Showing posts with label médicos. Show all posts
Showing posts with label médicos. Show all posts

September 17, 2023

Os médicos portugueses entendem que são os "juízes morais das mulheres" e escolhem os direitos constitucionais a que elas podem aceder



Em IVG, o 'V' significa 'voluntária' que é uma palavra que se refere à 'vontade livre', à escolha fundada no livre arbítrio. Porém os médicos portugueses, na sua maioria, impedem as mulheres de serem agentes livres e não se inibem de lhes guilhotinar a autonomia.

Em Portugal a lei despenalizou o aborto mas deu aos médicos o poder de julgar moralmente as mulheres através de uma lei de objecção de consciência A La Carte. A maioria dos médicos são objectores de consciência e só realizam o aborto se a vida da mulher estiver em risco de vida. Alguns também o praticam em caso de violação, mas nem todos, há umas centenas que se recusam. É aquela ideia de que, 'se o macho pôs lá a semente', como eles dizem, a mulher tem obrigação de deixá-la crescer.

O que a maioria dessa minoria de médicos que pratica a IVG não admite de maneira nenhuma é que as mulheres peçam para fazer um aborto nas primeiras 10 semanas de gestação (o que chamam, 'a pedido da mulher') e portanto, negam-se. Assim, temos uma lei que permite fazer a IVG mas os médicos entendem que as mulheres não devem ser auto-determinadas, cívica e moralmente e impedem-nas, na prática, de exercer os seus direitos e de ter acesso à saúde. 

Parece que somos o único país onde se legalizou a IVG mas depois se encontrou uma maneira de, na prática, se impedir que as mulheres exerçam os seus direitos: quanto maior é a autonomia da mulher, mais objeções os médicos portugueses encontram à IVG. 

Os tais médicos objectores da IVG até às 10 semanas, não só são um obstáculo ao direito à saúde das mulheres como pressionam os médicos não-objectores a recusarem esse direito às mulheres.
O ministro da saúde é um desses machistas patriarcais que entendem que eles é que sabem como as mulheres devem viver a sua vida e a que cuidados de saúde podem aspirar.
Como se pode ter confiança nestes médicos que olham as mulheres como menores mentais e entendem que lhes cabe a eles determinarem as suas vidas?


-------------------------------
A percentagem de hospitais com valência de obstetrícia que fazem algum tipo de interrupção de gravidez é de mais de 80%. Só seis hospitais não oferecem este cuidado de saúde: quatro no continente e dois nas Regiões Autónomas (ambos nos Açores).
Isto porque há sete unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que fazem abortos, mas não os até às 10 semanas de gestação, habitualmente denominados "por vontade da mulher"- para os distinguir das outras IG legais, que, sendo igualmente efetuadas a pedido da mulher, apresentam razões médicas ou resultam de crimes de violação.

De acordo com o que o DN conseguiu apurar, a objeção de consciência seletiva terá sido criada, aquando da regulamentação da lei, por receio das autoridade de saúde de que, se a objeção só fosse possível "em bloco" - ao ato do aborto em si -, deixasse de haver médicos suficientes para levar a cabo as interrupções de gravidez por "motivos médicos". Tal significa que desde logo se antecipou que haveria mais tendência nos profissionais de saúde para censurar as motivações das mulheres que para rejeitar a morte do feto.

Ora isso, como sublinha Teresa Violante no texto citado acima, significa que o profissional de saúde "não objeta ao ato em si mas a praticá-lo em determinadas circunstâncias". E a constitucionalista, investigadora na Universidade Friedrich-Alexander (Alemanha), prossegue: "A objeção de consciência absoluta representa uma reivindicação de imunidade legal prevista na legislação que isenta funcionários de praticar um ato, independentemente das circunstâncias. No contexto do aborto, a objeção de consciência seletiva coloca os funcionários na posição de juízes morais do comportamento das mulheres."

Tal, considera a jurista, não pode ser permitido: "A objeção de consciência seletiva permite a possibilidade de julgar em que circunstâncias a mulher merece a proteção assegurada na lei democrática. Nas democracias constitucionais, esse julgamento só cabe aos legisladores e só pode ser formulado em termos gerais. Porque expõe as pessoas grávidas ao julgamento das suas atitudes e comportamentos pelo pessoal médico, reforçando estereótipos e estigmas. Mesmo se as mulheres forem remetidas para outros profissionais, existe um dano indireto à sua dignidade." E Violante conclui: "É difícil ver como a objeção de consciência seletiva pode ser compatível com a aplicação do princípio da não discriminação."

O  coordenador da região Sul do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal, Luís Mós, concorda.
Em maio, em entrevista ao DN, afirmava que o juízo de valor que identifica na objeção ao aborto até às dez semanas por parte de médicos e enfermeiros que por exemplo não objetam à IG por anomalia fetal pode ter como resultado obstruir o acesso à IVG segura por parte de muitas mulheres, colocando em risco o seu direito à saúde.

E exemplificava com o caso de um dos sete hospitais portugueses que fazem abortos desde que não "por vontade da mulher": "O Amadora-Sintra está numa zona com muitas imigrantes e é tudo mais difícil para elas, porque o encaminhamento é feito através dos centros de saúde, e muitas não estão lá inscritas. Até as nacionais que não têm médico de família se veem aflitas neste processo", preocupa-se Mós, lamentando que o hospital nem sequer veja "as senhoras das 10 semanas": "Nem a datação da gravidez [necessária para perceber se está dentro do prazo legal] é feita ali, mandam-nas para a Clínica dos Arcos (clínica privada lisboeta com a qual o hospital tem protocolo). São umas 200 por mês que são enviadas para lá. Custa-me fazerem isso, até porque na clínica a interrupção é cirúrgica, o que implica sempre mais risco que a medicamentosa."


Miguel Areosa Feio: há uma enorme percentagem de médicos objetores, e a constituição, ao arrepio da lei, de uma "objeção dos serviços" - ou seja, a decisão oficiosa de um serviço hospitalar de recusar a IG, funcionando como pressão sobre os próprios profissionais de saúde.

Numa situação muito semelhante à portuguesa - 35% dos hospitais sem serviço de IG e 70% dos médicos objetores - a Itália foi, como o DN reportou, por duas vezes condenada pelo Comité dos Direitos Sociais do Conselho da Europa (com o voto de Portugal) por violação do direito à saúde e por discriminação no direito à saúde das mulheres que querem abortar, assim como por discriminação no direito ao trabalho dos médicos não objetores.

As últimas diretrizes da Organização Mundial de Saúde (2022) sobre aborto estipulam, como lembra Teresa Violante no texto citado, que a objeção de consciência pode tornar-se indefensável se se provar ser impossível regulá-la "de uma forma que respeite e proteja plenamente os direitos de quem procura fazer uma interrupção de gravidez".

Miguel Ricou, membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, considera ser "altura de pensar numa regulamentação objetiva e clara." Diz este especialista em Bioética, co-autor de um estudo sobre objeção de consciência publicado em julho (Conscientious Objection and Other Motivations for Refusal to Treat in Hastened Death: a Systematic Review): "Nunca vi uma reflexão pública adequada sobre a objeção. Fala-se dela como um direito absolutamente adquirido e inquestionável, e até pode ser, mas não se pode deixar que ponha em causa os outros valores, ou direitos, envolvidos. É preciso discutir, pôr as pessoas a refletir sobre o que é realmente objeção de consciência."

Um desafio que, aparentemente, não estará na mente do ministro da Saúde. Em entrevista à RTP na quarta-feira passada, Manuel Pizarro admitiu que, "muitas vezes, o problema é uma percentagem muito grande dos profissionais de um serviço serem objetores de consciência", mas acrescentou de imediato: "Isso tem de se respeitar". E, questionado sobre a necessidade de existência de registo dos objetores, respondeu: "Devo dizer que não tenho a certeza absoluta de que seja necessário haver uma lista."


September 04, 2023

Reportagem da dieta

 


Neste mês de Agosto emagreci, ganhei massa muscular e as minhas análises melhoraram. Isto foi à conta de andar quilómetros, nadar uma hora por dia e fazer dieta de açúcares. Daqui a 6 meses volto ao endocrinologista (tenho que lá chegar mais magra uns 5 ou 6 quilos - um por mês), mas desta vez, ao invés de fazer o relato oral das comidas da minha dieta vou levar um reportagem fotográfica das refeições: uma pasta para as coisas de Verão, outra para as do Outono, as compras do mercado, etc. Acabei de fazer uma quiche com cogumelos, espinafres e um queijo mozarella. Vai já para a pasta do fim de Verão. 



November 23, 2021

O resultado de gerir serviços públicos como se fossem fábricas

 


... onde os critérios económicos se sobrepõem aos critérios médicos, é os médicos de carreira estarem envelhecidos e os novos fugirem do país ou fugirem para o privado para um sítio onde possam, de facto, ter uma carreira e não ser bombeiros de apagar fogos. Espantaram todos.

Na educação fizeram o mesmo: há os professores de carreira (entenda-se o termo de modo muito lato) como eu, já na idade de ter reduções máximas e há os professores contratados que são bombeiros de apagar fogos, sem direito a carreiras. Agora já não há, nem uns, que se reformam, nem outros. Espantaram todos. 

Poupar dinheiro desta maneira serviu os interesses das pessoas ou do país? Não me parece.

Chefes das urgências de cirurgia do Santa Maria demitem-se


Médicos concretizam ameaça feita no passado dia 10. Queixam-se da sucessiva degradação do serviço nos últimos anos.


October 01, 2021

Hospital de Setúbal à deriva, sem chefes e sem médicos - obrigada, ministra da saúde e Costacenteno

 


Diretor do Centro Hospitalar de Setúbal demite-se um mês depois do diretor do serviço de Obstetrícia

 47 doentes em macas nos corredores do serviço de urgência

Depois de há pouco mais de uma semana a Ordem dos Médicos (OM) ter constatado que o hospital de Setúbal tinha, no dia 20 de setembro, 47 doentes em macas nos corredores do serviço de urgência, situação que atribuiu à "carência crónica" de clínicos, agravada nos últimos anos, o diretor clínico do Centro Hospitalar de Setúbal, Nuno Fachada, demitiu-se do cargo. O dirigente justificou a decisão com a situação de rotura nas urgências, entre outros motivos. À agência Lusa, o diretor confirmou a demissão, mas não quis prestar, para já, mais declarações. O Centro Hospitalar de Setúbal também confirmou "o pedido de demissão do diretor clínico", avançando somente "que o mesmo seguirá os trâmites normais".

Aos colegas, o médico escreveu que a "situação de rutura e agravamento nas urgências médicas, obstétrica, EEMI [Equipa de Emergência Médica Intra-Hospitalar]", assim como "dificuldades noutras escalas como a pediátrica, cirúrgica, via verde AVC, urgências internas, etc" são algumas das razões, sendo que referiu também a "falta de condições de atratividade dos médicos", "insuficiência ou não abertura de vagas sinalizadas", "dezenas de cortes mensais de salas operatórias" e "rutura em vários serviços por êxodo" de profissionais de várias especialidades.

Nuno Fachada acrescentou ainda a demissão com a "não resposta sobre a requalificação e financiamento do CHS [Centro Hospitalar de Setúbal] para grupo D", "afastamento e colapso dos cuidados primários de saúde, agravando as dificuldades dos doentes", assim como "incertezas quando ao ecletismo, adaptação e capacidade das obras das urgências". "Assim, só restaria a solução de romper com a situação vigente. Romper com a aceitação de continuarmos a ver o estertor do SNS [Serviço Nacional de Saúde], capturado por uma estrutura burocrática pesadíssima e crescente, que asfixia e parasita aquilo que melhor foi feito nas últimas quatro décadas e que tornou Portugal num país avançado, longe das altas taxas de mortalidade infantil e da baixa esperança média de vida", salientou num email institucional enviado aos colegas.

"Agora que assistimos ao abrandamento da pandemia, o benefício da dúvida dado às instâncias para olharem de outro modo para o CHS [Centro Hospitalar de Setúbal], seja na questão dos recursos médicos e outros profissionais, seja na requalificação do CHS, não se cumpriu, antes se agravou", redigiu, sendo que tomou a mesma decisão do diretor do serviço de Obstetrícia do Hospital de Setúbal, Pinto de Almeida, que, em agosto, também se demitiu do cargo devido à falta de profissionais, o que obrigou ao encerramento da urgência naquele mês, revelou a Ordem dos Médicos.


August 06, 2021

No país onde há falta de bebés

 


Não há médicos obstetras. São 5 milhões para aqui, 10 milhões para acolá, etc. Médicos obstetras é que não há. Isso oferece muito confiança às mulheres do concelho que queiram ter filhos...




June 28, 2021

Parece-me que o Bastonário dos Médicos está a fazer-se de desentendido

 


Provavelmente por ser um fundamentalista religioso. Ele percebe muito bem o que está em causa. 

Na penúria em que o SNS está, há anos, os centros de saúde pequenos no interior, onde só há um médico da especialidade (como foi noticiado há não muito tempo no Centros de Saúde [ACES] Alentejo Central), se este, por acaso, for objector de consciência, as mulheres ficam sem possibilidade de ter acesso aos cuidados médicos que a lei lhes garante. Mesmo em centros urbanos, dada a falta de médicos, essas situações acontecem. Podíamos dizer, 'bem podem recorrer aos privados'. Só que os privados podem escusar-se a cumprir a lei e declararem todas as suas unidades, como já aconteceu, como objectoras de consciência, mesmo que os médicos que lá trabalhem não o sejam.

Portanto, há um problema que consiste em a lei dar garantias e direitos às mulheres mas depois, na prática, tudo ficar na mesma, pela razão dos governos (há outros países europeus ainda mais conservadores nestes assuntos) não assegurarem que, de facto e não apenas de forma, os centros médicos tenham médicos que não sejam objectores de consciência de maneira a que as mulheres possam beneficiar dos direitos que a lei lhes confere. 

Por conseguinte, o que está em causa nesta recomendação é chamar a atenção dos governos de que este é um problema real que têm de resolver para que não aconteça a lei garantir um direito e a prática retirá-lo. 

Preocupante, no meu entender, é o facto dos médicos terem escolhido para representá-los um fundamentalista nestas questões.


Bastonário dos Médicos critica eurodeputados que querem fim de objeção de consciência no aborto


Ao Nascer do SOL, Bastonário dos médicos arrasa eurodeputados: ‘É preocupante que pensem que podem interferir com a liberdade de consciência das pessoas’.

O Parlamento Europeu aprovou, nesta quinta-feira, uma recomendação que atenta contra o direito dos médicos à objeção de consciência para rejeitarem a realização de um aborto.

O ponto 34º, por exemplo, «insta os Estados-membros a despenalizarem o aborto e a eliminarem e combaterem os obstáculos ao aborto legal (…)».

Já o ponto 37º – mais contestado – «lamenta que, por vezes, a prática comum nos Estados-membros permita que profissionais médicos – e, em algumas ocasiões, instituições médicas inteiras – se recusem a prestar serviços de saúde com base na chamada cláusula de consciência, o que conduz à recusa de serviços de aborto por motivos de religião ou consciência e põe em perigo a vida e os direitos das mulheres». Ainda o ponto 38º «exorta os Estados-membros a aplicarem medidas regulamentares e executivas eficazes, a fim de garantir que a cláusula de consciência não põe em risco o acesso atempado das mulheres aos cuidados de Saúde Sexual e Reprodutiva».Saliente-se, porém, que este articulado não é vinculativo. 

August 24, 2020

"Os gajos cobardes não quiseram ir trabalhar"

 

Isto a mim é o que mais me assusta: é saber que a acção do governo está construída em cima de um grande desprezo pelas pessoas, desprezo pela lei e incapacidade de assumir responsabilidades. Se há grupos profissionais que correram risco de saúde no trabalho, durante esta pandemia, muitas vezes em condições deploráveis foram os médicos, os enfermeiros e os trabalhadores dos supermercados. 

Outros, como os professores ou algumas pessoas do governo, trabalharam muito para além dos seus deveres, embora os professores com custos monetários que os do governo não conhecem, mas uns e outros não correram riscos de saúde como os outros grupos que estavam, e estão, na linha da frente. 

Mas o primeiro-ministro não quer saber de nada. Aquele célebre princípio do PS já mudou um bocadinho e agora lê-se: aos amigos tudo, aos inimigos nada, aos outros aplique-se a lei e, se a lei não nos favorece, mude-se a lei.

E trata as pessoas, publicamente, por, 'os gajos'. Que diabo... tira completamente a dignidade e o respeito próprios do seu cargo de chefe de um orgão de soberania. A fulanização das relações institucionais degrada-as. Quando ouço o primeiro-ministro falar assim, fico a pensar: é assim que falam de nós todos nas reuniões de concelho de ministros, ou entre eles: falam como naquela reunião de ministros do Bolsanaro onde era tudo, 'os gajos', 'as putas' e por ía fora? Será que quando falam dos professores, sendo nós uma maioria de mulheres, dizem, 'essas gajas' ou pior...?

O primeiro-ministro está cansado e com excesso de trabalho? Não é o único. Muitos outros trabalhadores também estão (entre eles os médicos) e com a diferença que não têm, nem os seus meios, nem o seu poder de tirar obstáculos do caminho de modo que tudo lhes é mais difícil. E depois, uma das razões pelas quais está com excesso de trabalho tem que ver com o ter preferido ter uma governo de subservientes e amigos a ter um governo de pessoas competentes e isso o obrigar a ter que andar sempre a tapar a incompetência dos outros. Ter escolhido assim é um sinal da sua própria inadequação para o cargo, porque um estadista rodeia-se de pessoas competentes e não tem medo que a competência alheia lhe faça sombra.

Isto é o que vai passar-se com os professores quando começarem a chegar denuncias da total falta de segurança no trabalho: alunos a 10cm uns dos outros dentro das salas apinhadas, fechados toda a manhã ou toda a tarde na mesma sala, todos a respirar o mesmo ar, a tossir e a espirrar, com umas máscaras do chinês cheias de germes, sem gel nas salas de aula para desinfectar as mãos, sem funcionários para desinfectar os espaços, meia dúzia de casas de banho para 1500 alunos, os professores a mesma coisa, etc. Rapidamente vamos ser 'gajas cobardes'.

O primeiro-ministro finge desconhecer que, para paralelamente aos deveres profissionais, também existem os direitos e que estes incluem certas condições de trabalho. 

Quando o primeiro-ministro vem à televisão dizer que agradece e louva o trabalho dos médicos, dos enfermeiros e de todos que estão na linha da frente, é tudo mentira para as câmaras da TV...?

Não ponho aqui o vídeo porque acho-o ordinário.  


E já agora, senhor ME: mande pagar o que me devem, sff!



August 20, 2020

Sinais perigosos

 


O primeiro-ministro segurar incompetentes no governo. Quando esta ministra diz que não lê os relatórios dos médicos, o que ela está a dizer é que não valoriza a opinião dos especialistas na tomada de decisões. Então decide com base em quê? Nas suas opiniões desinformadas? Em segundo lugar, quando diz que não procura culpados revela desconhecimento entre culpa (isso é para o padre na igreja) e responsabilidade política. Se ela não se interessa em saber quem são os responsáveis por maus trabalhos, isso significa que o trabalho sob a sua tutela só é bom por acaso e não no que depende dela. Que o primeiro-ministro não veja ou não queira saber que as mesmas conclusões se aplicam a si ao não querer saber das responsabilidades e mau trabalho da ministra é um sinal muito perigoso. É aliás, um sinal que já deu várias vezes e ainda ontem soubemos que voltou a meter no governo um tipo que aceita, juntamente com a mulher, presentes de empresas que querem coisas aprovadas.

O primeiro-ministro virar-se contra os médicos. Acho que todos nos lembramos que há 4 meses um médico não podia sair à rua sem ouvir palmas e elogios. Pois agora já não prestam porque denunciam o que está mal.

Daqui a um mês ou dois há-de estar a dizer mal dos professores -a quem há 4 meses também batiam palmas- por denunciarem falta de condições de segurança e os dois do ME hão-de culpar os directores se, por azar, as coisas correrem mal com a falta de condições de segurança que há nas escolas. Os directores que se ponham a pau...

Eu estou à espera que o primeiro-ministro diga oficialmente o que devo fazer, porque a lei diz que as pessoas de grupos de risco ficam em tele-trabalho podendo fazê-lo e não precisam de justificação; até agora, não há legislação em contrário. 

Parece que há bocas do secretário de Estado mas o que ele diz em reuniões privadas não tem força de lei. Aliás, disse coisas sem sentido: que quem não está em condições de trabalhar que meta baixa. O problema é que as pessoas estão em condições de trabalhar. Nenhum médico nos passa um atestado por pertencermos a um grupo de risco, pois nem sequer é o nosso medico que define o que são grupo de riscos, a não ser que haja uma lei que diga que as pessoas de grupo de risco ficam automaticamente de baixa até nova ordem. Precisamos de saber. Somos muitos. E as escolas precisam de saber. 

Eu por mim vou trabalhar. Não sou de fugir ao trabalho. Vou trabalhar se tiver turmas para ficar um em cada mesa e se tiver um horário que não me obrigue a ficar horas e horas seguidas na escola numa sala de professores apinhada e com duas casa de banho para toda a gente, como aliás são as recomendações da OMS.

-----------------------

Por cá, António Costa meteu-se numa batalha diferente. Também no meio de uma crise pandémica, económica e social, o primeiro-ministro não se limitou ontem a reiterar a defesa da sua ministra da Solidariedade (muito criticada depois da entrevista ao Expresso em que desvalorizou o número de casos de covid-19 em lares; em que disse não ter como "objetivo" procurar culpados; e em que admitiu não ter lido o relatório da Ordem dos Médicos sobre o que aconteceu em Renguengos de Monsaraz). Não, desta vez António Costa decidiu atacar a própria Ordem dos Médicos por ter feito esse mesmo relatório. Foi levado, mas direto: "É fácil ficar no nosso consultório e passar o dia a falar por videoconferência para as televisões, opinando sobre o que acontece aqui e ali."

O que nem Costa, nem a ministra, nem os responsáveis pelos lares, explicaram foi como a ministra dizia num dia que não tinha lido o relatório e três dias depois já tinha lido todos; como a ministra dizia não ter pedido uma inspecção e, quatro dias passados, se sabia que tinha sido pedido um "relatório"; ou sequer como esse relatório pode ser mostrado como "atempado", quando foi pedido já depois da 16ª morte em Reguengos e 21 dias depois dos avisos dos médicos. Assim como não se explica como no sábado eram 100 as vistorias feitas pela Segurança Social aos lares e hoje, ao JN, se contam 500.
EXPRESSO

July 27, 2020

Não percebo este problema dos médicos



Se o governo sabe que não há médicos seniores para tutelarem os médicos que querem aceder a especialidades, porque não autoriza a contratação desses médicos, paralelamente à autorização para formar mais médicos? Não o fazendo, acabamos por estar a formar médicos que depois vão-se embora porque não conseguem aceder a especialidades. Para além de que, por este caminho, daqui a 10 anos não há especialistas de coisa alguma.

Se o governo autoriza a contratação de médicos para prevenir essa situação dos mais novos poderem depois ter formação especializada, porque é que as Universidades e a Ordem dos Médicos não autoriza o aumento de vagas? 

Há aqui qualquer coisa que não se percebe, mas o que percebemos é que este problema atinge-nos a nós todos.

June 22, 2020

O bastonário da ordem dos médicos não sabe viver em democracia



Se a decisão do Parlamento for inversa e a eutanásia não for tornada legal, ele cumpre mas se for legalizada ele manda os médicos todos desrespeitar a lei? Ele é o ditador de serviço que põe e dispõe das consciências alheias como se fossem suas? Então todos os médicos têm de concordar com ele? 

Se a lei for aprovada é implementada, quer ele goste ou não. Ele pode recusar-se, pessoalmente a aplicar a eutanásia, mas não pode proibir os médicos que sejam a favor de a aplicar, cumprindo a lei. O mais que pode fazer é aconselhá-los, porque ele não está acima da lei, nem os médicos são filhos menores do indivíduo para ele lhes dar ordens de consciência.

Neste país o autoritarismo já entrou na normalidade.


"A função dos médicos é salvar vidas". Ordem avisa que não vai colaborar para que a eutanásia seja uma realidade

A Ordem dos Médicos avisou o Parlamento que vai recusar participar em qualquer fase do processo da instituição de eutanásia ou ajuda ao suicídio, ainda que a lei venha a ser aprovada em Portugal.

April 17, 2020

De bestas a bestiais enquanto um covid esfrega o olho



É simpático chamarem heróis, mas bom, bom, era pagarem-nos o que nos devem e deixarem de nos agredir todos os dias, verbal e fisicamente.


Os heróis de hoje eram as bestas de ontem

A pandemia que estamos a viver em todo o mundo veio com um novo olhar sobre os profissionais que, de uma forma ou de outra, tentam salvar a sociedade de todos os males que ela trouxe consigo.

Os profissionais ligados à saúde são hoje presenteados com o título de “heróis de primeira linha”. Aqueles que, contra a natureza humana, não fogem do campo de batalha, mesmo que estejam a perder a batalha. Permanecem, voltam um dia atrás do outro, arriscando as próprias vidas e com isso arriscando, muitas vezes, as vidas dos seus em casa. Trabalham sem meios adequados, inventam e reinventam soluções, testam formas de combate à doença, dão o seu melhor para que a sociedade não perca a guerra.

A sociedade vê neles um exemplo de perseverança e esperança no futuro. Os hospitais são presenteados com material de apoio, por anónimos e conhecidos. Os profissionais de saúde vêem-se apoiados por toda a comunidade que os rodeia com os maiores e mais pequenos gestos de agradecimento, às vezes um simples e sincero “obrigado” tem todo o valor do mundo, dando-lhes o alento que necessitam para continuar em frente.

Mas não foi há muito tempo: os que hoje os chamam de “heróis”, apelidavam-nos de “bestas” por reivindicarem melhores condições de vida como o reconhecimento das suas especializações ao nível de ordenados, a exigência de um estatuto de carreira de desgaste rápido, um estatuto de carreira no caso dos enfermeiros e o descongelamento de carreiras. Os auxiliares de acção médica, esses, arriscam as suas vidas todos os dias por um ordenado mínimo, mas não desmobilizam, continuam a ajudar a salvar vidas contra todas as probabilidades, mesmo contra tudo o que a razoabilidade humana lhes exija. Trabalham sem subsídios de risco, trabalham com o medo nos corações, mas pelos olhos emanam esperança.

Os professores, num mês, inventaram e reinventaram a escola. Com espírito de missão, arregaçaram as mangas e traçaram novos caminhos na educação. O ensino à distância é hoje uma realidade em progressão. Sem orientações dignas dessa palavra, deram resposta aos seus alunos num primeiro momento. Com orientações vagas delinearam estratégias, organizaram-se, foram à procura de soluções e encontraram-nas, construíram-nas e chegam aos seus alunos.

O ministro da Educação chama-os de “heróis”. “Cada professor é um verdadeiro herói”, disse. O primeiro-ministro promete um novo choque tecnológico na educação no próximo ano lectivo.

Os professores não querem ser “heróis”, querem ser reconhecidos como profissionais que são. Os professores fizeram a revolução tecnológica na sociedade escolar a partir de suas casas e sem apoio governamental. Se os professores são “heróis” hoje, é porque sempre o foram, mas nem sempre foram tratados como tal. A sociedade nem sempre os tratou como hoje os trata.

Pouco antes de a pandemia começar, os professores eram agredidos, física e psicologicamente, quase diariamente, por alunos e familiares. Viram-lhes negado a contabilização, sem retroactividade, da contagem de todo o tempo perdido durante o congelamento, para efeitos de carreira, como aconteceu com as carreiras gerais da função pública. Viram situações de injusta ultrapassagem na carreira acontecer entre colegas, sem qualquer salvaguarda por parte da tutela. Viram construir, na sociedade, uma imagem de “bestas” que apenas queriam aumentos e mais dinheiro.

São estes profissionais que hoje dão o seu melhor, na primeira ou na segunda linha, para que nada falte aos nossos doentes e às nossas crianças, os mais frágeis da nossa sociedade. Ontem passaram, ou fizeram-nos passar por “bestas”, hoje chamam-nos de “heróis”. Todos são apenas dos melhores profissionais do mundo, tal como todos os outros que todos os dias se levantam de manhã para ir cumprir a missão que escolheram nas suas vidas.

Rui Gualdino Cardoso

January 04, 2020

Ao menos a ministra da saúde preocupa-se com a violência contra os profissionais que tutela




Já o ministro e secretário de Estado da educação (estes e os anteriores - como sabemos até houve uma ministra que incentivou a hostilidade contra os professores) não mexem um dedo para acabar com a violência contra professores e nem uma palavra dedicam ao assunto. E como não fazem nada alimentam a impunidade dos agressores, dão-lhes força e aparecem como hostis às pessoas que tutelam, que somos nós.


Botão de pânico já travou violência contra médicos

... após os casos ocorridos na última semana em Setúbal e Moscavide, a ministra da Saúde anunciou um plano de ação até ao final do mês.

November 08, 2019

Quando tiver tempo -daqui a uns anos...- passe por aqui




Conselho Disciplinar não prevê prazo para médicos responderem aos processos abertos.


O médico Artur Carvalho, que não detetou as malformações do bebé Rodrigo nas ecografias, só agora respondeu ao Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos nas quatro queixas pendentes, a mais antiga de 2013. 

O presidente do conselho disciplinar, Carlos Pereira Alves, afirmou à TSF que já esperava "há bastante tempo" pelas respostas, mas deixou também claro que não existem prazos estabelecidos para os médicos responderem aos processos abertos pela Ordem após receberem queixas de doentes ou seus familiares.