Não há dúvida de que estes socialistas socráticos se pensam donos disto tudo, ao ponto de perseguirem o MP.
Santos Silva, o influencer
Manuel Molinos
O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, foi à televisão dizer que “está triste” com a Operação Influencer. Aproveitou ainda a entrevista para tentar ficar bem na fotografia ao pedir “desculpa” ao presidente da Câmara Municipal de Sines por ter estado “num calabouço”, durante seis dias, sem ser indiciado. “Já alguém lhe pediu desculpa? Peço-lhe eu, porque sou presidente da Assembleia da República”, disse.
Habitualmente, um pedido de desculpa é acompanhado de uma explicação para o arrependimento ou por uma assunção de responsabilidade. Não foi este o caso. Porque o pedido em causa não se trata nem de nenhum ato de contrição nem de um remorso. Foi apenas uma crítica à atuação do Ministério Público. Um ato meramente político da segunda figura do Estado, a mesma que também deve zelar pela separação do poder político e judicial.
Na mesma entrevista pediu que a Justiça seja rápida a concluir as investigações a António Costa até às eleições legislativas e considerou que a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa de dissolver o Parlamento e convocar eleições era “desnecessária e pode ser perigosa”. Pelo meio assumiu a camisola socialista e manifestou o apoio à candidatura de José Luís Carneiro na corrida pela liderança do PS.
Augusto Santos Silva ainda é o presidente da Assembleia da República e, por via das circunstâncias por todos conhecidas, exige-se que redobre a atenção ao regular funcionamento das instituições democráticas.
A um político que se diz frio (“Esta minha fúria é a fúria de um tipo gelado” - afirmou quando puxou as orelhas em público a André Ventura após o discurso de Lula da Silva na Assembleia da República), pede-se que não aja de forma quente. Em benefício do país.