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March 31, 2021

Com amigos como o presidente da ANDAEP quem precisa de inimigos?




Diminuir o número de alunos por turma é a medida mais fácil? Fácil? É por isso que andamos há dezenas de anos a lutar por ela em vão? Por ser fácil? 

"Há turmas com muitos alunos que podem funcionar muito bem" - Pois há: se juntarmos 30 alunos excelentes trabalhadores, autónomos, motivados, com antecedentes excelentes, a turma provavelmente funcionará bem (tirando a questão do distanciamento em tempos de pandemia que nunca funciona a não ser que a sala seja gigante, tipo auditório), mas quais são as probabilidades disso acontecer? Uma em cada dez mil? 
E, mesmo que isso acontecesse, a turma não beneficiava do professor ter mais tempo para cada aluno: para as suas questões, modos de trabalhar, desenvolver interesses, para a possibilidade de ser criativo nas metodologias, de os alunos poderem participar na aula em vez das aulas serem todas unidirecionais?

A questão devia ser posta em termos inversos: uma turma não poder ter mais que x alunos, a não ser com uma justificação razoável que o fundamentasse. 

O princípio de prudência manda que se acautele o interesse do aluno. Ora, uma turma mais pequena nunca prejudica o aluno, ao passo que turmas grandes prejudicam na maioria esmagadora dos casos e, de maneiras telescópicas. Aqueles alunos tímidos e que passam despercebidos no meio duma turma enorme e que têm dificuldades vão acumulando, de ano para ano, défices de aprendizagem cada vez mais vastos.

Para além disso, o senho Filinto, sabe muito bem que se for deixado ao critério das escolas, as escolas enfiam o máximo de alunos para agradar à tutela que vê tudo isto não como um investimento no país mas como um mero custo.

O que se infere é que este senhor é moço de recados do dois ministros da educação e está a despejar a cassete que lhe encomendaram.

Outra coisa que não faz sentido é ter coadjuvantes e contratar professores para apoios, se se pode diminuir o número de alunos (e de turmas) dos professores. Pois se cada professor tiver um número razoável de turmas e de alunos por turma, os alunos, por regra, não precisarão de outros professores, enquanto que nas turmas enormes cheias de alunos com problemas (são a maioria) acabam por precisar de apoio quase todos porque nenhum professor consegue multiplicar-se: se a turma tem 30 alunos e a aula é de 90 minutos, o professor tem 3 minutos para cada um, por aula. Reduzir o número de alunos permite a intervenção do professor e é até uma maneira de responsabilizar os professores. 

Compreendo estes apoios especiais no próximo, por conta dos problemas de aprendizagem e outros causados pela pandemia mas isso parece-me uma medida temporária. Permanente tem que ser a redução do número de alunos por turma.

"alocar mais recursos humanos às escolas, leia-se mais professores - para apoios mais personalizados, para coadjuvações em contexto de sala de aula".

February 23, 2021

Cartas onde se diz que os professores são essenciais ao funcionamento da sociedade sem nunca se falar de professores




Sedo certo que nas escola trabalham outros funcionários (da secretaria, auxiliares, seguranças), são os professores quem assegura a educação das crianças e adolescentes. A escola não é uma entidade abstracta. 


Somos um grupo de cidadãos e cidadãs, pais, professores, epidemiologistas, psiquiatras, pediatras e outros médicos, psicólogos, cientistas e profissionais de diferentes áreas, que se dirigem a V. Exas. para que a escola, um serviço essencial, reabra rapidamente em moldes presenciais, com segurança e de forma contínua, começando pelos mais novos.


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Para além da carta dizer opiniões erradas sobre o que se passa nas escolas (Filinto Lima é um director fofinho da tutela) ainda diz mentiras, nomeadamente que nas escolas há condições para cumprir todas as regras com rigor e que quase não houve casos de covid nas escolas.

Enfim, ontem na reunião do Infarmed, a maioria dos especialistas referia que apesar da situação ter melhorado no número de infetados, óbitos e internados, ainda era cedo para reabrir e que não se podia ainda facilitar, porque os hospitais estão sobrecarregados e não têm folga no caso de aumento do número de infectados e pessoas a precisar de tratamento e internamento. Também que não conseguem dar atenção a outras doenças como as oncológicas que precisam, urgentemente, de ser atendidas. Estamos a falar de mais de 400 mil pessoas.

Fui ver quem são os professores de escolas que assinaram a carta. São estes 12, entre os quais quatro directores:

Teresa Maria Cabral Vozone (Directora do Jardim de Infância O Pinhão),
Ana Teresa Ribeiro dos Santos Morgado (Educadora de Infância),
Ariana Furtado (Professora do 1.º Ciclo e Coordenadora da Escola Básica do Castelo),
Aurora Cerqueira (Professora do Ensino Básico e Secundário em Aveiro),
Helena Sapeta (Professora do 1.º Ciclo),
Teresa Maria Cabral Vozone (Directora do Jardim de Infância O Pinhão),
Inês Castro (Professora e Diretora do Agrupamento do Monte da Caparica),
Manuel Martins (Professor, Presidente da CAP da E. S. Peniche),
Maria Alexandra Amaral (Professora do Agrupamento de Escolas Luís de Camões),
Maria Oliveira (Professora do Ensino Básico e Secundário),
Filinto Lima (Professor e Diretor),
Eloísa Cristiana de Faria Gonçalves (Professora na Escola Secundária de Carlos Amarante)

Também acho piada que na carta nunca se fale dos professores a não ser para lhes chamar velhos,

Argumentamos que a escolha entre a vida dos mais velhos e a educação das crianças e jovens é um falso dilema e que é possível conciliar os direitos à saúde e à educação, 

De resto, falam sempre que a escola é essencial para isto e para aquilo, mas nunca que os professores são essenciais. A escola é um entidade abstracta e os alunos têm aulas abstractamente... deus nos livre de referirem os professores como trabalhadores importantes, mesmo essenciais..  ... depois tinham que tratá-los decentemente, em termos de carreiras, salários, VACINAS...

Estes mesmos que assinam a carta com este tom de pânico por as crianças e adolescentes não estarem a ser orientados por professores (dizem até que é nas escolas que os alunos aprendem medidas promotoras de saúde) hão-de ser os mesmos a gritar contra os professores (director incluído), quando os professores exigirem salários e carreiras justas relativamente ao trabalho essencial que fazem.

Verdades que andamos a dizer há séculos, 

Décadas de pesquisas em psicologia do desenvolvimento relataram como a educação pré-escolar e a escola permitem melhorias cognitivas, mas também motoras, sociais e emocionais (mais motivação académica, menos agressividade, menor prevalência de comportamentos de risco e de dependência).

O ensino a distância é menos eficaz do que o ensino presencial e tem sido um multiplicador de desigualdades de todos os tipos

Portugal é um dos países da União Europeia com menos condições para ensino a distância, devido ao baixo nível de qualificações dos pais

...privação material em que vivem muitas famílias com crianças, sofrendo de pobreza energética e habitacional, mas também à cobertura desigual da rede de 4G e de fibra. Mais de um quarto das crianças até aos 12 anos vivem em casas com problemas de humidade e infiltrações, 16% em alojamentos sobrelotados, 13% em casas não adequadamente aquecidas. Há 9% das crianças abaixo dos 12 anos cujas famílias não têm capacidade financeira para oferecer uma alimentação saudável...

... sempre negadas pelas tutelas para terem pretexto de desvalorizar a profissão e nos cortar salários, de repente estas luminárias descobriram-nas e acham que o governo vai atendê-las agora numa semana - ou não acham mas estão-se nas tintas para os professores. 

E concluem com um caderno de mais de uma dezena de reivindicações, a partir deste princípio:

Providenciar meios efetivos às escolas para, cumprindo as orientações, permitir em todo o país o regresso ao ensino realmente presencial. 

Pois, é isso: condições e meios efectivos... cadê?

February 11, 2021

Nisto estou com os pais

 


Isto não faz sentido nenhum... na situação em que estamos.





- e já agora, qual é o sentido de medir o abandono escolar de 2020, em situação de pandemia-ensino à distância com o de anos anteriores? 



December 12, 2020

Para quem quer ter um vislumbre do que são as escolas hoje-em-dia

 


A directora deste Agrupamento entendeu, do alto da sua sabedoria bacoca, que as reuniões de avaliação têm de ser presenciais, numa altura em que estamos em meio confinamento e com ordens de se trabalhar à distância sempre que possível, o que é o caso. No ano lectivo passado, fiz as reuniões de avaliação de duas direcções de turma, sem meter os pés na escola a não em 5 minutos para assinar as pautas - tudo feito em casa e em reuniões online (uma das reuniões complicadíssima que meteu uma decisão disciplinar no meio e casos complicados). Eu e os colegas fizémos tudo online e no fim enviei à colega da direcção, responsável por esta pasta, um email com tudo em anexo. Foi só ela imprimir. Depois passei pela escola só para ir à secretaria assinar as pautas para poderem ser afixadas.

Mas esta directora não tem cabeça, embora pense que sim, para perceber como tudo pode ser feito à distância apenas com uma ou duas pessoas da direcção na escola para imprimir os documentos.

Mesmo que fosse necessário que os DTs e os secretários irem à escola, isso reduz imenso o número de pessoas em risco, seja de infectar alguém seja de ser infectado, não? E não é esse o objectivo: reduzir as possibilidades de infecção?

Pois, mas nas escolas as coisas passam-se assim: quem é director faz o que lhe apetece, mesmo contra as indicações de todas as autoridades competentes e, na sua cabeça, tem sempre razão. A ideia que esta pessoa tem de justiça é imbecil. O que tem a justiça a ver com isto?

'E é assim como eu digo e acabou-se' e no fim ainda diz, 'fiquem bem'. Olha, ficar bem, só se não tiverem um segundo azar porque o primeiro de terem uma chefe estúpida, desse azar já não se livram.




do blog do Arlindo

November 03, 2020

Ouve-se e não se acredita

 


Há um colega que deu hoje 4 blocos de aulas. Fiquei de boca aberta. Diz outro, 'isso não é nada, eu tenho 6 blocos' O quê?? 6 blocos de aulas de 90 minutos??!! 12 aulas, portanto... eles dizem que é por causa do covid, para irem menos dias à escola... isto é uma ilegalidade e uma incrível violência, para além de que, ao fim de seis aulas, ele já nem deve dizer coisa com coisa, ou põe um PowerPoint a passar e dorme... as escolas são ninhos de ilegalidades e violência contra os professores. 12 aulas num dia! Quem é o louco inconsciente que faz isto? Um director que já não dá aulas há 500 anos. E quem autoriza? O ME, na pessoa do ministro e do SE, para quem os professores são bestas de carga. Eu nem consigo imaginar, isso de dar 6 blocos de aulas. Nem 4 sequer. Que violência e inutilidade geradora de incompetência. Estamos num país de dirigentes abaixo da crítica séria.


October 29, 2020

Partilhando informação

 


Hoje, na formação, uma colega disse-nos que na escola dela a directora não obriga a estas reuniões intercalares que dão cabo da vida dos professores -trabalho até à noite durante um mês, sendo que em muitas escolas é assim no 1º e 2º períodos: sempre até à noite. Então, na escola dela, só há reuniões das turmas onde o DT entende que há necessidade. Devia ser assim em todas. Estavam lá colegas com centenas de testes para ver, mais reuniões para fazer... é um inferno. Mas pronto, como quem decide estas coisas nas escolas não tem turmas ou só tem uma ou duas, não quer saber dos outros.


October 11, 2020

Leio estas notícias e penso imediatamente

 


'Como é que os professores destes delinquentes lidam com eles', nomeadamente nestes tempos de pandemia? Porque está-se mesmo a ver que estas 'crianças' (os pedagogos falam sempre nos alunos como, 'as crianças') obedecem às regras de distanciamento e outras... certo tipo de 'crianças', como estas, que espancam polícias, não deviam andar na escola. São uma espécie de vírus que propaga certo tipo de comportamentos. 


Jovens espancam dois polícias e fogem para as aulas na Amadora

Quatro jovens, entre os 16 e os 18 anos, detidos por espancamento brutal de agentes da PSP.

September 29, 2020

O que é que o reitor de uma universidade sabe de escolas?

 


... para dizer uma coisa destas? Nem sequer percebe o que são adolescentes, para já não falar de crianças. Mesmo dentro das salas têm dificuldade em não tocar uns nos outros, emprestar material, tossir e espirrar, etc., mas assim que chegam aos intervalos, tiram selfies, partilham sandes, cremes, telemóveis, empurram-se, abraçam-se. Depois, as escolas já têm professores com covid mais do que se fala nas notícias. E isto tendo em conta que há escolas, onde os professores, depois de dar as aulas vão para os corredores e pátios fazer o trabalho dos funcionários que não existem, durante 5, 6 ou mais horas atribuídas no horário e espera-se que andem a separar alunos, que é para aumentar ainda mais as possibilidades de apanharem o vírus.

Portanto, dizer que os maiores riscos estão fora das escolas, só se está a falar da festa de Fátima e da festa do Avante, mas bem, isso é pôr a fasquia no ponto mais alto.

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Mais ainda se compararmos as escolas com grandes superfícies comerciais, espaços de diversão ou mesmo a via pública. São comuns os ajuntamentos potencialmente propagadores do vírus em locais sem o controlo sanitário e as regras de higiene das escolas. Em ambiente escolar, há maiores garantias de proteção facial, higienização das mãos e distanciamento físico - regras muitas vezes descuradas em convívio fora dos estabelecimentos de ensino.

~António de Sousa Pereira, Reitor da Universidade do Porto - Maiores riscos estão fora das escolas

September 10, 2020

Cada cavadela, uma minhoca...

 


Portanto, vou ter que meter baixa, mas olhe-se só os termos abusivos do SE a falar de nós, partindo do princípio que está a ser citado correctamente, como creio que está: se efectivamente [portanto está a duvidar das pessoas?] se está perante um impedimento de sair de casa... Que eu saiba quem está impedido de sair de casa são os infectados com covid-19... até vai a polícia a casa, todos os dias, ver se lá estão. 

As pessoas de grupos de risco, como eu, não estão impedidas de sair - vamos a consultas médicas, tratamentos, exames médicos. Em Agosto fui à praia - ia às 8 e meia da manhã para não apanhar ninguém a menos de 50 metros, o que aconteceu; o ortopedista aconselhou-me nadar porque estive com uma capsulite adesiva, uma das sequelas da radioterapia e fiz uma infiltração e fisioterapia porque já não mexia praticamente o braço e tinha dores horríveis. Ir à praia e nadar, o que fiz, ajudou a restabelecer-me a saúde nesse problema. Tinha que ficar com esse problema para agradar ao autoritarismo do SE?

Tenho indicações de fazer exercício e, podendo, andar a pé (de preferência na natureza), porque isso melhora-me a capacidade de oxigenação dos pulmões e fortalece o músculo do coração - o meu tumor é um trambolho inoperável, com 7cm de diâmetro, mesmo em cima do coração e estou com um edema...  não deixo de sair, podendo, em segurança, para fazer exercício que me melhora as expectativas de sobrevida, para agradar ao autoritarismo do SE.

Hoje fui à farmácia e depois comprei o jornal na papelaria ao lado, que é do tamanho de metade de uma sala de aula da minha escola e onde só deixam entrar 2 pessoas de cada vez com máscara e depois de desinfectarem as mãos. Ao supermercado nunca mais fui, desde Março, porque é um espaço fechado e sempre com muita gente, nem ao mercado, embora talvez pudesse ir a este último, porque é um espaço grande e às 9 da manhã não tem ninguém, mas antes de ir preciso de investigar as condições; no entanto, vou de vez em quando à mercearia do sr. A. onde só pode entrar uma pessoa de cada vez, de máscara, porque não vou deixar de comprar fruta e legumes para agradar ao autoritarismo do SE. 

Desde quando ir a uma farmácia ou sair para ir andar na serra ou no campo ou mesmo na cidade a horas e em sítios onde praticamente não se vê pessoas, para pôr oxigénio nos pulmões e fazer exercício é igual a estar enfiado em salas de aulas com 30 alunos todos uns em cima dos outros por longos períodos, horas seguidas? Só mesmo na cabeça deste senhor que não tem respeito pelos direitos das pessoas. 

Que ia ter que meter baixa já eu tinha percebido mesmo antes de falar com médicos, assim que me disseram o horário e vi que tinha turmas de 27 alunos e que entrava nas salas de aula, não de manhã, quando estão arejadas e limpas mas a meio da tarde. Fiquei logo chateada e revoltada (só agora me está a passar, porque não vale a pena stressar-me que isso piora a doença)  porque pedi expressamente para me darem um horário que me permitisse ir trabalhar e acho que não era difícil, bastava ter divido uma das turmas ao meio. Tinha à mesma o horário lectivo completo mas sem 27 alunos nas turmas. Há escolas que puseram todas as turmas a 20 alunos. Há professores com uma turma ou duas. Eu só precisava que me tivessem dividido uma turma ao meio e me dessem um horário com condições mínimas de segurança. Mas não houve essa consideração comigo. 

Não sei se mesmo com turmas de 16 alunos não me diriam -os médicos, não o SE ou outras pessoas sem competências médicas para me ditarem regras ou comportamentos que afectam a minha saúde e a minha possibilidade de sobreviver a este cancro-, ser à mesma um risco muito grande... não sei...  mas quem manda  no horário também não sabe e não teve essa consideração comigo. E isso ofende-me. Nunca na minha vida fiquei de baixa sem trabalhar, a não ser naquele 3º período de 2018, em que estava a morrer. Sou uma pessoa que trabalho, faço o meu trabalho com empenho e acho que merecia essa consideração. 


Professores de grupos de risco não podem optar por teletrabalho e devem meter baixa



O secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, garantiu nesta quinta-feira, num debate online promovido pelo PÚBLICO, que os professores que sejam doentes de risco para a covid-19 não poderão exercer as suas funções em teletrabalho. Caso não possam dar aulas, devem meter baixa, defendeu.

O governante, referindo-se a casos em que “efectivamente” se está “perante um impedimento de sair de casa”, disse que a “condição” que se aplica “aos professores e aos funcionários das escolas é semelhante a todas as condições, a todos os trabalhadores do sector público e privado”: “Se a minha função é compatível com trabalho não presencial, então eu posso desenvolvê-la, se a minha função é incompatível, então eu tenho de colocar baixa médica.” E acrescentou: “No caso especifico da educação, num momento em que temos aulas em regime presencial, isto significa que há uma incompatibilidade com trabalho não presencial, se tivermos transição para outros regimes, então essa condição pode ser reavaliada, em função disso mesmo. Este é o princípio base”, afirmou.

September 09, 2020

O absurdo dos horários das escolas



Se calhar a maioria das pessoas não sabe mas um dos poderes feudais das direcções das escolas está na manipulação dos horários dos professores. Qualquer professor quer saber o mais cedo possível o seu horário para organizar a sua vida: é diferente ter aulas sobretudo de manhã ou sobretudo à tarde ou tudo misturado. As pessoas têm uma vida fora da escola, têm família, têm filhos, muito professores, sobretudo os contratados, vêm de longe, às vezes de muito longe e uma pessoa precisa de organizar-se. 

É importante saber as turmas que se tem, os níveis -os anos de escolaridade - é diferente dar aulas só a turmas do 10º ou dar a 9ºs e 10ºs ou 7ºs, 8ºs, e 9ºs... houve um ano que tive quatro níveis o que significa que tinha de preparar 4 programas diferentes, material diferente para cada turma, etc. Não me importo, acho piada, embora seja extremamente cansativo, mas há professores que mesmo com dois níveis diferentes já se desorientam. 

Seja como for, uma pessoa se quer estar preparada para começar bem as aulas tem que saber com o que vai trabalhar (turmas de ciências são diferentes de artes ou de humanidades) e em que horário. 

Geralmente há uma reunião no fim do ano em que se distribuem as turmas e os níveis, mas as direcções podem mudar os horários e mudam muitas vezes. Os horários costumam ser feitos em Julho e Agosto. Este ano terá sido mais tarde devido à teimosia de fazer exames de fantochada.

A questão é que as escolas escondem os horários. É claro que os amigos especiais, sabem logo os horários,  que são sempre especiais -já dei aulas numa escola, há muitos anos, em que duas amigas especiais pediam um furo de duas aulas a meio da manhã para irem às compras- mas a maioria das pessoas está quase até à véspera da 1ª aula sem saber o seu horário de trabalho. 

Pode pensar-se que isto é ridículo, se não se souber que o horário é uma das maiores armas de ameaça das direcções, porque é evidente que um horário todo esburacado dá cabo da vida a uma pessoa. Passa o dia na escola e à noite vai fazer o trabalho que se faz fora da escola. Sobretudo no secundário que dá muito trabalho. Ou um horário com 6 turmas ou 8 turmas. Já tive 8 turmas. Era muitíssimo mais nova, foi nos primeiros anos de dar aulas, mas foi um ano horrível, não conhecia as turmas da tarde, não reconhecia os alunos..., estava sempre morta de cansaço. Nesse ano tive oito turmas porque a delegada do grupo pediu para ter duas turmas e enfiaram-me tudo quando era turma porque era a mais nova. Estas coisas, sempre as vi acontecerem nas escolas mas pioraram muito.

 Há professores que têm sempre um horário especial só com uma turma ou duas e projectos de fazer nada (ou até de estragar alunos) enquanto outros são carregados de 6 ou 7 turmas mais aulas de apoio, ou DTs sem horas lectivas que vão directas para projectos de amigos. Isto é comum nas escolas. O que se passa ao nível macro, dos governos, passa-se ao nível micro, das escolas, com a agravante que, em relação aos governos ainda vai havendo uma oposição e alguns jornalistas que denunciam, mas nas escolas... nada. Ninguém se atreve a falar para não ser alvo de vinganças. Têm medo de algumas pessoas porque vêem o que elas fazem a outras. É um clima malsão muito anti-pedagógico. Dantes não era assim, havia outro modelo de gestão nas escolas. Não eram feudais.

A maioria das escolas esconde os horários. Apesar de serem públicos, só alguns professores têm acesso aos horários de todos os colegas, para que não se veja, ano após ano, os favores que fazem sempre aos amigos especiais, por razão de....nada, serem amigos... 

Há escolas onde o horário é dado pelo delegado do grupo em envelope fechado a cada professor, como se fosse um testamento. Há escolas onde o director faz uma reunião geral de professores com um discurso interminável no fim do qual, com grande pomposidade manda distribuir os horários. Há escolas que obrigam o professor a assinar um papel a declarar que recebeu o horário. Há escolas que fazem beberetes para distribuir os horários. Esta distribuição de horários é feita 4 ou 5 dias antes da aulas começarem.

É o absurdo total, porque acontece os horários virem muitos diferentes do que foi combinado. 

Por exemplo, mudaram os anos de escolaridade ou as turmas... na minha escola isto da distribuição do horário pelos professores melhorou muito e agora enviam-nos o horário nos primeiros dias de Setembro, mas foi há pouco tempo porque antes acontecia ter acesso ao horário 3 dias antes de começarem as aulas; às vezes descobria que afinal, em vez de ter 10ºs anos tinha 12ºs anos... alguém (amigo especial), tinha pedido para ficar com 10ºs e tinham mudado o meu horário, por exemplo. Às vezes chateava-me à brava porque tinha andado a preparar aulas para um ano que não tinha. 

Quando dava aulas há meia dúzia de anos estas coisas stressavam-se. Achava, e ainda acho que isto é um sinal de grande incompetência e mentalidade provinciana e mesquinha. Houve um ano em que me lembro de ir à direcção numa sexta -as aulas começavam na segunda- perguntar quando me davam a porcaria do horário porque as aulas começavam segunda. Acho que contei isso no outro blog. Estava chateada. Aliás contei várias peripécias que me fizeram, a mim e a outros, com os horários.

No resto, infelizmente não melhorou e é igual a tantas escolas. Os horários são meio secretos... é ridículo porque sabemo-los na mesma porque falamos uns com os outros. Depois, só para dar uma ideia das coisas, desde Setembro de 2018 que trabalho com um adenocarcinoma activo, a fazer tratamentos agressivos. Entretanto, para além da doença estou cheia de sequelas da radio espalhadas pelo corpo, algumas que têm que estar sempre a ser vigiadas com exames médicos. Canso-me. Subir escadas deixa-me sem fôlego. Há alturas em que tenho dores tremendas. Pois tenho tido sempre um horário lectivo mais pesado, com mais turmas e alunos que outras pessoas que não têm nenhum problema de saúde mas têm sempre uma turminha ou duas desde há anos. Alguns ainda se queixam à nossa frente... lol

Mas isso não me importa porque não gosto de pedir favores e prefiro fazer o meu trabalho, que faço. Estou só a dizer porque é escandaloso. Já não acho normal que a lei não permita que pessoas com doenças como a minha ou outras incapacitantes tenham redução de tempo lectivo ou pelo menos de número de alunos nas turmas. Mas enfim, isto é o normal nas escolas e não há pudor. Seguem a cartilha do governo: 70 ministros a fazer nada, sendo que alguém nos ministérios há-de estar sobrecarregado de trabalho como um mouro porque ele tem que ser feito.

As tutelas, gostam deste sistema feudal criado pela Rodrigues para pôr os professores uns contra os outros (no que teve muito sucesso) em que a escola se tornou e alimentam-no. Aliás, para mim, sempre que uma nova equipa chega ao ME este é o teste que me mostra se são pessoas democráticas que se interessam pela educação ou se são carreirista autoritários que só se interessam por si mesmos: é ver se alimentam o feudalismo. 

Quero querer que haverá escolas que não são feudos e onde não se façam estes absurdos que são causa de grande desunião e ressentimentos entre colegas. 


Muita coisa podia fazer-se nas escolas e não se faz

 


Agora pensei mais uma. É que continuo a receber emails de pais de turmas que já não são minhas... fazem perguntas e pedem que faça certos serviços... vou respondendo ao que posso... não me custa nada... mas isto diz muito da escola... as coisas podiam, e deviam ser feitas de outro modo.


August 31, 2020

O mundo é governado por gente mentalmente doente

 


Nos EUA, o indivíduo que advoga, em nome de Trump, a imunidade de grupo diz, a propósito da abertura das escolas sem segurança, que as crianças transmitirem o vírus aos adultos era a cereja no topo do bolo. 

Se calhar é o que pensam outros em muitos outros países, só que não dizem.


August 29, 2020

Questões antecipadas sobre o regresso à escola

 


Vejo 30 alunos dentro de uma sala de aula com intervalos de 5 minutos entre cada aula e sem autorização para saírem e irem arejar e socializar como é costume e saudável. 

1º - vão todos pedir para ir à casa de banho no intervalo. Logo, os intervalos vão fazer-se na mesma mas nas casas de banho. É evidente que não vamos obrigá-los a ir um de cada vez e espaçadamente à casa de banho pois se o fizéssemos a aula seguinte (imaginemos uma escola com 1000 alunos e 6 casas de banho, 3 para as raparigas, 3 para rapazes) começava dali a duas horas.

2º - os adolescentes, pelo menos na idade em que os apanho, que vai dos 14/15 aos 19/20 anos comem que nem mulas: a cada intervalo engolem baguetes, batatas fritas, sumos e por aí fora. Ora, se não podem sair da sala nos intervalos, como vão comer? Ou vão passar fome? Ou deixamos-los sair para ir ao bar à molhada? Centenas de alunos concentrados? A minha escola tem 1500 alunos. Ou têm que trazer comida de casa e comem na sala de aula, no intervalo? Deixa ver: tiram todos as máscaras na sala onde estão há horas meio fechados (as janelas abertas, se as houver, porque há salas sem janelas em muitas escolas, não fazem circular o ar convenientemente numa sala cheia de alunos) a respirar e tossir para o mesmo ar e comem ali mesmo, uns em cima (e para cima) dos outros? 

3º Se não se deve usar uma máscara mais de 4 horas seguidas, e isto se não se tiver uma actividade que faça suar e encharcar a máscara, como é o caso de falar e estar fechado em salas sem ar condicionado a suar (na minha escola, até Novembro uma pessoa sua em bica dentro das salas) o que fazem os alunos ao fim dessas horas dentro de uma sala onde vão estar fechados mais duas? E as mesas onde puseram as mochilas e os cadernos e assentam as mãos, etc. são as mesmas onde vão pousar a comida? Ou as sala de aulas têm cada uma, desinfectante? E vêm pessoas desinfectar? Ou os alunos são prisioneiros que nos intervalos desinfectam as salas e não têm tempo, nem para comer, nem para arejar, nem nada? Se for assim ao fim de um mês estão todos a precisar de psiquiatra. E quem fica a vigiá-los no intervalo? Os professores? Também não têm intervalo, não podem ir à casa de banho, descansar, comer qualquer coisa? Professores incluídos no psiquiatra...


Já no primeiro dia de Setembro começam os exames da 2ª fase e os professores, em vez de estarem a preparar o ano lectivo, andam a fazer vigilâncias, corrigir exames e toda essa canseira, no início de um ano lectivo pandémico muito complicado, onde até para os alunos comerem se põem problemas complicados, mas o ME prefere olhar para o lado e fingir que não há problemas. E para quê? 

Para que se fizeram os exames em Julho e agora outra vez? Todos sabemos que foram uma fantochada com as notas de 19 e 20 a subirem 50%... o ME, em vez de preparar um ano que se prevê muito complicado e motivar os professores, com condições e instruções claras e uma organização atempada baseada na previsão de problemas manda-os fazer exames, que sabe que não são feitos com rigor nenhum, como se fosse um imperativo numa situação destas e de resto mantêm-se em silêncio sobre todos os problemas que se antevêem.

Os directores que se responsabilizem e depois se houver problemas que se lixem...?

Estamos a 15 dias de começar o ano lectivo e ainda não sei se vou trabalhar, se me mandam pôr baixa... não dizem nada, fingem que nós, professores de grupos de risco, não existimos... esperamos que os responsáveis tomem decisões mas não tomam. Isto de nos desvalorizarem a meras unidades de custo, motiva imenso... o discurso não dito é: professores, estamo-nos nas tintas para vocês, mas vocês têm que dar a vida por nós.

Porque é que não se tomou a decisão de fazer um ano misto, dividindo as turmas e fazendo com que se revezassem nas escolas: uma semana metade da turma está na escola e a outra metade participa nas aulas online, em directo e na semana seguinte trocam? Isto podia ser feito a partir de certos anos de escolaridade e reduzia-se para metade o número de pessoas nas escolas e evitavam-se muitos problemas.

Ahh, o ME era para distribuir computadores aos alunos e a professores e o não o fez? Era para fazer baixar o custo da internet de banda larga a alunos e professores para preços do resto da Europa? 1€ ou 2€ por mês, por exemplo, como em França e outros países, mas não o fez? Porque não o fez e em vez disso manda que se empate o início do ano com exames de fantochada? 

Não sabem resolver os problemas [alguns problemas, nem os vêem, de tal modo são estranhos a muitos assuntos da educação e das escolas] e/ou não têm coragem para tomar decisões em favor da educação e nós todos é que pagamos esta incompetência.


August 25, 2020

Pôr coisas em perspectiva

 


Só para que fique claro. A situação dos professores que têm doenças que os põem em grupos de risco, com deficiência atestada, como é o meu caso, é a seguinte: estamos diante do edifício do local de trabalho numa cadeira de rodas e todas as entradas têm uma escadaria. E quando perguntamos como vamos entrar, aparece o responsável e diz: se não têm condições de entrar, quer dizer, se as vossas perninhas não andam e não podem subir as escadas, vão para casa de baixa (com cortes no salário) porque gastarmos dinheiro a construir rampas, nem pensar. 

Isto chama-se descriminação, não tem outro nome.


Quando as pessoas argumentam sem honestidade intelectual e/ou com desinformação

 




Parece-me evidente que existe inépcia comunicacional de ministério da Educação e DGS, incapazes de tranquilizar a comunidade escolar e explicar categoricamente o que justifica que as orientações para as escolas sejam mais flexíveis do que noutros sectores. Mas isso, por si só, não significa que as orientações sejam desadequadas. Pelo contrário, tanto quanto se sabe, as orientações da DGS estão ajustadas às evidências disponíveis e alinhadas com as medidas adoptadas em vários países europeus. E essa mensagem, tão essencial para um regresso às aulas sereno, não está a passar.

Há três aspectos que me parecem determinantes para o enquadramento destas orientações sanitárias, que merecem maior destaque na apresentação do plano de reabertura das escolas.

Primeiro, as orientações da DGS estão alinhadas com as evidências empíricas. Os estudos já realizados mostram que as crianças estão menos sujeitas a contágio ou a complicações de saúde causadas pela Covid-19 – e, também, que até aos 10 ou 12 anos aparentam ser muito pouco transmissoras. Sendo certo que há estudos que apontam para que, a partir dessa idade, o potencial de transmissão aumente para próximo do de um adulto, a obrigatoriedade de uso de máscara a partir do 2.º ciclo limitará fortemente os riscos. Pode soar a pouco, mas nas escolas e em muitas áreas de actividade já se verificou que o uso de máscara (acompanhado de medidas de higienização) é uma via eficaz para prevenir contágios.
Segundo, as reaberturas até ao momento (entre Abril e Junho) sugerem que as escolas são espaços com segurança acima da média – isto é, espaços muito frequentados que não aparecem associados a focos de contágio. A reabertura das escolas, em Portugal (secundário) e em muitos outros países europeus (no básico), não gerou um descontrolo da pandemia. Isto é também válido para o pré-escolar, onde o distanciamento social é uma impossibilidade prática. Mais: não há, no mundo inteiro, registo de professores infectados pelos seus alunos, mostrando que a protecção dos docentes é naturalmente tida em conta. Sabendo-se que as reaberturas aconteceram em grande escala e em diversos contextos e países, estes são dados relevantes, significativos e encorajadores.

Terceiro, as orientações da DGS em Portugal são muito similares às de vários países europeus para as suas reaberturas escolares, sendo transversal a menor exigência no distanciamento social. Como desenvolvi neste ensaio acerca da preparação do próximo ano lectivo em vários países, a redução do distanciamento social será o elemento-chave da reabertura das escolas por toda a Europa. E é muito fácil encontrar paralelos com as opções portuguesas. Por exemplo, em França, a distância entre alunos será de 1 metro e, quando não possível, o uso de máscara será obrigatório. Noutro exemplo, na Bélgica, os alunos com menos de 12 anos terão prioridade absoluta no ensino presencial, que deverão frequentar diariamente mesmo nos piores cenários pandémicos.

Alexandre Homem de Cristo

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"Primeiro, as orientações da DGS estão alinhadas com as evidências empíricas. Os estudos já realizados mostram que as crianças estão menos sujeitas a contágio ou a complicações de saúde causadas pela Covid-19 – e, também, que até aos 10 ou 12 anos aparentam ser muito pouco transmissoras."

Isto é falso. Na verdade não sabemos, em grande parte porque as crianças e os adolescentes ficaram fechados em casa com os pais e ainda não regressaram às escolas de modo que não tiveram oportunidade de apanhar ou transmitir o vírus. Recentemente vários estudos mostraram que o vírus nas crianças aparece mais concentrado e resistente, o que pode significar implicações na transmissão. Mas, volto a dizer, ninguém sabe ao certo porque ainda não houve condições para se saber, de modo que dizer que os estudos mostram que as crianças não são são transmissoras é falso, seja por falta de informação ou desonestidade.

Segundo, as reaberturas até ao momento (entre Abril e Junho) sugerem que as escolas são espaços com segurança acima da média – isto é, espaços muito frequentados que não aparecem associados a focos de contágio. A reabertura das escolas, em Portugal (secundário) e em muitos outros países europeus (no básico), não gerou um descontrolo da pandemia. Isto é também válido para o pré-escolar, onde o distanciamento social é uma impossibilidade prática. Mais: não há, no mundo inteiro, registo de professores infectados pelos seus alunos, mostrando que a protecção dos docentes é naturalmente tida em conta. Sabendo-se que as reaberturas aconteceram em grande escala e em diversos contextos e países, estes são dados relevantes, significativos e encorajadores.

Outra desonestidade. A reabertura das escolas deu-se com os alunos do 11º e 12º ano, em poucas disciplinas, de modo que estavam nas escolas, uma percentagem ínfima da população escolar e seguiram-se, de facto, as orientações da OMS. Mesmo assim houve casos de covid. A reabertura das escolas no norte da Alemanha durou uma semana, após o que tiveram que fechar. Na Califórnia, escolas abriram recentemente e voltaram a fechar por casos de covid e sabemos que há casos onde os directores fazem pressão para não se reportarem os casos. 

As escolas ainda não abriram em grande escala, isto é falso: ainda estamos nas férias de Verão na maioria dos países do Norte e só agora algumas começam a abrir, de modo que não temos maneira de saber o que se vai passar na abertura das escolas. Aliás, as universidades, que não são frequentadas por crianças e adolescentes, não vão vão ter ensino presencial ou vão tê-lo misto, na maioria dos países, o que é significativo. 

Dizer que não há um único registo de professores infectados é outra desinformação: não sabemos e não podemos argumentar com a ignorância. Eu não sei se há casos, logo eles não existem? Não foram feitos testes para se saber se os casos de covid-19 que surgiram com aquelas percentagens mínimas de pessoas nas escolas, foram transmitidos dentro das escolas, de modo que ninguém sabe. Portanto, mais uma vez o senhor é desonesto.

Finalmente dizer que as orientações são idênticas às de outros países que sabemos que também têm desinvestido na educação e não estão para gastar dinheiro com a segurança das pessoas as escolas, parece-me o cúmulo da falta de seriedade com que encaram a segurança das pessoas. É como dizer, 'sim, não há condições mas os outros países também não as têm, logo estamos bem'.


Por exemplo, se formos ler informação de especialistas encontramos o seguinte:

To prevent a second COVID-19 wave, relaxation of physical distancing, including reopening of schools, in the UK must be accompanied by large-scale, population-wide testing of symptomatic individuals and effective tracing of their contacts, followed by isolation of diagnosed individuals. (the lancet.com)

O que dizem os especialistas é, 'para prevenir uma segunda vaga de Covid-19, o relaxamento das regras de distanciamento físico, incluindo a abertura de escolas, no RU, deve ser acompanhado por testes alargados à população sintomática e seus contactos, etc.' Ou seja, a diferença é que aqui ninguém é desonesto e assumem que a abertura das escolas vai ser feita no relaxamento das regras de segurança quanto ao distanciamento e avisam o que é preciso fazer para remediar. 

Relaxar as regras de segurança é o que vão fazer em quase todos os países, mas argumentar que isso é bom ou normal como faz este indivíduo é desonestidade intelectual. 

A questão é: estamos no meio de uma pandemia e os jornalistas, em vez de escreverem no sentido de defenderem a segurança da comunidade escolar, escrevem a defender que se abram as escolas como se não estivéssemos no meio de uma pandemia com o argumento do pensamento mágico de que tudo vai correr pelo melhor. E porquê: porque os governos vêm fazendo uma operação de 'defund' da educação pública há quase duas décadas e querem continuar nessa política. E os jornalistas têm sido, e são, coniventes, o que é triste.

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Uma associação médica norte-americana elaborou um ranking de atividades e do seu grau de risco para a covid-19. (Quais as atividades de maior risco para contágio?classificando-as de 1 a 10, sendo 1 das de menor risco e 10 as de maior risco. Embora ponha as aulas no nível 5/6 em termos de risco, no fim, conclui desta maneira: Como já tinha antes explicado Ryan Malosh, investigador da Universidade de Michigan., em termos gerais, "as atividades de maior risco são aquelas que são feitas dentro de casa, com pouca ventilação, e em espaços fechados com muitas pessoas durante longos períodos de tempo". As atividades de menor risco são ao ar livre, com amplo espaço para a distância social, poucas pessoas fora do seu agregado familiar e por períodos de tempo mais curtos".

Portanto, as actividades de maior risco são as que são feitas dentro de casa, com pouca ventilação, espaços fechados com muitas pessoas por longos períodos de tempo - ora, esta é a descrição das salas de aula: espaços fechados com pouca ventilação onde estão concentradas muitas pessoas durante longos períodos de tempo sem distanciamento físico - salas com 40 metros quadrados onde estão 30 alunos uma manhã e/ou uma tarde inteira com professores, todos em cima uns dos outros a respirar o mesmo ar mal ou nada ventilado.

Eu sou a favor de se abrir as escolas e quero ir trabalhar, não quero ficar em casa e só não vou se a minha médica pneumo-oncologista me disser que o risco é demasiado grande ou se as condições na escola forem demasiado perigosas porque não sou louca e não quero adoecer ou morrer em 4 dias para provar o meu ponto de vista de que as escolas não têm segurança. Quer dizer, estou há meses em casa, a sair pouquíssimo, com cuidado para não apanhar este vírus e não vou agora para a escola como um forcado para a cara do toiro. Isto com que lidamos é uma pandemia, um problema sanitário, não é uma corrida de touros a ver quem é mais louco de se pôr em frente da besta sem protecção.

Eu sou a favor de se abrirem as escolas, mas não sou a favor de se abrirem as escolas como se não houvesse pandemia e as regras de segurança fossem as de tempos normais, que é isso que este jornalista e todos os outros defendem. Ainda não vi um único jornalista, para não falar em políticos que defenda a abertura das escolas em segurança. Aliás, a redução de alunos por turma, que é a principal medida para se poder fazer um distanciamento físico, foi chumbada na AR.


August 24, 2020

Toma lá 100 pregos e vai construir uma ponte, dizem-nos. Estas coisas desanimam logo

 


E porque é que desanimam? Porque revelam desconhecimento da situação (o que os faz tomarem decisões erradas) e expectativas irrealistas, da ordem do pensamento mágico. 

Das Orientações do ME para as escolas, destaco apenas três:



"Professores devem atender às necessidades de cada aluno" - um professor normal tem 5 a 7 turmas, o que soma de cerca de 150 o 210 alunos, mas mesmo que tenha, por exemplo, 4 turmas estamos a falar de cerca de 120 alunos. Como é possível, durante uma aula de 90 minutos conhecermos as necessidades de cada aluno? Mesmo que não avançássemos no programa e estivéssemos toda a aula a tentar perceber as necessidades de cada um, não tínhamos mais que 3 minutos com cada aluno. Mesmo que consigamos perceber, com testes de diagnóstico, as necessidades de cada um, não é possível, no espaço de duas aulas por semana, às vezes só uma, atender às necessidades de cada um, porque as necessidades dos alunos não são como as dos doentes: a pessoa tem uma doença, o médico diagnostica, passa um medicamento, ou faz um tratamento e fica curada. 

O ensino é mais como as sessões de psicanálise: levam muito tempo a processar e resolver porque é necessário reconstruir recursos básicos que estão enterrados debaixo de outros que os remediaram mal, é necessário que o aluno colabore na rectificação dos seus problemas e isso obriga a que os reconheça. Tudo isto requer investimento e tempo.

Por exemplo (um exemplo banal), o aluno não sabe estudar,  não tem métodos de estudo, não tem autonomia, nunca fez um plano de trabalho, muito menos de estudo; nunca leu um livro em toda a vida, excepto os que teve que ler na aula, não sabe exprimir-se, nem por escrito, nem oralmente, faltam-lhe os conceitos/vocabulário (porque não lê) logo, não compreende as ideias mais básicas; não tem auto-disciplina; não tem critérios de rigor e é auto-indulgente; não sabe responder a uma questão que não seja de reprodução directa; não sabe fazer uma pesquisa, nem na mediateca nem na internet; desiste ao primeiro obstáculo porque lhe faltam os recursos mentais e psicológicos ; não sabe organizar duas ou três ideias numa resposta coerente; tem falhas básicas na construção de juízos lógicos; não tem uma atitude de aprendizagem; está habituado a trabalhar transcrevendo ou copiando. Isto é o banal, no 10º ano. 

Como é que é possível alguém esperar que o professor possa corrigir todas estas necessidades/problemas, muitas delas a depender da própria atitude dos pais relativamente à educação dos filhos também se modificar, em 3 minutos uma ou duas vezes por semana, que é o que temos dado que as turmas estão a 28 ou 30 alunos. 3 minutos! 

Como é que podemos ter respeito por pessoas que nos dizem, 'toma lá 100 pregos e vai construir uma ponte'?

Em turmas de 28 ou 30 alunos, só ao fim de dois ou três meses é que sabemos os nomes deles todos e as caras, tendo 6 ou 7 turmas ou mesmo 5 ou 4; e, mesmo assim, é porque temos todos estratégias para eles não perceberem que não sabemos os nomes e as caras deles. E isto é em tempos normais e não de pandemia...

Quando as turmas têm 16, 18 alunos, por exemplo, nós conhecemos os alunos muito mais rapidamente. 
Há menos dispersão dentro da sala, geralmente é um grupo mais coeso, os alunos têm mais facilidade, menos acanhamento em participar sem serem chamados o que ajuda muito a perceber a situação de aprendizagem em que estão. Fazemos muitas paragens, porque há tempo, discutimos os assuntos, corrige-se e reforma-se o discurso oral no próprio momento, fazemos trabalhos que são acompanhados e corrigidos ali mesmo, porque há tempo para ir a 8 mesas numa aula. Enfim, é um mundo de possibilidades que com turmas de 30 alunos e horários de 7 turmas ou mesmo 6 ou 5 tornam impossível e só um cego ou alguém que esteja completamente a zero do que é ensinar crianças e adolescentes é que não percebe isto.

Aqui a seguir lemos que deve dar-se constante feedback aos alunos. Completamente de acordo. A questão é: para dar feedback constante é preciso avaliar constantemente, o que não é possível, dadas as condições acima descritas. Nem que trabalhássemos 24 horas por dia conseguíamos estar constantemente a construir avaliações para corrigir e dar feedback a 150 alunos ou 200 a não ser que se faça tudo à balda. Hoje em dia há escolas que vão ao ponto psicótico de obrigarem os professores a introduzir em plataformas todas as avaliações que fizerem a todos os alunos, ponto por ponto e com justificação de todos os pontos e os professores, muitos com 200 alunos, não fazem mais nada senão essas porcarias de loucos! 



Finalmente leio que, mesmo com a presença dos alunos, deve privilegiar-se trabalho com plataformas digitais com vista a uma progressiva autonomia dos alunos. A autonomia não tem que ver com plataformas digitais. Um aluno pode ser muito expedito a usar o zoom e a responder a questionários online e não ter nenhuma autonomia de trabalho. A autonomia de trabalho não deriva do uso de plataformas digitais. Aliás, usar as plataformas digitais é uma coisa que eles aprendem num ápice; ser autónomo requer uma aprendizagem continuada e sustentada no tempo. 

Estas instruções do género, 'toma lá 100 pregos e vai construir uma ponte', desmoralizam. 


E já agora, senhor ME: mande pagar o que me devem, sff!


August 20, 2020

SSDC

 



Covid-19: Professores de Madrid em greve por falta de segurança no regresso às aulas

Os sindicatos de professores acusam a Comunidade de Madrid de não ter “garantido as medidas necessárias ou o aumento essencial de recursos”. Executivo regional rejeita as acusações e critica as razões das greves como “falsas.

August 18, 2020

Espero que os sindicatos ajam porque isto é uma ilegalidade



Eu e muitos outros como eu estamos em condições de ir trabalhar desde que implementem as recomendações da OMS e da DGS quanto ao distanciamento e medidas de segurança. Cabe às entidades competentes que é o ME assegurar essas condições e não dizer, essas pessoas que se lixem, metam baixa que não queremos saber delas. Então agora somos discriminados e perdemos parte do salário porque o secretário de Estado é um irresponsável e um incompetente que não faz o seu trabalho, juntamente com o ministro? Um e outro não mexem um dedo pela segurança das pessoas que é a sua obrigação legal? 

E os alunos a mesma coisa: não têm direitos porque o secretário de Estado é um incompetente e um cobarde.

E porque é que os directores amocham em tudo como carneiros? Não têm voz própria? Não pensam por si? Não têm coragem de tomar uma posição? Ou também não querem saber dos direitos dos colegas? É por causa do suplemento remuneratório? Têm medo de ser postos a andar?

Este secretário de Estado não tem respeito por ninguém a não ser pelos amigos. E não se vai embora. Um ganancioso de poder que não larga o cargo nem por nada. Ele e o ministro. Tudo o que de pior chega às escolas vem assinado por este indivíduo. 

Isto vem de um governo da esquerda: PS+BE+PCP - retirar direitos aos trabalhadores é com eles. Se isto é a esquerda, que venha um governo da direita.


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do blog do Arlindo


A legislação em vigor, Lei n.º 31/2020 – Diário da República n.º 155/2020, Série I de 2020-08-11, no aet.º 25.º, refere: Os imunodeprimidos e os portadores de doença crónica que, de acordo com as orientações da autoridade de saúde, devam ser considerados de risco, designadamente os hipertensos, os diabéticos, os doentes cardiovasculares, os portadores de doença respiratória crónica, os doentes oncológicos e os portadores de insuficiência renal, podem justificar a falta ao trabalho mediante declaração médica, desde que não possam desempenhar a sua atividade em regime de teletrabalho ou através de outras formas de prestação de atividade.

Mas como já é do vosso conhecimento o SE, em reunião com os diretores, respondeu sempre com “Atestado”…

“Os professores que são de risco precisam pôr atestado médico ou basta a declaração médica?

R: Atestado

“Como se procede à distribuição de serviço a professores que apresentam certificado médico de pessoa de risco?

professores, e não “professores”

R: Se não podem assegurar o serviço, estarão necessariamente de baixa.”

“Como funcionará a aplicação da legislação do teletrabalho na educação.

R: Não se percebe como se concilia teletrabalho com o regime presencial.”

Infere-se por estas perguntas e respostas que a legislação, ainda, em vigor vai ser alterada e os professores de grupos de risco terão que apresentar atestado médico para não exercerem a sua normal atividade docente. Isso levará à sua substituição e nunca a outras formas de prestação do serviço docente.

Dito isto, as declarações médicas entregues até agora e as que estão na forja para ser entregues deixarão de ter o resultado pretendido.

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“Boa tarde, prevê-se para o próximo ano letivo a obrigatoriedade de as escolas ministrarem alternativas à distância para os alunos que pertençam a grupos de risco atestado por um médico?

R: Não. Procede-se como com outros alunos impedidos de frequentar a escola por motivo de doença.”


August 13, 2020

À atenção do senhor Costa

 


... já que os senhores do ME estão-se nas tintas para a nossa segurança: a ideia de continuar com turmas de 30 alunos exactamente nas mesmas salas como se nada fora, face a estes estudos, não raia a negligência criminosa?


Investigadores provam que coronavírus se propaga em aerossóis. Distanciamento é menos eficaz do que se pensava

As implicações na Saúde Pública são muitas e alargadas, especialmente uma vez que as atuais melhores práticas de prevenção da transmissão da Covid-19 centram-se precisamente no distanciamento físico, uso de máscaras e viseiras em proximidade com outros e lavagem de mãos", escrevem os investigadores no estudo publicado.

O desacordo entre a comunidade científica estava no facto de se ter detetado RNA viral em aerossóis, mas nunca se ter conseguido isolar o vírus na sua forma de transmissão viável nestas micro gotículas, ou seja, a diferença entre vestígios do material genético do vírus e o novo coronavírus em estado ‘vivo’.

Estes cientistas serão assim os primeiros a conseguir sequenciar genomas da Sars-CoV-2 em amostras de ar, que foram retiradas do quarto de um doente com Covid-19 internado num hospital local. O vírus ‘vivo’ retirado da amostra era idêntico à estirpe do paciente.

Depois de vários meses a sustentar que o novo coronavírus era transmitido sobretudo por contactos próximos, e que a transmissão por via de aerossóis e em meio aéreo era pouco provável fora do meio hospitalar, a Organização Mundial de Saúde mudou a sua posição no passado dia 9 de julho.

"A transmissão por aerossóis e baixa distância, particularmente em espaços fechados, com muita gente e sem ventilação adequada, durante um longo período de tempo com pessoas infetadas, não pode ser descartada", admitiu a OMS.

O estudo está a cair como uma ‘bomba’ na comunidade científica. A Dr. Linsey Marr, engenheira, professora universitária e investigadora da Universidade Virgina Tech diz que o este estudo é "uma prova irrefutável", apesar de não ter participado de forma alguma na investigação.

"Confirma, sem sobre de dúvida, na minha opinião, que o coronavírus em aerossóis (pequenos o suficiente para viajarem vários metros) é capaz de provocar infeção. Suspeitávamos, agora está confirmado", defende a cientista.