May 06, 2020

Coronavirus Li Wenliang - a pandemia não se contabiliza só em número de mortos



Há outros riscos para quem tem o azar de apanhar a doença. Ontem li o testemunho de um médico pediatra americano que esteve doente com o COVID-19 e recuperou. O indivíduo, com 50 anos e sem antecedentes de doenças, com uma vida activa e saudável, dizia que antes de ter sido infectado pelo vírus -o que aconteceu no âmbito da sua actividade profissional- trabalhava no hospital e ia a casa dos doentes. Em regra ficava cerca de 30 minutos com cada um, brincava com os miúdos e ia para a casa seguinte. Sofria de insónias e, mesmo assim, levantava-se ao fim de 4 horas de sono e ia trabalhar com energia. Agora, diz que ao fim de duas tele-consultas está sem fôlego, doem-lhe as costas e os rins. Está permanentemente cansado, com dificuldade em respirar. Portanto, é isto: o risco da doença não é apenas o de morrer, embora esse seja, claro, o pior; é também o risco de um resto de vida diminuído, sem forças, com dores, com dificuldades, com incapacidade de viver uma vida activa satisfatória. Ora, isso pode acontecer a qualquer um porque a doença mata, sobretudo, os mais velhos, mas ataca os outros de outras maneiras imprevisíveis.


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