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January 15, 2024

Não ter noção

 


Uma solidariedade concreta: precisamos de assinar. Se quem gere os títulos pudesse fazer um pack de assinatura das quatro marcas -- DN, JN, O Jogo, Açoriano Oriental - por 99 euros por um ano, talvez com 10 mil assinaturas conseguíssemos obter rapidamente um milhão de euros que ajudem a resolver estes pagamentos em atraso. 

Daniel Deusdado DN


Porque razão é que alguém iria dar 100 euros pela assinatura de jornais que são iguais uns aos outros? E dando 100 euros a estes 4 jornais depois davam mais quanto para ler os outros?

O que eu vejo hoje em dia é que os jornais são todos iguais. É raro um jornal trazer uma notícia diferente, quanto mais um 'furo' como se dizia antes. Há assim uns 4 jornalistas no conjunto de todos os jornais capazes de uma investigação séria que leve a uma notícia importante. Os jornais trazem as mesmas notícias, com os mesmos título e às vezes com os mesmos textos. O que diferencia os jornais são os artigos de opinião. Há algumas pessoas nos jornais que escrevem com independência de análise e com inteligência e valem a pena ler, mas quem é que pode dar 60 euros por mês para assinar os jornais? Os jornais não são o produto cultural mais importante e interessante onde se pode gastar o salário. E não, não é verdade o que diz a Bárbara Reis no Público que quem não assina jornais porque fica caro é quem também não lê livros e só vê Netflix. Talvez esteja a falar de amigos seus e pessoas do seu círculo...

January 11, 2024

Greves na imprensa




Infelizmente, dado que ter menos dois ou ter jornais durante uns dias num universo onde todos são, mais ou menos, espelhos uns dos outros, não faz diferença nenhuma, de maneira que estas greves não atingem ninguém e por isso não são eficazes. 
Não sei como se resolve a crise da imprensa mas sei que de há bastantes anos para cá que a imprensa se veio descaracterizando, calculo que por os donos dos jornais seguirem a moda de ganância das empresas (e não só, governos também) e contratarem imberbes que custam pouco para substituir jornalistas que sabem do seu trabalho mas custam mais.
Dantes cada jornal tinha a sua personalidade própria e, portanto, os seus leitores próprios. Agora já não é assim.
Antes de ontem ligaram-me de um jornal a perguntar se não queria ser assinante por um preço especial. Na verdade gostava, mas só posso assinar um jornal de cada vez. Nunca percebi o preço das assinaturas ser o mesmo para o professor, o administrador e o varredor de ruas - sendo que para os que menos precisam -o administrador e o político- deve ser oferta. 
É perigoso não haver imprensa de qualidade independente.

Jornalistas em greve durante uma hora em solidariedade com trabalhadores da Global Media


Jornalistas por todo o país fizeram greve das 14h às 15h pela defesa do jornalismo e em solidariedade com os trabalhadores do Global Media Group. 

October 03, 2023

Títulos enganadores



Não tem havido igualdade entre funcionários públicos porque Costa e Centeno, para prejudicar os professores, descongelaram parte do tempo congelado em porcentagem de escalão e não em número de anos. 
Acontece que os escalões dos professores são de 4 anos e uma porcentagem de 70% são 2 anos e 9 meses e os escalões do resto da FP são 10 anos e 70% desses 10 anos são mais de 7 anos. 
Logo, enquanto toda a FP já teve 7 anos e tal descongelados e muitos já tiveram todo o tempo reposto, os professores tiveram 2 e tal, apesar de ambos terem estados congelados 9 anos - mais o tempo de congelamento de Sócrates.
Acresce que no resto da FP, essa recuperação de 7 anos (ou da totalidade) foi imediata, enquanto nos professores foi muito demorada. Por exemplo, aqui a minha pessoa, só em Janeiro deste ano teve essa devolução de tempo.
Portanto, é verdade que os professores não tem sido tratados de modo igual ao resto da FP, mas no sentido negativo e não positivo como querem fazer crer. Infelizmente estamos habituados às aldrabices deste governantes que detestam professores. 



PSD agarra professores e abandona a igualdade de tratamento dos funcionários públicos

Pedro Duarte justifica mudança de posição dizendo que “nem tudo pode ser uma prioridade, sob pena de nada acontecer”. Em 2019, Hugo Soares foi contra a reposição do tempo de serviço dos professores.

Em Fevereiro deste ano, numa entrevista à SIC Notícias, o líder do PSD, Luís Montenegro, dizia que o "princípio basilar da política remuneratória da Administração Pública é que haja equidade e igualdade, pelo que “todos os funcionários públicos” que tiveram “as suas carreiras congeladas têm que ter um tratamento equitativo e igual na recuperação do tempo perdido”. Todavia, Montenegro anunciou este fim-de-semana que o partido proporá o pagamento faseado do tempo de serviço dos professores — excluindo assim os restantes funcionários públicos.


July 05, 2023

Artigos de desinformação em jornais nacionais

 


Deve ser bom viver no mundo do simplex: há os bons e os maus, os negros e os brancos, os puros e os impuros, os fascistas e os anti-fascistas, os racistas e os anti-racistas. 

Leio isto e parece que estou a ouvir os alunos do 10º ano quando chegam às aulas de filosofia. Há um par de anos, no início do ano letivo, estávamos a contextualizar o nascimento da filosofia ocidental na Grécia Antiga (ajuda a perceber o que é e qual o seu propósito) quando uma aluna intervém: 'oh, professora, mas não é verdade que esses filósofos antigos eram todos machistas e homofóbicos? Porque interessam ainda?' Respondi-lhe, 'Bem, Platão era gay e foi amante de Sócrates (e de outros). Sócrates era bi-sexual. Foi amante de muitos dos seus discípulos mas era casado e tinha dois filhos. Segundo consta, era vítima de violência doméstica por parte de Xantipa, a sua mulher, que não gostava que ele passasse o tempo no Ágora a discutir filosofia em vez de sustentar os filhos. Já Aristoteles era muito machista, sim. Não sei se isto responde à sua questão. Já agora, quantos de vocês têm pais e tios machistas, homofóbicos, etc.? Vão deitá-los para o caixote do lixo dos que não interessam?'

Esta jornalista faz lembrar estes alunos. Quem a leia desprevenido ficará a pensar que o problema da violência são os polícias racistas e que, se se deitarem fora esses e forem buscar uns polícias não-racistas fica tudo resolvido. (o ME também. pensa que se substituirem os professores actuais por outros que vejam a sua Verdade absoluta, fica tudo resolvido).

Vejamos: em primeiro lugar, quando se diz, 'um consórcio de jornalistas', gostava de saber quem são porque às tantas podem ser do género desta jornalista. É que, enfiaram no mesmo saco racismo, xenofobia, apelos à violação de mulheres e simpatia pelo Chega, parece-me logo uma coisa pouco profissional e dogmática, porque não me parece credível que ser simpatizante do Chega transforme as pessoas em racistas e violadores - como se não houvesse, em todos os partidos políticos ou classes profissionais, pessoas racistas, misóginas e violadores. Portanto, a partir daqui, desconfio logo da seriedade desta investigação.

A única afirmação razoável de todo o texto desta jornalista é a que defende que Nada impede o Ministério Público de fazer uma investigação como fizeram os jornalistas do consórcio. Se o MP entende que a investigação é séria, apesar de ter obtido provas por meios ilegais (gravação de imagens...?) deve fazê-la e levar o assunto às últimas consequências. O que difere muito do que esta jornalista promove, pois logo a seguir a esta afirmação, a jornalista conclui, sem aduzir nenhuma razão ou fundamento:  

todos temos o conhecimento de que existe um enorme problema nas polícias. Nem era preciso que fizessem a investigação jornalística. Estamos cientes da infiltração do partido de extrema-direita junto destes operacionais e do crescente racismo e xenofobia. É claro que uma coisa leva à outra e que a adesão ao Chega costuma levar a comportamentos racistas.
Estas afirmações falaciosas e não fundadas são um incentivo ao ódio à polícia e aos simpatizantes do Chega, muito idênticas às que se vêem nas redes sociais. Não, nem todos pretendemos ter conhecimento de coisas que ignoramos e sim, é preciso investigação antes de se queimar uma classe inteira de profissionais na praça púbica.

Fui pesquisar à Pordata quantos polícias existem no país: cerca de 43 mil em 2021. Inclui polícias e outros organismos de apoio à investigação (PJ, PSP, GNR ou SEF).
Ora, segundo a tal investigação do consórcio, os polícias que têm comportamentos notoriamente racistas, misóginos, enfim, de violência, são cerca de 600. Sendo certo que só um já seria demais, não podemos, no entanto, olhar para o problema em termos absolutos. 600 polícias em 43,000 são 1.4%. Portanto, não se pode concluir que "existe um enorme problema nas polícias". Não me parece irrazoável supor que em todos os grupos profissionais haja 1.4%, ou mais, de pessoas racistas, misóginas, etc.

Mais: parece-me contra-producente darem-se estas notícias nestes termos que incentivam ao ódio e à desconfiança de toda a polícia. Certamente que os 42,400 polícias que não são racistas nem se revêm nestes comportamentos de racismo e violência dos colegas, ficam revoltados por estes jornalistas incendiários amanuenses de partidos políticos os queimarem, sem escrúpulos, na praça pública. 

A delinquência e violência estão a aumentar no país e quem lida com isso são estas pessoas (nós professores também), de maneira que esta notícias de polícias individuais que foram racistas ou violentos, devem ser públicas, claro, e investigadas, mas dispensam-se estes artigos demagogos e de incentivo ao ódio que não ajudam a revolver os problemas nem a fortalecer a democracia, pelo contrário. 

É tal qual o que faz o ME que foi a uma manifestação qualquer com um colega de governo e alguém empurrou o carro e agora diz que tem de andar com guarda-costas porque causa da violência de professores. Esta demagogia e incentivo ao ódio revolta muito e não ajuda a resolver os problemas nem a fortalecer a democracia, pelo contrário. 

Fui ver quantos polícias há em França para ter um termo de comparação: cerca de 146 mil, numa população de quase 68 milhões. Daqui concluo que, pelo menos comparativamente com a França, não temos falta de polícias e estes problemas de violência têm que ver com formação e gestão. Estes são os problemas que as autoridades competentes devem atacar e, desde logo, investigar todos os casos de violência policial, seja racismo, misógina ou o que for, porque não o fazendo e mandando estas pessoas simplex incendiar todos os polícias nos jornais só contribui para agravar as tensões entre todos. É uma manobra de quem não tem capacidade/competência para revolver problemas.

O problema em França é diferente do nosso porque não temos grande comunidades de imigrantes com padrões culturais tão diferentes dos nossos - não se resume tudo a racismo. A não ser que esta jornalista acredite mesmo que do lado dos revoltados ou delinquentes só há pureza e nenhuma violência latente ou que a violência de uns é legítima porque estão revoltados - a destruição que se tem visto na França desmente esse maniqueísmo.  

Lá como cá, não se resolvem os problemas a descarnar os serviços públicos sem os quais nenhuma comunidade consegue integrar-se. Mas o problema não é assim tão simples porque muitas comunidades de migrantes não querem a integração social e cultural. Quando vão para a França ou para a Alemanha, querem participar da riqueza do país mas não das suas regras sócio-culturais. Mais, por vezes, querem modificar os padrões socio-culturais dos municípios para onde migram. Passam-se situações de exigência de discriminação das raparigas nas escolas de Marselha, por exemplo, onde a presença islâmica é muito forte, completamente surreais. Há um ano ou dois um aluno decapitou um professor por ter falado de Maomé. É claro que um aluno ou é uma pessoa, não são todas, mas o problema do multiculturalismo é extremamente complexo e difícil e acredito que a maioria da polícia francesa, não se revendo nesssas acusações de racismo e violência gratuita, também esteja revoltada pelo modo como os jornais e os jornalistas, para venderem ou terem muitos likes, contribuem muito para o populismo, mas nada o desenvolvimento da democracia e a resolução de problemas.

Esta jornalista podia praticar a kenosis ideológica antes de escrever estes artigos de desinformação.


Arquivar o racismo nas polícias debaixo do tapete


É impossível confiar que polícias racistas e dispostos a cometer crimes estejam aptos a defender a segurança pública. Estão aptos, sim, a colocá-la em risco e acabarão por fazê-lo.

Carmo Afonso

Através de uma investigação do Consórcio de Jornalistas, divulgada em vários órgãos de comunicação social, tivemos conhecimento de vários crimes cometidos nas redes sociais por agentes e guardas das forças de segurança. Ao todo, 591 operacionais ainda no ativo terão assumido “comportamentos contrários ao Estado de direito, apelos à violência e à violação de mulheres, comentários racistas, xenófobos, misóginos e homofóbicos, simpatia pelo Chega e por outros movimentos de extrema-direita e saudosismo salazarista.”

A gravidade destes factos levou à abertura de dois inquéritos: um na Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) e um processo-crime aberto pela Procuradoria-Geral da República. Foi anunciado, pelo próprio ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, o carácter prioritário das investigações.

Passados alguns meses, eis que agora foi noticiado o possível arquivamento do processo-crime. As razões invocadas apontam para poder considerar-se como “ação encoberta não-autorizada” a recolha e entrega da prova recolhida pelo Consórcio de Jornalistas e, por isso, essa prova não ser aceite pelo tribunal.

Nada impede o Ministério Público de fazer uma investigação como fizeram os jornalistas do consórcio. Existindo uma notícia que aponta para o cometimento de crimes, por parte de polícias, nas redes sociais, pode o Ministério Público investigar, ou seja, requerer às empresas que guardam esses dados que os disponibilizem.


Por esta altura, já todos temos o conhecimento de que existe um enorme problema nas polícias. Nem era preciso que fizessem a investigação jornalística. Estamos cientes da infiltração do partido de extrema-direita junto destes operacionais e do crescente racismo e xenofobia. É claro que uma coisa leva à outra e que a adesão ao Chega costuma levar a comportamentos racistas. Quem frequenta redes sociais também está familiarizado com o uso de linguagem violenta e agressiva por parte dos utilizadores que são simpatizantes do Chega. Verificamos que muitos deles são polícias. Nada disto é novidade. O que não sabemos é se alguém vai fazer alguma coisa em relação a isto.

É impossível confiar que polícias racistas e dispostos a cometer crimes estejam aptos a defender a segurança pública. Estão aptos, sim, a colocá-la em risco e acabarão por fazê-lo. Esta situação é uma bomba-relógio. Enquanto ela não explode, o sistema judicial parece determinado a varrer tudo para debaixo do tapete enquanto espera de nós que finjamos que a sala está bem varrida. Claro que, para quem faz parte de minorias, este jogo de fingir é mais difícil de jogar.


O problema não é exclusivamente português, mas esta forma mansa de não o encarar e de esperar que vá correr tudo bem é muito portuguesa. Vimos correr mal no Brasil e estamos a ver em França. Por cá, não correu bem, por exemplo, aos imigrantes de Odemira que foram agredidos e torturados por sete guardas da GNR. Não correu bem na esquadra da PSP de Alfragide e também não correu bem a Cláudia Simões, a mulher racializada que foi violentamente agredida por agentes da PSP, em frente à sua filha de oito anos, na Amadora . Estão, aliás, reunidas as condições para isto correr muito mal.

February 07, 2023

Trabalho digno?



E todos os dias os jornais têm artigos de subserviência ao governo. Hoje, um tal Nuno Marques e um tal Pedro Cruz, cada um em seu jornal, escrevem artigos dizendo que as reivindicações dos professores são todas justas, mas que é tempo dos professores voltarem ao trabalho nas mesmíssimas condições injustas que os levaram às greves e que amochem calados e subservientes, porque já estão fartos da greve, porque a greve não é fofinha como costumavam ser as da Fenprof e porque, basicamente, eles estão bem na vida e estão-se nas tintas para os outros. 


Não há agenda do trabalho digno sem enfrentar as enormidades legislativas que privilegiam os interesses do patronato e fragilizam de forma inaceitável a posição dos trabalhadores: baixos salários, precariedade, horários desumanos, arbitrariedade patronal

A origem, e razão de ser, do direito do trabalho, assenta precisamente no reconhecimento da desigualdade económica existente entre o empregador e o trabalhador. Para que exista uma relação digna e justa é necessário que a lei intervenha num sentido favorável ao trabalhador, consagrando direitos laborais, garantindo direitos sindicais e promovendo a contratação coletiva. Só através da contratação coletiva, resultante da negociação entre o patronato e os sindicatos representativos dos trabalhadores, é possível fazer da fraqueza de cada trabalhador individualmente considerado, uma força coletiva capaz de impor soluções de progresso nos direitos laborais.

Não há, por isso, agenda do trabalho digno que não passe pela dignificação da dimensão coletiva da negociação das condições de trabalho e pela consagração do princípio do tratamento mais favorável do trabalhador, ou seja, que os direitos consagrados na lei não prejudiquem tratamento mais favorável obtido por via da negociação coletiva.

António Filipe


December 16, 2022

"O supérfluo e tudo o que é supérfluo continua entre nós."




Exacto. Este artigo da Alexandra que "escreve quinzenalmente" é o exemplo do "supérfluo que continua entre nós." Ela não sabe de educação, mas tece críticas ao sistema educativo por "não adequar o ensino às novas técnicas de aprendizagem" das crianças e jovens. Portanto, adequar o ensino das ciências ao TikTok ou ao WWC. Depois pergunta, como quem não pensa, Para quando uma escola que estimule os nossos jovens a descobrirem a sua vocação, abrindo vários caminhos e oportunidades até ao momento em que terminam o Secundário, e saibam o que querem fazer daí em diante? Ninguém acha estranho que cada vez mais jovens não saibam o que querem seguir nas licenciaturas? Dantes, quando a educação era mais determinista e a maioria dos filhos só tinha como caminho o ofício dos pais, todos sabiam o que 'queriam' seguir, mas nos dias de hoje em que aprendem sobre muitos caminhos e universos possíveis, percebem que têm várias opções e como seres multifacetados e livres que são, hesitam e têm dúvidas o que mostra que o ensino está melhor que no tempo desta Alexandra que ficou com o pensamento empedernido. 
A minha pergunta é: ninguém estranha que pessoas que tão pouco e mal pensam escrevam quinzenalmente por aí nos jornais? 
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O supérfluo e tudo o que é supérfluo continua entre nós. O nosso sistema educativo não mereceu nenhuma reflexão sobre o seu estado e sobre uma eventual adequação de outros métodos de ensino às novas técnicas disponíveis para a aprendizagem, em articulação com uma geração de crianças e jovens que estão desconectados com as estratégias curriculares do antigamente. Teria sido um bom momento para se repensar na Educação, desde o Ensino Básico ao Superior, depois da experiência que pais, educadores e alunos comungaram. Para quando uma escola que estimule os nossos jovens a descobrirem a sua vocação, abrindo vários caminhos e oportunidades até ao momento em que terminam o Secundário, e saibam o que querem fazer daí em diante? Ninguém acha estranho que cada vez mais jovens não saibam o que querem seguir nas licenciaturas? Como se fossem empurrados para um destino que não escolheram…
- Alexandra Duarte

O nosso jornalismo raia o ridículo



Quanto é que o DN terá recebido para isto? Ridículo. É como comparar Júlio César com Marco Sálvio Otão. Não sabe quem é Marco Sálvio Otão? Foi um governador romano da Lusitânia, da época em que éramos uma província romana. Zelensky é um grande líder que uniu um povo e o dirige contra a invasão de um império; deixa uma Ucrânia renascida, mais forte, orgulhosa da sua história, respeitada pelo mundo inteiro e deixa obra nos princípios que regem a geopolítica mundial. Costa é um chefe de província que não deixa obra; deixa um país empobrecido com a saúde e a educação no desastre, os ricos mais ricos, os pobres mais pobres, as instituições públicas mais fracas e permeáveis ao suborno, os políticos mais corruptos.





October 07, 2022

Vai um bruá-bruá em Inglaterra por causa disto

 


Uma série de figuras públicas entre as quais o princípe Harry e Elton John puseram o Daily Mail em tribunal por violação grosseira de privacidade e outros crimes. Está toda a gente a torcer para que tenham o mesmo fim que o, The News of The World.



September 19, 2022

Títulos para enganar e dizer mal dos professores - significa que vem aí mais um corte nos nossos salários?




Isto é todos os dias. Mas quem é que quererá ser professor neste ambiente?
Vejamos, a profissão está envelhecida o que significa que a maioria dos professores tem uma licenciatura pré-bolonha. O que significa isso? 
Uma licenciatura anterior ao acordo de Bolonha tinha, ou quatro ou cinco anos. Depois dessa licenciatura, para ser professor tinha que fazer-se uma profissionalização que consistiam em mais dois anos de estudo e prestação de provas (em exercício): o primeiro ano era curricular, isto é, tinha-se aulas numa escola superior de educação como cadeiras de psicologia, pedagogia, socialogia e didáctica, com prestação de provas e avaliação e o segundo era já em exercício da profissão mas tutelado e também com avaliação e provas. Tinha-se um orientador da escola superior (acompanhava as tarefas extra-curriculares do professor, dava-nos tarefas e avaliava) e outro na escola que ia assistir às aulas e avaliava essa parte. Portanto, ao todo eram seis ou sete anos de formação e estes dois anos após a licenciatura eram um mestrado, só que não lhe chamavam isso.
Hoje-em-dia, uma licenciatura são três anos e o mestrado um. Portanto, onde dantes precisávamos de estudar seis ou sete anos para ser professor, agora são quatro. 
Aliás, se actualmente é obrigatório o mestrado, é porque a licenciatura actual pós-bolonha é o antigo bacharelato. 
Em tempos, quando os políticos não eram uns cobardes, houve a ideia de fazer equivaler as antigas licenciaturas aos mestrados actuais, uma vez que têm até mais preparação e anos de estudo.
Logo, pôr este título para fazer parecer que os professores mais antigos têm falta de formação relativamente aos mais novos, ou é ser burro e não saber fazer contas de somar, ou incompetente e não se dar ao trabalho de ir saber como eram e são agora as formações ou um simples mentiroso ao serviço dos do costume para dizer mal dos professores.
Mas como o público é um dos jornais que mais fretes faz ao governo do PS (calculo que este artigo tenha sido encomendado) e sabendo nós que o governo do PS detesta professores, estes artigos não admiram.

Só 13% dos professores do ensino não superior têm um grau de mestre ou de doutor



O envelhecimento da classe docente também se reflecte no seu retrato académico: a esmagadora maioria dos docentes em exercício tem licenciatura pré-Bolonha, quando ainda não era necessário um mestrado em ensino para exercer a profissão. Mas a idade não explica tudo. “Um professor que tenha o grau de doutor não tem qualquer vantagem de progressão, remuneração ou reconhecimento na escola onde lecciona”, sublinha investigadora.

September 03, 2022

Um título enganador numa notícia que diz nada




Dá a entender que não compensa apostar nos comboios em vez de apostar nos carros e depois lemos a notícia e não é isso o que se passou. O que se passou, lendo a notícia, foi que as autoridades não souberam convencer as pessoas que o comboio é melhor. A razão disso ter acontecido nem sequer é abordada na notícia. Tem que ver com as distâncias? Com o facto do combustível ainda ser muito barato na Alemanha? De se chegar mais rapidamente aos locais indo de carro? A Alemanha tem uma indústria muito forte do automóvel que não terá visto esta iniciativa com bons olhos e talvez tenha feito alguma coisa. Não sabemos, pois nada nos dizem do contexto e das variantes da situação, de maneira que era melhor que não tivessem escrito a notícia, porque parece, pelo título, que o comboio é uma má alternativa ao automóvel, o que não é verdade. Para que o comboio se torne uma alternativa querida pelas pessoas tem que valer mais a pena ir de comboio do que de carro e não apenas no aspecto do preço. 

Entretanto a notícia diz que, 
A análise dos resultados permitiu ainda concluir que a população usou 35% mais determinado tipo de transportes públicos, como os autocarros e os eléctricos, e que 22% recorreu ao transporte público pela primeira vez. Os inquéritos aos utilizadores revelaram que o novo bilhete de 9€ tinha simplificado as viagens através da Alemanha, um ganho evidente sobretudo nos locais em que seria necessário suportar diversas tarifas e realizar muitas ligações, entre comboios e transportes públicos urbanos.
Depois de três meses de experiência, começaram a ser tornadas públicas as primeiras conclusões do ensaio, que apontavam para 38 milhões de bilhetes vendidos nestas condições muito aliciantes, quase metade da população alemã.

Ao fim de apenas três meses, 38 milhões de bilhetes destes foram vendidos. Desde quando isso é um fracasso? 

Comboios em alternativa aos carros? Alemães experimentaram e dizem não

Favorecer o transporte ferroviário, em detrimento do rodoviário, permite ganhos no trânsito, nos custos e nas emissões. A Alemanha experimentou, oferecendo bilhetes mensais a 9€ e não foi um sucesso.

July 22, 2022

Muito barulho por nada




Aqui está um artigo a dizer em grandes parangonas o que todos já sabemos como se fosse uma novidade: ninguém sabe ao certo a causa da depressão. Porém, sabe-se que altera bioquímicos no SNC. Então, como acontece nesses casos em que não se sabe a origem das doenças mas conhecem-se sintomas, tratam-se os sintomas. É a mesma coisa que fazem nas doenças oncológicas. Ninguém sabe ao certo a causa dos cancros, mas conhece-se sintomas e alterações orgânicas que ele provoca e tratam-se esses sintomas. Qual é o sentido deste artigo? Não percebo... encher páginas...



Depressão pode não ser causada por falta de serotonina, mas antidepressivos continuam a ser eficazes

Uma investigação britânica contesta uma ideia muito enraizada de que baixos níveis de serotonina no Sistema Nervoso Central (SNC) tenham uma correlação direta com a depressão. Ainda que a maior parte dos antidepressivos prescritos hoje em dia sejam inibidores seletivos de recaptação de serotonina, este estudo não põe em causa a sua eficácia porque, como explica o psiquiatra Henrique Prata Ribeiro, em declarações ao i, "os antidepressivos têm estudos que apresentam dados sólidos a seu favor, que vão desde ensaios clínicos até meta-análises, que têm o mais elevado grau de evidência no mundo científico".
(..)
“Muitas pessoas tomam antidepressivos porque foram levadas a acreditar que a sua depressão tem uma causa bioquímica, mas esta nova pesquisa sugere que essa crença não é baseada em evidências”, disse a principal autora do estudo, Joanna Moncrieff, professora de psiquiatria na University College London e psiquiatra na North East London NHS Foundation Trust.

July 11, 2022

E...?

 


Fazem estes títulos como se usar manuais digitais fosse um passo mágico na resolução dos problemas da educação ou fosse uma inovação pedagógica...


Número de alunos a usar manuais digitais aumenta: no próximo ano lectivo vão ser 12 mil


O projecto-piloto envolvia 190 turmas, do 3.º ao 11.º ano, 700 professores e 3700 alunos.

June 07, 2022

@welt, um jornal de putineiros assumidos ou putineiros ingénuos? E a diferença importa?




A história desta jornalista é muuuiiito estranha. Contra tudo o que Putin faz. Na TV russa, até a irreverência é planeada e quando irrompe desta maneira é castigada e não premiada. Muiiiito estranho.


vitsche_berlin

@VitscheBerlin


@welt ignora intencionalmente a comunidade ucraniana em Berlim, e cobre a guerra através da voz de Marina Ovsyannikova, uma propagandista da 🇷🇺, o estado agressor. 

1. A 14 de Abril, a comunidade ucraniana protestou contra a contratação da Ovsyannikova pelo "Die Welt" em frente ao @axelspringeroffice em Berlim.


2. A 22 de Abril, jornalistas de @welt convidaram Vitsche para uma entrevista. A história deveria ser publicada na semana seguinte, partilhando um ponto de vista ucraniano. Durante a entrevista, ao longo de três horas, explicámos a @geig_erzaehler e @Besser_Deniz porque é que a Ovsyannikova deveria ser despedida.

3. Posteriormente, nem @geig_erzaehler, o editor-chefe da divisão estrangeira, nem @Besser_Deniz comunicaram connosco a respeito da entrevista. Em resposta às nossas perguntas, os jornalistas prometeram publicá-la mais tarde. Após um certo tempo, começaram a ignorar as nossas mensagens.

4. Ao decidir não publicar a entrevista com Vitsche, @welt. mostrou a sua atitude de desdém para com a comunidade ucraniana e negou-nos a oportunidade de expressar o nosso ponto de vista.

5. A 10 de Maio, @Besser_Deniz publicou outra extensa entrevista com Ovsyannikova em @Welt, e não fez qualquer menção ao nosso protesto.



6. A 15 de Maio, Ovsyannikova deu uma entrevista à plataforma de comunicação social russa @holodmedia, na qual mentiu sobre o protesto de Vitsche e a nossa posição sobre o seu trabalho em @welt. Leia:👇 

7. @newslady19 Eram jovens ucranianos, não compreendem nada e vieram ter com os meus chefes... A liderança de "Die Welt" falou com eles, explicou-lhes tudo, dispersaram e já não têm nada contra mim. Tudo ficou esclarecido, os ucranianos compreenderam tudo".

8. Segundo a própria Ovsyannikova, de 1 a 5 de Junho, @welt enviou-a para a Ucrânia em missão. Em Kyiv, Ovsyannikova e a sua equipa tencionavam realizar uma conferência de imprensa sobre como funciona a propaganda russa, mas o evento foi cancelado.



9. Mais tarde, Ovsyannikova tentou organizar uma palestra - ironicamente, sobre padrões jornalísticos - na Universidade de Shevchenko.

10. Nós, Vitsche, consideramos isto como uma provocação aberta e desrespeitosa para com todos os ucranianos que perderam a vida durante os 8 anos da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Ovsyannikova apoiou o assassinato de ucranianos trabalhando com o canal de propaganda "1️⃣st".

11. 📺 Alguns poderiam dizer que Ovsyannikova é uma voz contra o regime de Moscovo. 👉 No entanto, Ovsyannikova é um dos principais porta-vozes da actual agenda russa. A propaganda que ela espalha é subtil, mas ainda assim prejudicial para a Ucrânia e os ucranianos.

12. Estas são algumas das ideias que ela partilha na sua subtil propaganda 🇺🇦 e 🇷🇺 são nações irmãs que têm de encontrar pontos comuns e que os russos não têm de expiar culpa colectiva pela invasão 🇺🇦 Os ucranianos que se pronunciam contra a Ovsyannikova estão a trabalhar para a 🇷🇺

13. ❌ Ucranianos e russos são nações irmãs 🕊️ Ovsyannikova enfatizou esta narrativa 🇷🇺, que é de facto colonial, na sua primeira intervenção antiguerra 🗣️ O colar que ela traz é um símbolo de reconciliação entre a 🇺🇦 e a 🇷🇺 e que se a Rússia parar a guerra, as nossas nações irmãs poderão reconciliar-se.

14. Os russos não têm de expiar a sua culpa colectiva de invasão 🇺🇦 
Nos seus tweets, Ovsyannikova assume a responsabilidade da guerra contra os ucranianos afirmando que os russos comuns não querem protestar contra a guerra porque têm medo do ódio dos ucranianos.


15. Ela defende que os ucranianos que se pronunciam contra ela, Ovsyannikova, estão a trabalhar para o regime 🇷🇺
Ela começou a insultar os ucranianos, chamando a todos os que são contra a sua visita à Ucrânia "trolls moscovitas que trabalham para os serviços secretos de 🇷🇺", dizendo ao mesmo tempo que ela é a "consciência e honra de 🇷🇺".

16. Além disso, Ovsyannikova escreve que os ucranianos "devem apoiar, abraçar e dar sorrisos a todos os que abandonaram a máquina propagandista russa".

Ovsyannikova cria assim uma realidade distorcida, na qual os ucranianos, de facto, apoiam os russos no dia-a-dia.


17. A guerra contra a Ucrânia já dura há oito anos. Os meios de comunicação pró-putin, dos quais a Ovsyannikova fazia parte há muito tempo, são responsáveis pelas consequências - independentemente de reconhecerem ou não a sua culpa - e são vistos negativamente pelos ucranianos.

18. Vitsche valoriza o direito à liberdade de expressão e à diversidade de opiniões. Entretanto, @welt está intencionalmente a ignorar a comunidade ucraniana e a renunciar às suas promessas de dar uma plataforma às vozes ucranianas ao publicar a entrevista com Vitsche.
@axelspringer cometeu um erro ao contratar a Ovsyannikova, que continua a difundir informações manipuladoras - entre outras coisas, sobre a atitude dos ucranianos 🇺🇦 e das organizações ucranianas em relação a ela.

20. Propaganda e liberdade de expressão democrática não são compatíveis. O preço de tal manipulação de informação é a vida ucraniana. Exigimos que Marina Ovsyannikova (@newslady19) seja despedida.

June 04, 2022

Isto é lindo 😁

 


Ultimamente compro o SOL e leio-o quase de uma ponta à outra. Há artigos com que não concordo e outros que me interessam pouco, mas mesmo assim são interessantes de ler. Este jornal melhorou imenso em qualidade.




April 19, 2022

Os professores estão desesperados por causa das máscaras? Não, mas os jornais parece que mentem por hábito

 


Por isso também já poucas pessoas acreditam no que vem escrito nos jornais. 

É evidente que quem escreve a notícia não tem nenhum dado para afirmar que os professores e os alunos estão desesperados com as máscaras de maneira que ao escrever este título, sabe que mente. Portanto, quer enganar deliberadamente ou pressionar alguém... não sei.

Na verdade, das pessoas que vi este período, professores e alunos, ninguém sequer se referiu à questão das máscara e ninguém estava desesperado.


3.º período inicia-se de máscara, para desespero de professores e alunos


O meio escolar tinha a expectativa de entrar na última fase do ano letivo com menos limitações. Não ajudaram os números e o facto de a Páscoa ser um período de confraternização.

February 10, 2022

Uma notícia muito estranha

 


Achei este título importante mas depois a notícia não o acompanha, não parece ter havido uma investigação. A notícia é bombástica: o país está há meses sob ataque e não são vulgares criminosos que querem dinheiro ou outros bens. É dito que querem destruir dados e criar o caos. Ora, se assim é, os ataques só podem ter objectivos políticos, sejam internos, sejam externos ao país, de modo que, em qualquer um desses casos, é uma situação gravíssima, de alarme total. Porém, lemos a notícia e é tudo estranho.


Portugal está há três meses sob-ataque de hackers estrangeiros

Alexandre Panda


Piratas estão a destruir dados em massa para criar caos. Golpe contra a Vodafone deixou até o Sistema de Segurança Interna sem comunicações.

O padrão dos ataques informáticos que se registam em Portugal desde dezembro tem sido o mesmo: sabotagem, com o único objetivo de destruir dados.


Entretanto, hoje:


Piratas informáticos atacam laboratórios Germano de Sousa

10:34 10 Fevereiro, 2022 | Vera Arreigoso


Rede laboratorial perdeu contacto com os postos de colheita. Dados clínicos não foram afetados

January 06, 2022

#liberdadedeimprensa

 


É isto: ninguém apaga 49 anos de Expresso (veja o vídeo)

A 2 de janeiro de 2022, o Expresso foi vítima de um ataque informático sem precedentes. Sem rede, o jornal teve de voltar a ser feito à mão. Como? Pelas mãos de uma equipa que, unida, relembrou que teremos sempre #liberdadeparainformar

Há exatamente um ano, uma reportagem sobre os bastidores do Expresso apontava que fazer um jornal – fazer jornalismo – era mais ou menos isto: ter um barco com um buraco, que não pode ser arranjado nem substituído, e todos os dias ser rápido o suficiente a tirar a água para que o barco não afunde. Hoje sabemos que esta metáfora estava errada: perdemos o barco, mas descobrimos que é possível construir um novo em tempo recorde.

Este vídeo e este texto não são sobre o dia 2 de janeiro de 2022, quando todos os sites do Expresso se eclipsaram da internet e todas as plataformas que alimentavam o jornal foram capturadas. Também não são sobre os esforços que continuam a ser feitos para reaver tudo o que nos foi roubado a nós, jornalistas, e a si, leitor. É sobre uma viagem no tempo: para que a primeira edição do Expresso em 2022 chegasse às bancas, tivemos de recuar 30 anos.

Os sistemas digitais onde o jornal é feito morreram e não houve tempo para fazer o luto. As páginas começaram a ser desenhadas à mão outra vez, como se nunca tivessem existido; as notícias foram colocadas e revistas num único computador; a edição foi toda fechada nas paredes e num quadro branco instalado de emergência. Foram encontradas novas dificuldades mas também nervos de aço. 

Numa semana em que o Governo pediu contenção e exigiu teletrabalho, o Expresso teve de pedir a jornalistas, gráficos, fotógrafos e revisores que se encontrassem todos na sede do jornal, em Paço de Arcos. Foram muitas horas a trabalhar – mas o barco foi construído. Na semana em que o Expresso faz 49 anos, fica esta promessa: vamos continuar a navegar.

October 13, 2021

O 'caso Varela' tem feito correr mais tinta que o acidente de Cabrita onde morreu uma pessoa



Raquel Varela é importante?

(...)

Lá fui ver o que era, então, o "caso Raquel Varela"...

Percebi: a luta por um lugar ao sol na universidade transformou-a num campo de batalha sem regras.
Percebi: é mais importante, para se ser alguém numa universidade, publicar muitos artigos científicos do que publicar bons artigos científicos.

Percebi: se o rigor da argumentação usada pelos intervenientes nesta polémica reflete o rigor habitual dos textos académicos, muita desta gente não devia, simplesmente, publicar artigos rotulados de "científicos".

Percebi: o negócio das publicações científicas está globalizado e muito poucas editoras do género dominam todo o mercado mundial, que vale milhões, muitos milhões - e os autores são os que menos ganham com isso.

Percebi: muitos investigadores universitários transformaram-se numa espécie de diretores comerciais, à procura de formas de financiamento e "inventando" investigações "à medida do cliente".

Percebi: a hierarquia numa universidade transforma os que estão na base da pirâmide social interna em verdadeiros escravos dos que estão acima. Quem está no meio, sabuja para cima e tiraniza para baixo.

Percebi: a universidade e os universitários acham que só devem ser escrutinados por si próprios e que o resto da sociedade nada tem a ver com isso.

Percebi: boa parte das acusações sobre Raquel Varela incidem sobre práticas banais no mundo académico, dizem muitos dos envolvidos. Se são ética ou legalmente reprováveis, então o mundo académico precisa de uma revolução e muitas cabeças deviam cair.

Percebi: a polémica sobre Raquel Varela é importante para ela, é importante para as pessoas que a denunciam, é importante para os locais onde ela trabalha, mas só tem um único valor para a sociedade em geral - demonstra que a universidade (cá e lá fora) está doente e precisa de ser salva de si própria...

... Eu começava por moderar a visão mercantilista do saber.

Pedro Tadeu

October 07, 2021

A maneira como os jornais abocanham pessoas é muitas vezes ofensiva

 


O indivíduo em questão tem nome. Chama-se Rui Fonseca e Castro. Pessoalmente, acho-o um palerma, sem a dignidade que o cargo de juiz nos faz esperar: ameaça polícias, faz cenas meio histéricas no tribunal, clama que é demasiado importante para ser abordado, etc, mas nada disso anula a ofensa de ter perdido o nome, publicamente, para ser referido apenas como, o 'negacionista'. Ser negacionista denota uma certa mentalidade, mas não é nenhum crime. Ele não roubou ou matou ninguém. Por comparação, não vejo ninguém tratar o Rendeiro como, o ladrão: 'o banqueiro ladrão escapa à justiça'. Não. É sempre tratado pelo nome, tal como Salgado e outros ladrões. Até, não indo para casos extremos como ladrões, temos o caso do Presidente da AR que foi contra as máscaras e não só:mais que uma vez, quando estávamos em confinamento, mandou as pessoas à molhada irem ao futebol: quem é que o tratou por negacionista? Ninguém. Portanto, acho mal. Tratar as pessoas por alcunhas depreciativas é uma coisa que se faz nos blogs, que têm um registo informal ou, em privado, mas não nos meios de comunicação social nacionais. É ofensivo. Este título é ofensivo.

Conselho Superior de Magistratura decide futuro próximo de juiz negacionista. Mas a história não acaba aqui