Portugal põe tantos obstáculos às mulheres nos seus direitos legais que têm de passar a fronteira para lhes terem acesso. As que têm dinheiro. A lei e os profissionais de saúde são coniventes na sonegação dos direitos das mulheres.
Em cinco anos, quase 3 mil mulheres foram de Portugal a Espanha para abortar: “em cada porta que se bate, há uma porta que se fecha”
Expresso
Dados oficiais do Ministério da Saúde espanhol revelam que em 2023 houve 668 mulheres que passaram a fronteira para fazer uma IVG. Os números baixaram durante os dois anos da pandemia, mas já estão acima dos casos pré-covid.
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O trajeto de mulheres que vão de Portugal a Espanha para abortar é o segundo mais frequente na EuropaOs casos mais comuns foram os de gravidezes com 13 e 14 semanas, as últimas em que a IVG está disponível em Espanha sem necessidade de justificação médica. Há um mês a separar o limite legal português do espanhol. E um pagamento também, que traz desigualdades. “A ida a Espanha tem custos e o aborto também, pelo que será acessível apenas a mulheres que podem suportá-los”, explica Teresa Bombas, obstetra e presidente da Sociedade Europeia de Contraceção e Saúde Reprodutiva. Os preços para realizar uma IVG em Espanha, a título privado, variam entre €300 e €400 para um aborto medicamentoso e dois mil euros para um aborto cirúrgico realizado em estádio avançado de gravidez.
Exporting Abortion é uma investigação internacional de jornalistas coodenada pelo jornal Público (Espanha), em colaboração com outros média e jornalistas europeus. Os jornalistas que participaram nesta investigação são: Joana Ascensão (Portugal - Expresso), Kristina Bohmer (Eslováquia), Magdalena Chrzczonowicz (Polónia - OKO.press), Mayya Chernobylskaya (Alemanha), Nacho Calle (Espanha - Público), Maria Delaney (Irlanda - The Journal Investigates), Joanna Demarco (Malta), Armelle Desmaison (França), Emilia G. Morales (Espanha - Público), Bru Noya (Andorra), Apolena Rychlíková (Chéquia), Órla Ryan (Irlanda - The Journal Investigates), Sergio Sangiao (Espanha - Público), e Margot Smolenaars (Países Baixos).
Esta investigação foi desenvolvida com o apoio doJournalismfund Europe.