hard to explain. No coincidence I made my career trying to show that.

What I find hard for people to understand is that the ongoing conflict is not against the Palestinians as people and that Gaza and the West Bank are two separate fronts.

In Gaza, the leadership is from Hamas, a terrorist group and not a legitimate government. They have murdered violated and kidnapped civilians today and in the past. They have terrorized their people.

…Gaza is one of the worst places on this planet to live in. But it's not because of Israel. We withdrew from Gaza in 2005 (unlike the West Bank). In 2007, Hamas won a democratic election in Gaza. They selected a terror group. Many Palestinians told me it was the biggest mistake they ever made. If only we could turn back time.

Since 2007, thousands of rockets have been launched from Gaza to Israel. In the south of the country, people got “used” to living under constant shelling. Iron Dome made it possible to live, but still, you have to get to a shelter in about 20 seconds, or else. This is the daily routine. Could you imagine living that way? Raising your kids in such a fragile reality?
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tradução:


@IuliiaMendel
De uma correspondente de guerra israelita muito atenciosa e sábia @EfratLachter

É um pesadelo.
...
Israel é um lugar muito pequeno e sabemos de amigos que estão desaparecidos, ou que foram feridos, e estamos aterrorizados que em breve vamos começar a ouvir falar de pessoas que conhecemos que perderam as suas vidas.

Os vídeos que circulam nas redes sociais fazem-me lembrar os crimes de guerra que vi o ISIS cometer. Estão a transmitir os horrores para o mundo ver, e o meu povo está a reconhecer os seus entes queridos da forma mais horrível que se pode imaginar.

.... Não somos santos, de certeza. Gostaria, como muitos dos meus amigos, que tivesse havido uma solução de dois Estados há muito tempo. Os palestinianos merecem ter um país.
Mas os conflitos são confusos. Complicados. Difíceis de explicar. Não foi por acaso que fiz a minha carreira a tentar mostrar isso.

O que acho que as pessoas não compreendem é que o conflito em curso não é contra os palestinianos enquanto povo e que Gaza e a Cisjordânia são duas frentes distintas.

Em Gaza, a liderança é do Hamas, um grupo terrorista e não um governo legítimo. Assassinaram, violaram e raptaram civis, hoje e no passado. Aterrorizaram o seu próprio povo.

Gaza é um dos piores sítios do planeta para se viver. Mas não é por causa de Israel. Retirámo-nos de Gaza em 2005 (ao contrário do que aconteceu com a Cisjordânia). Em 2007, o Hamas ganhou uma eleição democrática em Gaza. Elegeram um grupo terrorista. Muitos palestinianos disseram-me que foi o maior erro que alguma vez cometeram. Se ao menos pudéssemos voltar atrás no tempo.

Desde 2007, milhares de rockets foram lançados de Gaza para Israel. No sul do país, as pessoas "habituaram-se" a viver sob constantes bombardeamentos. O Iron Dome tornou possível viver aí, mas ainda assim, é preciso chegar a um abrigo em cerca de 20 segundos, ou então... Esta é a rotina diária. Consegue imaginar-se a viver assim? Criar os seus filhos numa realidade tão frágil?

August 18, 2023

Não admira que o planeta esteja todo marado


Desde meados do outro século já se fizeram mais de 2000 mil testes nucleares em terra (portanto na atmosfera) e no mar. Não admira que o planeta esteja todo marado com tanta descarga radioactiva e tanta destruição de vida terrestre e marítima que os homens da guerra provocaram com os seus brinquedos de morte. Nesta tabela vemos que a Rússia, tendo feito menos testes que os EUA, largou mais kilo-toneladas que eles e a Coreia do Norte, que fez 6 testes, já largou tantas kilo-toneladas como a Rússia. Para quê isto?


wiki



Soviet nuclear testing in 1980s
by u/Miserable-Scar3612 in Damnthatsinteresting

February 16, 2023

Os filósofos estão cheios de pistas para pensar e melhorar a experiência humana




Estou a trabalhar a epistemologia nas turmas do 11º ano, mais propriamente o problema da origem do conhecimento, o que é feito a partir dos grandes representantes das correntes opostas: o racionalismo e o empirismo (Kant aparece depois como o conciliador). O grande representante do racionalismo nesta questão é Descartes, o fundador da época moderna na Filosofia.

Apesar do programa retalhar Descartes para o reduzir a uma argumentação, eu nunca o retalho porque as obras dele estão cheias de pistas para pensar e melhorar a experiência humana que tanto eram válidas no seu tempo, como hoje. A Filosofia tem essa característica de ter uma dezena de grandes pensadores que abriram caminhos novos no pensamento da (e na) experiência humana e, se bem que nenhum deles tenha conseguido dar uma resposta definitiva e acabada às próprias questões (que são profundas e complexas), deram respostas válidas e/ou delimitaram os problemas de uma maneira intemporal. E vendo bem, qual é o saber que conseguiu dar uma resposta definitiva aos problemas que aborda...? Pois, nenhum. E a maioria até se orgulha da velocidade com que as respostas caducam e chama a isso, o progresso.

Há pouco tempo ouvi uma pequena entrevista de Hanna Arendt onde ela diz que a época contemporânea tem a virtude de possibilitar que possamos ir beber ideias a qualquer fonte (não somos obrigados a credos ou ideologias - na maior parte do mundo) e ainda de termos a oportunidade de poder pensar, restando apenas a decisão de o fazer, já que a educação se alargou e as fontes de informação estão disponíveis ao público. Ninguém tem poder de impedir outro de pensar (desde que ele de facto, aprenda a pensar) e o pensamento tem essa característica de estar aberto à averiguação alheia e à crítica. A única autoridade no pensar é a razão.

É certo que para aceder aos textos dos filósofos é necessário aprender a linguagem filosófica como acontece em qualquer outra área específica do saber humano que ultrapasse o senso comum. Para compreender um livro de física ou de sociologia ou de medicina ou de direito, é necessário estar por dentro dos contextos, da linguagem, etc. e a maioria, se pegasse num livro desses sem nenhuma iniciação não percebia nada porque essas obras, se bem que estejam escritas para fazer avançar o conhecimento e a vida das pessoas, abordam problemas complexos que requerem estudo próprio e, por isso, não estão escritas, salvo excepções, para serem lidas pelas pessoas comuns, mas pelos especialistas. Por isso há professores e comentadores que traduzem, por assim dizer, as ideias complexas numa linguagem acessível à compreensão de quem não as estudou.

Há excepções. Galileu, por exemplo, que queria convocar o apoio do público como maneira de se defender dos ataques da Igreja, escreveu em italiano, em vez de latim e publicou os escritos na imprensa em forma de diálogos (à maneira platónica) fáceis de seguir e com uma linguagem acessível.

Também Descartes escreve este Discurso do Método numa linguagem muito acessível, porque isso cumpre os seus objectivos de divulgar uma nova maneira de organizar o pensamento (um método) que ele quer que se torne a norma - o que aconteceu, pelo menos nas ciências em geral. A obra de Descartes é tão importante que desde que ele pensou (aqui e nas Meditações) o problema do conhecimento e da verdade no conhecimento, nunca mais se falou de outra coisa, por assim dizer.

Estou, como disse no início, a trabalhar este tema e, porque este livro de Descartes é muito rico em ideias e insights, tirei cópia das partes mais importantes (três folhas) e é com elas que trabalhamos o assunto, com muito proveito, porque a época que Descartes quer fechar, na questão do conhecimento -e fechou-, o Renascimento, tem muitos paralelismos com os nossos dias, de maneira que os alunos reconhecem muito bem os problemas.

O Renascimento é uma época de grande cepticismo e relativismo no conhecimento. Para o homem comum, pior ainda do que Galileu contradizer a autoridade da Igreja católica e do Papa com as suas investigações e teorias acerca do Cosmos, foi o movimento de Reforma que partiu do seio da igreja e a estilhaçou em inúmeras versões religiosas contraditórias. De repente todos se aperceberam que a 'verdade' da igreja católica era uma entre outras e que nenhuma delas conseguia fornecer razões de ser mais verdadeira ou sequer, melhor que as outras.

Descartes quer muito virar a página desses 100 anos de cepticismo e discussão relativista e começar a construir um caminho de certezas, claras e úteis, não só nas ciências, mas também na vida de cada um. 

Logo no início deste livrinho ele diz que o bom senso (a razão) é a coisa mais bem distribuída (é universal) e que, se existem tantas teorias contraditórias sobre tudo e muitas delas inúteis, se deve a que cada um conduz o pensamento com um método próprio, que não se deu ao trabalho de investigar e, ainda, que cada um considera coisas diferentes ao analisar as questões. Daí este Discurso do Método, que ele não impõe mas cujas virtudes partilha e defende: explica porque o construiu, como o construiu, em que consiste e porque é bom a conseguir construir certezas em vez de dúvidas sem fim.

Lembrei-me disto ao ler este artigo de Jürgen Habermas (on the Ukraine - A Plea for Negotiations) onde ele apela a que se façam negociações com Putin, sacrificando as partes da Ucrânia que a comunidade internacional entender que devem ser sacrificadas de maneira a salvar a face dos ucranianos e de Putin.
Os sociólogos têm esta característica de analisar as sociedades independentemente dos homens bio-psiquícos que as constituem. Como se fossem construções abstractas.
Não vou discutir aqui a extensa argumentação dele sobre os pacifistas, os alemães que entendem que se deve negociar, estarem a morrer ucranianos e russos, a experiência da Grande Guerra, o prejuízo da economia da Europa, etc. Quem quiser que a leia.
Só chego ao fim e valorizo ainda mais Descartes que tão bem explicou o que agora parece óbvio, acerca de cada um tomar em consideração coisas diferentes (as que lhe importam) e de isso dar origem a erros de juízo, como por exemplo, desconsiderar completamente certas coisas obrigatórias de ponderar nesta questão, como o facto da Rússia ter como objectivo explícito aniquilar a Ucrânia enquanto país e os ucranianos enquanto povo. 
Habermas, claramente, se vivesse durante o tempo nazi teria sido um dos apaziguadores que defendiam (e eram muitos) que se devia fazer a paz com a Alemanha nazi para poupar vidas e não escalar a guerra. Onde estaríamos agora? E mais: se a Alemanha é hoje um país democrático e desenvolvido, isso deve-se a todos os que contrariaram os apaziguadores e deram a vida pela liberdade. 
As pessoas muito à esquerda, como em geral não valorizam a liberdade, não a levam em consideração na construção dos juízos. 
Descartes foi um pensador extraordinário e aprende-se muito com ele, concorde-se ou não com o seu Racionalismo.



- Edição da Guimarães ed., tradução de Pinharanda Gomes

January 10, 2023

A vida dos outros

 

December 06, 2022

Humanos do planeta



Somos capazes disto:

Morgan Library & Museum New York City, New York //  ♡ - @LeahFigs

Mas passamos o tempo nisto:



November 17, 2022

Alguém invente um invertor de sentido

 

Uma engenhoca que em vez de destruir os mísseis, os intercepte e interfira na sua direcção no sentido de os virar e fazer ir ter ao sítio de onde foram disparados, como um boomerang. Até tenho um nome: míssil karma.


November 08, 2022

O que se fizer agora, ecoa no futuro, como dissuasor ou facilitador de agressões injustas e totalitárias

 


A guerra da Rússia na Ucrânia lembra, "A Oeste Nada de Novo”, o livro de Erich Maria Remarque, publicado em 1929, acerca do que são as guerras: uma violência inútil desencadeada pela ambição e arrogância de alguns líderes -É muito estranho que a infelicidade do mundo seja tão frequentemente trazida por homens pequenos - que desencadeiam a miséria e o sofrimento de milhares ou milhões. 
Ele escreve em cima das suas experiências da Primeira Grande Guerra, onde foi soldado e a obra fala sobre a ruína de países inteiros e a morte prematura e obscena de jovens que ainda nem atingiram a maioridade. 

"Sou jovem, tenho vinte anos de idade; no entanto não sei nada da vida a não ser desespero, morte, medo e superficialidade fátua lançada sobre um abismo de tristeza. Vejo como os povos são postos uns contra os outros, e em silêncio, inconscientemente, insensatamente, obedientemente, inocentemente, matam-se uns aos outros".

O livro de Erich Maria Remarque, embora não tenha sido escrito como um manifesto pacifista, é exactamente isso. 

Este livro não deve ser nem uma acusação nem uma confissão, e muito menos uma aventura, pois a morte não é uma aventura para aqueles que estão frente a frente com ela. Tentará simplesmente falar de uma geração de homens que, apesar de terem escapado das balas, foram destruídos pela guerra.

A guerra da Rússia na Ucrânia lembra, a todo o momento, esta obra de Erich Maria Remarque: uma guerra desencadeada por um pequeno homem arrogante e vaidoso que atira para a miséria dezenas de milhões, arruina um país, ameaça o mundo de destruição nuclear e mata jovens que ainda agora começaram a vida. "Temos tanto para dizer, e nunca o diremos", diz uma das personagens do livro.

A tragédia de deixar de crer no mundo e nos outros:

Já não éramos jovens. Perdemos qualquer desejo de conquistar o mundo". Somos refugiados. Estamos a fugir de nós próprios. Das nossas vidas. Tínhamos dezoito anos e tínhamos acabado de começar a amar o mundo e a amar estar nele, mas tivemos de disparar contra ele. A primeira bala foi directamente para os nossos corações. Fomos cortados da verdadeira acção, de continuar, do progresso. Já não acreditamos nessas coisas; acreditamos na guerra.

O desencanto com a civilização:

Deve ser tudo mentira quando a cultura de mil anos não conseguiu impedir que este fluxo de sangue fosse derramado, estas centenas de milhares de câmaras de tortura. Só um hospital mostra o que é a guerra.

Quando vejo as imagens de Mariupol, de Bucha e do dia-a-dia da guerra penso nesta obra de Erich Maria Remarque que pretendia ser uma mostra do horror da guerra com o fito de desencadear a repulsa da guerra.

A Europa, que nem sempre age bem, desta vez uniu-se contra o mal da guerra imperialista e colonialista. O que se fizer agora, ecoa no futuro, como dissuasor ou facilitador de agressões injustas e totalitárias, que ameaçam o mundo inteiro com uma cortina de destruição, morte, repressão e loucura.

November 06, 2022

Ucrânia - News Feed by the hour




kyivindependent.com


Domingo, 6 de Novembro


7:45 am General Staff: Ukraine repels 14 Russian attacks in Kharkiv, Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia oblasts over past 24 hours.
As tropas ucranianas repeliram ataques perto de Zybyne em Kharkiv Oblast, Bilohorivka em Luhansk Oblast, Andriivka, Bakhmutske, Berestove, Maiorsk, Makiivka, Marinka, Ozarianivka, Opytne, Pavlivka, Yakovlivka e Yampolivka em Donetsk Oblast, e Shcherbaky em Zaporizhzia Oblast, de acordo com o Estado-Maior General das Forças Armadas da Ucrânia. A Rússia lançou quatro mísseis e 19 ataques aéreos na Ucrânia e levou a cabo mais de 75 ataques com o MLRS em 5 de Novembro, acrescentou o Estado-Maior General.

6:35 am ISW: Iran exploits Russia's dependence on kamikaze drone supplies.
O Instituto para o Estudo da Guerra afirmou na sua última avaliação que é provável que o Irão já esteja a utilizar a dependência da Rússia dos seus drones kamikaze "para solicitar a assistência russa no seu programa nuclear". "Os pedidos de assistência nuclear e o reconhecimento dos carregamentos de drones são ambos indicadores de que os iranianos podem pretender estabelecer mais claramente uma relação de segurança bilateral explícita com a Rússia, na qual são parceiros", relata o ISW.

5:00 am Russia kidnaps 34 children from Kherson Oblast.
As forças russas levaram 34 crianças da aldeia de Preobrazhenka, para Anapa, Rússia, disse o governador de Kherson, Oblast Yanushevych, citando Valentyna Holovata, chefe da administração militar da comunidade de Myrne. "Foi prometido aos pais que os seus filhos seriam devolvidos até ao final desta semana, mas depois o tempo de estadia foi novamente prolongado por mais uma semana", disse Yanushevych num telegrama no dia 5 de Novembro.

3:15 am Ukraine's military destroys Russian equipment in southern Ukraine. O Comando Operacional da Ucrânia "Sul" informou que o exército ucraniano matou 57 tropas russas e destruiu dois tanques, dois howitzers de grande calibre, e três veículos blindados em 5 de Novembro.

1:30 am Russia attacks Zaporizhzhia overnight on Nov. 6.
O presidente interino do município de Zaporizhzhia Anatolii Kurtiev informou que as forças russas atacaram uma área residencial em Zaporizhzhia, provocando um incêndio. Os socorristas estão a trabalhar no local. Não há informações sobre baixas, disponíveis neste momento.

12:10 am Governor: Russia shells Sumy Oblast over 50 times on Nov. 5.
As forças russas lançaram ataques contra cinco comunidades vizinhas no norte de Sumy Oblast, segundo o governador oblástico Dmytro Zhyvytskyi.
Mais de 120 tropas russas foram mortas durante as hostilidades neste dia.

October 30, 2022

Ucrânia - News Feed by the hour



kyivindependent.com

Domingo, 30 de Outubro
O Instituto para o Estudo da Guerra informa que em 29 de Outubro os russos deram aos residentes de Kherson um aviso de despejo de dois dias e introduziram pontos de inspecção e verificação intensificados nos bloqueios de estradas nas rotas para a Crimeia ocupada pela Rússia. Os peritos também citam relatórios de forças russas que deslocam à força civis de Nova Kakhovka e soldados russos que se transformam em vestuário civil e se mudam para residências privadas na cidade de Beryslav.

3:46 da manhã
Ukraine's military destroys Russian equipment on southern front line.
O Comando Operacional "Sul" da Ucrânia informou a 29 de Outubro que o exército ucraniano matou 57 soldados russos na linha da frente sul e destruiu um sistema antiaéreo Tunguska, um sistema de mísseis Pantsir, o morteiro Nona, vários howitzers, um tanque e sete veículos blindados.

2:31 da manhã
Lithuanian foreign minister calls on allies to secure Ukraine's grain exports with military escorts.  
Na sequência do anúncio da Rússia de que suspendeu o acordo de cereais da ONU que permitiu a exportação de cereais ucranianos através dos portos do Mar Negro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros lituano Gabrielius Landsbergis disse que "negociar com a Rússia não funciona". Landsbergis acrescentou que se Putin continuar a pôr em risco as exportações de cereais da Ucrânia, "o mundo livre deve unir-se para salvaguardar a navegação com escoltas militares".

1:04 da manhã
New York Times: Ukraine achieves artillery superiority on southern font line thanks to Western weapons.  
A Ucrânia aumentou o alcance e a precisão do seu arsenal militar com foguetes e cartuchos de artilharia guiados com precisão, uma classe de armas largamente ausente no arsenal da Rússia. "Os soldados ucranianos estão a destruir veículos blindados no valor de milhões de dólares com drones caseiros baratos, bem como com drones mais avançados e outras armas fornecidas pelos Estados Unidos e aliados", relata o New York Times.

12:20 da manhã
Russian media: Russia removes commander of its largest military district.
O Comandante do Distrito Militar Central da Rússia, Aleksandr Lapin, foi substituído, informou o Moscow Times, citando fontes do Ministério da Defesa russo. A razão é desconhecida. Também não é claro quem irá substituir Lapin e que papel irá assumir a seguir. Na Rússia, Lapin tem sido criticado pela retirada das tropas russas de Lyman.


October 11, 2022

Lukashenka tem cada vez mais corda para se enforcar


Mais vale perceber tarde do que nunca



Se bem que as 'soluções' que ele propõe não estejam à altura dos desafios que enuncia.
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"Let me try to summarise what is happening to us. Maybe I am wrong, but I want to discuss with you about it. I think that we Europeans are facing a situation in which we suffer the consequences of a process that has been lasting for years in which we have decoupled the sources of our prosperity from the sources of our security. This is a sentence to provide the headline, and I am taking that from Oliver Schmitt, who has been developing this thesis – I think - quite well.

Our prosperity has been based on cheap energy coming from Russia. Russian gas – cheap and supposedly affordable, secure, and stable. It has been proved not [to be] the case. And the access to the big China market, for exports and imports, for technological transfers, for investments, for having cheap goods. I think that the Chinese workers with their low salaries have done much better and much more to contain inflation than all the Central Banks together.

So, our prosperity was based on China and Russia – energy and market. Clearly, today, we have to find new ways for energy from inside the European Union, as much as we can, because we should not change one dependency for another. The best energy is the one that you produce at home. That will produce a strong restructuring of our economy – that is for sure. People are not aware of that but the fact that Russia and China are no longer the ones that [they] were for our economic development will require a strong restructuring of our economy.
...

On the other hand, we delegated our security to the United States. While the cooperation with the Biden Administration is excellent, and the transatlantic relationship has never been as good as it is today – [including] our cooperation with the United States and my friend Tony [Anthony] Blinken [US Secretary of State]: we are in a fantastic relationship and cooperating a lot; who knows what will happen two years from now, or even in November? What would have happened if, instead of [Joe] Biden, it would have been [Donald] Trump or someone like him in the White House? What would have been the answer of the United States to the war in Ukraine? What would have been our answer in a different situation?

These are some questions that we have to ask ourselves. And the answer for me is clear: we need to shoulder more responsibilities ourselves. We have to take a bigger part of our responsibility in securing security
...
Yes, there is a fight between the democratic systems and the authoritarian systems. But authoritarianism is, unhappily, developing a lot. Not just China, not just Russia. There is an authoritarian trend. Sometimes, they are still wearing the democracy suit, but they are no longer democracies. There are some who are not democracies at all – they do not even take the pity to look like democracies.

So, this competition is a structuring force. The fight between democracies and authoritarians is there. But it is much more than that.

The world is not purely bipolar. We have multiple players and poles, each one looking for their interest and values. Look at Turkey, India, Brazil, South Africa, Mexico, Indonesia. They are middle powers
...
And in the middle of that, we have the Global South. These people do not want to be forced to take sides in this geopolitical competition. More [importantly], they feel that the global system does not deliver, and they are not receiving their part."


     — EU Ambassadors Annual Conference 2022: Opening speech by High Representative Josep Borrell
(excerto)