December 06, 2025

Não percebo isto

 

Se vão para as reuniões sabendo o que este homem vai fazer porque não encontram uma solução eficaz antes da reunião? Caso contrário, para quê reuniões??


Do you sometimes feel the earth hunger?

 


Paul Gauguin The Queen’s Mill, 1881


I am an open air man—winged,
I am also an open water man—aquatic,
I want to get out, fly, swim.

How vast, how eligible, how joyful, how real, is a human being, himself or herself,
As boundless, joyous, and vital as nature itself—
These immense meadows, these interminable rivers, you are immense and interminable as they.
Do you sometimes feel the earth hunger? the desire for the dirt?
To get outdoors, into the woods, on the roads?
To roll in the grass, to cry out, to play tom fool with yourself in the free fields?
Nature, gently, by her living laws, would stimulate the mind to ever-fresh discoveries, and fresh inventions, which bring serene delight.
(...)
What is this separate nature so unnatural?
Long have we been absent,
As of the far-back days the poets tell, the Paradiso,
The straying thence, the separation long—
How long we were fooled!
But now the wandering done, the journey done,
Now we return, come home,
Abandon we ourselves to nature’s primal mode again.

Now delicious, transmuted, we swiftly escape, as nature escapes,
We are nature

      - WALT WHITMAN

December 05, 2025

Zelenskyy's update

 


"Trump's entire "peace plan" is just a $400 billion mafia deal"

 

A Rússia soviética

 

December 04, 2025

Catarina Martins diz que a Ucrânia foi empurrada para manter a guerra em vez de escolher a neutralidade

 


A Ucrânia era neutra antes de ser atacada pela Rússia. A maioria dos ucranianos nem queria ser da NATO, nem pedia para ser da UE. Isso já existia antes da invasão, portanto a ideia de que Putin invadiu para a Ucrânia ser neutral é uma mentira.

Na questão do investimento público nas escolas privadas Catarina Martins tem razão. Se os privados querem ter escolas, pois excelente, mas não à custa das escolas públicas.


4 drones militares tentaram atacar o avião de Zelensky no momento da aterragem em Dublin



ÚLTIMAS NOTÍCIAS - De acordo com a imprensa irlandesa, na noite de segunda-feira, no aeroporto de Dublin, quatro drones militares não identificados tentaram atacar o avião do presidente Zelensky no momento da aterragem. Eles não conseguiram realizar a operação apenas porque o avião aterrou vários minutos antes do previsto. Ao que parece, no momento em que a aterragem estava prevista, os quatro drones violaram a zona de exclusão aérea e voaram ao longo da trajetória de aproximação prevista do avião presidencial. Felizmente, o avião de Zelensky já estava em terra há vários minutos nessa altura. A polícia local iniciou uma investigação. Além disso, os mesmos drones também foram detetados sobre um navio militar irlandês que participava na operação de segurança de Zelensky e que estava posicionado secretamente ao largo da costa. As forças de segurança irlandesas estão a determinar se os drones foram lançados a partir de terra ou secretamente a partir de um navio localizado no mar. 
Veja as últimas atualizações connosco: @visionergeo

"Alguém ser nosso aliado, não significa estar do nosso lado"

 

A declaração inicial de Michael Shannon na cena do julgamento de Nuremberga, no filme que estreou há dias (Nuremberg) é retirada quase palavra por palavra do discurso real proferido pelo juiz Robert H. Jackson em 21 de novembro de 1945, o segundo dia em que o tribunal começou oficialmente.
A declaração é tão actual que podia ser dita hoje que imediatamente a aplicávamos à Rússia. Este filme serve para lembrar os EUA que passar por cima dos crimes de guerra contra a Ucrânia (ontem tivemos a notícia que a Rússia enviou algumas das crianças ucranianas roubadas para campos militares na Coreia do Norte) e crimes contra a paz no mundo é contrário ao Direito Internacional que eles mesmos ajudaram a alicerçar. E que fazê-lo por comércio e enriquecimento é imoral.
"Alguém ser nosso aliado, não significa estar do nosso lado", é uma frase de Goering que se aplica, tristemente, à actual administração americana.




Quem é Bart De Wever, líder do país que acolhe tanto o Parlamento Europeu como a sede da NATO e que afirmou explicitamente que «nem sequer é desejável que (a Rússia) perca (na Ucrânia)». É uma história comprida que pode ler no site de:


O primeiro-ministro da Bélgica, Bart De Wever, desempenha um papel central no debate sobre a utilização dos activos congelados do banco central russo, uma vez que a maioria destes fundos se encontra na Euroclear, a central de valores mobiliários com sede na Bélgica. 

Estima-se que a Bélgica detenha entre 185 e 210 mil milhões de euros destes activos.

Bart De Wever, que actualmente está a bloquear a utilização de fundos russos para a Ucrânia, manteve relações estreitas com altos funcionários russos antes e muito depois da anexação da Crimeia em 2014.
O próprio De Wever enfatizou que visitava São Petersburgo desde 1988 como turista, profissionalmente e com a sua família, conforme explicou durante uma reunião na Rússia.

Em abril de 2018, no meio de sanções cada vez mais severas, o político de Antuérpia Bart De Wever visitou Moscovo. Durante essa visita, De Wever e o prefeito Sergey Sobyanin assinaram um programa abrangente de cooperação. Ele também levou uma grande delegação de cerca de 100 representantes empresariais e organizações para aprofundar o intercâmbio com seus homólogos russos.

O principal objetivo da viagem e da reunião com Sergey Sobyanin era expandir a cooperação na economia e nas atividades portuárias.
Em 2018, a mídia russa observou que Bart De Wever apoiava uma aliança com a Rússia. A postura pró-Rússia dos populistas europeus já proporcionava ao Kremlin a legitimidade política tão necessária naquela época.

Enquanto Bart De Wever expandia as suas atividades de cooperação e investimento com Alexander Beglov, Yevgeny Prigozhin, fundador do Grupo Wagner, também trabalhava intensamente com Beglov em paralelo. Mais tarde, surgiu uma disputa entre Prigozhin e Beglov porque Prigozhin foi afastado desses projetos, que Beglov e o seu sistema assumiram. Isso também envolveu investidores estrangeiros.

A sua abertura ao contacto com a Rússia atinge o seu auge na sua posição atual: Bart De Wever bloqueia a utilização de milhares de milhões russos congelados sob o pretexto de «incerteza jurídica», protegendo assim claramente os interesses de Moscovo em detrimento da ajuda à Ucrânia. Tendo em conta todas as suas reuniões anteriores naquele país, esta postura já não parece acidental, mas sim uma decisão política com um benefício evidente para o Kremlin.


(excertos)

***

A questão é: os activos russos pertencem aos belgas? A UE vai ficar parada a ver os belgas ajudarem com os russos contra os próprios interesses europeus?

Von der Leyen diz que a alternativa aos activos russos é um empréstimo comum europeu  ????

Notícias para ler em sequência

 


 “Dois meses após o início do ano letivo, 133 turmas do 1.º ciclo estão atualmente sem professor titular, afetando mais de 3300 alunos.” Expresso


Governo quer congelar número de funcionários públicos em 2026
jornaldenegocios.


A IA está a ajudar os jovens? Népia


Lagarde diz que travagem nos salários é crucial para manter as taxas de juro em mínimos de 2%


Conclusão: deitem-se as pessoas para o lixo que estão a incomodar os políticos, os mercados e os bilionários das tecnológicas digitais. Comecem pelas crianças e pelos jovens. Não lhes dêem esperanças. Para quê professores? Para quê aprenderem o que quer que seja?

E que nome dar aos decisores políticos que nos trouxeram até aqui?

Os nossos políticos já desistiram da escola pública


A discussão sobre a inteligência artificial no ensino reabre o debate sobre o apoio escolar privado e as disparidades de acesso à aprendizagem.a propósito da recente polémica em torno do anunciado tutor de inteligência artificial (IA) para o ensino. Sabe-se ainda pouco sobre o projeto e é claro que será recomendável ensaiá-lo numa prova de conceito, experimentá-lo num projeto-piloto e avaliá-lo antes de o estender a toda a comunidade escolar.

Não se trata, evidentemente, de substituir os professores nem o seu papel crucial no ensino e no apoio aos estudantes. A IA deve apenas complementar essa função, sobretudo para quem está desamparado em casa e sem apoio familiar direto. É claro que nada será simples, sabendo-se que a informação imprecisa está ainda entre os maiores riscos dos sistemas avançados do IA. Ainda assim vale a pena tentar este uso da tecnologia para um bom propósito: o de ajudar aqueles que não podem pagar explicações privadas, oferecendo-lhes apoio até de forma personalizada.

Recordei, aliás, ao ler algumas das reações negativas imediatas contra o tutor de IA, outras muito semelhantes que testemunhei em diferentes ocasiões contra projetos mais disruptivos de modernização. Não me esqueço do que se disse aquando do anúncio do Cartão de Cidadão: que vinha aí o "Big Brother", que podíamos até ser clonados, que era de todo uma promessa falsa e um projeto impossível.
Maria Manuel Leitão Marques in dn.pt

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Maria Manuel Leitão Marques é uma euro-deputada da área da Economia, mas como é sabido toda a gente fala de educação como se fosse especialista.

O argumento dela para defender o tutor de IA é a necessidade dos alunos terem explicações fora da escola e os mais desfavorecidos não terem dinheiro para pagá-las. Acho este argumento fantástico: então agora, um sistema de explicadores privados já faz parte do projecto da escola pública?

Diz que o projecto não se destina a substituir professores, mas é mesmo disso que se trata: não havendo vontade política de investir na escola pública para captar jovens para a profissão e sabendo-se que a falta de professores se vai agravar ainda mais, dá-se a cada aluno um substituto de professor.

Quando havia professores em abundância nas escolas os alunos não precisavam de explicadores privados - nós próprios fazíamos esse serviço, os apoios estavam no nosso horário lectivo. Eram muito eficazes. Nuno Crato foi quem acabou com isso para mandar 30 mil professores embora e poupar dinheiro. Agora não há professores para leccionar as aulas quanto mais para apoios/explicações. Assumam, em vez de virem com falsos argumentos sobre os tutores de IA serem bons para os alunos. Não são.

O tutor de IA não é um substituo de professor. Uma coisa é usar-se a IA para projectos orientados por professores, o que já se faz e há-de fazer-se muito mais no futuro. É excelente, mas outra coisa diferente é usar um tutor de IA para aprender conteúdos ou para lhe fazer os trabalhos escolares.

Não sei se esta deputada já ouviu falar de Marco Buscaglia, um colaborador do Chicago Sun Times que escreveu um artigo com uma lista de livros de leituras de Verão, onde apenas 5 existem. Quando os leitores começaram a interrogar o jornal sobre aqueles livros inexistentes, Marco Buscaglia confessou que pede ao seu tutor de IA para lhe escrever os artigos para o jornal. Disse que costuma ir verificar se as informações da IA são correctas (cof, cof...) mas daquela vez se tinha esquecido.

A qualidade do conhecimento académico tem vindo a decair. Dantes íamos consultar enciclopédias e dicionários escritos por estudiosos nas áreas, depois veio o google e passámos a ir ao google e à Wikipédia onde escreve qualquer pessoa, mas ainda assim, tem controladores humanos que verificam as informações e conhecimentos que lá aparecem. Agora vai-se à opinião média do indivíduo médio do planeta - que como se sabe tem imensa credibilidade. Há um par de semanas o Grok de Musk respondeu a uma pergunta sobre o Holocausto dizendo que a sua realidade era polémica.

Uma coisa é um adulto, já formado e com conhecimentos usar a IA para buscar informações e ter espírito crítico para avaliar o que lê, outra coisa são crianças em processo de desenvolvimento das estruturas do próprio conhecimento, completamente vulneráveis, usarem tutores de IA.

O outro argumento da deputada a favor dos tutores de IA é o de serem "projectos disjuntivos de modernização" (algo que não se dá ao trabalho de explicar e deixa assim para parecer que é algo muito à frente) de maneira que quem adverte contra os perigos do seu uso é não-moderno ou atrasado - é o que deixa subentendido.

Finalmente dá como exemplo de "projecto disjuntivo de modernidade" que teve críticas, o caso do Cartão de Cidadão que muito diziam que era o Big Brother. Pasmo que esta política euro-deputada não perceba que é exactamente isso. Desde que temos o CC com dados biométricos que as autoridades, dentro e fora do país, sabem tudo a nosso respeito e se quiserem usam-no como ferramenta de controlo, como aliás já se faz na China de modo agressivo. Sim, é um meio de segurança e um instrumento muito eficaz e facilitador, burocraticamente falando, mas tem esse lado de intrusão na esfera da nossa privacidade. É tão eficaz que a deputada nem se apercebe disso.

Ora, o tutor de IA, não tem os benefícios de segurança ou de desburocratizarão do CC e tem os malefícios de ser um meio de informação não credível e manipulador de crianças e jovens em idades vulneráveis, intelectual e psicologicamente.

Leituras de insónias - «O Livro Contra a Morte» de Elias Canetti

 

(para Canetti a morte é uma humilhação e quanto mais poder a pessoa tem mais a morte é sentida como a suprema humilhação de si mesmo. A morte é a negação do seu poder. «Pensas que és tudo mas és nada». O déspota precisa da morte do outro, da sua humilhação, mas faria tudo para evitar a sua própria. Isto fez-me lembrar a conversa de Putin com Xi sobre a possibilidade de imortalidade. Hitler mandou destruir o seu cadáver para que ninguém o visse como um 'nada', um não-poder. Estaline roubou os restos calcinados de Hitler e guardou-os, calculo que para se regozijar da suprema humilhação do seu inimigo. Lenine fez-se embalsamar como se estivesse vivo, para que o adorassem como um deus vivo)



Uma Ofensa Cósmica

A luta de Elias Canetti contra a morte

Costică Brădăţan

O Livro Contra a Morte não é um livro — ou, melhor dizendo, é muito mais do que um livro. Declarando-se «um inimigo mortal da morte», Elias Canetti concebeu o projecto não apenas como uma ferramenta para combater um adversário formidável, mas, de forma mais ampla, como a sua maneira pessoal de protestar contra a mortalidade humana. Ele via a inevitabilidade da morte como uma ofensa cósmica, uma afronta pela qual nunca poderíamos perdoar os deuses. «Aproximei-me de uma centena de deuses», escreve ele, «e olhei cada um deles diretamente nos olhos, cheio de ódio pela morte dos seres humanos».

Existem basicamente duas maneiras de considerar a mortalidade humana. De acordo com uma escola de pensamento, morrer é algo natural. Os seres humanos vêm a este mundo com um prazo de validade; a morte define-nos no sentido muito real de que estabelece um limite (fine) à nossa existência. «Assim que um homem vem à vida já tem idade suficiente para morrer», diz uma exortação medieval. Heidegger achou essa frase fascinante e construiu grande parte de sua própria filosofia da mortalidade com base nela. Montaigne pensava que não há nada mais natural na vida do que morrer. «O fim do nosso percurso é a morte», escreveu ele. A maioria dos filósofos ocidentais concordou com ele.

De acordo com a segunda escola — e mais rebelde —, a morte vai contra a nossa natureza mais profunda: não há nada mais anti-natural do que morrer. Deveríamos ser imortais, mas por alguma razão — um acidente dos deuses, algum acidente cosmológico, um pecado original —, acabámos por ser perecíveis e mortais. O facto de nunca podermos aceitar a morte ou mesmo compreendê-la racionalmente é a prova disso. Como Goethe escreveu: “É totalmente impossível para um ser pensante pensar na sua própria inexistência, no fim do seu pensamento e da sua vida”. Vladimir Jankélévitch pôs isso de forma mais simples: pensar na morte é “pensar o impensável”.

Canetti pertencia à segunda escola. Nunca conseguiu entender como algumas pessoas podiam aceitar a morte como algo «natural». Para ele, a morte era nada menos que um escândalo cósmico, a humilhação suprema, o próprio absurdo. Sobre Montaigne, escreve em O Livro Contra a Morte: «Ao ler Montaigne, encontro tudo isso novamente, todas as antigas banalidades sobre a morte, e a sua própria também». À filosofia de Montaigne, que abraçava a morte, ele opôs a sua própria: «O meu ódio pela morte estimula uma consciência incessante dela. Fico espantado por conseguir viver assim.» Substitui o axioma de Descartes «Cogito, ergo sum» pelo seu próprio: «Mortem odi, ergo sum» («Odeio a morte, logo existo»).

Tentar compreender a morte tornou-se o principal projecto da sua vida, aquilo que poderia dar sentido e estrutura à sua biografia: «Enquanto não tiver formulado de forma clara e sincera o que significa a morte, não terei vivido.» O facto de um empreendimento deste tipo estar condenado ao fracasso («Quantas vidas é preciso viver para compreender a morte?») não preocupava Canetti. É claro que fracassamos na nossa luta contra a morte, mas é por isso que devemos continuar tentando. Se alguma coisa, a perspectiva do fracasso explica o pathos único e a nobreza singular do projeto de Canetti.

Ele não precisava de uma vitória sobre a morte, mas sim de algo que lhe desse foco e direcção na vida: «A morte é o meu peso morto, e eu tomo medidas desesperadas para não me livrar dela.»

A morte de sua mãe, em 1937, afectou-o profundamente. Ele descreve essa experiência traumática na última parte da sua trilogia de memórias, O Jogo dos Olhos (1985). Presumivelmente como uma forma de auto-terapia, decidiu começar a escrever contra a morte e reunir, sistematicamente, materiais para o livro. 

Como atesta o seu livro mais famoso, Multidões e Poder (1960), quando Canetti decidia começar a documentar algo, não havia como saber onde e quando ele iria parar; não deixava nenhuma pista por seguir, nenhum arquivo por verificar, nenhum livro por comprar. Cinco anos após a morte da sua mãe, ele começou a escrever O Livro Contra a Morte. Em 15 de fevereiro de 1942, com o massacre da Segunda Guerra Mundial em pleno andamento, ele escreveu:
Hoje decidi que vou registrar os pensamentos contra a morte à medida que eles me ocorrerem, sem qualquer tipo de estrutura e sem submetê-los a nenhum plano tirânico. Não posso deixar esta guerra passar sem forjar uma arma dentro do meu coração que vença a morte. Ela será tortuosa e insidiosa, perfeitamente adequada a ela.
O Livro Contra a Morte (“o único livro que nasci para escrever”) está organizado cronologicamente, de 1942 até 1994, ano da morte de Canetti, quando o seu confronto com o inimigo de toda a vida atingiu o seu clímax (“as pessoas estão mais vivas quando estão a morrer”). Ao todo, a inimizade de Canetti contra a morte gerou cerca de duas mil páginas, das quais apenas uma fração está reunida neste volume.

Seria impossível resumir O Livro Contra a Morte sem fazer muitas citações. O livro é indisciplinado, desestruturado, extenso e, acima de tudo, difícil de definir. Contém aforismos e reflexões, notas e comentários, memórias pessoais e entradas de diário, bem como várias imaginações tão espirituosas quanto caprichosas: «Os vermes felicitam-no pelo seu 160.º aniversário.» «O suicida feliz que ansiava por isso há trinta anos.» «Construí uma biblioteca que durará uns bons trezentos anos, tudo o que preciso agora são esses anos.» O livro também inclui recortes de jornais e fragmentos de outros autores, como esta pérola de Luis Buñuel:
Adoraria levantar-me da sepultura a cada dez anos ou assim e ir comprar alguns jornais. Pálido como um fantasma, deslizando silenciosamente pelas paredes, com o jornal debaixo do braço, voltaria para o cemitério e leria sobre todos os desastres do mundo antes de voltar a dormir, seguro e protegido no meu túmulo.
Os aforismos — a característica mais marcante do livro — são realizações literárias formidáveis, e alguns deles são positivamente assombrosos: 
«Ele morreu durante o sono. Em que sonho?» 
«A morte não permite que a sua história seja contada.» 
«A morte não se cala sobre nada.» 
«Não morremos de tristeza — por causa da tristeza continuamos a viver

Ao saborear os aforismos, não se pode deixar de pensar que o que Canetti faz aqui é, acima de tudo, escrita performativa. Não está tanto a escrever sobre a morte, mas sim a agir sobre ela — na verdade, contra ela. 
O livro de Canetti é um elaborado feitiço contra a morte. Não se trata tanto de argumentos distanciados sobre a nossa mortalidade, mas sim de encantamentos mágicos contra ela. 

Antes do seu interesse absorvente pela morte, Elias Canetti tinha outra paixão intelectual que o possuía com igual intensidade: multidões. 

Quando, em 15 de julho de 1927, Canetti, então com 21 anos, teve a sua primeira experiência de imersão em multidões em Viena, percebeu que levaria uma vida inteira de trabalho intelectual para processar o que acabara de acontecer com ele. E, de facto, Multidões e Poder, o livro que escreveu em resposta à experiência, foi publicado mais de três décadas depois, em 1960. Valeu a pena esperar: Multidões e Poder continua a ser uma das obras mais originais, perspicazes e inspiradoras sobre multidões, em qualquer idioma.
(...)
O que acontece numa multidão é, pelo menos num certo nível, o oposto da morte. Envolve uma febrilidade perceptível e uma intensificação da vida. À medida que o indivíduo se dissolve na multidão, ganha acesso a uma existência mais plena e emocionante. Uma multidão, por sua natureza, é um fenómeno expansivo, envolvendo cada vez mais pessoas e dependendo de um crescimento constante para a sua perpetuação. Como as multidões são coisas complicadas e dialéticas (“nada é mais misterioso e incompreensível do que uma multidão”), juntamente com essa intensificação da vida, uma multidão também carrega dentro de si o oposto: as sementes da dissolução, da destruição e até mesmo da morte. Em Multidões e Poder, Canetti desenvolve uma analogia entre multidões e fogo: uma multidão é um grupo de pessoas que foi «incendiado» e levado a um estado potencialmente tão devastador quanto o próprio fogo — nada pode impedir o seu avanço. Mas, assim como o fogo acaba por se consumir a si mesmo, o mesmo acontece com a multidão.

Após a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto, Canetti passou a discernir mais conexões entre suas duas principais obsessões — multidões e morte —, mesmo quando a última se estava a tornar dominante. 

Os grandes ditadores do século e a devastação que causaram levaram Canetti a procurar ligações mais profundas entre a morte e o poder. A mortalidade humana é uma banalidade, mas para pessoas habituadas a exercer tanto poder, essa verdade banal é particularmente difícil de aceitar e fariam tudo para afastá-la da sua visão.

«A partir dos esforços de um único indivíduo para evitar a morte, cria-se a monstruosa estrutura do poder», observa Canetti. O déspota vive da morte — a morte dos outros. Ele trabalha com a morte como o oleiro trabalha com o barro. Ele acumula-a, manuseia-a, brinca com ela e explora-a em seu próprio benefício. “A verdadeira essência do déspota é que ele odeia a sua própria morte, mas apenas a sua. As mortes dos outros, não só são todas iguais para o déspota, como ele também precisa que elas existam”. 

(excertos)

December 02, 2025

Antonio Filipe é um atraso de vida

 

A proposta de «paz» da Rússia ditada aos EUA por Putin não tem nada a ver com ele nem com a Europa e o que quer é que acabe a guerra e não se pronuncia sobre nada do assunto. Um atraso de vida. Um extremista fanático que vive a suspirar pelos papás da URSS.

E não se cala com isto de defender a Rússia! E Portugal não se mete em nada a não ser para se defender a si mesmo. Quer estar na NATO para chupar apoios mas sem nenhuma obrigação. Que homem idiota. É por causa destas ideias dele que agora só têm três cadeiras no Parlamento. Agora defende o ditador Castro. E já vão 6 minutos de 'anomalia 404: cérebro não encontrado!' Se ele tivesse agora na NATO fazia de Orban. Recusa aceitar o artigo 5º da NATO.

Em todos os debates perguntam acerca da greve e da lei laboral. Já todos disseram tudo até à 5ª casa. Sempre a mesma coisa. 

Porque não mudam de tema e perguntam sobre a visão que têm para a educação, a ciência e a cultura? Sobre como abordam a desigualdade social que se agrava? A desigualdade de direitos entre homens e mulheres? 

António Filipe está agora a desfiar a cassete comunista. Que massacre. 50 anos depois do 25 de Abril e ainda temos de aturar a cassete Cunhal. E o pior é que ele deve achar que está muito bem.


Se isto é verdade Vancing Queen ainda é mais estúpido do que parece

 

Na Conferência de Segurança de Munique de 2024, o senador JD Vance — que era pouco conhecido na Ucrânia na época — solicitou uma reunião com o presidente Zelensky, mas foi simplesmente ignorado. Portanto, o que aconteceu no Salão Oval em 28 de fevereiro foi o resultado inevitável.

- Ex-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba

Porque é que a Bélgica insiste em ajudar Putin na guerra?

 


Porque recusam usar os activos russos congelados para ajudar a Ucrânia? Estão no rol dos assalariados de Putin? Há alguma coisa que não saibamos? A sede da NATO devia sair da Bélgica. Não estão à altura dos acontecimentos.


Na véspera da reunião da NATO

 


À qual o secretário de Estado americano vai faltar pela primeira vez em mais de 20 anos, chega a Moscovo, onde já se encontram Witkoff and Kushner, o MNE da China, Wang Yi. Reunem-se os cães para negociar a divisão dos ossos do corpo da Ucrânia que querem muito transformar em cadáver.


Um discurso de Zelensky sobre princípios universais e linhas de futuro

 

Avanços

 

Foi lançada a primeira pedra de uma fábrica militar ucraniana na Dinamarca, onde as bombas russas não lhe podem chegar.


🇺🇦 Totalmente de acordo

 

A Ucrânia cedeu as armas nucleares como contrapartida a não ser invadida. Foi invadida e o acordo quebrado. Logo, as armas voltam para onde estavam. Armas nucleares na Ucrânia são uma defesa para a Ucrânia e para a Europa. Há vários séculos que os russos não são de confiança. São como os islamitas. São um anacronismo, parados num tempo anterior à emancipação da razão humana, presos num universo de emocionalismo primitivo de violência e não são capazes de evoluir.



🎯

 


E mandem os taurus que os ucranianos sabem dar-lhes uso.