"O êxito sempre foi um grande mentiroso"

 

O êxito sempre foi um grande mentiroso - e a própria «obra» é um êxito; o grande estadista, o conquistador, o descobridor está disfarçado com as suas criações, até ao irreconhecível; a «obra», a do artista, do filósofo, só ela inventa quem a criou, aquele que dizem que a criou; os «grandes homens», tal como são venerados, são pequenas poetizações posteriores de má qualidade; no mundo dos valores históricos, reina a falsa moeda.

- Friedrich Nietzsche, Para Além do Bem e do Mal, tradução de Hermann Pflüger, Guimarães Editores, aforismo 269

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Mark Zuckerberg, Jeff Bezos, Sundar Pichai, Musk e Trump são homens com êxito em fazer dinheiro e/ou conseguir poder. Nada mais. Zuckerberg roubou a ideia do FB a outros; Bezzos construiu o império da Amazon com MacKenzie Scott - é um site de vendas; Pichai é um empresário de sucesso que não criou nada, subiu até ao topo nas empresas Google e Alphabet; Musk não criou ou inventou nada (nem o PayPal que foi criado por Peter Thiel), mas tem sucesso em ver as empresas que podem ter sucesso e investir nelas - embora tenha estragado algumas, como o Twitter e a Tesla; Trump tem sido um indivíduo esperto a fazer amizade com pessoas ricas e a usá-las para construir um pequeno império imobiliário fugindo ao fisco - já foi várias vezes à falência, mas consegue sempre parecer e, acabar por estar, no topo.

O êxito deles é em conseguir ter dinheiro. No entanto, com o dinheiro vem o poder. Alguns deles, tomam esse êxito de um modo pessoal como se esse dinheiro e poder fossem consequência de uma inteligência global e com ela viesse uma sabedoria sobre tudo. Nem todos são assim. Bezos nunca perdeu a ligação ao mundo real.

Porém, a maioria das «pessoas de sucesso» em grande parte porque se habituam a comprar a veneração das outras pessoas, convencem-se mesmo que são seres de superior inteligência e sabedoria em relação a tudo. Se já têm tendência para o narcisismo, então, começam a interferir em tudo, desde a política à educação, às relações internacionais e mais mil e uma coisas de que não sabem nada, nem se interessam em saber, porque estão convencidos que a sua inteligência produz verdades sobre tudo.

Há um par de anos Musk disse que num ano ou dois ia resolver o problema da fome no mundo... Bill Gates ia resolver o problema da educação, foi fazer experiências num Estado dos EUA, para o qual meteu políticos no bolso e nada do que fez teve um único resultado positivo... depois, disse que ia resolver os problemas do ambiente... Trump disse que ia fazer a América Grande, mas fê-la pequena e mais pobre, mais dividida e à beira da guerra civil... Putin teve sucesso em galgar a escada do poder e com isso encher-se de dinheiro. Convenceu-se que é um grande historiador, um grande general, um grande estadista... Etc. 

Uma das maneiras de não nos deixarmos cegar ao ponto de confundir o dinheiro das pessoas com qualidades pessoais para além daquelas que têm que ver com fazer dinheiro é ler biografias objectivas de homens de êxito, seja na política, nos negócios, na arte, na filosofia ou em outra área qualquer. 

O êxito sempre foi um grande mentiroso e no mundo dos valores históricos, reina a falsa moeda.