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August 06, 2023

Era a isto que Hegel se referia quando falava na Lei do Coração

 

Lindsey Graham é um republicano que em 2015 descrevia Biden como a melhor coisa do mundo e quase chora de emoção ao falar dele. O critério para o julgar moralmente enquanto pessoa e enquanto político, é a sua intuição sentimental. Agora em 2023, usando a mesma intuição do sentimento, diz que é um corrupto. E são estas pessoas que decidem dos destinos do mundo, pessoas que julgam tudo -pessoas, políticos e políticas- usando como critério os seus sentimentos, individuais e subjectivos e não um critério objectivo que possa ser comum à sociedade humana. Daí que ajam como baratas tontas.


July 19, 2023

Um plano fundamentado



Que podia ser uma política para um sistema de produção animal sustentável. É claro que não sou capaz de ajuizar se o plano tem falhas ou deméritos não aparentes - não tenho conhecimentos suficientes para isso. Sabendo nós que os nosso políticos, ou não têm políticas (têm 'agendas', o que é diferente) ou copiam qualquer coisa do 'estrangeiro' porque 'o que se faz fora é que é bom', é uma lufada de ar fresco alguém com conhecimentos sugerir políticas positivas de um modo sistemático e fundamentado. 


Carne absolutamente sustentável? O caso português

Temos os ingredientes de um potencial sistema de produção animal sustentável, que combina o melhor de diferentes sistemas produtivos, baseado em conhecimento e soluções portuguesas, e em que Portugal pode ser líder mundial.

Tiago Domingos


A produção animal é tipicamente associada a elevados impactes negativos, nomeadamente ligados à emissão de gases com efeito e à alteração dos usos do solo (nomeadamente desflorestação). No entanto, a produção animal também tem associados diversos impactes positivos, como a disponibilização de alimentos de elevado valor nutricional, produzidos maioritariamente a partir de alimentos que não poderiam ter sido utilizados directamente para alimentação humana (como pastagens, forragens, sub-produtos das culturas agrícolas como a palha ou sub-produtos das indústrias agro-alimentares como o bagaço de soja ou de girassol).

A existência de informação contraditória não nos deve, no entanto, levar aos que os anglófonos chamam paralysis by analysis, a incapacidade de seguir em frente, exigindo sempre cada vez mais estudos e informação antes de decidir, um problema bem conhecido em Portugal, com casos paradigmáticos de dificuldade de descolagem das soluções face a estes bloqueios.

Vamos aqui considerar um caso concreto, a produção de bovinos de carne nas condições do interior e do sul de Portugal e vamos mostrar que é possível conceber uma forma “absolutamente sustentável” de o executar, sem partir de dicotomias simplistas a priori sobre o que é melhor ou pior: não vamos, por exemplo, assumir que “o que é natural é bom, o que é sintético é mau” ou que “a produção extensiva é boa, a produção intensiva é má”.

Comecemos então por um conjunto de critérios para o que poderá ser uma produção “absolutamente sustentável” neste contexto:

1) em termos de uso da terra, não deverão ser utilizados para a produção de alimentos terrenos que possam ser utilizados para consumo humano ou melhor utilizados para a conservação da natureza ou para o sequestro de carbono;

2) em termos de clima e biodiversidade, a produção animal deverá estar associada à floresta, com um encabeçamento (número de animais por unidade de área) adequado, assegurando a regeneração das florestas e o sequestro de carbono e visando reduzir o flagelo dos incêndios que ocorre nos países mediterrânicos (e nomeadamente em Portugal).

O protótipo de sistema que aqui propomos para cumprir estes critérios baseia-se na conjugação de três componentes (que de seguida justificaremos): pastagens permanentes semeadas biodiversas ricas em leguminosas (PPSBRL), Montado e engorda intensiva optimizada.

As PPSBRL, sistema desenvolvido pelo agrónomo português David Crespo, baseiam-se (1) no uso virtuoso da biodiversidade para a agricultura (em vez de se semear apenas uma espécie, semeia-se uma mistura de 20 espécies ou variedades diferentes, com diferentes capacidades de adaptação à seca, ao excesso de chuva e à heterogeneidade dos solos) e (2) na riqueza em leguminosas (que lhes dão capacidade de ir buscar azoto e proteína para fornecer aos animais e reduzem a necessidade de fertilizantes azotados). Este sistema permite uma elevada produção forrageira sustentável de alta qualidade, para alimentação animal, e um elevado contributo anual de biomassa das raízes para o aumento da matéria orgânica do solo, sequestrando carbono (assim contribuindo para a mitigação das alterações climáticas) e aumentando a fertilidade, a protecção contra a erosão do solo e a retenção de água (assim contribuindo para a adaptação às alterações climáticas).

O Montado é uma das tradicionais paisagens do Sul de Portugal. Está implantado em áreas em geral inadequadas para a produção de alimentos para consumo humano directo, nomeadamente cereais para consumo humano directo. Tal tornou-se evidente na primeira metade do século XX, com a Campanha do Trigo (tentativa falhada de tornar Portugal auto-suficiente em cereais, que resultou numa degradação dramática dos solos no Alentejo). No entanto, pelas suas características de combinação entre uma floresta com plantas autóctones (o sobreiro e a azinheira) e as pastagens (com um encabeçamento razoavelmente baixo, logo, sem muita intensidade de pastoreio), é melhor em termos de biodiversidade do que os usos alternativos (desde que se assegure a regeneração das árvores e que não haja mortalidade elevada das mesmas, desideratos que infelizmente neste momento não são cumpridos na maioria da área de Montado em Portugal).

A engorda intensiva optimizada deverá ser baseada (1) na utilização de aditivos que tornem possível reduzir muito significativamente as emissões de metano das vacas, (2) na alimentação dos animais com subprodutos da alimentação humana e (3) no aproveitamento dos estrumes (com a estabulação) para a produção de biometano e de fertilizantes orgânicos.

Temos assim os ingredientes de um potencial sistema de produção animal sustentável, que combina o melhor de diferentes sistemas produtivos, baseado em conhecimento e soluções Portuguesas, e em que Portugal pode ser líder mundial.

Professor de Ambiente e Energia no Instituto Superior Técnico

June 15, 2023

Para quê estudar? Políticas de enterrar o país




O ganho salarial dos jovens adultos com um curso superior face aos que têm apenas o ensino secundário tem vindo a cair e está em "mínimos históricos, diminuindo de cerca de 50% em 2011 para 27% em 2022", de acordo com o relatório "Estado da Nação sobre Educação, Emprego e Competências em Portugal" da Fundação José Neves (FJN), divulgado hoje.

"Se em 2011 um jovem adulto (25-34 anos) com um curso superior tinha, em média, um salário cerca de 50% superior ao de um jovem adulto com o ensino secundário, em 2019 essa diferença diminuiu para 32%", segundo a análise da FJN. Com a pandemia, em 2020 e 2021, a diferença salarial voltaria a aumentar em cerca de cinco pontos percentuais mas, depois disso, a tendência de queda voltou. "Ultrapassada a crise pandémica, o ganho salarial do ensino superior face ao secundário caiu abruptamente para 27%, em resultado da diferente magnitude na queda dos salários em termos reais destes dois grupos", sublinha a FJN no relatório. Ou seja, o ganho salarial dos licenciados face aos que não prosseguem estudos após o secundário "caiu para pouco mais de metade do registado em 2011".


May 01, 2023

O trabalho da educação e as políticas de educação - enredos

 


Hoje li estes dois títulos no DN: o 1º induz a ideia de que temos jovens muito escolarizados mas não qualificados. Dá-se o exemplo dos vendedores. Na capa, diz-se que faltam trabalhadores qualificados em todas as áreas, mas em especial nas tecnologias. Mas também faltam pessoas formadas e mão-de-obra sazonal. Ou seja, faltam pessoas em todas as áreas: formadas, não formadas mas qualificadas, trabalhadores sazonais, vendedores. Faltam pessoas. E porque faltam pessoas?

Indústria e construção perdem 81 mil pessoas qualificadas num mercado mais polarizado.  Profissões altamente escolarizadas e as não qualificadas são aquelas que mais trabalhadores ganharam na última década. A profissão de vendedor perdeu 9% do efectivo, mas continua a mais numerosa.

Indústria e construção perdem 81 mil pessoas. Será que me passou alguma coisa ao lado? De que indústria estamos a falar? Por acaso ainda temos indústria, tirando o calçado e o têxtil? Não se 'deslocalizou' e abateu toda a indústria? Os trabalhadores não vão atrás do trabalho? Os trabalhadores não desapareceram da face da Terra. Se querem ver onde estão os trabalhadores qualificados da indústria, vão até à Alemanha. Há muito, muitos anos que exportamos trabalhadores. Qualificados, não qualificados, sazonais, formados... enfim, tudo e mais alguma coisa. Porque haveria de haver mais vendedores ou trabalhadores sazonais em Portugal? Quem é que quer fazer a escolaridade para ganhar 800 euros? Vão para a Suíça para a hotelaria, ganhar 3000 euros.

Em Portugal, os governantes não entendem que governar seja a sua prioridade. A prioridade é ganhar eleitores para a próxima eleição. Entende-se, por uma questão de interesse, que não é necessário avaliar as políticas dos governos a não ser de 4 em 4 anos, de maneira que não há mecanismos de vigilância e avaliação e, quando os há, são imediatamente infiltrados por elementos partidárias que controlam os seus resultados.

Em todos os estudos se fala na importância da educação, seja para o desenvolvimento do país, seja para a justiça social que, por sua vez, é um dos grandes atrativos para que a tal mão-de-obra formada e qualificada queira ficar no país.

Ora, como sabemos, o governo tem a educação como um instrumento de poupança (Alunos do Ensino Especial sem acesso aos apoios previstos) e não temos professores, nem políticas educativas desse nome. O que temos são princípios doutrinários de engenharia social deste ministro, seguidor das fantasias perniciosas de BSS.

Na semana passada, andava à procura de um texto de Nozick que tinha lido algures e fui dar com um artigo de Almerindo Janela Afonso (fpce.up.pdf).

Não sei quando o artigo foi escrito porque não está datado, mas debruça-se sobre as políticas educativas e neoliberais dos anos 80 e 90 do outro século, que em sua opinião, estão na origem de todos os males actuais. 
O artigo cita muito BSS e as suas «epistemologias do sul» e fala muito sobre a necessidade de perda de direitos das pessoas, em virtude da colecta de impostos estar nos limites, e de como se tem feito esse trabalho a partir de estratégias a que chama de quase-mercado. Não se privatiza tudo, mas semi-privatiza-se para se poder diluir a fronteira entre o público e o privado e, assim, o Estado escusar-se às suas responsabilidades de maneira subtil. 
Também fala muito contra a avaliação sumativa, de classificação estandardizada e de selecção e glorifica a avaliação formativa como emancipadora como se os exames retirassem capacidade de emancipação e fizessem parte de uma sociedade de educação colonizadora - palavras do autor.
Como refere Boaventura de Sousa Santos (1991: 27-37), dos três princípios (Estado, Mer- cado e Comunidade), o princípio da Comunidade é o «mais bem colocado para instaurar uma dialéctica positiva com o pilar da emancipação, e restabelecer assim a vinculação da regulação e da emancipação». Concorre para isto, continua este autor, o fato de o princípio da Comunidade conter «virtualidades epistemológicas» que o tornam um eixo importante neste redimensionamento entre regulação e emancipação porque, entre outras razões, alguns dos seus elementos constitutivos (como o prazer, a participação e a solidariedade) têm sido focos de resistência à invasão da racionalidade cognitivo-instrumental da ciência e da técnica. Assim, a Comunidade pode tornar-se «o campo privilegiado do conhecimento-emancipação» se este for concebido como trajetória que leva o indivíduo de um estado de ignorância a um estado de saber que pode designar-se por solidariedade (um conhecimento que «progride do colonialismo para a solidariedade»); e se a solidariedade for «o processo, sempre inacabado, de capacitação para a reciprocidade através da construção de sujeitos que a exercitem» ou «sujeitos capazes de reciprocidade». Por isso, é necessário romper com o «conhecimento-regulação» que transformou o outro em objeto para, de uma forma radicalmente nova, passar a «constituir o outro numa rede intersubjectiva de reciprocidades». Trata-se, portanto, de um «conhecimento-emancipação que avança do colonialismo para a solidariedade, pela criação de relações sujeito-sujeito estabelecidas no seio de comunidades interpretativas». 
Neste parágrafo final, o autor (pessoa de importância na sociologia educativa nacional), assume que quer uma utopia que pensa ser realizável, de 'altos' padrões (que linguagem científica?) de qualidade cientifica e democrática nas escolas.
Todavia, o debate em torno das políticas educativas nestes últimos anos em Portugal revela que, apesar do espírito do tempo, não há unanimismo quanto a visões do mundo, continuando a ser possível inscrever na agenda política perspectivas educacionais progressistas e emancipatórias. É nesse sentido que pode ser pensada (como utopia realizável) uma avaliação formativa que articule os interesses do Estado e da Comunidade, vise altos padrões de qualidade cientifica e democrática na escola básica, valorize a autonomia profissional dos professores e recupere para o processo pedagógico novas formas de participação, de solidariedade e de reciprocidade. (Almerindo Janela Afonso in fpce.up.pdf)
Uma das características que me incomodam na sociologia ou pelo menos, em certa sociologia, é a indefinição e imprecisão das ideias. Uma pessoa lê estes artigos e nem sabe por onde começar, porque é um enredo de ideias imprecisas.  Por exemplo, o termo utopia é usado num sentido de ideal a atingir, mas eu defino a utopia como um termo que só pode ser usado como crítica e não como ideal a atingir. A utopia, à semelhança da situação do livro que lhe deu o nome, é uma situação irreal que serve para mostrar o quão longe estamos de uma situação perfeita e absolutamente ideal, logo irreal. Serve para mostrar os erros de um sistema e não como meta a atingir. Porém o autor usa o termo sem o definir. Ou, outro exemplo, usar o termo «solidariedade» como um termo epistémico. A solidariedade pertence ao domínio dos valores e da acção e não do conhecimento. Um discurso que não se define, impreciso no uso dos seus termos, não tem carácter científico, nem sequer no seu sentido mais lato. 

Veja-se este texto: o princípio da Comunidade é o «mais bem colocado para instaurar uma dialéctica positiva com o pilar da emancipação, e restabelecer assim a vinculação da regulação e da emancipação. 

Ele está a dizer que o princípio da Comunidade estabelece uma relação dialéctica com a emancipação, sendo esta um pilar da educação? Ou que estabelece uma relação dialéctica na educação para construir o pilar da emancipação? E a «dialéctica positiva» é usada em relação à «dialéctica negativa» de Adorno ou usa-a num sentido subjectivo ou de senso comum...? E quando fala em restabelecer a vinculação entre emancipação e regulação, isso significa o quê? Que entre a emancipação (do aluno) e a regulação (por parte do Estado) havia uma vinculação que se perdeu? Mas, se a emancipação é uma maioridade face à regulação (que impedia a emancipação), que vínculo é esse que se quer (r)estabelecido? São vinte páginas cheia destes enredos. Sempre que sai da descrição e entra na teorização é só enredos. 

E porque razão o aluno, se for objecto de regulação (provas, exames) não pode ser entendido como sujeito? Onde está a contradição? Nós, povo, não somos objecto de regulamentos e de regulação, de legislação reguladora? E por isso perdemos o estatuto de sujeitos pensantes e emancipados ou o Estado deixa de nos ver como parceiros na construção do país? Porque é que uma coisa é vista como contrária à outra? Desde quando a regulação nas escolas (os exames) têm de ser: ou formativas e solidárias, logo,  emancipadoras ou selectivas, logo, colonizadoras?
O aluno passar a «constituir o outro numa rede intersubjectiva de reciprocidades». Desde quando o aluno, por ter uma avaliação reguladora ou estandardizada, a par da formativa, deixa de fazer parte de uma rede inter-subjectiva de reciprocidades? 

É nesse sentido que pode ser pensada (como utopia realizável) uma avaliação formativa que articule os interesses do Estado e da Comunidade, vise altos padrões de qualidade cientifica e democrática na escola básica, valorize a autonomia profissional dos professores e recupere para o processo pedagógico novas formas de participação, de solidariedade e de reciprocidade.

E que quer isto dizer? Se a avaliação não é meramente formativa (sem componente de selecção) não podemos ter os interesses do Estado e da Comunidade articulados? E como se valoriza a autonomia profissional dos professores com proibições de certos tipos de avaliação? E se as formas de participação são 'novas' porque fala em recuperá-las? E o que é uma avaliação que articule altos padrões de qualidade cientifica e democrática? Desde quando a qualidade científica tem um critério de democraticidade? Se um professor diz a um aluno: 3x5 é = à metade de 30, o aluno pode responder, 'isso é a sua opinião?'

Este textos e discursos das TLEBS, vistos de fora, parecem dizer coisas profundas e inteligentes, mas basta olhá-lo mais de perto para se ver um enredo de vacuidades, contradições e imprecisões. Conheço pessoas que falam assim para esconderem a vacuidade do seu pensamento.

January 27, 2023

A nova UR[não]SS

 


July 31, 2022

Ou não

 


Ou podemos começar a ter políticas de combate à seca e de ocupação do território. Reverter o processo que nos induziram na altura da nossa entrada para a CEE, como era então chamada: destruir a agricultura, deixar de produzir e em vez disso ganhar um subsídio de Bruxelas. 


/vamos-assistir-a-migracoes-de-sul-para-norte-de-portugal

July 29, 2022

Isto é o quê?

 


O aeroporto de Beja. Novinho em folha, a estrear. Não percebo porque razão se discute o aeroporto novo quando ele já existe e é um dos maiores da Europa.

É por estar a mais de 100km da capital? Então não é muito mais barato e rápido melhorar ou fazer uma linha de comboio rápido? Ou melhorar a auto-estrada em vez de causar danos ambientais e gastar centenas de milhões? Ou isso interessa a alguém?

 Somos um país pequeno. Beja fica a meio caminho entre Lx e o Algarve, era uma boa maneira de separar logo os turistas do Algarve. E ademais, não era bom os turistas, a caminho de Lx ou do Algarve olharem pela janela e verem o Alentejo? Quem sabe se se interessavam em ir conhecer outras paragens? Isso não ia trazer emprego a uma zona do país muito desprezada?

É claro, não sou técnica e não sei fazer uma discussão técnica acerca da localização do aeroporto mas, para além da questão da distância, ainda não ouvi nenhuma objecção ao aeroporto de Beja, novinho e pago, pronto a usar.






March 10, 2022

Os gurus da economia são um perigo

 



Perante o fim da União Soviética e do Bloco Comunista, o autor, o colunista do The New York Times Thomas Friedman, explicava que à medida que o capitalismo (visto como a outra face da democracia) se expandia, as guerras praticamente tornavam-se impossíveis. Se havia McDonald's num país, argumentava, é porque este já tinha uma razoável classe média e as classes médias não gostam de guerras, logo os políticos por elas eleitos não fazem guerras.

Leonídio Paulo Ferreira in e-se-houvesse-mcdonalds-em-1914

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O erro deste raciocínio está no termo, 'eleitos'. Este argumento talvez possa funcionar em democracias onde as classes médias são governadas por eleitos democratica e periodicamente, mas certamente não funciona em regimes autoritários, ditatoriais, onde as cúpulas desprezam os desejos e interesses do povo, mesmo que tenha classes médias. A mim o que me espanta é que políticas baseadas em pensadores com argumentos tão fracos tenham sido e ainda sejam seguidas cegamente. Os gurus da economia são um perigo: baseiam as suas teorias económicas na psicologia, na filosofia na teoria política, como se fossem autoridades nesses campos.

January 11, 2022

Memórias

 


A ler aquele artigo sobre a Ivy League americana, lembrei-me duma situação que já tinha esquecido. Quando acabei o Liceu, como então se chamava, fui fazer exame oral a História. À minha frente estava um colega da turma, que por acaso morava na mesma rua que eu. Vinha acompanhado do seu explicador pessoal, nem mais nem menos que um assistente do pai dele, um historiador, professor universitário. O explicador apresentou-se. Falou nos seus conhecimentos pessoais, entre os quais Oliveira Marques, o historiador fetiche de então. Os professores do júri cumprimentaram-no. Esse colega passou com uma grande nota. 

Isto foi pouco tempo depois do 25 de Abril, quando a maioria dos alunos no Liceu ainda eram, na esmagadora maioria os filhos de uma classe média e classe alta. Não havia alunos da classe média baixa, que agora são a grande maioria. Na minha turma havia netos de grandes figuras do regime deposto. Mesmo assim, muitos alunos passavam por mérito dos explicadores que os pais contratavam. Isso não mudou, só que agora, essas pessoas põem os filhos em colégios particulares, onde estão os filhos dos outros que pertencem à mesma rede de conhecimentos e se protegem uns aos outros, de maneira a não ser preciso mérito para ter sucesso na vida, embora muito o tenham mesmo, pois vêm sendo embalados e alimentados desde o berço num meio cultural rico, o que faz toda a diferença.

Quando olhamos para a iniciativa privada do país: a banca, as indústrias que declararam falências fraudulentas no tempo da troika, os CTT, que desde que foram privatizados prestam um mau serviço (li que fizeram um contrato com o Estado mas ninguém sabe os termos do contrato, é um segredo... pergunto se mete pedincha de dinheiro), as empresas do retalho, o que vemos são administradores incompetentes sempre a pedinchar ajuda que custam milhares de milhões ao Estado e nunca são responsabilizados; administradores sem escrúpulos que despedem sem escrúpulos os trabalhadores para vender tudo ao desbarato; administradores sem escrúpulos  que pagam um salário miserável aos trabalhadores, despedem-nos, roubam os fornecedores, pagam-lhes com atrasos de seis e mais meses... sempre com o apoio do Estado a quem pedincham por tudo e por nada, a quem os bancos dão créditos de borla a que o comum do cidadão não tem acesso, por muito mérito que tenha. Pode dizer-se, 'ah mas o cidadão não tem garantias para os créditos'. Pois, os outros também não os têm (como se vê pelas dívidas incobráveis - ainda ontem li que foram perdoados em nosso nome, pela Parvalorem, mais de 80 milhões a um desses caloteiros), o que têm são amigos nos governos.

Onde está o mérito e a competência dos privados? Há os que o têm e os que não o têm, nem mesmo com todas as vantagens económicas, sociais e culturais em que nascem... No público também há os que não têm nenhuma vantagem e não consegue ultrapassar esse atraso e há os que o têm, mesmo tendo que competir com os outros que nasceram e cresceram sempre almofadados por papás que compram o seu mérito.

Porque é que a saúde e a educação estão como estão? Porque as nossas 'elites' incompetentes têm dado cabo delas com as suas políticas incompetentes de negócio e lucro.


October 18, 2021

O preço dos combustíveis

 


Para quando, transportes públicos de qualidade? Há quantos anos estamos à espera de transportes públicos que legitimem a subida do preço dos combustíveis? Como é que uma pessoa pode ir trabalhar sem automóvel para Lisboa, para escolher a cidade que mais automóveis tem por dia a entrar nas suas artérias e veias, se os transportes são poucos e maus e se depois não tem maneira de regressar a casa?

Um estudante que estude em Lisboa, saia tarde e tenha que fazer trabalho com colegas ou queira ir sair à noite, não tem maneira de voltar para casa, porque os transportes para fora acabam às nove da noite. Quem diz um estudante, diz um trabalhador ou outra pessoa qualquer que vai a Lx e fica para a noite por qualquer razão. E se for outra cidade que não Lx, ainda há menos transportes. 

Porque é que não há, permanentemente, uma faixa só para transportes públicos para entrar na cidade? Entrar e sair da cidade de transportes públicos tem de ser melhor e mais rápido que ir de carro. e tem que haver transportes públicos durante a noite. 

Mesmo quem está dentro de Lx, se tem de fazer uma grande distância para sítios onde não há metro (por exemplo, de Belém para a baixa ou da Expo até Alcântara), tem de enfiar-se em vários autocarros e aguentar mais de uma hora no trânsito porque só na baixa há faixa para transportes públicos - que não é respeitada, diga-se de passagem. E o metro que tem menos carruagens e a passarem com maior intervalo de tempo? E quem diz Lx diz outras cidades. Por exemplo, aqui em Setúbal, a partir da 1 da manhã não há, nem sequer 1 táxi a funcionar. Como é que isto é permitido? 

Qualquer dia temos aqui os Gilets Jaunes. Se bem nos lembramos, foi assim que as coisas começaram em França: resolveram tirar os carros da cidade, subindo os combustíveis, o que atinge os que menos dinheiro têm e por isso vivem nas periferias e não têm maneira de ir para a cidade porque os transportes não são o que tinham de ser. Conseguiram enfurecer, até pessoas que normalmente não se metem em confusões. E em França os transportes são muito superiores aos nossos.

Portanto, acho que somos todos a favor de tirar os carros dos centros urbanos, mas isso não pode ser feito à custa de quem não tem muitas alternativas. Quanto piores e poucos são os transportes públicos, mais as pessoas dependem de carros. Imagine-se uma família com filhos, a ter que distribuí-los de manhã e a fazer isso tudo de transportes públicos. Nem à tarde chegava ao emprego.

Depois, o aumento faz subir o preço da alimentação. Os salários a descer...

Como diz um amigo, com o peso de tanta carga fiscal, estamos todos com uma hérnia fiscal. Uma pessoa é a favor de pagar impostos, se esses impostos melhorarem os serviços, porque se não os melhoram e só servem para empobrecer quem já tem menos... qualquer diz temos aqui os Gilets Jaunes. 


Preço dos combustíveis volta a subir esta segunda-feira

O preço dos combustíveis volta a aumentar esta segunda-feira. A subida vai abranger a gasolina e o gasóleo e rondará cerca de um cêntimo por litro.

O aumento praticamente anula a descida do imposto anunciada pelo Governo. O descontentamento dos consumidores é generalizado.

July 02, 2021

Agora somos obrigados a pagar a publicidade das marcas nos sacos

 


Fui à farmácia e informaram-me que agora é proibido oferecer um saco de papel ou outro qualquer. É obrigatório cobrar dinheiro pelos sacos e não custam 2 cêntimos ou 3 - custam 10, 20 ou 40 cêntimos... dizem que a receita é para causas ambientais... ... assim uma coisa vaga... ... alguém que vai arrecadar muito dinheiro com isto para... causas... 

Enfim, não é que eu seja contra haver um esforço e responsabilização colectivos na questão ambiental, pelo contrário, mas duas coisas incomodam-me: a 1ª é saber que enquanto pagamos mais este imposto a juntar ao excesso de impostos que pagamos, nós que poluímos o mínimo dos mínimos, as indústrias continuam a poluir à descarada, a fazer descargas à vista de todos, a destruir os rios e a sair disso impunes, com o beneplácito dos governos, deixando a factura para nós pagarmos; a 2ª é pagar sacos que vêm com publicidade à loja, neste caso aquela farmácia. Agora sou obrigada, por lei, a pagar a factura da publicidade das lojas? Se é obrigatório pagar os sacos, que seja obrigatório os sacos não terem publicidade a marcas. Não me parece que possa ser legal que além do imposto de ter de pagar o saco onde me põem as compras, tenha ainda que ser obrigada a pagar nos sacos a publicidade de empresas das quais sou cliente e não accionista. Isto é um abuso.


April 08, 2021

Uma entrevista que vale a pena ler




Como é que esta situação se explica? Temos um governo e um ministro dos negócios estrangeiros que governam para agradar a Bruxelas, para as estatísticas de intenção de votos e para os amigos e uma oposição comatosa.

A aposta de Espanha em África "não deixa de ser uma bofetada de luva branca" a Portugal


Susete francisco
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Espanha elegeu o continente africano como uma prioridade e, na sequência, Pedro Sánchez inicia hoje uma visita oficial a Angola. Antigo MNE diz que esta aposta "belisca" os interesses nacionais e que a presidência portuguesa da UE se deixou ficar para trás

África deixou de estar na primeira linha de prioridades da política externa portuguesa e isso vai ter um preço. Antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, antigo embaixador em Madrid, António Martins da Cruz olha com preocupação para a anunciada aposta de Espanha no continente africano, agora concretizada com a visita oficial de Pedro Sánchez a Angola. O diplomata estranha o timing, em plena presidência portuguesa da União Europeia. E não tem dúvidas de que o país vizinho está a apontar à África lusófona.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, inicia esta quarta-feira uma visita de Estado a Angola, depois de Espanha ter apontado África como uma das prioridades da sua política externa. O que é que explica este interesse de Espanha, que sempre teve uma política externa muito centrada na América do sul, no continente africano?

Deixe-me relembrar uma história. Quando eu era embaixador em Madrid, tive uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros, creio que em 2002. E ele disse-me que a Espanha também tinha tido colónias em África porque Angola e Moçambique tinham sido colónias espanholas durante o regime dos Filipes, de 1580 a 1640. Ao que eu lhe disse "desculpe, mas deve estar enganado, porque o que havia era dois reinos com o mesmo rei, e a África, a Índia, ou o Brasil, nunca foram espanholas". O que quero dizer é que isto é uma mentalidade que existe em Espanha. Porquê este interesse agora? Tem a ver com uma revisão que está a ser feita da política externa espanhola e em que as empresas, porventura tendo esgotado as oportunidades na América Latina, se voltaram mais para África. O que é de estranhar é que isto seja feito durante a presidência portuguesa da União Europeia (UE).

É de estranhar? Porquê?
Eu partiria do princípio que teria havido alguma coordenação com o governo espanhol sobre este tema. Mas o que vemos é que, há algumas semanas, foi aprovada a estratégia espanhola para África, e imediatamente a seguir o chefe do governo decide fazer uma viagem a Angola e ao Senegal. Isto quando a presidência portuguesa da UE, que tentou primeiro bater os alemães numa cimeira entre a Europa e a África, e não conseguiu, não vai fazer nenhuma cimeira com África. Por exemplo, a França vai fazer uma cimeira, julgo que no final de junho, com os países africanos... No que diz respeito a África parece-me que a presidência portuguesa da UE está a ficar pelo caminho. E a Espanha, nitidamente, está a somar pontos.

Portugal está a perder terreno?
Se olharmos para o que se passa, por exemplo, em Angola, as empresas portuguesas estão cada vez mais a sair. Por várias razões, por razões económicas, sobretudo, mas também por razões financeiras. Porquê? Porque a banca portuguesa não tem créditos abertos para as empresas que estão em Angola e o próprio sistema de crédito público não está a funcionar como devia. Ao passo que em Espanha estão a aumentar os plafonds de crédito concretamente para Angola e eu noto que há cada vez mais empresas a apresentar projetos em Angola, na construção de hospitais, no tratamento do lixo, nas áreas da Defesa...

A Espanha já disse que quer ser uma voz liderante na União Europeia em relação a África.

Exatamente, foi o que disse a ministra dos Negócios Estrangeiros. E por isso é que aprovou a estratégia espanhola em relação a África. Isto não deixa de ser... Sabendo os espanhóis que a prioridade da política externa portuguesa fora da Europa é África, isto não deixa de ser uma bofetada de luva branca.

Mas estava a dizer que o timing escolhido também quer dizer alguma coisa...

O timing em política quer sempre dizer alguma coisa, sobretudo em política externa. Não sei se houve ou não coordenação com a Espanha sobre este assunto, mas considero que a opinião pública não pode deixar de estranhar que a Espanha entre nas nossas prioridades de política externa durante a presidência portuguesa, num tema que para Portugal devia ser essencial e que afinal, ou não faz parte dos calendários ou, se faz... Tanto quanto sei não está prevista nenhuma viagem do primeiro-ministro português, e mesmo do Presidente, a um dos países da CPLP, Angola, Moçambique ou Cabo Verde, sobretudo. Isso não pode deixar de ter uma leitura significativa

Esse é outro aspeto da questão. Sánchez começa a visita por Angola e, entre as prioridades definidas por Espanha, está também Moçambique. Parece haver aqui uma aposta na África lusófona...

Exatamente. A Espanha, tirando o caso mal resolvido da Guiné Equatorial, não tem um espaço estratégico ou geoeconómico em África. Portanto, fez uma análise e só podia haver três espaços: o inglês, o francês ou o português. Foi pelo elo mais fraco: o espaço português.

O que é que isso representa para Portugal? Uma ameaça?
Não lhe chamaria uma ameaça, mas a Espanha está a beliscar interesses primordiais para a política externa portuguesa. Enquanto para Espanha a América Latina - depois do Mediterrâneo - são os grandes interesses da política externa fora da Europa, para nós é claramente a África. Portanto, ao vermos a Espanha avançar desta maneira numa altura significativa para a política externa portuguesa, que é a presidência da UE, que só temos de dez em dez anos, não pode deixar de ser uma beliscadela.

Um desafio?
É mais que um desafio, é uma pedra no sapato.

E Espanha tem condições para assumir essa voz liderante com África no espaço da UE?

Tem seguramente. Por várias razões. Primeiro porque, com o brexit, a Espanha passou a ser um dos quatro países mais importantes da UE. Segundo porque tem dimensão na sua política externa. Terceiro porque tem uma economia global, com grandes empresas e grandes bancos que estão em todos os sítios no mundo, porque não em África? Se em Portugal os principais bancos são espanhóis, se há cada vez mais empresas espanholas, na construção, na tecnologia, nas zonas importantes da economia, porque é que não hão de ir para África? E quarto porque a Espanha, de há uns anos para cá, está a ter uma presença constante e muito acentuada na chamada África portuguesa - em Cabo Verde, em Angola e em Moçambique. Em Cabo Verde, uma das ilhas é praticamente espanhola, todos os hotéis são espanhóis, foi a Espanha que reconstruiu o aeroporto. Em Angola, as empresas espanholas estão presentes e a banca espanhola dá créditos às empresas para entrarem lá. Coisa que a banca portuguesa não faz e a COSEC faz ainda menos. Em Moçambique a Espanha está a olhar para aquilo que se passa no gás natural. A Repsol ainda não avançou, mas segundo me dizem vai avançar agora em Angola. Portanto, as empresas espanholas, que têm uma dimensão universal, estão atentas áquilo que podem chamar o espaço soft de África, o espaço onde podem entrar, que é o espaço da língua portuguesa.

Porque é que é mais fácil às empresas espanholas entrar nesse espaço?
Uma das razões é porque no espaço da língua inglesa e francesa têm competidores grandes. A Inglaterra, com o brexit, está a virar-se cada vez mais para a Ásia e para África - e vamos ver consequências disso em Angola e Moçambique, seguramente. E a França também - em Moçambique a Total é hoje o primeiro investidor no gás e, em Angola, é a primeira empresa no petróleo.

Portanto, estamos no meio de uma luta de interesses de gigantes.
Seguramente. E Portugal continua a olhar para o umbigo de Bruxelas.

Diria que há aqui falta de preocupação, e de ação, das autoridades portuguesas?

De preocupação não diria, de ação seguramente. Não vimos, nos últimos tempos, a África ser uma prioridade da política externa. Podíamos ter aproveitado a nossa presidência com aquilo que são as prioridades da nossa política externa. Em relação a África não vimos nada, só tentativas que depois não se concretizaram. Até a ajuda a Moçambique ficou pelas boas intenções.

Portanto, Portugal está a desguarnecer este flanco?

Sim, mas isto não vem de agora. Desde há alguns anos para cá o que vemos é que África deixou de estar na primeira linha das preocupações da política externa.

Desde quando? De que período é que estamos a falar?

Concretamente dos governos de Pedro Passos Coelho e António Costa. Obcecados, um com a troika, o outro com a recuperação, primeiro privilegiaram o diálogo com a Alemanha, depois privilegiaram o diálogo com Bruxelas. Nós padecemos de umbiguismo em relação a Bruxelas. É muito importante para Portugal, mas nós somos um país com uma política externa universal, da qual nos orgulhamos muito, e estamos a perder a universalidade. Isso é um erro de que nos vamos arrepender daqui a uns anos, estamos a perder interlocutores em África. Hoje em dia Portugal não tem os interlocutores em África que tinha há 15 ou há 20 anos. Não tem. Nem no aspeto político, nem no aspeto empresarial. Repare: eu não estou contra que se olhe para Bruxelas, é uma prioridade para Portugal desde 1986. A Europa para nós é a prioridade. Não pode é ser a única e parece que agora é a única.

Um exemplo?
Nós vamos ter uma cimeira com a Índia no Porto. Muito bem, a Índia é hoje em dia um país importantíssimo e com qual temos de falar. Agora, não nos sentimos confortáveis para fazer, durante a presidência portuguesa, uma cimeira com os países da CPLP? Mas porquê? O presidente João Lourenço não vinha a Lisboa? Ou o Presidente Nyusi? Ou o presidente Bolsonaro? E porque é que a CPLP agora é por Zoom? Eu sei que há limitações sanitárias, mas se fazemos uma cimeira com a Índia, porque é que não fazemos com os nossos irmãos da CPLP? Porquê? Têm medo de tirar uma fotografia com o Bolsonaro? A política externa não é uma questão de foto oportunity, não são oportunidades de fotografia, a política externa vai para além disso.


January 18, 2021

Isto serve para vermos como a política, em geral, está minada de gente estúpida

 


Há meia dúzia de anos, durante uma semana não se falou de outra coisa senão do presidente dos EUA ter aparecido com um fato bege. Os republicanos falaram disso como um grande escândalo e os jornalistas, sérios e menos sérios, puseram as mãos à cabeça. Passada uma meio dúzia de anos tinham um Presidente atolado em negócios escuros que se gabava de abusar de mulheres e que incitava ao ódio e à discriminação e achavam tudo normal e desejável. É este tipo de pessoas que manda nos países e influencia a opinião alheia.


December 12, 2020

Mais de 10.000 pessoas despedidas no plano de restruturação da TAP

 


... e 3,700 mil milhões. Contas iniciais... Foi para isto que nacionalizaram a TAP?? E o ministro já chorou a limpar a sua alma e poder ir à sua vidinha?


November 08, 2020

3ª lei de Newton

 


A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade. Os governos desregraram de tal modo as profissões, abusaram dos profissionais, incentivaram a contratação de qualquer um, com ou sem formação, para proletarizar os seus trabalhadores, que estes se viram constrangidos, ao ponto de criarem ordens para se proteger dos abusos dos governos. Agora queixam-se da rigidez das profissões mas foram os governos que criaram as condições para que isto acontecesse. É sempre a mesma coisa: abrem a caixa de Pandora tal qual como no mito, pensando que tiram de lá só o mal que vos interessa e depois podem fechá-la outra vez. Pois, não podem, por causa daquela lei da física. E as queixas deste senhor são queixas de quem quer manipular e abusar e de repente vê que já não pode fazê-lo como era costume. Aliás, este mesmo que se queixa de os sindicatos já não terem o poder que têm faz parte de um partido que foi conivente na destruição do poder negocial dos sindicatos através da distribuição de prebendas e cargos a sindicalistas. Mas ele queria acção sem reacção... vive no La La Land.


Pôr as profissões na ordem

Pedro Adão e Silva

(...)
Só que o que se tem passado nas últimas décadas, com um ímpeto imparável de criação de ordens para profissões que não são exercidas em regime liberal, é do domínio do absurdo. Temos, neste momento, por exemplo, ordem dos biólogos, dos contabilistas certificados, dos despachantes oficiais, dos veterinários, dos nutricionistas e, agora, dos assistentes sociais, tendo o parlamento já aprovado mais uma, a dos fisioterapeutas.

Esta multiplicação de ordens tem servido para que os bastonários se tenham transformado em dirigentes sindicais — o que manifestamente não podem ser —, enquanto se desvaloriza, de facto, o sindicalismo enquanto instância própria para reivindicações laborais de natureza política. Os papéis contraditórios desempenhados pelos bastonários permanecem um traço marcante da degradação do debate público em Portugal, que prejudica a defesa do interesse comum e as próprias exigências legítimas dos grupos profissionais que defendem. Pelo caminho, em muitos casos, enquanto exorbitam das funções que a lei lhes atribui, as ordens vão-se esquecendo de pôr termo às más práticas deontológicas dos seus membros.

Mas, porventura, o aspeto mais negativo da criação em catadupa de ordens é o contributo para o fechamento por exclusão de um mercado de trabalho já de si muito rígido como o português. O caso da ordem dos assistentes sociais é paradigmático: uma atividade profissional que, no passado, foi exercida por pessoas com formações diversas (de economistas a sociólogos passando por psicólogos) passa, agora, a ser desempenhada em exclusividade por licenciados em serviço social.

À atenção do senhor Costa: então que é isto?

 


Por acaso o senhor não fez um acordo simétrico a este no continente? Fez. Por acaso o BE não é, para a maioria das pessoas de direita, um partido de extrema-esquerda? É. Então que é esta cena se foi o senhor mesmo a dar o exemplo? Abriu a caixa de Pandora, agora está aberta.

Acordo com "extrema-direita xenófoba" nos Açores ultrapassou uma "linha vermelha" da "direita democrática", acusou António Costa...

July 12, 2020

Estratégias políticas que não entendo



Estou convencida que o CDS, a seguir este rumo, vai desaparecer para o Chega nas próximas eleições. O PSD vai perder uma grande fatia de eleitorado e o Chega vai crescer à custa destes dois partidos. Como se diz no showbiz, bad publicity is better than no publicity. Deixou de ouvir falar-se no CDS, não sabemos se tem algum projecto, não faz oposição, só fala no Chega. O PSD era um partido que, tradicionalmente, tinha sempre muito lugar nas notícias porque tinha muito debate interno. Havia sempre sociais-democratas discordantes e o partido fazia uma oposição robusta ao partido do governo. Pois agora não se fala do PSD a não ser de vez em quando para noticiar as parvoíces de Rio que fazem mais mossa que os críticos do partido.
Repare-se que apesar do PS dominar a quase totalidade dos meios de comunicação social ao ponto de mandar embora vozes discordantes, o Ventura anda sempre nas bocas do mundo.

Na AR, aquele coitado intelectual e mau exemplo ético que faz de Presidente da Casa pensa sinceramente que está a livrar o país do fascismo que aí vem com o Ventura e adopta comportamentos próprios de regimes autoritários para calar o homem do Chega. Faz uma perseguição tão óbvia ao homem que só lhe arranja adeptos e seguidores.
Nas próximas eleições o Chega vai rapar o prato dos partidos que deviam ser oposição, CDS e PSD, já que os outros da AR estão comprometidos com o governo. O CDS corre o risco de desaparecer ou de, pelo menos, trocar de lugar com o Chega: fica com um deputado sozinho ao lado das cadeiras do Chega que antes eram suas. Não vai ser bonito de ver, mas é o que provavelmente vai acontecer.


Contra a higienização académica do racismo e fascismo do Chega

Enquanto investigadoras e investigadores, defendemos que a produção de conhecimento académico não se coaduna com propósitos de normalização, legitimação e branqueamento de um partido racista e com desígnios antidemocráticos.

May 07, 2020

Se a Graça Freitas diz que é tudo seguro nas escolas, ela que é uma especialista e frequenta muito as escolas, ficamos logo descansados...




DGS diz que não há motivos para pais impedirem filhos de irem à escola
Voltar às aulas "com toda a confiança", desde que todos mantenham esforços para usar barreiras físicas e desde que se cumpra o distanciamento social: é a mensagem que Graça Freitas faz questão de deixar.

April 16, 2020

Porque continuamos a deixar fugir tantos bons trabalhadores?



Em idade jovem, de construir família e contribuir para a economia do País? Porque damos prioridade a banqueiros e outros que tais em detrimento de quem põe o país a andar. Não são só os enfermeiros que emigram, outras profissões também fogem da falta de reconhecimento que há aqui. Em 2019, a Inglaterra recebeu 2000 pedidos de imigração de enfermeiros portugueses. Só a Inglaterra, fora os outros países para onde emigram.

O que é que os enfermeiros portugueses têm que faz os britânicos gostarem tanto deles?


Cansada de trabalhar a recibos verdes num hospital privado, a enfermeira lisboeta decidiu, em 2014, rumar a Telford, uma cidade com mais de 140 mil habitantes no norte de Birmingham. "Quando disse que ia emigrar ofereceram-me um contrato efetivo, mas a decisão já estava tomada", recorda Marlene Gonçalves.
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O enfermeiro de 35 anos fala de um reconhecimento social da profissão muito maior em Inglaterra do que em Portugal:
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"Neste momento nem se fala do Brexit, mas não penso que a saída da União Europeia seja um problema para os enfermeiros", resume Sílvia Nunes.

Os três enfermeiros ouvidos pela TSF, têm ainda mais uma coisa em comum. Com filhos já nascidos do outro lado da mancha não pensam regressar a Portugal.

"Temos saudades da família e do país, mas não está no nosso horizonte nem sei se algum dia estará", assegura Marlene Gonçalves. Já Sílvia Nunes mostra-se mais cautelosa. "Não penso regressar a Portugal, não está fora de hipótese, mas por enquanto não está em cima da mesa."