October 20, 2024
October 16, 2024
Uma lição para as mulheres: nunca abandonem estudos por nenhuma relação, por mais segura que pareça; e não fiquem a depender financeiramente de maridos
Vamos lá falar de pensão de alimentos e de compensação pelo trabalho doméstico
Toda a miríade de tarefas que cai em cima das mulheres num casamento, sobretudo quando há filhos, tem custos financeiros para elas – e ganhos financeiros para eles.
Maria João Marques
(...) o divórcio do jogador de futebol João Palhinha e a sua proposta de pagar uma pensão de alimentos ao filho de quase dois anos de 500€, valor que arrepia tendo em conta que o atual ordenado de Palhinha se situará à volta do milhão de euros mensais.
Desde a lei do divórcio de 2008, desse grande feminista José Sócrates, as mulheres ficaram penalizadas no pós-casamento, considerando-se que cada um dos ex-cônjuges deve prover ao seu sustento – e já se viu que, havendo filhos, é uma fórmula francamente castigadora das mulheres. Também se previu, nessa lei, compensação para o cônjuge que desproporcionalmente desempenhe as tarefas domésticas e de cuidado no casamento, renunciando excessivamente aos seus interesses próprios. O princípio é bom, mas vago e insuficiente.
September 22, 2024
A violência contra as mulheres está a aumentar no mundo
Espanha pretende abolir a prostituição
País vizinho realizou o primeiro macro-estudo sobre esta realidade, e quer legislar
Pelo menos 114 576 mulheres vivem em situação de prostituição em Espanha, 80% das quais - 92.496 - estão em risco de exploração sexual. Os dados são do primeiro macro-estudo sobre a prostituição feito no país, divulgado esta semana. “O que não se fala não existe. É necessário ter um número aproximado de uma população oculta e de difícil acesso como as mulheres vítimas de tráfico, exploração sexual e prostituição, para podermos conhecer a magnitude do problema e enfrentá-lo com políticas públicas”, afirmou Ana Redondo, ministra da Igualdade.
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A violência contra as mulheres está a aumentar no mundo com mais crimes e mais violentos e tentativas de cortar ou até abolir direitos fundamentais como o direito à IVG (os EUA estão a talibanizar-se em muitos Estados republicanos onde vigora a seita neo-calvinista evangélica) ou o direito ao trabalho (aqui no país houve, há pouco tempo, uma tentativa de inscrever na Constituição que o lugar das mulheres é em casa - subordinadas aos maridos). Nos países islâmicos onde houve uma grande evolução nos anos 70 e 80 e depois na Primavera Árabe, há agora uma regressão à escravatura - não metafórica. No Brasil e América Latina obrigam-se raparigas de 10 anos a ter filhos de incesto e mulheres a ter filhos de violadores. Há pouco tempo um adolescente matou várias raparigas que gostam de Taylor Swift. Os Incels perseguem e aterrorizam mulheres. Os crimes de violência doméstica são a causa de quase metade das mortes de mulheres na Europa.A pornografia afecta a forma como as pessoas vêem o mundo, os seus semelhantes e as relações sociais. Se a pornografia é, o que a pornografia faz, o mesmo acontece com outros discursos e práticas. Os discursos de Hitler afectaram a forma como alguns alemães viam os judeus.
Alguém na República de Weimar, em 1930, que pensasse que Hitler e os nazis deviam ser encerrados porque o seu discurso era muito perigoso, estaria de facto correcto: Hitler e os nazis tornaram claro o mal que pretendiam fazer.
Parece que a misoginia está em todo o lado e está a piorar: nos últimos cinco anos, em Inglaterra e no País de Gales, os crimes violentos contra mulheres e raparigas aumentaram 37%. Alona Ferber escreve sobre o fluxo constante de histórias de abuso masculino contra mulheres.
A misoginia não é ódio contra as mulheres. A misóginia é desejo de poder e controlo sobre as mulheres. São os homens a querem voltar ao tempo em que tinham (pelo menos) uma mulher que dependia deles económica e socialmente e a quem podiam bater ou até matar porque tinham sobre elas poder absoluto. Não faz três séculos, via-se mulheres com freios de castigo que na prática eram uma gaiola de ferro que lhes enfiavam na cabeça com um freio com espigões na boca para não poderem falar. Podias ser passeadas pelas ruas, por ordem dos maridos, para serem mais humilhadas. As mulheres que tinham actividades de curandeiras ou outras que pudessem competir com homens eram acusadas de bruxaria e queimadas, para aprenderem que o seu lugar era sempre atrás dos homens. No século XX pais e maridos que entendiam que as filhas e mulheres tinham demasiadas opiniões mandavam fazer-lhes uma lobotomia - sendo o caso da filha dos Kennedys o mais famoso. Até há uma vintena de anos era legal um marido violar a mulher pois esta tinha de cumprir os votos do matrimónio que Deus mandava, sempre que ele quisesse.
September 05, 2024
Porque é que o TPI ainda não se moveu contra os talibãs?
Não há nenhuma dúvida que os talibãs estão a enterrar as mulheres afegãs, ainda vivas. Estão até proibidas de olhar para pessoas se não forem mulheres! E é evidente que não podem escudar-se na questão da tradição cultural dado que as pessoas a quem se dirigem estas violações grosseiras de direitos humanos são metade da população, estão contra a suposta 'tradição' e pedem ajuda internacional - e muito provavelmente haverá muitos homens afegãos também contra estas medidas que transformam as mulheres em escravas sexuais dos homens.
Penso que a petição de que fala o artigo do El País devia ser internacional e não devia ser só em nome de mulheres pois é evidente que qualquer homem minimamente decente também a assinaria.
O facto é que, desde que Guterres chegou à ONU os direitos das mulheres recuaram 500 anos. Países onde há muito se tinha legislado a proibição da mutilação genital feminina voltaram atrás: pois se os afegãos podem manter toda a população feminina como escravas sexuais, desde a mais tenra infância e serem recebidos com honras pela ONU, porque não podem os outros machos que andam por aí pelo mundo com esses anseios fazer o mesmo?
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Um grupo de mulheres espanholas iniciou uma recolha de assinaturas para instar o governo a iniciar um processo junto do Tribunal Penal Internacional para declarar o tratamento dado às mulheres e raparigas afegãs como um crime contra a humanidade.A carta que recolhe as assinaturas diz: “Nós, mulheres de todo o mundo, de diferentes áreas e profissões, nós que temos uma voz, estamos chocadas e queremos levantar a nossa voz em apoio às mulheres e raparigas do Afeganistão”.
August 25, 2024
Ter o poder durante milénios e agora ter de o partilhar ou até largar
Conheça os incels e os anti-feministas da Ásia
Ameaçam agravar ainda mais o declínio demográfico da região
Kim woo-seok, um cozinheiro de 31 anos de Seul, cresceu a questionar a forma como a sociedade trata as mulheres. Tinha pena da sua mãe que ficava em casa. Considerava-se um feminista mas, nos últimos anos, as suas opiniões mudaram.
Nos países avançados, o fosso entre os sexos aumentou, com os homens jovens a tenderem a ser mais conservadores e as mulheres jovens a tenderem a ser mais liberais. Esta tendência é particularmente notória na Ásia Oriental.
À primeira vista, isto pode não parecer assim tão invulgar. Grande parte da Ásia Oriental tem tendência a ser bastante patriarcal. O Japão e a Coreia do Sul são os países com pior desempenho no índice “glass-ceiling” da revista The Economist, que mede o grau de compatibilidade do ambiente de trabalho com as mulheres em 29 países ricos.
Mesmo assim, a vida das mulheres melhorou em grande parte da região. A “preferência pelo filho” da Ásia Oriental está a desaparecer, esperando-se que tanto os rapazes como as raparigas tenham um bom desempenho escolar.
Este sucesso é a primeira causa da reação adversa. Os jovens estão “rodeados de mulheres que se saem melhor na escola ou que se destacam no trabalho”, afirma Lee Hyun-jae, da Universidade de Seul.
Outro fator é o facto de os homens da Ásia Oriental viverem em tempos económicos menos optimistas do que os dos seus pais. O Japão assistiu ao rebentar da sua “economia de bolha”, pondo fim a décadas de crescimento notável, em 1991. A Coreia do Sul foi duramente atingida por uma crise económica em 1997. Os jovens nascidos desde então viveram numa época marcada por um crescimento lento. O modelo de trabalho “assalariado” a tempo inteiro foi-se desgastando, com o aumento dos empregos precários ou a tempo parcial.
Entretanto, o mercado dos encontros está a tornar-se mais brutal. Há cada vez menos pessoas a casar: mais de 60% das mulheres japonesas com vinte e poucos anos não são casadas, o que representa o dobro da taxa registada em meados da década de 1980.
As tendências matrimoniais são semelhantes na Coreia do Sul e em Taiwan, enquanto os partos fora do casamento continuam a ser raros. Isto significa que os países estão a envelhecer e que não estão a nascer bebés suficientes para sustentar a população.
Outro fator é que a raiva contra as mulheres está a ser alimentada online. Kim, o cozinheiro, segue Bae In-gyu, um influenciador no YouTube que lidera o New Men on Solidarity, um grupo de defesa dos direitos dos homens. Bae afirma que “o feminismo é uma doença mental”. Na Coreia do Sul, um insulto online popular entre os homens é kimchinyeo ou “kimchi bitch”, um termo que implica que as jovens coreanas são materialistas, controladoras e dispostas a viver parasitariamente à custa dos homens. No Japão, tsui-femi, que é a abreviatura de “Twitter feminists”, tornou-se um termo depreciativo.
À semelhança dos incels (ou celibatários involuntários) no Ocidente, surgiu um grupo de homens japoneses conhecidos como jakusha-dansei ou “homens fracos”. “Quando se trata de encontros, as mulheres têm um poder de decisão esmagador”, diz Horike Takeshi, um japonês de 25 anos que nunca teve uma namorada. Ele identifica-se como um “homem fraco” devido ao seu baixo rendimento e à falta de sex appeal para as mulheres.
Os políticos da Coreia do Sul estão a ceder a estes jovens eleitores masculinos zangados. Yoon Suk Yeol, o actual presidente, fez campanha há dois anos com a promessa de abolir o ministério da igualdade de género. Afirmou que o feminismo está a prejudicar “as relações saudáveis entre homens e mulheres”.
A vizinha Taiwan enfrenta desafios semelhantes. Os seus homens também têm de cumprir o serviço militar, embora por um período muito mais curto. Mas, segundo Huang Chang-ling, da Universidade Nacional de Taiwan, não existe ali um movimento anti-feminista organizado. A frustração dos jovens taiwaneses, ao contrário da dos sul-coreanos, “não se tornou suficientemente forte para ser explorada por qualquer político”, diz Huang. Da mesma forma, no Japão, onde não existe serviço militar obrigatório, os políticos ainda não decidiram estimular o voto incel.
O aumento do sentimento anti-feminista é um mau presságio para as taxas de natalidade da região. Na Coreia do Sul, um inquérito governamental revelou que mais de 60% dos homens coreanos na casa dos 20 anos acreditam que casar e ter filhos é “necessário” para as suas vidas.
economist.com/asia/meet-the-incels-and-anti-feminists-of-asia
June 07, 2024
Uma monarca do Irão
Moeda de Musa, uma escrava italiana que foi oferecida pelo imperador romano Augusto ao rei Fraates IV de Pártia, em 20 a.C.
Este rei, Fraates IV, assassinou o seu pai e todos os seus trinta irmãos. Foi atacado em 36 a.C. pelo general romano Marco António e posteriormente veio a concluir um tratado com Augusto pelo qual a Pártia devolvia prisioneiros romanos e as águias conquistadas e reconhecia a supremacia de Roma sobre a Arménia.
Musa rapidamente se tornou a favorita do rei. Em 2 a.C., envenenou-o, assumiu o trono e tornou-se a primeira de, apenas 3 mulheres, em toda a história do Irão, a governar como monarca.
April 09, 2024
Os movimentos anti-IGV roubaram aos trans a estratégia de usar argumentos dos direitos das mulheres para tirar direitos às mulheres
Os movimentos anti-IGV roubaram aos trans a estratégia de usar argumentos dos direitos das mulheres para tirar direitos às mulheres.
Os homens que insistem que eles é que devem decidir sobre a saúde e o corpo das mulheres, deviam ser obrigados a fazer uma vasectomia: é inofensivo e reversível. Quanto aos padres, que não se calam com o assunto mas recusam-se a ter filhos, revertam a lei do celibato e vão procriar como o vosso Deus manda, com as mulheres que querem ter filhos.
Será o aborto “uma arma da opressão das mulheres”?
Ativistas antiaborto estão a apropriar-se da linguagem dos direitos das mulheres para fazer avançar a sua agenda. Cabe-nos resistir.
Consciente de que a opinião pública é cada vez mais favorável à liberdade de escolha das mulheres, o movimento antiaborto foi forçado a adaptar-se, tendo desenvolvido argumentos aparentemente pró-mulher na defesa da criminalização do aborto. Estes argumentos assentam frequentemente na premissa de que o aborto põe em risco a saúde das mulheres e a sua liberdade.
O aborto é representado como inerentemente traumático, comportando riscos elevados para a saúde física e mental de quem aborta, apesar de este procedimento ser menos perigoso do que levar uma gravidez até ao fim. A criminalização aparece assim como uma exigência de saúde pública, que desvaloriza o papel das mulheres enquanto decisoras e as considera incapazes de consentir de forma informada num procedimento médico.
Estudo: cada gravidez afecta o envelhecimento biológico e diminui a esperança de saúde e de vida das mulheres
Os homens que insistem que eles é que devem decidir sobre a saúde e o corpo das mulheres, deviam ser obrigados a fazer uma vasectomia: é inofensivo e reversível. Quanto aos padres, que não se calam com o assunto mas recusam-se a ter filhos, revertam a lei do celibato e vão procriar como o vosso Deus manda, com as mulheres que querem ter filhos.
Gravidez acelera o envelhecimento biológico em mulheres jovens e saudáveis
Investigação, publicada na revista The Proceedings of National Academy of Sciences, foi liderada por uma equipa da Escola de Saúde Pública Mailman da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos.
(...) cada gravidez a mostrar estar associada a mais dois a três meses de envelhecimento.
Um resumo do artigo divulgado pela revista destaca que estudos anteriores já tinham associado o nascimento de vários filhos a uma diminuição da esperança média de vida e da saúde numa idade mais avançada. Ou seja, outras descobertas tinham já demonstrado que uma fertilidade elevada e ter filhos pode ter efeitos secundários negativos na saúde e na longevidade das mulheres.
Envelhecimento associado à maternidade não atinge os homens
O principal autor do estudo salienta que a descoberta aponta para algum aspecto da maternidade como motor do envelhecimento biológico, em vez de factores socioculturais associados à fertilidade precoce ou à actividade sexual.
November 26, 2023
#UnitedAgainstDictators
Meet my powerful sisters. Women across the globe are united to eliminate violence against women.
— Masih Alinejad 🏳️ (@AlinejadMasih) November 26, 2023
Our sisterhood is beyond, color, race, & geography.
At World Liberty Congress, there are hundreds of #women who, at great risk refuse to be silent.
pic.twitter.com/NXq5LFTe1F
October 13, 2023
Um dos problemas destes países é a total ausência de mulheres em lugares de decisão
São governados por homens religiosos, extremistas e bélicos. As mulheres, em geral não sei se por educação ou por níveis mais baixos de testosterona, são menos bélicas que os homens, mas nestes países, sobretudo nestes países teocráticos onde as mulheres são vistas como seres inferiores ou ao nível das crianças, a sua influência é irrelevante.
Omid Djalili
October 08, 2023
Completamente de acordo
Um homem ganhou o concurso de Miss Portugal. Um homem disfarçado de mulher, ou mascarado, ou operado. Mas um homem. Alguém que nasceu com os cromossomas XY e que, por mais estética que aplique, por mais cirurgias a que se submeta, morrerá XY.
(...)
Qual Patrícia Mamona, qual Telma Monteiro, qual Vanessa Fernandes, qual quê. Fernanda Ribeiro? Rosa Mota? Já foste. Não tarda nada e as mulheres acabarão acantonadas nos becos sem saída das nossas sociedades, emparedadas, reduzidas a restos porque os homens usurparam o seu lugar. Ficarão remetidas ao papel de prenhas e parideiras. Barrigas de aluguer de borla. Nem para relações sexuais servirão. E isto enquanto não chegam os úteros artificiais, claro. Depois, nem isso. Serão apagadas, silenciadas, enfiadas em alguma cozinha, porão ou cave.
E não venham com tentativas de silenciamento e exclusão, insultando quem isto denuncia de homofóbico, transfóbico, intolerante, anacrónico. Se a invasão dos homens nas esferas das mulheres e se o esbulho dos nossos talentos, méritos ou dons não é machismo, patriarcado, opressão, então o que será?!
Não se trata de discurso de ódio. Aliás, há mais ridicularização das mulheres por homens que se fazem passar por nós, apresentado-se em modo caricatura e cravejados de maneirismos e meneios disformes, do que em qualquer problematização desta agenda. Aliás, é evidente que martelar esta ideologia serve sobretudo para dividir e reinar. Eis os orgulhosamente anti-mulher. Orgulhosamente Sós. Só eles. Os neófitos orgulhosamente sós. Ao pé disto, qualquer ficção de Margaret Atwood parece um históriazinha. Para meninas.
August 06, 2023
Afeganistão - um inferno sem fim à vista
July 15, 2023
O extremo da sub-representação das mulheres: o Irão
Também cá as mulheres estão sub-representadas. Quando olhamos o governo, a presidência, o Parlamento, o TC e as autarquias, as mulheres são uma pequena minoria. Sempre sub-representadas. Os seus problemas sempre no fim das prioridades e, quando considerados, o seu ponto de vista é desprezado. Só no governo temos vários machistas e um dos maiores é o ME, que despreza os professores, penso, por serem uma grande maioria de mulheres.
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Um tribunal penal de Teerão condenou uma mulher acusada de desrespeitar as regras obrigatórias relativas ao hijab a seis meses de prisão, a dois anos de proibição de viajar e a frequentar seis meses de sessões de aconselhamento para tratar da sua "doença mental".
Uma fotografia da decisão do tribunal começou a circular nas redes sociais a 10 de julho, provocando a indignação dos iranianos face ao número crescente de casos contra mulheres que desafiam as leis do uso obrigatório do véu.
As mulheres desafiantes têm sido presas, intimadas pelas autoridades e enfrentado processos judiciais, e centenas empresas encerradas por não obrigarem as suas seus clientes aos rigorosos códigos de vestuário da República Islâmica.
Uma ativista civil de Teerão, que optou por não usar o hijab em público, disse à IranWire que o sistema judicial iraniano procura "humilhar as mulheres e minar os seus esforços para criar mudanças sociais".
O tribunal afirma que os serviços de segurança ocidentais "exploram esta doença, promovendo a sua agenda anti-iraniana no seio da sociedade iraniana".
Um amigo da mulher disse ao IranWire que ela foi julgada à revelia: "Há cerca de um mês, ela recebeu uma SMS inesperada a instruí-la para clicar numa hiperligação para ver um aviso do tribunal relacionado com a sua alegada violação do hijab. Depois de clicar na hiperligação, descobriu o texto da convocatória do tribunal, que indicava que estava a ser processada por ter retirado publicamente o hijab da cabeça e exigia que comparecesse em tribunal numa data específica".
"Ela manteve a sua inocência, explicando que não tinha cometido qualquer crime e que o lenço tinha simplesmente caído enquanto caminhava".
A fonte acrescenta que a sua amiga, que decidiu não comparecer na audiência, recebeu um SMS cinco dias depois da data marcada para a sessão em tribunal, dizendo que ela tinha sido condenada à revelia.
As investigações do IranWire revelaram que o governo não suporta os custos das sessões de psicoterapia impostas pela justiça. Estas sessões são frequentemente efectuadas a um preço exorbitante por clínicas associadas ou próximas do poder judicial. "As pessoas têm de suportar os custos sozinhas e gastar um mínimo de 26 milhões de tomans (520 dólares) duas vezes por semana durante seis meses", diz uma pessoa com conhecimento do assunto.
June 24, 2023
Olhares de artistas
O que gosto nesta pintura: ela está morta mas, ainda não fazendo parte do substracto universal (ainda tem o olhar vivo e nostálgico), já faz parte do substracto universal (como todos os vivos).
American
Untitled #153 1985
Chromogenic color print
170.8 x 125.7 cm
June 22, 2023
Aniversários - Octavia Butler
Quando começou a publicar, na década de 1970, os autores brancos do sexo masculino dominavam o género da ficção científica. O talento de Butler desafiou o status quo e ela tornou-se a primeira mulher negra a receber os prémios Nebula e Hugo e a primeira autora de ficção científica a receber uma bolsa MacArthur "Genius Grant".
O pai de Butler morreu quando ela tinha sete anos e ela foi criada pela mãe e pela avó num rigoroso lar batista, o que lhe deu uma base bíblica que mais tarde utilizaria nas suas histórias. A dislexia dificultou-lhe a vida escolar e a sua estatura muito elevada (1,80 m aos quinze anos) tornou-a ainda mais tímida.
Como os misóginos triunfam usando o estratagema da inclusão
E quantas mulheres, por receio de irem contra a maioria e ainda serem mais silenciadas são campeãs desta nova linguagem sexista onde os homens continuam a ser homens mas as mulheres já não existem ou são, 'não-homens', logo, definidas identitariamente pela sua relação aos homens?
Há pouco tempo um deputado socialista defendia que a AR ia legislar que os rapazes pudessem frequentar os balneários e casas-de-banho das raparigas nas escolas, para obrigar os professores (que são maioritariamente mulheres) a ver os nascidos sexualmente rapazes, agora trans, como mulheres - na sua cabeça misógina, é ele e outros como ele que dizem às mulheres como devem ver, como devem pensar e como devem agir. Os direitos das raparigas e a sua segurança, que se danem...
Esta “não-homem” pronuncia-se
É muito curioso — e indecoroso — como a emergência da supremacia das discussões dos temas “trans” terminou em perfeita sintonia com o maior conservadorismo sexista.
Há dias, calhei passar pelo glossário LGBTQ da universidade americana de Medicina Johns Hopkins, publicado ao abrigo das iniciativas de “diversidade e inclusão” — e, incrivelmente, o objetivo não era tornar piada as tais diversidade e inclusão. Entre os termos “glossados”, constava lá a definição de “lésbica”, que cito (e traduzo):
Escusado dizer que a definição de “gay” neste glossário não nos oferecia a mesma treta. Continua a estar na definição “Homem Gay: um homem que é emocionalmente, romanticamente, afetivamente ou relacionalmente atraído por outros homens ou que se identifica como membro da comunidade gay.” (Tradução minha.) Não há cá não-binários que se identificam como gays. E tiveram o cuidado de definir “homem gay”, mas não “mulher lésbica”.
Isto não é brincadeira. Nem a história do parágrafo acima, nem o glossário, nem a realidade que ilustram. As palavras contam e representam realidades concretas. As mulheres foram milenarmente oprimidas pela força física dos homens — o que também se concretizou em força política, força económica e força cultural. Fomos oprimidas ao longo dos milénios pela nossa capacidade reprodutiva e por sermos objetos para o prazer sexual dos homens. Estas realidades contam e definem muito do que ainda vivemos no mundo, mesmo o legalmente já igualitário. Não fomos oprimidas por usarmos maquilhagem e vestidos e cor-de-rosa. Fomos oprimidas pelo nosso sexo, não pelo género com que nos identificamos.
É muito curioso — e indecoroso — como a emergência da supremacia das discussões dos temas “trans” terminou em perfeita sintonia com o maior conservadorismo sexista. Por um lado, o reforço férreo dos estereótipos de género. Não é mulher quem assim foi socializado e tem a biologia feminina — o que vai muito além das diferenças no aparelho reprodutor e no tamanho — mas quem gosta de maquilhagem, saias, cozinhar, saltos altos e demais performatividade da feminilidade tradicional. O que define uma mulher é a quantidade de batom que usa, não a experiência de viver com anemia causada pela menstruação — e, já agora, de ver todos os problemas de saúde específicos de mulheres desconsiderados por médicos e medicina.
Uma mulher escreveu um livro? Uma sonata? Pintou umas paisagens ali pelo meio do século XIX? Vamos fingir que nada disto sucedeu, nem mencionamos, forçamos o esquecimento — assim é mais fácil garantir que o génio e o talento da humanidade sempre habitou nos homens e não nas mulheres. Há dias, a Visão fez uma capa de autores portugueses agora esquecidos. Só homens. Natália Correia, Florbela Espanca, Agustina Bessa-Luís — menciono as minhas preferidas — são imaginárias. Estão a ver como é fácil? Decreta-se que as mulheres não existem ou não existiram — e já está.
O statu quo patriarcal e machista apaga-nos, remete-nos para a mais estrita feminilidade e trata-nos como desvio da norma humana masculina. O statu quo “trans” veio terminar este trabalho. O (alegado) progressismo decreta que há homens e pessoas que não são homens. Não existem mulheres. Fim.
O glossário da Johns Hopkins foi retirado foi retirado devido à indignação. Mas permanece a misoginia descarada de se ter sequer concebido tal documento — em nome da inclusão.
No meio disto, a New York Magazine fez capa com mulher “trans” que é a CEO americana mais bem paga. A Glamour UK teve na capa um homem “trans” grávida. Em arrepiante reforço dos tradicionais destinos de cada sexo, um homem biológico é celebrado por ser rico e uma mulher biológica por engravidar — independentemente de como se identificam. Mas vamos fingir que é muito disruptivo.
Público
November 16, 2022
Sofonisba Anguissola morreu neste dia em 1625
Sofonisba Anguissola (também conhecida por Anguisciola) (1532 — 1625) foi uma pintora renascentista italiana, discípula de Bernardino Campi e, informalmente, de Michelangelo. Foi a primeira artista a adquirir fama internacional, tanto quanto sabemos. Foi admirada por Michelangelo e Anthony van Dyck, entre outros. Sem poder estudar anatomia ou desenhar nus (inaceitável a uma mulher, na época), não pôde fazer os grandes e complexos murais famosos na época. ainda assim, deixou admiradores e seguidores. Fontana terá dito que "colocou o seu coração na pintura depois de ver um retrato de Anguissola". Quem sabe se foi este extraordinário auto-retrato, de um realismo cheio de dignidade, elegância e impressão de inteligência. O penteado de caracóis com as pérolas entrelaçadas num pormenor cheio de luz, é extremamente cativante. Ou o outro, na sua actividade de pintar uma cena íntima de maternidade.
September 20, 2022
Era bom que estas iniciativas criassem um movimento que juntasse os homens também
E que acabassem com esta barbárie. A quantidade quando é em números gigantescos é um tsunami impossível de derrubar.
The brave people of Mazandaran, my birthplace dancing for the freedom they deserve.
— Masih Alinejad 🏳️ (@AlinejadMasih) September 20, 2022
I am crying by watching women burning their headscarves.#Mahsa_Amin got killed because of this headscarf but she became a turning point for Iranian women and a tipping point for the regime. pic.twitter.com/vnDsYCjHBR
Texas, USA
@LbudisaLila
Replying to @LbudisaLila
Uma amiga da mulher do meu filho candidatou-se a um emprego. Mandaram-na fazer um teste de urina. O laboratório ligou-lhe a dizer dizer que não estava grávida. Os Recursos Humanos ligaram-lhe a dizer que tinha passado no teste. Ela recusou o emprego depois de lhe terem dito que teria de repetir o teste a cada 3 ou 4 meses. Tx.
📺 NEW VIDEO
— MeidasTouch (@MeidasTouch) May 3, 2022
Republicans have taken away your right to choose. Now take away their right to govern. #GOPHandmaidsTale pic.twitter.com/uHZVjH5Qfh
Daqui para a frente é preciso votar tendo em conta a posição dos partidos/pessoas nestas questões que são mais importantes que as económicas e outras porque retiram às mulheres a liberdade de viverem de acordo com a sua consciência, o seu interesse e os seus direitos.
September 19, 2022
Quando a vontade de liberdade é maior que o medo
“Woman, life, freedom”; people are chanting at Tehran university right now. They protest #MahsaAmini’s death. Mahsa (22) was arrested and killed by the Islamic Republic of #Iran’s hijab police.#مهسا_امینی pic.twitter.com/aoI323NweY
— Kambiz Ghafouri (@KambizGhafouri) September 18, 2022