March 04, 2020

Livros






"-- Sim, a escrita é uma arma, Delphine, uma porra de uma arma de destruição em massa. A escrita é muito mais poderosa do que tudo que você possa imaginar. A escrita é uma arma de defesa, de fogo, de sinalização, a escrita é uma granada, um míssil, um lança-chamas, uma arma de guerra. Ela pode devastar tudo, mas também pode reconstruir." - Baseado em Fatos Reais - Delphine de Vigan

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"É absurdo. Para que os livros deveriam existir? Para aprender? [...] Não, eu creio que um livro tem de ser uma ferida (blessure), que ele, de uma maneira ou de outra deve mudar a vida do leitor. A minha ideia, quando escrevo um livro, é a de provocar, de fustigar." - Entretiens - Emil Cioran

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"Acho que só devemos ler a espécie de livros que nos ferem e trespassam. Se o livro que estamos lendo não nos acorda com uma pancada na cabeça, por que o estamos lendo? Porque nos faz felizes, como você escreve? Bom Deus, seríamos felizes precisamente se não tivéssemos livros e a espécie de livros que nos torna felizes é a espécie de livros que escreveríamos se a isso fôssemos obrigados. Mas nós precisamos de livros que nos afetam como um desastre, que nos magoam profundamente, como a morte de alguém a quem amávamos mais do que a nós mesmos, como ser banido para uma floresta longe de todos. Um livro tem que ser como um machado para quebrar o mar de gelo que há dentro de nós. É nisso que eu creio." - Letters to Friends, Family, and Editors (Carta a Oscar Pollak, 1904) - Franz Kafka

Imagem via "Humanity"

Life is short. Insomnia is overlong



Quando o exemplo do primismo vem de cima todos os outros se sentem legitimados para o adoptar



Presidente da Proteção Civil promove chefe de gabinete e adjunta a diretoras nacionais
Uma das juristas era a chefe de gabinete de Mourato Nunes e a outra a sua adjunta desde outubro de 2019. Foram agora nomeadas, sem o obrigatório concurso público, uma como diretora nacional da Inspeção, a outra de Recursos.

Um artigo com chorrilho de mentiras



Não é verdade que as escolas estejam preparadas. Não é só na minha escola que andam lá à vontade alunos e professores acabados de chegar de Itália sem nenhuma precaução porque falamos com colegas de outras escolas. No Carnaval houve viagens a Itália um pouco por todo o lado e alunos viajaram com os pais para Itália, para Espanha e voltam para as escolas sem quarentena, sem testes, sem nada. Andam lá no meios de outros. A lei das probabilidades diz-nos que muitos devem estar infectados sem o saberem.

Depois não é verdade que haja condições de higiene boas escolas. A minha escola até é uma escola renovada com boas obras mas há escola que têm condições de higiene miseráveis e falta de funcionários para as limpar. Depois, no tempo da gripe A havia, na escola, desinfectantes em gel por todo o lado mas agora não há nada.

A recomendação da DGS de afastar-se de pessoas infectadas é insignificante porque não sabemos quem está infectado porque ninguém, a não ser meia dúzia de pessoas, são testadas.

Como os jovens são quem mais passa o vírus, dado que o sentem como uma constipação e não têm cuidados, as escolas são um grande foco de propagação de doenças. Hoje numa aula, dois alunos estavam adoentados, a espirrar. Mandei-os ir lavar as mãos. Foram contrariados.

Os miúdos não estão em idades de ter cuidados e o ME não mexe um dedo. Ainda não teve uma palavra sobre o assunto. Está a hibernar. Não quer saber. Não percebo porque é que os representantes dos directores e dos pais vêm dizer que está tudo preparado, sabendo que não está; quer dizer, não percebo porque se mente em vez de se agir.

De modo que este artigo é um chorrilho de mentiras para quem não sabe um boi do que se passa nas escolas.


Covid-19 nas escolas. Diretores e pais concordam que não há motivo para alarme

Nos estabelecimentos de ensino básico e secundário, as armas de combate ao novo coronavírus passam por cuidados redobrados de higiene e informação. Mas "as escolas estão preparadas e vão estar mais preparadas, se for preciso", garante o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas.

Reminder



















March 03, 2020

Quando sites de grande afluência publicam artigos completamente irresponsáveis



COVID-19: VIAJAR OU CANCELAR? TUDO O QUE PRECISA SABER PARA TOMAR UMA DECISÃO SENSATA

sapo.viagens
Tânia Neves

NOTA DA AUTORA: este é um texto escrito por uma viajante profissional, com algumas (não todas) indicações partilhadas pelo Dr. Diogo Medina, da Consulta do Viajante.

Algumas? Pode ser uma só, como por exemplo, não viaje para onde não é recomendado viajar...


Foi no final de Janeiro que o cenário começou a ficar preocupante: este novo coronavírus começou em Wuhan, uma das mais importantes cidades na China, e rapidamente ganhou proporções respeitosas. A proximidade do início do surto com a data do ano novo Chinês – a maior migração humana anual – fez com o que tivessem que ser tomadas medidas drásticas de imediato. Cidades inteiras em quarentena, escassez de mercearias e outros bens de primeira necessidade, controlo de população exímio em números só possíveis na China – Wuhan, por exemplo, tem tantos habitantes como Portugal inteiro.
Desde então, têm-se multiplicado as restrições de viagem por todo o mundo, fronteiras que fecham, de um dia para o outro, transportes suspensos, novas regras de entradas e saídas de cada país, vistos invalidados.Todos os dias somos alimentados por notícias e atualizações constantes, tal como mitos e relatos de diferentes perspetivas.

Mas e se, mesmo assim, eu quiser viajar?

Na minha posição de “viajante profissional”, sempre defendi que não devíamos opinar num assunto que não nos diz respeito – neste caso, sobre a área da saúde. Mas há muito que isto deixou de ser um caso exclusivamente de saúde, e aí, sinto que estou numa posição privilegiada por ter amigos e manter relações profissionais com pessoas nos epicentros do surto, devo servir de algum tipo de referência para outras pessoas.


É possível ser mais burro que isto? Não é da área da saúde, não percebe nada do assunto mas como tem amigos em vários sítios acha que deve ser uma referência para os outros... e o que é que esta sumidade da parvoíce determina? Vejamos:

Vamos todos morrer?

A resposta é: sim, vamos. Mas dificilmente será devido ao COVID-19. As tendências atuais apontam para que a taxa de mortalidade nesta data, ande a rondar os 0,7% do número de casos confirmados, e é aqui que a coisa fica difícil de explicar: é que na grande maioria dos casos ditos confirmados, os portadores do vírus são assintomáticos. Isto quer dizer que não manifestam nenhum dos sintomas de alerta. Na grande maioria, os sintomas são tão leves, que se confundem com uma simples constipação.

Primeiro determina falsidades de 0.7%, quando são mais de 2%, sendo que para certas grupos são 14%. Depois, os casos conhecidos são poucos porque não se está a testar as pessoas. Há muitos mais infectados do que os casos conhecidos.

O que me parece desmedido é os números, quando comparados com outros (quais outros???), e a desmedida histeria que se tem visto à volta desta situação. Numa era da informação e tecnologia, há muita ingenuidade.

A DGSpublicou um vídeo que ajuda bastante, que podem ver aqui: https://youtu.be/MJmWJyWywIU

. Evitar o contacto direto com pessoas doentes. Dizem que a distância de segurança é de 1m, por isso nada de abraços nem beijinhos.
. Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com mãos não lavadas;

'Evitar o contacto com pessoas doentes.' A dita cuja esquece-se é de explicar como é que se evita o contacto com pessoas infectadas se estas acham tudo uma histeria e não tomam nenhuma precaução, nem sequer deixar de viajar para sítios com epidemias.

O contágio está provado que não é apenas através dos espirros, tosse ou fala direta (menos de 1m de distância, dificilmente alguém projeta “gafanhotos” a mais de 1m!), mas também pode ocorrer através de superfícies para onde a pessoa infetada tenha espirrado, ou tocado com as mãos depois de espirrar para as mãos, por exemplo.

Ainda diz que a propagação se pode fazer por tocar em superfícies onde uma pessoa infectada tenha tocado.

Ora se a pessoa infectada anda por aí a viajar na boa sem precauções é normal que a espalhe. Sem histerias nenhumas. Silenciosamente.

O uso da máscara apenas se houver sintomas respiratórios (para evitar uma possível transmissão a terceiros) 


Pois, para evitar transmissão a terceiros, que é o que acontece se continuar a viajar à balda sem precauções.

Se estiveres em Portugal, deves ligar à linha de Saúde24 808 24 24 24 se nos 14 dias após regressar de um país afetado sentires tosse, dificuldade em respirar ou febre igual ou superior a 38ºC.

Ou seja, se não sentires nada desses sintomas, continua a viajar na boa e não te controles.


Mesmo assim, eu quero ir viajar!

Eu penso como tu, e mantenho os meus planos de viagem. Por isso, eis as 6 dicas-chave para viajar bem-sucedido no meio de tantas contrainformações:

1. Vê com atenção todos os links abaixo! Tenta perceber não só a veracidade da informação, mas também a qualidade do conteúdo da mesma. Muitas das notícias que nos rodeiam são sensacionalistas, e tem havido uma propagação desmedida do medo à volta do assunto.

Se houverem muitas restrições de viagem para o teu destino, não vás!

Houverem... houverem??? 

Agora, se ainda falta muito tempo para a tua viagem, deixa “a poeira assentar” – a tendência é que as coisas melhorem muito em breve.


!Ninguém sabe se as coisas vão começar a melhorar ou se o pico da crise é daqui a três meses, porque o que já se sabe é que há milhares de infectados não detectados. 
Ora, pode acontecer, se as pessoas não forem imprudentes e estúpidas, que as coisas melhorem -o sol e o bom tempo se calhar ajudam-, como pode acontecer que piorem. Ninguém sabe, ao certo. 

É por isso que, para não haver epidemias, cada um tem que fazer a sua parte de ser prudente e evitar viajar, e andar em sítios com gente de sítios com muitos infectados, se não tem necessidade, porque estamos no espaço europeu, o espaço schengen e não na China que é uma ditadura onde não estão de modas: fecham a cidade e as pessoas em casa à maneira dos cercos da idade média de maneira que ninguém de lá saia e possa infectar outros de fora, nem ninguém de fora entre e saia de lá infectado.

Este artigo parece-me mesmo imbecil.  Uma coisa é não criar alarmismo, outra é dizer que isto não é nada e não passa de histeria e aconselhar a que se continue a viajar sem pensar nos outros.

Por exemplo, pode ler aqui:

What You Can Do Right Now About the Coronavirus

Preventing the spread of an outbreak requires a massive global effort, but here are steps everyone can take.
Over the past week, the number of confirmed cases of coronavirus infection in the U.S. has more than doubled. It’s become apparent that previous numbers were low, in part, because we weren’t testing people for it. We now know that there has been ongoing community spread, but to what extent is unclear.

Everyone can help in the effort to prevent this from happening. Unlike many global-health issues that depend on orchestration at the highest levels of government, individual behaviors matter in an immediate sense. The demographic most likely to survive an infection—the young and healthy—may need to pay the closest attention to preventive measures. These are the people who will spread the disease while believing that they just have a cold. They can infect the elderly, or people who have chronic diseases or immune conditions, who are less likely to survive.



A propósito do coronavírus. Não percebo as pessoas



Hoje, quando entrei numa aula, a turma vinha a falar do assunto e perguntaram-me se achava bem que alunos que vieram de Itália (pelo menos um, de Milão) andassem lá nas aulas como se nada fosse. Disse que me parecia uma imprudência porque não estão a pôr-se só a si em risco. Depois alguns alunos disseram-se que têm uma visita de estudo a Roma na Páscoa e eu disse-lhes que me parecia imprudente ir para Itália, mas que se fossem, deviam depois ficar de quarentena para não porem outras pessoas em risco. Diz uma aluna, 'mas andam aí a dar aulas três professoras da disciplina de ... que vieram de Itália há cinco dias'.

No intervalo vi uma delas e perguntei-lhe se era verdade que tinha estado em Itália há poucos dias. Disse-me que sim. 'Então e não te puseste de quarentena?' - Não, diz ela, eu sinto-me bem. Se te sentes mal é lá contigo. Não fiz nada de ilegal. 'Não fizeste nada de ilegal mas é irresponsável. Não vês as notícias? Não sabes que muitos focos da doença começam com pessoas que estiveram em Itália e que podes ser portadora do vírus e não ter sintomas?' Diz outra que estava a ouvir, 'olha, se calhar tu é que devias ir de quarentena porque pertences a um grupo de risco'. A sério? Nós devemos ir de quarentena para os outros poderem ir passear para Roma? Ficou chateada de eu tê-la interpelado directamente. Querem poder ir passear para Itália, voltar sem se preocuparem se estão a infectar outros e não serem chateados com o assunto.

Há colegas que vão para Roma na Páscoa e disseram-me não ter intenção de se pôr de quarentena na volta... mas eu estou aqui a ver alguma coisa mal? As pessoas não têm obrigação de ser prudentes e responsáveis? Uma coisa é podermos apanhar o vírus à mesma assim como podemos sair à rua e ser atropelados, outra é atirarmo-nos para a frente dos carros e levar outros atrás.

Andamos nós a dizer aos alunos para serem prudentes...

A legalidade e a ética são duas coisas muito diferentes.

Amanhã vou conhecer um médico novo logo pela manhãzinha e vou fazer-lhe perguntas relacionadas com isto. O coitado vai ter que me aturar.


Green peace



Pateira de Fermentelos - National Geographic-Portugal

O que acontece a alunos ou professores ou outras pessoas que tenham ido de férias para Itália? Nada. E porquê?



Segundo a DGS só ficam de quarentena os que vêm do norte da Itália. Como se não andassem italianos de todas as zonas de Itália nos aeroportos italianos. Uma coisa é não criar alarme e pânico (como vir falar de um milhão de infectados), outra é ser-se negligente.

Porque é que o governo não quer vigilância no aeroporto e quarentenas, mesmo se isso implique riscos que podem vir a custar caro em termos de vidas? Porque quer os turistas a entrar em força no país e não os quer assustar, agora que nos aproximamos do início da época alta que é a Páscoa e sabendo nós que o governo Costacenteno só tem como recursos, apesar das gabarolices, a cobrança de impostos, a depauperação dos serviços públicos e o dinheiro do turismo. Mas quer dizer, as pessoas têm que ser uma prioridade, não?

E a propósito? Onde está a selfie do presidente da república a abraçar e dar beijinhos aos infectados??

Notícia de hoje:
Novo surto? China reporta casos de Covid-19 importados de Itália

«o objetivo da escola deveria ser ensinar o aluno a “ler o mundo para poder transformá-lo”» (Paulo Freire)



Paulo Freire
OMC
Nome completoPaulo Reglus Neves Freire
Nascimento19 de setembro de 1921
RecifePernambuco
Morte2 de maio de 1997 (75 anos)
São PauloSão Paulo
Nacionalidadebrasileiro
CônjugeElza Maia Costa de Oliveira (1944-1986)
Ana Maria Araújo (1988-1997)
OcupaçãoEducadorFilósofo
Escola/tradiçãoPersonalismo
Existencialismo
Principais interessesEducação
ReligiãoCatolicismo
Paulo Reglus Neves Freire (Recife19 de setembro de 1921 — São Paulo2 de maio de 1997) foi um educador e filósofo brasileiro. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. É também o Patrono da Educação Brasileira (wiki)


17 livros de Paulo Freire para descarregar:

A relação do Novo Banco (da banca em geral) com o governo Costacenteno

























Quino

O governo desistiu de nós




Professores não desistem

O Governo parece ter desistido dos professores. Conhece os problemas, contudo, não abre linhas de diálogo nem assume compromissos com vista a encontrar soluções. Optou pelo silêncio: não reúne, não responde, não dialoga, não apresenta propostas e não se disponibiliza para debater as que lhe são apresentadas. Não por falta de tempo, mas por estratégia. Espera que os professores desistam por cansaço, desânimo e descrença, mas avalia mal, pois ninguém desiste do que é seu ou tem direito.

Os problemas que afetam os professores repercutem-se no exercício da profissão e na sua vida pessoal.

É
o tempo de serviço não contado que rouba salário e reduz a futura aposentação, o bloqueamento de muitos a meio da carreira e as injustas ultrapassagens que também são ilegais; é o envelhecimento para o qual não faltam chamadas de atenção, com o Governo a dizer-se preocupado, mas a nada fazer para o travar e reverter; os horários de trabalho que continuam feridos de abusos e ilegalidades, com os professores a verem sua vida pessoal invadida por um sobretrabalho que provoca forte desgaste e situações, já graves, de burnout; a precariedade que se arrasta, com os contratados a verem negados direitos fundamentais como o de uma plena proteção social.

Mas é, também, a violência sobre professores que não merece condenação clara, a gestão que os afasta dos níveis de decisão, o amianto que não é removido, a municipalização que é adiada um ano para ver se pega e tantos outros problemas que se vão arrastando sem solução à vista, apesar das preocupações, dos apelos e das propostas que têm chegado ao Ministério da Educação.

Apesar de tudo isto, os professores não perderam – e não devem perder – o elevado grau de profissionalismo que os compromete com os alunos e leva à obtenção de resultados muito positivos. O Governo apropria-se deles, é certo, com autoelogios e promoção internacional. Habituados que já estão a ser esquecidos, para os professores o importante é saber que os obtiveram, sendo isso que os faz aguentar, ajudando-os a renovar o seu brio profissional e enchendo-os de orgulho.

No Dia Mundial do Professor, UNESCO, Organização Internacional do Trabalho, UNICEF, PNUD e Internacional da Educação​
divulgaram mensagem conjunta afirmando que se torna “difícil atrair e reter talentos naquela que é uma profissão mal paga e subvalorizada”, pelo que “os governos têm de melhorar o emprego e as condições de trabalho”. Instaram “os governos a fazerem do ensino uma profissão de primeira escolha para os jovens”. Assenta que nem uma luva a um Governo que finge não ver milhares de jovens docentes a abandonar a profissão, pouco jovens a escolherem-na quando chegam ao ensino superior e, nas escolas, a falta de professores já a fazer-se sentir.

Se, na Educação, o Governo optou por inexistir, compete aos professores retirá-lo do canto em que se acomodou. O Governo não pode continuar a esconder-se dos professores. É sua obrigação dar resposta aos problemas, negociando soluções com as organizações sindicais. Se não o faz – e o ministro considera que insistir na necessidade de soluções para os principais problemas é optar por becos sem saída –, não há alternativa que não passe por recolocar a luta em níveis elevados e clamar, ainda mais alto, respeito pelos direitos e consideração pela nobre missão de ensinar.

Pouco depois da tomada de posse, um dos membros da equipa do ME dirigiu-se à Fenprof escrevendo: “Esperamos poder contar com a Federação Nacional dos Professores para, no âmbito de uma relação de diálogo democrático e interinstitucional, darmos resposta adequada às exigências atuais e crescentes do setor da Educação.” Confirmando que o problema não é esse, os professores ainda aguardam uma primeira reunião negocial, quatro meses depois de terem tomado posse.

March 02, 2020

Blues in the night

Uma nova forma de autocracia mascarada de democracia



Em Março de 2018 na Flórida, Trump, dirigindo-se a uma assembleia de financiadores disse uma espécie de piada acerca das emendas recentes que a China tinha feito à sua Constituição para remover os limites de tempo do mandato presidencial, o que permite a Xi Jinping prolongá-lo indefinidamente:
Ele é agora presidente para a vida. E ele é óptimo. Se calhar, um dia, devíamos experimentar. Foi bastante aplaudido. Trump já disse várias vezes esta 'piada'.
 O que ele diz como piada já outros fizeram a sério: Putin fez grandes reformas constitucionais de modo a enfraquecer o cargo de presidente e fortalecer o de primeiro-ministro, que claramente quer manter.

Num estudo original, documenta-se, desde o ano 2000, as estratégias dos líderes para se prolongarem no poder, coisa que é muito comum, para além do termo dos mandatos: um terço dos presidentes tenta-o e, desses, dois terços consegue-o. O que é interessante é o modo sofisticado e legalista que usam para o fazer, por oposição às antigas estratégias de usar a força dos militares e instaurar uma ditadura.

Há quatro estratégias básicas que são usadas para este fim: a primeira e mais comum (66% dos casos) é fazer emendas à Constituição que prolonguem os termos do mandato ou eliminem os limites. Foi o caso recente da China e do Rwanda. 
A segunda (8%) é criar uma Constituição completamente nova que substitui a anterior. Foi o caso do Sudão. 
A terceira (15%), com bastante sucesso na América Latina, desafia, em tribunal, a legalidade dos limites do mandato. Foi o caso de Ortega na Nicarágua, por exemplo. 
A quarta, também com cerca de 15%, consiste em fazer eleger um presidente fantoche, como fez Putin com Dmitry Medvedev para continuar a governar para lá do termo do mandato. 
Finalmente, uma pequena porção de presidentes mantém-se no cargo adiando a data das eleições, mas é um risco porque isso é visto como autoritarismo. Um terço de todas as tentativas de se prolongarem nos cargos com estes esquemas, falhou redondamente.

No entanto, e é aqui que reside o perigo, as estratégias legalistas e constitucionais são vistas como fazendo parte da democracia, como sendo democráticas. Uma nova geração de autocratas aperfeiçoou a arte de parecerem políticos democráticos enquanto perseguem os seus objectivos de poder autoritário. Se sucedem ou não depende dos cidadãos perceberem e levarem a sério essa ameaça ao ponto de fazer qualquer coisa que a impeça.

The World Is Experiencing a New Form of Autocracy by Tim HorleyAnne Meng and Mila Versteeg
(síntese e tradução minhas)

Os três da vida airada



Quantos processos vão ter que ser revistos por causa destes três absúnfios?
É preciso que a casa seja bem limpa e que não reste um grão de pó a sujar o que tem de estar sempre limpo.


Livro do dia - Viagem de Cosme II de Médicis em Portugal no ano de 1669











"Tudo começa com um desvio, que se transforma em uma tendência, que se torna uma força histórica."



Edgar Morin: “Estamos caminhando como sonâmbulos em direção à catástrofe”

por Pensar Contemporâneo

Por que a velocidade está tão arraigada no funcionamento de nossa
sociedade?


A velocidade faz parte do grande mito do progresso que anima a civilização
ocidental desde os séculos 18 e 19. A idéia subjacente é que agradecemos a
ela por um futuro cada vez melhor. Quanto mais rápido formos em direção a
esse futuro, melhor, é claro.

É neste contexto que as comunicações, econômicas e sociais, e todos os tipos
de técnicas que possibilitaram a criação de transporte rápido se multiplicaram.
Penso em particular no motor a vapor, que não foi inventado por razões de
velocidade, mas em servir a indústria ferroviária, que se tornou cada vez mais
rápida.

Tudo isso é correlativo por causa da multiplicação de atividades e torna as
pessoas cada vez mais com pressa. Estamos numa época em que a
cronologia se impõe.

Então isso é novo?

Antigamente, você consultava o sol para para se orientar no tempo. No Brasil,
em cidades como Belém, ainda hoje nos encontramos “depois da chuva”.
Nesses padrões, seus relacionamentos são estabelecidos de acordo com um
ritmo temporal pontuado pelo sol. Mas o relógio de pulso, por exemplo, fez com
que o tempo abstrato substituísse o tempo natural. E o sistema de competição
e concorrência – que é o de nossa economia de mercado capitalista – significa
que, para a competição, o melhor desempenho é aquele que permite a maior
velocidade. A competição, portanto, se transformou em competitividade, o que
é uma perversão da concorrência.

Essa busca por velocidade não é uma ilusão?

De alguma forma. Não percebemos – embora pensemos que estamos fazendo
as coisas rapidamente – que estamos intoxicados pelo meio de transporte que
afirma ser rápido. O uso de meios de transporte cada vez mais eficientes, em
vez de acelerar o tempo de viagem, acaba – principalmente por causa de
engarrafamentos – desperdiçando tempo! Como já disse Ivan Illich (filósofo
austríaco nascido em 1926 e morto em 2002, ed): “O carro nos atrasa muito.
Até as pessoas, imobilizadas em seus carros, ouvem o rádio e sentem que
ainda estão usando o tempo de uma maneira útil. O mesmo vale para o
concurso de informações. Agora recorremos ao rádio ou a TV para não
esperar a publicação dos jornais. Todas essas múltiplas velocidades fazem
parte de uma grande aceleração do tempo, a da globalização. E tudo isso nos
leva ao desastre.

O progresso e o ritmo em que o construímos necessariamente nos destroem?
O desenvolvimento tecnoeconômico acelera todos os processos de produção
de bens e riquezas, os quais aceleram a degradação da biosfera e a poluição
generalizada. As armas nucleares estão se multiplicando e os técnicos estão
sendo solicitados a fazer as coisas mais rapidamente. Tudo isso, de fato, não
vai na direção de um desenvolvimento individual e coletivo!

Por que buscamos sistematicamente utilidade no decorrer do tempo?

Veja o exemplo do almoço. Tempo significa convívio e qualidade. Hoje, a idéia
de velocidade faz com que, assim que terminemos o prato, chamemos um
garçom que corre para recolher os pratos. Se você ficar entediado com seu
vizinho, tende a querer diminuir esse tempo.

Esse é o significado do movimento slow-food que deu origem à idéia de “vida
lenta”, “tempo lento” e até “ciência lenta”. Uma palavra sobre isso. Vejo que a
tendência dos jovens pesquisadores, assim que eles têm um campo de
trabalho, mesmo muito especializado, é que eles se apressem para obter
resultados e publiquem um “grande” artigo em uma “grande” revista científica
internacional, para que ninguém mais publique antes deles.
Esse espírito se desenvolve em detrimento da reflexão e do pensamento.
Nosso tempo rápido é, portanto, um tempo anti-reflexo.

Por quê?

Somos prisioneiros da ideia de rentabilidade, produtividade e competitividade.
Essas idéias foram exasperadas com a concorrência globalizada, nas
empresas, e depois se espalharam para outros lugares. O mesmo vale para o
mundo da escola e da universidade! O relacionamento entre o professor e o
aluno exige um relacionamento muito mais pessoal do que apenas as noções
de desempenho e resultados. Além disso, o cálculo acelera tudo isso. Vivemos
um tempo em que ele é privilegiado por tudo. Bem como saber tudo e dominar
tudo. Pesquisas que antecipam um ano de eleições fazem parte do mesmo
fenômeno. Chegamos a confundi-los com o anúncio do resultado. Tentamos
eliminar o efeito de surpresa sempre possível.

De quem é a culpa? Capitalismo? a ciência?
Estamos presos em um processo espantoso em que o capitalismo, as trocas e
a ciência são levados a esse ritmo. Não se pode ser culpa de um homem.
Devemos acusar Newton por ter inventado o motor a vapor? Não. O
capitalismo é essencialmente responsável, de fato. Por sua fundação, que é
buscar lucro. Pelo seu motor, que é tentar, pela competição, avançar seu
oponente.

Pela incessante sede de “novo” que promove através da publicidade … O que
é essa sociedade que produz objetos cada vez mais obsoletos? Essa
sociedade de consumo que organiza a fabricação de geladeiras ou máquinas
de lavar não para a vida útil infinita, mas para se decompor após oito anos? O
mito do novo, como você pode ver – mesmo para detergentes – visa sempre
incentivar o consumo. O capitalismo, por sua lei natural – a concorrência –
empurra, assim, para uma aceleração permanente e por sua pressão
consumista, sempre para obter novos produtos que também contribuem para
esse processo.

Vemos isso através de múltiplos movimentos no mundo, esse capitalismo é
questionado. Em particular na sua dimensão financeira …


Entramos em uma crise profunda sem saber o que sairá dela. As forças de
resistência realmente se manifestam. A economia social e solidária é uma
delas. Ela representa uma maneira de lutar contra essa pressão. Se
observarmos um impulso para a agricultura orgânica com pequenas e médias
fazendas e um retorno à agricultura, é porque grande parte do público começa
a entender que galinhas e porcos industrializados são adulterados e
desnaturalizam solos e águas subterrâneas.

Uma busca por produtos artesanais indica que desejamos fugir dos
supermercados que, eles próprios, exercem pressão do preço mínimo sobre o
produtor e tentam repassar um preço máximo para o consumidor. O Comércio
Justo também está tentando ignorar os intermediários predatórios. O
capitalismo triunfa em certas partes do mundo, mas outra margem vê reações
que surgem não apenas de novas formas de produção (cooperativas, fazendas
orgânicas), mas também da união consciente dos consumidores.

É aos meus olhos uma força não utilizada e fraca porque ainda dispersa. Se
essa força tomar conhecimento de produtos de qualidade e de produtos
nocivos, superficiais, uma força de pressão incrível será aplicada e influenciará
a produção.

Os políticos e seus partidos parecem não estar cientes dessas forças
emergentes. Eles não carecem de análise de inteligência …


Mas você parte do pressuposto de que esses homens e mulheres políticos já
fizeram essa análise. Mas você tem mentes limitadas por certas obsessões,
certas estruturas.

Por obsessão, você quer dizer crescimento?
Sim Eles nem sabem que o crescimento – supondo que volte aos chamados
países desenvolvidos – não excederá 2%! Não é esse crescimento que
conseguirá resolver a questão do emprego! O crescimento que queremos
rápido e forte é um crescimento na competição. Isso leva as empresas a
colocar as máquinas no lugar dos homens e, assim, liquidar as pessoas e
aliená-las ainda mais. Parece-me assustador que os socialistas possam
defender e prometer mais crescimento. Eles ainda não fizeram um esforço
para pensar e buscar novos pensamentos.

Desaceleração significaria decadência?

O importante é saber o que deve crescer e o que deve diminuir. É claro que
cidades não poluentes, energias renováveis e obras públicas saudáveis devem
crescer. O pensamento binário é um erro. É a mesma coisa para globalizar e
desglobalizar: é necessário continuar a globalização no que cria solidariedades
entre as pessoas e com o planeta, mas deve ser condenada quando cria ou
não traz zonas de prosperidade, mas de corrupção ou desigualdade. Eu
defendo uma visão complexa das coisas.

A velocidade em si não tem culpa?

Não. Se eu pegar minha bicicleta para ir à farmácia e tentar fazer isso antes
dela fechar, vou pedalar o mais rápido possível. Velocidade é algo que
precisamos e podemos usar quando necessário. O verdadeiro problema é
diminuir com êxito nossas atividades. Retomar o tempo, natural, biológico,
artificial, cronológico e conseguir resistir.

Você está certo ao dizer que o que é velocidade e aceleração é um processo
extremamente complexo da civilização, no qual técnicas, capitalismo, ciência e
economia têm sua parte. Todas essas forças combinadas nos levam a acelerar
sem que tenhamos controle sobre elas. Porque a nossa grande tragédia é que
a humanidade é arrastada em uma corrida acelerada, sem nenhum piloto a
bordo. Não há controle ou regulamentação. A própria economia não é regulada.
O Fundo Monetário Internacional não é, nesse sentido, um sistema real de
regulamentação.

A política ainda não deveria “levar tempo para reflexão”?
Muitas vezes, temos a sensação de que, por sua pressa de agir, de se
expressar, ele vem trabalhar sem nossos filhos, mesmo contra eles … Você
sabe, os políticos estão embarcando nessa corrida para acelerar. Li
recentemente uma tese sobre gabinetes ministeriais. Às vezes, nos escritórios
dos conselheiros, havia anotações e registros rotulados como “U” para
“urgentes”. Depois veio o “MU” para “muito urgente” e depois o “MMU”. Os
gabinetes ministeriais agora estão invadidos, desatualizados.

A tragédia dessa velocidade é que ela cancela e mata o pensamento político
pela raiz. A classe política não fez nenhum investimento intelectual para
antecipar, enfrentar o futuro. Foi o que tentei fazer em meus livros como
Introdução a uma política do homem, Caminho, Terre-patrie … O futuro é incerto,
é preciso tentar navegar, encontrar um caminho, uma perspectiva. Sempre
houve ambições pessoais na história. Mas eles estavam relacionados a idéias.
De Gaulle sem dúvida teve uma ambição, mas teve uma ótima ideia. Churchill
tinha ambição a serviço de uma grande idéia, que era salvar a Inglaterra do
desastre. Agora, não há mais grandes idéias, mas grandes ambições com
homenzinhos ou mulheres.


Michel Rocard recentemente lamentou sobre “Terra eco” o desaparecimento da visão de longo prazo…


Ele tinha razão e não tinha. Uma política real não está posicionada no imediato,
mas no essencial. Por esquecer o essencial da urgência, acabamos
esquecendo a urgência do essencial. O que Michel Rocard chama de “longo
prazo”, eu chamo de “problema de substância”, “questão vital”. Pensar que
precisamos de uma política global para a salvaguarda da biosfera – com um
poder de decisão que distribua responsabilidades porque não podemos
atribuir as mesmas responsabilidades aos países ricos e aos países pobres – é
uma política essencial para longo prazo. Mas esse longo prazo deve ser rápido
o suficiente, porque a ameaça está se aproximando.

Edgar Morin, o estado de urgência perpétua de nossas sociedades o torna
pessimista?


Essa falta de visão me força a ficar na brecha. Há uma continuidade na
descontinuidade. Eu fui da época da Resistência quando jovem, onde havia um
inimigo, um ocupante e um perigo mortal, para outras formas de resistência
que não carregavam o perigo da morte, mas o de permanecer
incompreendido, caluniado ou desprezado.

Depois de ser comunista de guerra e depois de ter lutado com a Alemanha
nazista com grandes esperanças, vi que essas esperanças eram enganosas e
rompi com esse totalitarismo, que se tornou o inimigo da humanidade. Eu lutei
contra isso e resisti. Eu, naturalmente – defendi a independência do Vietnã ou
da Argélia, quando se tratava de liquidar um passado colonial. Pareceu-me
muito lógico depois de ter lutado pela independência da França, ameaçada
pelo nazismo. No final do dia, estamos sempre envolvidos na necessidade de
resistir.

E hoje?

Hoje, percebo que estamos sob a ameaça de duas barbáries associadas.
Antes de tudo, humano, que vem do fundo da história e que nunca foi liquidado:
o campo americano de Guantánamo ou a expulsão de crianças e pais que
estão separados, acontece hoje ! Essa barbárie é baseada no desprezo
humano. E então o segundo, frio e gelado, com base em cálculo e lucro. Essas
duas barbáries são aliadas e somos forçados a resistir em ambas as frentes.
Por isso, continuo com as mesmas aspirações e revoltas que as da minha
adolescência, com a consciência de ter perdido ilusões que poderiam me
animar quando, em 1931, eu tinha dez anos.

A combinação dessas duas barbáries nos colocaria em perigo mortal …
Sim, porque essas guerras podem a qualquer momento se desenvolver no
fanatismo. O poder destrutivo das armas nucleares é imenso e o da
degradação da biosfera para toda a humanidade é vertiginoso. Estamos indo,
por essa combinação, em direção a cataclismos. No entanto, o provável, o pior,
nunca está certo aos meus olhos, porque às vezes apenas alguns eventos são
suficientes para que as evidências se revertam.

Mulheres e homens também podem ter esse poder?
Infelizmente, em nosso tempo, o sistema impede que espíritos se rompam.
Quando a Inglaterra foi ameaçada de morte, um homem marginal foi levado ao
poder, seu nome era Churchill. Quando a França foi ameaçada, foi De Gaulle.
Durante a Revolução, muitas pessoas, sem treinamento militar, conseguiram se
tornar generais formidáveis, como Hoche ou Bonaparte; avocaillons como
Robespierre, grandes tribunos. Grandes momentos de crise terrível despertam
homens capazes de resistir. Ainda não estamos suficientemente cientes do
perigo. Ainda não entendemos que estamos caminhando para um desastre e
estamos nos movendo a toda velocidade como sonâmbulos.


O filósofo Jean-Pierre Dupuy acredita que da catástrofe nasce a solução. Você
compartilha a análise dele?


Não é dialético o suficiente. Ele nos diz que o desastre é inevitável, mas que é
a única maneira de saber que pode ser evitado. Eu digo: é provável que haja
um desastre, mas é improvável. Quero dizer com “provável” que, para nós,
observadores, no tempo em que estamos e nos lugares em que estamos, com
as melhores informações disponíveis, vemos que o curso das coisas está nos
levando a desastres. No entanto, sabemos que é sempre o improvável que
surgiu e que “fez” a transformação. Buda era improvável, Jesus era improvável,
Muhammad, a ciência moderna com Descartes, Pierre Gassendi, Francis
Bacon ou Galileu era improvável, o socialismo com Marx ou Proudhon era
improvável, o capitalismo era improvável na Idade Média … Veja Atenas. Cinco
séculos antes de nossa era, você tem uma pequena cidade grega diante de um
império gigantesco, a Pérsia. E duas vezes – embora destruída pela segunda
vez – Atenas consegue expulsar esses persas graças ao golpe de gênio do
estrategista Temístocles, em Salamina. Graças a essa incrível improbabilidade,
nasceu a democracia, que poderia fertilizar toda a história futura e depois a
filosofia. Então, se você quiser, posso chegar às mesmas conclusões que
Jean-Pierre Dupuy, mas meu caminho é bem diferente. Hoje, existem forças de
resistência dispersas, aninhadas na sociedade civil e que não se conhecem.
Mas acredito no dia em que essas forças se reunirão, em feixes. Tudo começa
com um desvio, que se transforma em uma tendência, que se torna uma força
histórica.

Portanto, é possível reunir essas forças, engajar a grande metamorfose, do
indivíduo e depois da sociedade?


O que chamo de metamorfose é o termo de um processo no qual várias
reformas, em todas as áreas, começam ao mesmo tempo.

Já estamos em processo de reformas …
Não, não. Não são essas pseudo-reformas. Estou falando de reformas
profundas da vida, civilização, sociedade, economia. Essas reformas terão que
começar simultaneamente e ser inter-solidárias.

Você chama essa abordagem de “viver bem”. A expressão parece fraca, tendo
em vista a ambição que você lhe dá.


O ideal da sociedade ocidental – “bem-estar” – deteriorou-se em coisas
puramente materiais, conforto e propriedade de objetos. E embora essa
palavra “bem-estar” seja muito bonita, outra coisa teve que ser encontrada. E
quando o presidente do Equador, Rafael Correa, encontrou essa fórmula de
“boa vida”, retomada por Evo Morales (presidente boliviano, ed)significava
florescimento humano, não apenas na sociedade, mas também na natureza.

A expressão “viver bem” é sem dúvida mais forte em espanhol do que em
francês. O termo é “ativo” na língua de Cervantes e passivo na de Molière. Mas
essa idéia é a que melhor se relaciona com a qualidade de vida, com o que
chamo de poesia da vida, amor, carinho, comunhão e alegria e, portanto, com a
qualitativa, que a devemos nos opor à primazia do quantitativo e da
acumulação. O bem-estar, a qualidade e a poesia da vida, inclusive em seu
ritmo, são coisas que devem – juntas – nos guiar. É para a humanidade uma
finalidade tão bonita. Implica também controlar simultaneamente coisas como
especulação internacional … Se não conseguirmos nos salvar desses polvos
que nos ameaçam e cuja força é acentuada, acelera, não haverá nada de bom.

Late at night



Tudo se assemelha, à noite: as pessoas, os carros, as casas, os vultos e as sombras.

de Martin Lewis, mentor e percursor de Edward Hopper

March 01, 2020

In Case of Emergency, Remove Your Bra


Isto vem a propósito de estar sem máscaras em casa e ter passado pela farmácia para aviar uma receita e ter pedido um par de máscaras e a farmacêutica ter começado a rir. Disse-me que estão sem máscaras e os fornecedores também não têm porque as pessoas foram a correr comprar às dúzias. A sério?? A ver se amanhã no hospital me dão uma máscara.

Li coisas um bocado alarmantes nas redes sociais sobre alunos que foram passear para o norte de Itália, no Carnaval. Quem são as pessoas que vão para o norte de Itália passear numa altura destas? Ou para outro país, não tendo necessidade, quer dizer, aeroportos e aviões não são a melhor coisa, neste momento.

Enfim, amanhã tenho que mandar um email ao meu director a saber o que se passa ao certo, porque eu faço parte de um grupo de pessoas de risco, dada a parva da doença e tenho que saber se tenho que tomar precauções acrescidas.

Não percebo porque é que o ME não emite uma nota a obrigar aqueles que vão de viagem para zonas onde há epidemia, como o Norte de Itália, a ficar em casa de quarentena, porque uma escola é um sítio ideal para propagação destas doenças. Quem quer ir passear para esses sítios, tem que saber que não pode depois voltar como se nada fosse.


Grande tachada em casa de Medina



Os lisboetas pagam este socialismo esquemático.

Medina contratou Inês Drummond por €4.615/mês para "assessoria"
por Marco Alves

Inês Drummond (PS) saiu da presidência da junta de freguesia de Benfica para ir trabalhar no gabinete do presidente da Câmara de Lisboa. Não se percebe no contrato o que vai fazer.