May 07, 2020

Solace



Lee Acaster

Assíria



Gosto tanto de tudo o que tem a ver com a Assíria. Nínive...
A Gulbenkian tem um baixo-relevo assírio do palácio de Nimrod muito bonito. Vi no museu Pergamon aquelas duas figuras-portas lindíssimas do touro alado. São impressionantes
Esta aqui que está no British Museum é belíssima. Tão delicada. Não sei o simbolismo mas vê-se a representação da abundância na vinha cheia de densos cachos de uvas e a representação da força na leoa que descansa à sombra da videira. A cabeça da leoa cheia de expressão.

Os terroristas do ISIS destruíram o que restava do palácio por razão nenhuma.


Uma grande metáfora da adolescência



photo by Vassilis Tangoulis

2 minutos de Vivaldi por dia nem sabe o bem que lhe fazia



O que tem que ser tem muita força



A minha empregada volta esta semana, contra as recomendações da médica, mas o que tem que ser tem muita força. Ela precisa de trabalhar e eu preciso de alguém que limpe a casa a sério e não com toalhetes húmidos: arrastar o fogão e o frigorífico e outras coisas afins senão, qualquer dia, aparecem bichos em casa... ainda agora fui lá dentro buscar o Maquiavel, porque preciso de ler umas coisas e a prateleira está cheia de pó. Combinei um protocolo com ela, porque ela trabalha em outros sítios e lida com muita gente, mas vai voltar ao trabalho.

E daqui a uns dias vou à cabeleireira. Tem que ser. Quem olha para mim pensa que tenho uma cabeleira postiça ou isso. Também vou lá com um protocolo.

Voltar à escola - soluções coxas



Parece-me evidente que não é possível os alunos terem aulas presencias de 90 minutos tendo que dividir as turmas ao meio para cumprir os distanciamentos sociais obrigatórios. Tinha que haver aulas até à meia-noite ou algo parecido.

Logo, a maneira de resolver o problema é dividir as aulas em, parte presencial e parte assíncrona. Os 45 minutos presenciais são dados nas escolas, sendo que o professor trabalha os 90 minutos da aula: primeiro 45 minutos com metade da turma e depois os outros 45 minutos com a outra metade. Os outros 45 minutos que ficam a faltar aos alunos são assíncronos: o professor passa tarefas, que até podem ser, 'estudar' e os alunos fazem-nas autonomamente, em casa.

É claro que o horário do professor fica completo e não vai  para casa dobrar o horário lectivo para os que não foram à escola e a seguir fazer o resto do trabalho de DT, preparação de aulas, ver trabalhos... nem trabalhando 12 horas por dia chegava.

Portanto, os que não vão à escola, terão que fazer todo o trabalho assíncrono a não ser que se arranje uma solução do género, o professor na aula presencial está em videoconferência com os que não vão à escola, mas é claro que isso não é possível em muitas escolas nem para muitos alunos.

A minha questão é: para quê tantos problemas para tão pouco? Porque não usar este tempo para preparar o próximo ano lectivo que vai ser muito complicado?

Só que estas e outras questões não estão ao alcance dos exemplares do sublime que nos governam.

Se a Graça Freitas diz que é tudo seguro nas escolas, ela que é uma especialista e frequenta muito as escolas, ficamos logo descansados...




DGS diz que não há motivos para pais impedirem filhos de irem à escola
Voltar às aulas "com toda a confiança", desde que todos mantenham esforços para usar barreiras físicas e desde que se cumpra o distanciamento social: é a mensagem que Graça Freitas faz questão de deixar.

Senhor primeiro-ministro, mande dois terços dos seus 70 ministros e secretários para casa sff



... mesmo a pagar-lhes salário. Mande-os ficar quietos ou jogar Mahjong, por exemplo. É preciso é que não mexam em nada, de nada, porque isto é um desfile de galambas e galambinhos, de filhos e priminhos patetinhas que são um triste espectáculo de ver.

...o atraso nas ajudas do Estado é um escândalo inominável e sem fim à vista. Os ajustes diretos foram um regabofe, que Rui Rio endossou, e bem, ao Ministério Público. E já nem é preciso recordar a total falta de decência no episódio da CGTP

.Já o Governo dá sinais de ter voltado ao seu velho normal. Um conjunto cheio de ministros impreparados e sem qualquer sentido de Estado, atarantados pelo gigantismo da tarefa que têm entre mãos.

A natureza do poder



"The thing about politicians is that they are more or less like prostitutes, only more expensive." 

- ouvido agora mesmo, da parte de um subornador profissional, num documentário muito bom que está a dar na estação Al Jareera, chamado, Shadow World - sobre venda de armas à Arábia Saudita, envolvendo a Inglaterra de Teacher, a Suíça e muitos políticos e o mundo que daí para a frente foi construído sob o lema da ganância individual de políticos, financeiros e industriais. Assassinatos, tortura, manipulação de secretas. Enfim, o sofrimento da maioria para enriquecimento de alguns.

May 06, 2020

Ansiedade crescente



Hoje todas as notícias que li foram deprimentes. Todas. Até aquelas coisas parvas que costumo apanhar no FB hoje foram só deprimentes. Entre isso e estar aqui fechada e a semana que vem e a outra com coisas que tenho que fazer e não quero já devo ter comido hoje um quilo de chocolate... só serve para aumentar a ansiedade...

Hoje os primeiros 20 minutos da aula com o 12º ano foram para falar do regresso à escola e do documento do ME. Vários alunos não vão regressar à escola porque os pais não deixam. Disseram-me que os professores estão a contorcer-se em pensar soluções -e disseram-me algumas- para eles poderem à mesma acompanhar a matéria.

Hoje fui dar com um excerto duma entrevista de Obama onde diz que, se o mundo fosse governado por mulheres tudo era melhor, nomeadamente no que respeita ao melhoramento da qualidade de vida e de acesso a direitos básicos. Pareceu-me uma afirmação muito paternalista e oca, mas enfim, a seguir diz que se olharmos para os governos e instituições no mundo o que vemos é uma data de homens velhos a entupir o caminho não deixando ninguém andar para a frente. Nisto parece-me que ele tem muita razão. Na educação vemos isso: uma data de homens a entupir o caminho e se não fosse o esforço dos professores e a sua capacidade de dedicação, os alunos estavam todos tramados porque os velhos que entopem o caminho não querem saber deles. Vê-se pelos decretos que vomitam cá para fora.

Poesia ao anoitecer



Página e meia de leitura - Kant



Fui pegar num livrinho de Kant porque precisava de ler a diferença entre os conceitos de belo e de sublime e fui dar àquele capítulo cheio de observações estúpidas, isto é, completamente imbuídas do forro cultural e desprovidas do espírito filosófico que o caracteriza - distanciamento, reflexão e objectividade - que é o capítulo sobre a diferença entre os homens e as mulheres, nestes conceitos.

Parei ao fim de uma página e meia antes de se tornar tão, tão ofensivo que corresse o risco de ter aqui mulheres a chamarem-me machista, sei lá.

Enfim, assim se vê como um homem de grande inteligência pode ser, e é, muitas vezes, estúpido.
Na verdade, ele é machista, porque o que ele diz é que as mulheres podem ser até mais inteligentes e sábias que os homens mas os homens não as querem inteligentes, nem superiores, querem-nas é belas, logo, superficiais, encantadoras, etc., porque o que lhes interessa nas mulheres é o uso e mais nada.

Ainda é muito assim, passados estes séculos... só que, sendo ele um indivíduo tão inteligente e admirável em tanta coisa, esperávamos dele mais e não o mesmo que os outros todos...



15 minutinhos de sol




Hoje evoca-se o nascimento de Freud, o indivíduo com mais memes a circular na internet



Cada um mais parvo/engraçado que o outro 😄






Distanciamento social, versão século... XVI, XVII...?



Margherita Gonzaga, Duchess consort of Lorraine, painting by Frans Pourbus the Younger, pandemic version? 😄



Coronavirus Li Wenliang - a pandemia não se contabiliza só em número de mortos



Há outros riscos para quem tem o azar de apanhar a doença. Ontem li o testemunho de um médico pediatra americano que esteve doente com o COVID-19 e recuperou. O indivíduo, com 50 anos e sem antecedentes de doenças, com uma vida activa e saudável, dizia que antes de ter sido infectado pelo vírus -o que aconteceu no âmbito da sua actividade profissional- trabalhava no hospital e ia a casa dos doentes. Em regra ficava cerca de 30 minutos com cada um, brincava com os miúdos e ia para a casa seguinte. Sofria de insónias e, mesmo assim, levantava-se ao fim de 4 horas de sono e ia trabalhar com energia. Agora, diz que ao fim de duas tele-consultas está sem fôlego, doem-lhe as costas e os rins. Está permanentemente cansado, com dificuldade em respirar. Portanto, é isto: o risco da doença não é apenas o de morrer, embora esse seja, claro, o pior; é também o risco de um resto de vida diminuído, sem forças, com dores, com dificuldades, com incapacidade de viver uma vida activa satisfatória. Ora, isso pode acontecer a qualquer um porque a doença mata, sobretudo, os mais velhos, mas ataca os outros de outras maneiras imprevisíveis.


Em direto. Covid-19: Reino Unido supera Itália em vítimas mortais, mais de um milhão de doentes recuperados no mundo

Claro, perceberam que isto é um poupar de dinheiro maluco



As pessoas em casa não precisam de espaço no escritório, de computador, de outro material, de subsídio de deslocação. Menos compras para o bar/refeitório do escritório, menos dinheiro em limpezas e em muitos outros custos.

Governo quer manter em teletrabalho um quarto dos actuais 68 mil funcionários públicos neste regime

Ministra da Modernização e Administração Pública admite que os aumentos salariais de 2021 irão depender da “sanidade financeira” do país depois da pandemia. Processo da descentralização desliza até Março de 2022.

Regresso à escola - para quê isto tudo?



Um aluno por secretária e intervalos passados na sala de aula. Como será o regresso às aulas


... ou melhor, para quê tanto por tão pouco?

Estas orientações complexas são possíveis, embora me pareça que em certas zonas serão difíceis de cumprir, porque estamos a falar de só regressarem à escola os alunos mais velhos, do 11º e 12º anos e para ter apenas as disciplinas de exame. Sendo relativamente poucos, mais os seus professores.

Para o próximo ano lectivo, com a escola cheia de alunos e professores em número de mais de um milhar e meio, por exemplo, cumprir estas normas é lógica, antropológica e logisticamente impossível, de modo que não percebo este regresso por um mês.

Só será possível reduzindo drasticamente o número de alunos por turma o que obriga a contratar muitos mais professores, funcionários, também, o que não vai acontecer porque é na educação, em primeiro lugar, que o governo pensa poupar dinheiro, sempre.

Acho que toda a gente leu aquele parágrafo que diz que os alunos têm as faltas justificadas se os pais optarem por não os mandar à escola, por causa da pandemia, mas que nesse caso não se lhes garante ensino à distância... claro que um professor não pode dar 6 horas de aulas na escola e depois ir a correr para casa voltar a cumprir esse horário de trabalho para os que não querem sair de casa; no entanto, esta cláusula, na prática, obriga os alunos a irem para a escola ou a desistirem deste ano lectivo. De modo que, pergunto: para quê isto tudo?

Porque é que o caso Assange interessa a todos II