September 10, 2020

Cada cavadela, uma minhoca...

 


Portanto, vou ter que meter baixa, mas olhe-se só os termos abusivos do SE a falar de nós, partindo do princípio que está a ser citado correctamente, como creio que está: se efectivamente [portanto está a duvidar das pessoas?] se está perante um impedimento de sair de casa... Que eu saiba quem está impedido de sair de casa são os infectados com covid-19... até vai a polícia a casa, todos os dias, ver se lá estão. 

As pessoas de grupos de risco, como eu, não estão impedidas de sair - vamos a consultas médicas, tratamentos, exames médicos. Em Agosto fui à praia - ia às 8 e meia da manhã para não apanhar ninguém a menos de 50 metros, o que aconteceu; o ortopedista aconselhou-me nadar porque estive com uma capsulite adesiva, uma das sequelas da radioterapia e fiz uma infiltração e fisioterapia porque já não mexia praticamente o braço e tinha dores horríveis. Ir à praia e nadar, o que fiz, ajudou a restabelecer-me a saúde nesse problema. Tinha que ficar com esse problema para agradar ao autoritarismo do SE?

Tenho indicações de fazer exercício e, podendo, andar a pé (de preferência na natureza), porque isso melhora-me a capacidade de oxigenação dos pulmões e fortalece o músculo do coração - o meu tumor é um trambolho inoperável, com 7cm de diâmetro, mesmo em cima do coração e estou com um edema...  não deixo de sair, podendo, em segurança, para fazer exercício que me melhora as expectativas de sobrevida, para agradar ao autoritarismo do SE.

Hoje fui à farmácia e depois comprei o jornal na papelaria ao lado, que é do tamanho de metade de uma sala de aula da minha escola e onde só deixam entrar 2 pessoas de cada vez com máscara e depois de desinfectarem as mãos. Ao supermercado nunca mais fui, desde Março, porque é um espaço fechado e sempre com muita gente, nem ao mercado, embora talvez pudesse ir a este último, porque é um espaço grande e às 9 da manhã não tem ninguém, mas antes de ir preciso de investigar as condições; no entanto, vou de vez em quando à mercearia do sr. A. onde só pode entrar uma pessoa de cada vez, de máscara, porque não vou deixar de comprar fruta e legumes para agradar ao autoritarismo do SE. 

Desde quando ir a uma farmácia ou sair para ir andar na serra ou no campo ou mesmo na cidade a horas e em sítios onde praticamente não se vê pessoas, para pôr oxigénio nos pulmões e fazer exercício é igual a estar enfiado em salas de aulas com 30 alunos todos uns em cima dos outros por longos períodos, horas seguidas? Só mesmo na cabeça deste senhor que não tem respeito pelos direitos das pessoas. 

Que ia ter que meter baixa já eu tinha percebido mesmo antes de falar com médicos, assim que me disseram o horário e vi que tinha turmas de 27 alunos e que entrava nas salas de aula, não de manhã, quando estão arejadas e limpas mas a meio da tarde. Fiquei logo chateada e revoltada (só agora me está a passar, porque não vale a pena stressar-me que isso piora a doença)  porque pedi expressamente para me darem um horário que me permitisse ir trabalhar e acho que não era difícil, bastava ter divido uma das turmas ao meio. Tinha à mesma o horário lectivo completo mas sem 27 alunos nas turmas. Há escolas que puseram todas as turmas a 20 alunos. Há professores com uma turma ou duas. Eu só precisava que me tivessem dividido uma turma ao meio e me dessem um horário com condições mínimas de segurança. Mas não houve essa consideração comigo. 

Não sei se mesmo com turmas de 16 alunos não me diriam -os médicos, não o SE ou outras pessoas sem competências médicas para me ditarem regras ou comportamentos que afectam a minha saúde e a minha possibilidade de sobreviver a este cancro-, ser à mesma um risco muito grande... não sei...  mas quem manda  no horário também não sabe e não teve essa consideração comigo. E isso ofende-me. Nunca na minha vida fiquei de baixa sem trabalhar, a não ser naquele 3º período de 2018, em que estava a morrer. Sou uma pessoa que trabalho, faço o meu trabalho com empenho e acho que merecia essa consideração. 


Professores de grupos de risco não podem optar por teletrabalho e devem meter baixa



O secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, garantiu nesta quinta-feira, num debate online promovido pelo PÚBLICO, que os professores que sejam doentes de risco para a covid-19 não poderão exercer as suas funções em teletrabalho. Caso não possam dar aulas, devem meter baixa, defendeu.

O governante, referindo-se a casos em que “efectivamente” se está “perante um impedimento de sair de casa”, disse que a “condição” que se aplica “aos professores e aos funcionários das escolas é semelhante a todas as condições, a todos os trabalhadores do sector público e privado”: “Se a minha função é compatível com trabalho não presencial, então eu posso desenvolvê-la, se a minha função é incompatível, então eu tenho de colocar baixa médica.” E acrescentou: “No caso especifico da educação, num momento em que temos aulas em regime presencial, isto significa que há uma incompatibilidade com trabalho não presencial, se tivermos transição para outros regimes, então essa condição pode ser reavaliada, em função disso mesmo. Este é o princípio base”, afirmou.

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