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January 06, 2024

"The border between power and violence is quantitative and fluid" (Leo J. Penta)




A Rússia está a caminho de sofrer 500.000 baixas na Ucrânia - em menos de 3 anos. A loucura de Putin está literalmente a aniquilar os jovens russos, agora à razão de 1.000 baixas por dia.
Glasnost Gone




May 11, 2023

Onde é que Tolkien se inspirou para escrever «O Senhor dos Anéis»?

 


No «Anel dos Nibelungos» de Wagner ou no «Anel de Giges» de Platão? Tolkien, a quem perguntaram mais que uma vez se tinha baseado a sua obra no Anel de Wagner, disse sempre que a única coisa que havia de comum entre os dois anéis era ambos serem circulares. No entanto Tolkien não negava a influência da Edda poética, os versos islandeses que são a fonte da mitologia nórdica, na criação de personagens como os Elfos ou os Hobbits.

Contudo, o mito do anel invisível que Tolkien usa, esse mito não vem das sagas islandesas do século XIII, mas do mito de Giges que é referido no Livro II da República de Platão. Platão põe Glaucon, um dos intervenientes no diálogo que versa sobre a questão de saber se as pessoas são intrinsecamente boas ou más e se, portanto, podendo fazer o mal sem serem apanhadas o fariam, põe Glaucon, como dizia, a defender que a moralidade tem que ser imposta coercivamente porque não é natural.

Glaucon usa o exemplo do anel invisível de Giges, um pastor que encontra um anel numa caverna, na mão de um esqueleto, com o poder de tornar invisível quem o usa, para mostrar que não há uma moral intrínseca e que a justiça é um constructo humano.
Na história de Glaucon, o pastor usa o anel que lhe permite agir de modo imoral mas inconsequente, para seduzir a rainha, matar o rei e tomar o poder.

No conto de Tolkien o anel é encontrado, não por um pastor mas pelo Hobbit, Frodo Baggins, também ele um ser muito afastado do poder que o anel transforma. Também em Tolkien o anel dá a quem o usa a invisibilidade, logo um poder extraordinário e, geralmente, corruptor.

Ambos os autores, Platão e Tolkien defendem a moralidade mas enquanto Platão a defende pelo constrangimento da lei, sem a qual todos agiriam como Giges, Tolkien defende-a como uma escolha voluntária alicerçada numa tendência interna para o bem ou, inversamente, para o mal e para a imoralidade.
Tanto para Platão como para Tolkien a vida imoral tem como consequências, para o próprio, a agonia mental (Gollum é um exemplo), a perda de amigos e de entes queridos e o vazio interno, uma espécie de apetite e gula que nenhum alimento consegue satisfazer. 

Nenhum poder do mundo compensa essa agonia do vazio interno. 

Mais que uma personagem na obra de Tolkien se sente atraída pelo anel, alguns com boa intenção mas incapazes de resistir à sua capacidade de poder desmedido. 

Para Platão nenhuma alma resiste ao poder corruptor de um tal anel/poder e só a lei constrange e moraliza.

Em todos os casos, porém, Platão, Wagner e Tolkien, o anel é uma pergunta sobre o poder desmedido e inconsequente, o lugar da moral e da salvação ou perdição humanas.

April 13, 2023

Levantou-se a tampa




Não me parece que haja aqui um linchamento público de BSS mas apenas a denúncia de comportamentos de linchamento privado de investigadoras do CES (como se vê neste recorte), às mãos dele e de outro, por motivos de recusa sexual. Agora que se levantou a tampa, outras começam a falar. Que as raparigas não tenham denunciado logo estes abusos na altura (algumas fizeram-nos a outros dirigentes mas não tiveram apoio), não demonstra falta de coragem, mas consciência da diferença de recursos e possibilidades entre elas e BSS que, como sabemos, tem lá no CES e em Coimbra um estatuto próximo de um grande líder religioso a quem todos devotam. Aliás, o que me parece é que, sendo estas denuncias verdadeiras, o grande cobarde é ele que se aproveita do poder para obrigar outros à submissão.






 

Mais outras duas denúncias.



Excerto de poema erótico de BSS (fonte: CM)

Yuck... 


March 27, 2023

All dictators ever




“The jealous and intolerant eye of the Kremlin can distinguish, in the end, only vassals and enemies, and the neighbors of Russia, if they do not wish to be one, must reconcile themselves to being the other.” 
  
     George F. Kennan (2014). “The Kennan Diaries”, p.214, W. W. Norton & Company

March 18, 2023

Como transformar um ser humano em imbecil


É dar-lhe poder sobre outros.


February 13, 2023

Em todas as épocas há muitas pessoas que vêem

 


Mas não são as que estão no poder e o poder é imune à verdade.


January 31, 2023

Onde andam os tais Ds?

 


Terça-feira, 31.01.23

Juiz Presidente de Lisboa Substitui Grevistas

      Nesta última sexta-feira (27JAN), a revista Visão apresenta uma notícia que intitula assim:

      “Juiz presidente da Comarca de Lisboa fintou greve geral no “Ticão” com requisição a outro tribunal”

      De acordo com a mencionada publicação, Artur Cordeiro, o juiz que preside o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, terá ordenado, na passada sexta-feira, uma requisição de Oficiais de Justiça do Juízo Local para substituir os Oficiais de Justiça do Juízo Central de Instrução Criminal, vulgarmente conhecido como “Ticão”.

      De acordo com fonte sindical, citada pela revista, o Oficial de Justiça que substituiu os colegas em greve foi chamado para uma diligência de um processo mediático, relacionado com o Banco Espírito Santo (BES).

      Estando todos os Oficiais de Justiça daquele Juízo em greve, substituir qualquer um por outro que ali não presta nem prestava serviço à data do aviso prévio da greve, faz com que haja uma clara violação do direito à greve.

      A greve que decorre todas as tardes, por tempo indeterminado, vem ocorrendo por todo o país, todos os dias, sem que haja notícia de qualquer violação tão flagrante e tão abusiva quanto a que a Visão traz a público.

      “Ao ordenar a requisição de elementos de outros serviços, o juiz presidente da comarca – que não respondeu aos contactos da Visão – cometeu, segundo fonte sindical, uma ilegalidade, porque está a tentar contornar o direito à greve dos Oficiais de Justiça, quando, como disse a mesma fonte, “Ainda por cima, não está em causa um processo urgente”.

      E ainda que estivesse em causa um processo urgente, a greve não tem qualquer tipo de serviço mínimos, nem para processos urgentes; nada, pelo que a greve é sempre para ser realizada, aliás, como muito bem fizeram os Oficiais de Justiça que ali desempenham funções e, como muito mal fez aquele que aceitou fazer a diligência, não tendo aderido à greve de imediato.

      Já aqui o dissemos vezes sem conta, mas vamos repetir outra vez: Qualquer Oficial de Justiça, seja sindicalizado neste ou naquele sindicato ou em nenhum, pode aderir às greves em curso e pode fazê-lo em qualquer momento.

      Por exemplo: a greve de todas as tardes tem início às 13H30, mas a essa hora está o Oficial de Justiça a trabalhar, não tendo aderido à greve, até que, subitamente, seja lá por que motivo for, pelas 15H00 decide aderir à greve. Não há nenhum problema e serão registadas duas horas de greve.

      Todos devemos ser compreensivos por quem decide não fazer greve, nunca ou muitas vezes, mas numa situação abusiva de substituição dos colegas em greve, essa machadada e essa traição tem de ser evitada, pelo que seria sensato que tivesse entrado imediatamente em greve perante a abusiva solicitação ou ordem, como, aliás, se vai fazendo por todo o país.

      O colaborador ou o colaboracionista não é um verdadeiro Oficial de Justiça.

      O mecanismo das greves é muito simples: primeiro o sindicato apresenta o Aviso Prévio de Greve e nele indica os serviços mínimos que julga necessários ou refere que não há necessidade deles. A entidade empregadora aceita a greve tal como está enunciada ou, não aceitando apresenta os seus serviços mínimos. O sindicato pode aceitar essa indicação ou não. Não havendo acordo é convocada uma comissão (ou tribunal) arbitral que representa as partes e é esta comissão quem passa a ter a competência legal para fixar serviços mínimos e mais ninguém nunca – cfr. artigo 398.º e ss. da Lei 35/2014, de 20 de junho.

      No caso da greve de todas as tardes, não foram fixados nunca serviços mínimos, pelo que não existem e ninguém os pode agora indicar, nem, muito menos, tentar substituir-se à entidade empregadora, ao sindicato ou à comissão arbitral. Ninguém nunca!

      Quer isto dizer que se não há serviços mínimos, não há mesmo e ninguém os pode fixar, podendo todos os Oficiais de Justiça aderir à greve sem qualquer restrição. De igual modo, aqueles que aderem à greve não podem ser substituídos, nem pode ser indicado, seja lá quem for e para o que for, para assegurar os inexistentes serviços mínimos – cfr. artº. 535º do Código de Trabalho.

      Recordemos que a ordem, a pressão ou qualquer outro tipo de procedimento destinado a levar um trabalhador a não aderir à Greve é algo proibido – cfr. artigo 540.º do Código de Trabalho.

      Verificando-se a violação do disposto nos n.ºs 1 ou 2 do artigo 535.º ou no n.º 1 do artigo 540.º, ambos do Código do Trabalho, tal violação é punida com pena de multa até 120 dias – cfr. artigo 543.º do mesmo diploma legal.

      Apesar de durante o período normal de trabalho todos poderem substituir todos, colaborando no que fizer falta para cumprir a obrigação estatutária da “normalização do serviço”, durante o período de greve, os Oficiais de Justiça só podem substituir outros que trabalhem na sua mesma secção ou Juízo. Convém aqui referir que se num Juízo Local Criminal houver várias unidades de processos e juízes (J1, J2, J3, etc.), ainda que se encontrem em espaços físicos diferentes, o Juízo é sempre o mesmo e os lugares de juízes (J1, J2, J3, etc.) não são independentes, pertencendo ao mesmo Juízo. E esta é a única interpretação possível para a substituição, ou seja, não há áreas jurisdicionais, vizinhanças das unidades processuais, boas-vontades e tanto mais.

      De todos modos, reafirmamos que, a ocorrer qualquer tipo de pressão para a substituição, provinda da magistratura, da presidência ou dos cargos de chefia, só aceita tal pressão quem quiser, uma vez que pode negar-se a tal ilegalidade ou, sem mais, a todo o momento, entrar em greve.

      Não é admissível que qualquer Oficial de Justiça sofra desse tipo de “bullying”; de submissão perante uma entidade que o desrespeita e desvaloriza, ao mesmo tempo que faz quebrar a solidariedade entre colegas.

      Por fim, recordar que todos os abusos ou as suas meras tentativas, devem ser denunciadas, desde logo aos sindicatos, sem prejuízo de outras divulgações, pois tais abusos não só não devem ficar impunes, como, antes do mais, devem servir de aprendizagem para os abusadores.

      Que ninguém fique à espera que, de repente, lhes caia do céu o discernimento, a compreensão e, ou, a solidariedade. Não vai cair; é necessário fazer acontecer; fazer cair e, para isso, pode ser necessário empurrar.

      ATUALIZAÇÃO: Relativamente a este assunto, em nota informativa, o SOJ refere o seguinte:
      «O Sindicato dos Oficiais de Justiça apresentou queixa, hoje mesmo, dia 30-01-2023, na PGR, do ato que terá sido praticado pelo Sr. Juiz Presidente da Comarca de Lisboa em que se determinava a substituição de Oficiais de Justiça grevistas. Cabe agora à PGR apreciar a matéria.»

January 19, 2023

A teoria mimética e os perigos da hipocrisia




É uma teoria de René Girard - inspirada em Hanna Arendt.

Para Girard, tendemos a escolher valores com base no que sentimos sobre as pessoas associadas a esses valores e não tanto por uma reflexão racional.

Se associo um certo valor, como a protecção ambiental, por exemplo, àqueles que admiro, eu próprio o adopto mais prontamente mas, se o associo àqueles que desprezo, sou como que empurrado para a sua antítese. 
Qualquer valor defendido por um hipócrita perde a sua respeitabilidade e credibilidade.

Para Girard, as pessoas sentem-se repelidas existencialmente pelos hipócritas. Assim, os progressistas hipócritas são muito mais perigosos para o progresso do que os reaccionários. Por exemplo, o clero católico libertino é mais responsável pela queda do cristianismo do que os ateus.

Não somos homo-economicus, agentes racionais que maximizam uma função de utilidade objectiva. Somos animais sociais, exaltados, propensos à comparação e ao ressentimento. A nossa repulsa natural à hipocrisia está no cerne dos nossos sistemas de valores.
  

O nosso desejo, diz René Girard, nasce sempre da imitação do desejo de outrem, visto como modelo e, se a própria sociedade não conseguir introduzir uma hierarquia entre o sujeito que deseja e os seus modelos, a imitação tende a tornar-se antagónica.

O sentimento de hipocrisia pode assim tornar-se uma matriz de conflitos que conduzem ao ressentimento e à violência colectiva. Esta é uma das ideias fundamentais de Hannah Arendt em "As Origens do Totalitarismo". 
(Emmanuel Ruimy)

Como pôde a Alemanha ter aberto os braços aqueles nazis de tipo mafioso? A ascensão da extrema-direita, explica Hannah Arendt, foi causada pela hipocrisia da esquerda. A Alemanha foi a ponta de lança do Iluminismo. Durante séculos, defendeu os valores progressistas da razão e da compaixão. A Alemanha não foi tanto levada para os valores dos nazis, foi sobretudo afastada dos valores progressistas da classe dominante.

Antes dos nazis, a Alemanha era dominada pela burguesia capitalista que desfilava os seus valores progressistas, não muito diferente dos wokes de hoje. Estes "burgueses liberais", como lhes chamou Arendt, eram hipócritas que não acreditavam de modo algum nestes valores. Anunciaram publicamente a sua compaixão, tolerância e preocupação pelas vítimas, mas em privado, só se preocupavam com o lucro, agiam como uma clique e até zombavam destes valores.
Esta óbvia hipocrisia enojou o povo. Esvaziou os valores humanistas e fez com que a consistência nazi parecesse refrescante.
Ao contrário dos burgueses liberais que se afirmavam como iluminados mas agiam como mafiosos, os nazis não escondiam os seus valores e isso apareceu como sincero, honesto. De modo que, foi menos a Alemanha a ser atraída pelos valores mafiosos dos nazis e mais a hipocrisia repugnante dos líderes progressistas a afastar as pessoas. Nas próprias palavras de Arendt:
"Uma vez que a burguesia afirmou ser a guardiã das tradições ocidentais e confundiu todas as questões morais, desfilando publicamente virtudes que não não possuía na vida privada e empresarial e na realidade desprezava, começou a parecer revolucionário e autêntico admitir a crueldade ..."
Johnathan Bi
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Não estando a comparar a realidade portuguesa com o que se passou naquela época, não há dúvida que vivemos tempos em que os governantes e líderes em geral põem uma máscara pública de virtude e falam até à exaustão de democracia, povo, valores, justiça, etc., mas em privado (que nestes tempos de tecnologia digital se torna logo público) comportam-se como uma clique que, na sua prática, despreza todos esses valores que apregoam e comportam-se como autoritários que promovem o abuso do poder, o esbulho do dinheiro público, a desigualdade socio-económica, a rapacidade e a desresponsabilização pessoal e política. Não se pode esperar que tudo isto aconteça sem consequências. 

December 12, 2022

O que move os maus políticos

 

O poder pelo poder e os privilégios que traz. Olhe-se o sítio onde ele está: é só ouro, grandes palácios, ninguém à vista a não ser dois guardas que se mantêm em sentido na sua presença como se ele fosse mais do que é, pessoas filmam as baboseiras que diz como se fosse uma pessoa interessante cujas palavras interessam ao avanço da humanidade. Ele embebeda-se com o controlo que tem sobre os outros e convence-se que o seu poder é sinal de superioridade de inteligência, ignorando que o exerce pela chantagem e força. Entretanto, é um consumidor Veblan e isso diz muito sobre a pessoa psicológica que é. 


August 07, 2022

A arquitectura é testemunha da ganância de poder




Porta de Todas as Nações também conhecida como Porta de Xerses - Persepolis, Pérsia (actualment,e Irão), 486-465 a.C.

Como se compreende pelo nome deste portal, que era de facto um iwan 
coberto (salão rectangular abobadado, murado em três lados, com uma extremidade totalmente aberta), era o local de entrada para reis, realeza, e visitantes dos reis Aquemenitas. Persepolis tem três portais e a entrada é feita a partir do ocidental.

De ambos os lados do portal ocidental, há dois Lamassu (homem-touro). Os Lamassu foram adoptados dos assírios com alguma liberdade. 

Da época assíria, os Lamassu eram representados como híbridos, com corpos de touros ou leões alados e cabeças de homens humanos. O motivo de um animal alado com cabeça humana é comum ao Próximo Oriente. O primeiro motivo distinto do Lamassu surgiu na Assíria durante o reinado de Tiglath-Pileser II como símbolo de poder.

A escultura assíria normalmente coloca pares proeminentes de Lamassu nas entradas dos palácios, de frente para a rua e também nos pátios internos. Eram representados como figuras de "duplo efeito" nas esquinas, em alto relevo. De frente parecem estar de pé e de lado parecem andar; nas versões anteriores têm cinco pernas, como se vê quando vistas obliquamente. 

As colossais figuras de entrada eram muitas vezes seguidas por um herói agarrado a um leão em movimento, também colossal, em escala e em alto relevo. No palácio de Sargon II em Dur-Sharrukin, um grupo de pelo menos sete Lamassu e dois desses heróis com leões rodeavam a entrada da "sala do trono", "numa concentração de figuras que produzia uma impressão avassaladora de poder". Exemplos notáveis incluem os que se encontram na Porta de Todas as Nações em Persepolis, no Irão. (Wiki)




May 06, 2022

Take note: "It is not a democratic or republican thing. It's a worker's thing"

 


Os nossos sindicatos, com poucas excepções, perderam de vista estes princípios e usam-se dos cargos para saltarem para o outro lado. É de tal maneira comum que os poucos que não andam vendidos são tratados como radicais,, loucos, extremistas.


October 31, 2021

O excesso de dinheiro como o excesso de poder transforma as pessoas em idiotas chapadas




Convencidas que são génios que sabem mais que todos - do outro lado estão os vendidos que dizem 'amen' a tudo desde que apareça o dinheirinho.



Duas portas, poucas janelas e 4.500 estudantes: Arquitecto abandona o mega dormitório do bilionário 



O investidor bilionário Charlie Munger, vice-presidente da Berkshire Hathaway, doou centenas de milhões de dólares a universidades e escolas secundárias para construir instalações escolares que ele próprio concebeu. Essa é a condição da doação.
A última ideia do arquitecto-amador para um mega-dormitório na sua maioria sem janelas a ser construído na Universidade da Califórnia no campus de Santa Bárbara enfrentou objecções quando um consultor de arquitectura universitária se demitiu, chamando ao plano "insuportável da minha perspectiva como arquitecto, pai, e ser humano".

Dennis McFadden, arquitecto de Los Angeles e membro do comité de revisão do projecto da universidade de 15 anos, escreveu na sua carta de demissão que estava "perturbado" com o edifício de 11 andares e 1,68 milhões de metros quadrados, com apenas duas entradas. O enorme dormitório abrigaria 4.500 estudantes, 94 por cento dos quais não teriam janelas nos seus quartos compactos de ocupação única. McFadden chamou ao dormitório a "resposta errada" à necessidade de mais alojamento - levantando a questão de quanta autoridade têm os doadores ricos quando se trata de planear os edifícios em que os seus nomes estão gravados.

"Como 'visão' de um único doador, o edifício é uma experiência social e psicológica com um impacto desconhecido na vida e desenvolvimento pessoal dos estudantes que a universidade serve", escreveu McFadden na carta, noticiada pela primeira vez pelo jornal dirigido por estudantes, o Daily Nexus, e pelo outlet comunitário, o Santa Barbara Independent.

Munger, que não tem formação em arquitectura, diz não estar preocupado com as objecções de McFadden. Ele disse que o seu plano tem janelas virtuais que simulam a luz do sol nos dormitórios como nos camarotes dos cruzeiros da Disney.

O projecto de $1,5 mil milhões de dólares, do qual Munger está a contribuir com 200 milhões de dólares, irá prosseguir apesar da carta de McFadden, disse uma porta-voz da universidade.
"Estamos encantados por avançar com este projecto transformacional que responde directamente à grande necessidade do campus de mais alojamento para estudantes", escreveu Andrea Estrada numa declaração ao The Post.

Estamos gratos pelas contribuições e insights do Sr. McFadden durante o seu mandato como consultor consultor", acrescentou Estrada. "Acreditamos que é uma parte valiosa do nosso processo considerar múltiplas perspectivas de concepção, e é por isso que pedimos a vários consultores externos que nos ajudem nas nossas revisões de projecto".

Munger, o parceiro comercial de 97 anos de Warren Buffett, chamou anteriormente à arquitectura convencional "maciçamente estúpida", o que lhe rendeu poucos favores entre os profissionais.
"Os arquitectos não me amam mas, ou fazem as coisas à minha maneira ou mudo de arquitecto.

Após anos a ouvir membros da família queixarem-se da partilha de quartos em dormitórios universitários comunitários, Munger percebeu que era possível dar às pessoas o seu próprio espaço para dormir sacrificando a luz natural dos quartos. "Eu estava vinculado pelas convenções quando me apercebi de como era estúpido", disse ele. "Naturalmente, tive vergonha de demorar tanto tempo a chegar a uma conclusão tão óbvia".

Na sexta-feira, na sequência da reacção ao projecto, Munger disse ao The Post que os seus edifícios foram bem sucedidos nos campi, incluindo Stanford e a Universidade de Michigan.


Um desenho interior do Munger Hall na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara. A estrutura de 11 andares, de 1,68 milhões de metros quadrados para albergar até 4.500 estudantes, foi criticada por um membro do comité de revisão de design da universidade, que se demitiu em protesto na segunda-feira. (Universidade da Califórnia em Santa Bárbara)


"Em qualquer grande projecto, não se consegue que dois arquitectos cheguem a acordo sobre nada", disse ele. "Vai haver sempre alguma crítica".

As instalações da Universidade de Michigan foram também concebidas para aumentar a densidade através de janelas de escape. Em 2013, doou 110 milhões de dólares para construir um dormitório para estudantes graduados, um edifício originalmente destinado a 300 residentes, que concebeu como um espaço para 600.

"Estive lá no mês passado e os estudantes estão absolutamente em órbita", disse ele. "Eles adoram o local, e a universidade adora tê-lo".
Munger rejeitou a afirmação de McFadden de que o plano tinha pouco contributo, dizendo que passou anos no projecto com empresas de arquitectura.

"Eu não sou anti-arquitectura", disse ele. "Simplesmente adoro ser arquitecto de uma forma diferente".

A sua ideia mereceu os elogios dos funcionários da escola.

O reitor da UC-Santa Barbara, Henry T. Yang, chamou ao projecto de Munger "inspirado e revolucionário".

Mas McFadden opôs-se à sugestão, demitindo-se após a apresentação do plano numa reunião do comité de revisão do design no dia 5 de Outubro.

Durante a reunião, Navy Banvard, arquitecto do Munger Hall, disse aos membros do comité que os quartos terão "janelas virtuais que simulam a luz do dia", informou o Daily Nexus.

McFadden escreveu que "um amplo conjunto de provas documentadas mostra que ambientes interiores com acesso à luz natural, ar e vistas para a natureza melhoram tanto o bem-estar físico como mental dos ocupantes".
"O desenho do Munger Hall ignora esta evidência e parece tomar a posição de que não tem importância", acrescentou ele.
Alguns construtores cortaram janelas com o objectivo de aumentar a produtividade do local de trabalho ou aumentar a segurança, mas os arquitectos que favorecem a luz que fornecem argumentam que as janelas são necessárias para a sustentabilidade e o conforto.

McFadden também manifestou a preocupação de que o edifício parecesse "deslocado" nos seus arredores no campus à beira-mar e atingisse uma densidade sem precedentes. De acordo com McFadden, o dormitório qualificar-se-ia como o oitavo bairro mais denso do planeta, ficando apenas a um passo de Daca, Bangladesh.

"O projecto é essencialmente a parte da vida estudantil de um campus universitário de tamanho médio numa caixa", escreveu ele.

McFadden disse ao The Post:  "Contudo, nos 15 anos em que servi como arquitecto consultor na RDC, nenhum projecto foi apresentado ao comité que fosse maior, mais transformador e potencialmente mais destrutivo para o campus como um lugar do que Munger Hall", escreveu ele.

Carla Yanni, professora de história da arquitectura na Universidade Rutgers, enfatizou a importância de consultar estudantes, arquitectos e pessoal de serviços estudantis para conceber um dormitório que considere as necessidades dos residentes e arredores.
Os dormitórios devem ser planeados de forma a encorajar os estudantes a misturarem-se e a colaborarem, disse Yanni, a autora de "Living on Campus": An Architectural History of the American Dormitory".

Este dormitório não reconhece a investigação das ciências sociais que explica as consequências nefastas de um design sem janelas.

"A arrogância da proposta é de cortar a respiração", disse Yanni.


August 05, 2021

Vista norte do castelo de Kronborg

 


Certas imagens são esclarecedoras da situação histórica dos outros. Porque uma coisa é lermos, outra muito diferente é vermos, naquele sentido da realidade bater-nos na cara. Neste caso particular, uma coisa é lermos sobre o poder dos reis absolutistas, outra muito diferente é vermos o seu poder na pedra. 

Quando olho esta pintura, vejo uma grande planície com umas casinhas pequenas relativamente próximas e ao longe um castelo que, mesmo nessa enorme distância, aparece imponente. 

"View North of Kronborg Castle", c. 1810By Christoffer Wilhelm Eckersberg, Danish painter who lay lay the foundation for the period of art known as the Golden Age of Danish Painting, and is referred to as the 'Father of Danish painting' (1783-1853)

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Foi essa também a impressão que tive, na primeira vez que fui a Mafra, ainda miúda, numa daquelas visitas pedagógicas que a minha mãe e uma espécie de tia faziam connosco. O palácio-convento de Mafra via-se de longe. Passávamos umas casinhas pequenas e dávamos de caras com uma construção que parecia esmagar a vilória. Fez-me lembrar uma ilustração do livro do feijoeiro mágico, quando se vê o feijoeiro de baixo para cima com o gigante a começar a descer. Hoje é um bocadinho diferente mas ainda se tem essa impressão de imponência e poder absoluto.

O excesso de poder e luxo eram de pedra e todos os dias batiam na cara das pessoas. Não admira que tantos gostassem de missas. Entravam na igreja e tudo estava inundado de luz. As paredes cobertas de arte, quadros e azulejos, esculturas, altares de ouro e de prata, os padres vestidos de 'trajes de luces' (sem ofensa) bordados a ouro, veludos, incenso e perfumes, música e canto... avistavam-se os nobres ricamente vestidos... eram as novelas de então... que diferença das suas vidas pequenas, uma espécie de sonho. 




imagens da internet


May 06, 2021

Coisas que incomodam

 


As mesmas companhias que banem Trump submetem-se a Putin e outros ditafores. Segundo Kasparov o YouTube está actualmente a remover ligações ao projecto "votação inteligente" de Alexei Navalny a pedido do regime de Putin, enquanto Navalny apodrece na prisão como prisioneiro político.
Têm excesso de poder e falta de escrúpulos o que é sempre uma má combinação.

November 24, 2020

do livro de Obama

 


Mr. Obama: queríamos a sua coragem de mudar o sistema e não as desculpas de o ter engordado...



November 03, 2020

Isto sempre foi assim na história humana

 


... homens venais que destroem os que se lhes atravessam no caminho. Nós é que pensávamos que isto estava ultrapassado, quer dizer, que a democracia tinha criado raízes profundas e sólidas, mais fortes que a vaidade de poder. A diferença é que hoje somos muitos a estar conscientes disto, por causa dessa mesma democracia e talvez isso, no fim, faça a diferença.

The Banality of Trump’s Hatred


The president will always denigrate anyone remotely different from himself.

The video will eventually end and Trump will return to the podium and smile and lie and taunt some more. In 2020, it is both natural and acceptable for the president to act this way. He has found success by acting this way. All day today, Trump will show millions of Americans who he is as a person. Tomorrow, they will decide if that is who they are.

October 31, 2020

"Esta Morte é a Nossa Vergonha Colectiva"

 


Completamente de acordo com tudo o que é dito. O relatório devia ser tornado público, as pessoas todas envolvidas -os agentes e os silenciadores- deviam ser todas criminalizadas e os serviços sujeitos a mudanças que impeçam que crimes destes possam acontecer: indivíduos criminosos e sádicos posto em lugares com poder para darem largas às suas perversões. E, embora não tenhamos todos cometido o crime, somos todos culpados de deixarmos que o Estado se comporte desta maneira na pessoa dos seus funcionários: uns são culpados de facto, outros por silêncio e outros por procurarem a ignorância que os desculpe. E como não se corrigem erros se não os assumirmos, aqui fica a minha mea culpa, a juntar à deste jornalista, porque o pior é morrer de vergonha.










July 02, 2020

Uma pena o que se passa na Rússia



Penso que tudo podia ter sido muito diferente não fora a arrogância e a falta de visão do Ocidente. Houve uma altura em que ele mostrou sinais de poder enveredar por outro caminho muito diferente para a Rússia -antes da invasão da Ucrânia- mas não houve, nem inteligência, nem abertura do Ocidente para ver outras possibilidades. Putin é um caso de efeito de Pigmalião. Agora já não há volta atrás. Uma pena porque isto vai atrasar a Rússia.

Référendum en Russie : Washington « préoccupé », l’UE demande une enquête

L’un des amendements les plus controversés donne au président russe l’option de deux mandats supplémentaires à l’issue de l’actuel, en 2024.