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February 18, 2022

A mim parece-me importante ouvir os especialistas




De saúde, no caso da saúde, de educação no caso da educação e das escolas. O que me parece não ter interesse nenhum é a opinião de pessoas que por escreverem para jornais pensam ser especialistas em assuntos de que não percebem nada.

O que devo ter em consideração para decidir se tiro a máscara?



Algumas pontos principais que Robert Murphy, professor de doenças infecciosas na Faculdade de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern, disse que consideraria antes de decidir deixar a máscara em casa.


Primeiro, o ambiente em que se está a entrar: Qual é o tamanho do espaço? Estará apinhado de gente? Quão bem ventilado é?
"Se for um recinto coberto cheio, onde não conheço o estado de vacinação das pessoas à minha volta, é provável que use uma máscara por enquanto", disse David Souleles, da Universidade da Califórnia no director da equipa de resposta covid-19 da Irvine.

Outra consideração é a sua saúde. 
É uma pessoa jovem sem condições médicas subjacentes? Se sim, pode ser menos arriscado passar sem uma máscara. Se for ligeiramente mais velho e sofrer de uma doença crónica, os especialistas dizem que o risco é maior se passar sem uma máscara.

Por último, vários peritos disseram, dêem uma vista de olhos à taxa de infecção na sua comunidade, bem como aos níveis de vacinação
O CDC covid data tracker avalia os níveis de transmissão da comunidade para cada estado e condado como baixos, moderados, substanciais ou altos.


"Se ainda houver uma quantidade justa de vírus a ser transmitida, penso que muitas pessoas podem não optar por baixar a guarda", disse Wachter.

Mas mesmo em áreas de alta transmissão, usar uma máscara "dependente de situações".

"Se o espaço estiver lotado e não souber o estado de vacinação dos outros e estiver muito próximo durante longos períodos de tempo", disse ele, "provavelmente ainda é bom pensar em usar máscara".

O instrumento mais crítico para a protecção contra o vírus, muitos estressados, é ser vacinado.

"Quer deitar fora a sua máscara? Estás cansado de usar a máscara?" disse Murphy. "Então vacine-se e vá divertir-se, especialmente quando as taxas de Covid baixarem".

Souleles descreveu "camadas de protecção" que ajudam a proteger contra o vírus e disse que a "camada mais forte é a nossa camada de vacinação".

"Vacinar, vacinar, vacinar, reforçar, reforçar, reforçar", disse ele. "É realmente uma estratégia central que nos ajudará a chegar a um ponto em que algumas destas outras estratégias de mitigação serão cada vez menos importantes".


O que devo fazer se for imunodeprimetido, ou se for contacto de alto risco ou viver com alguém que é vulnerável?

Os indivíduos que estão imunocomprometidos ou em maior risco para a covid grave "devem absolutamente considerar usar máscara até que a Covid esteja num nível realmente baixo se não inexistente nas suas comunidades específicas", disse Philip Chan, professor associado de medicina da Universidade de Brown. Aqueles que cuidam de pessoas imunocomprometidas ou de alto risco devem considerar o mesmo, disse ele.

No início da pandemia, disse Souleles, uma linha de pensamento em torno da máscara era que a pessoa punha máscara para proteger as pessoas à sua volta.

À medida que mais investigação tem surgido e que mais pessoas optam por máscaras de maior qualidade, é mais claro que "a minha máscara está a proteger-me, bem como a proteger-vos", disse ele.
Para aqueles que estão preocupados porque são de alto risco, ou vivem com alguém que é vulnerável, "usar uma máscara de alta qualidade proporciona algum nível de protecção e é útil para a paz de espírito".


Mesmo num supermercado, ainda pode ser uma boa ideia usar uma máscara, disse ele. 

"Fui às compras esta manhã e não havia quase ninguém no supermercado que estivesse a usar uma máscara, mas eu estava", disse ele. "Ainda penso que é razoável fazê-lo... Sei que me posso proteger usando uma".

Poderíamos em breve chegar a um ponto em que não usar máscara seja pouco ou nada preocupante?
"Penso que há um ponto no tempo em que não precisaremos de usar máscara", disse Chan, sublinhando que terá de ser "baseado em taxas comunitárias".

"Quando a taxa na comunidade é baixa ou inexistente, então é claro que as pessoas não têm de mascarar-se", disse ele. Pode haver alturas, se a taxa de Covid aumentar e voltar a atingir picos, que "podemos precisar de mascarar novamente dentro de casa".

Isto faz parte de aprender a viver com isto, e também faz parte de aprender a continuar a realizar a nossa vida quotidiana - continuar a trabalhar, brincar, aprender - enquanto vivemos com o vírus", disse ele.
Wachter, descrevendo-se a si próprio como alguém "que tem tendido para o lado cauteloso", disse que "carregará uma máscara e continuará a colocá-la em situações que sente serem mais arriscadas - como um espaço muito lotado, num comboio ou autocarro - durante anos", embora isso não vá durar para sempre.

"Se eu chegar ao ponto de listar as minhas 10 maiores preocupações na vida e essa não estiver na lista, então provavelmente esquecerei a máscara", disse ele.


February 15, 2022

Políticas educativas: todos os dias sai do forno ministerial uma tontice

 


«Como não stressar com tanta tontice que sai da caverna sofista tutelar?» Essa é a formação que precisávamos. Mas não, depois do Ubuntu I, aí vem o Ubuntu II para alguém escrever uma entrada no seu currículo à nossa custa. Vão-se encher de pulgas e paguem-me o que me devem.


Professores vão ter formação para lidar com emoções

January 20, 2022

A poética do espaço

 


Esta fotografia é de um dos corredores de laboratórios da minha escola. Para lá da porta corta-fogo que se vê aberta, o corredor estende-se com salas de aulas normais. Estão aulas a decorrer, mas o silêncio é total. Com as portas fechadas não se ouve mesmo barulho nenhum. Mesmo com as portas todas abertas, como agora fazemos, para arejar o ar dentro das salas, é raro ouvir-se barulho. Estamos dentro das salas concentrados no nosso trabalho e em sossego. Na escola antiga, antes das obras, durante toda a aula se ouvia o barulho das aulas adjacentes, o que levava a que falássemos todos muito alto, a que houvesse distracções constantes que interrompiam o trabalho. Numa aula, cada interrupção do ritmo de trabalho causa dano no rendimento da aula. Imensas vezes éramos obrigados a ter de vir à porta mandar calar alunos que andavam por ali. A biblioteca era pequena, a sala dos alunos era esconsa, escura e fria, os alunos fugiam de lá; agora ambas são muito amplas, muito solarengas e luminosas. A minha escola tem mais de 1400 alunos, é muito grande e tem uma falta dramática de funcionários. Apesar disso, os corredores, as salas de aulas e outras salas estão limpas, não estão 'grafitadas' ou sujas. Os alunos que não têm aulas não andam nos blocos nem nos corredores. Na escola antiga, estava tudo tão degradado que não havia segurança nos laboratórios e em muitas salas o ambiente era perigoso - tudo estava sujo e avariado e não havia uma parede ou uma mesa livre de escritos e graffiti.

Quem critica as obras que foram feitas nas escolas -uma das duas medidas positivas da Lurdes Rodrigues- não tem a mínima ideia do benefício em termos de rendimento de trabalho, em termos de saúde física e mental tanto de alunos como de professores. Fala-se agora muito da saúde mental dos alunos, mas não se faz ideia do excesso de ruído constante das escolas antes das obras e de como isso punha toda a gente, muito rapidamente, no limite do stress, já de si elevado na profissão.

Sou uma grande defensora da importância da arquitectura no rendimento de trabalho e na disposição mental das pessoas com os benefícios para a saúde que daí advêm. As obras na minha escola foram bem feitas, com materiais robustos e de baixa manutenção. 

Quando me lembro do stress que era a escola antiga, o desconforto, o barulho constante, a falta de luz, a falta de equipamentos, os buracos no chão, a instalação eléctrica sempre a falhar, as persianas que não levantavam, as mesas meio apodrecidas, as paredes das salas todas sujas, vidros partidos, no Inverno tudo encharcado porque não havia telhados para ir de uns blocos para outros, a sala de professores tão pequena que metade das pessoas ficava no jardim, as casas de banho nojentas, a sala dos alunos horrível, fria e escura, toda a gente sempre constipada e com gripe da humidade e do frio... era como se estivéssemos num país de terceiro mundo. 



Carlos Henrique Pimenta


(publicado também no blog delito de opinião)


January 06, 2022

As escolas estão fechadas há três semanas mas é lá que estão mais de metade dos surtos de Covid-19

 


Segundo um ponto de situação feito pela DGS, em 03 de janeiro registavam-se um total de 584 surtos ativos, menos 23 que na semana anterior.

Dos 584 surtos ativos, 353 são em escolas (públicas e privadas), 51 em lares de idosos (mais dez que na semana anterior) e 10 em instituições de saúde (menos cinco).

https://www.arlindovsky.net


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Sou uma optimista inveterada: espero que o próximo governo seja sem estes coveiros da educação que estão no ME e que seja menos cobarde. 

December 21, 2021

Já nisto vejo uma grande incongruência

 


O primeiro-ministro pede medidas de cuidado com a pandemia mas depois o seu ME não revela os dados que tem da evolução da Covid-19 nas escolas de maneira a podermos ter cuidado e tomar as medidas necessárias. São estas incongruências que não convencem as pessoas. Mande lá divulgar os dados que tem, sff.

É uma vergonha que se tenha de recorrer ao Tribunal para que o ME divulgue o que é de lei divulgar. É assim que se vê o que o ministro e o SE da tutela ligam à legislação.


Fenprof avança com acção em tribunal para Ministério revelar efeitos da pandemia nas escolas



Federação quer saber como evoluiu a situação epidemiológica nas escolas durante o primeiro ano lectivo. Recorda que no ano lectivo passado também só obteve resposta do Ministério depois de avançar com uma acção judicial no Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa.

A Fenprof avançou com uma acção judicial para obrigar o Ministério da Educação a divulgar dados sobre a situação da pandemia de covid-19 nas escolas e jardins-de-infância, tais como o número de turmas em isolamento.

A Federação Nacional dos Professores recorda que já passaram “os dez dias úteis previstos no Código de Procedimento Administrativo para o envio das informações pretendidas, sem que houvesse resposta do ministro” e por isso vai “recorrer à via judicial para as obter”.

November 05, 2021

Outra coisa triste

 


É a política de educação desta tutela. É mais ou menos isto no básico e daqui a pouco será o mesmo no secundário:


Hoje li num jornal que o SE defende que uma prova de cidadania é os professores levarem jornais para as salas de aula. Como se o juízo crítico e a responsabilidade cívica se aprendessem a ler notícias de jornais.

Uma coisa é fomentar a realização de jornais escolares (coisas como deve ser e não páginas de copy-paste) que ajudam ao desenvolvimento de certas competências literárias, cognitivas e sociais, outra é pensar que a cidadania se aprende com os jornais.
Triste.


September 30, 2021

Tanta coisa está mal nas escolas...

 


O que custa é saber que eram evitáveis e muitos de nós, professores, gritámos alto e bom som durante anos acerca de tudo o que era evidente, ia resultar mal. Não serviu de nada. Uma das coisas que está mal é a falta de professores jovens nas escolas. Hoje estava com uns colegas na sala de profs e estávamos a ver quem eram os professores novos. Reparámos que sendo novos na escola, não são nada novos, já têm quarenta e muitos anos. E estávamos a comentar a diferença que faz ter deixado de haver professores jovens nas escolas. Durante muitos anos havia nas escolas uma mistura de professores de várias idades que se reflectia na dinâmica dos concelhos de turma, que beneficiava os alunos. Por muito que nós, mais velhos, tenhamos entusiasmo e empenho, já não temos a dinâmica energética de quando éramos mais novos. Os conselhos de turma tinham professores jovens, sempre cheios de vontade de fazer mudanças e que se metiam em projectos e depois tinham alguns mais velhos cuja experiência ajudava muito ao crescimento das turmas e ao treino académico. Durante muitos anos, tinha sempre imensos projectos na escola. É certo que também deixei de ter certo tipo de projectos que dão nas vistas, porque duas ou três pessoas da escola que não suportam (nem me suportam) ninguém que lhes faça sombra, mas têm cargos, começaram a sabotar tudo. Houve até quem roubasse os projectos e depois transformasse em coisas medíocres... mas enfim, isso agora não vem ao caso... a verdade é que agora já não teria a mesma capacidade de me meter a fazer uma série de coisas que fiz porque é necessária muita energia, própria da juventude. Acho que os alunos precisam de uma mistura de professores experientes, mas também professores jovens, com outras ideias, de renovação. Esta mesmidade não é boa para os alunos.


September 16, 2021

Sim, as turmas estão a 30

 


Vai ser excelente para a recuperação de aprendizagens, diferenciação pedagógica, distanciamento físico, arejamento das salas, qualidade do ar que lá dentro se respira, apanhar covid e etc.



August 27, 2021

Escolas e covid-19




Parece-me bem que testem todos regularmente, até porque as condições de trabalho nas escolas são as do costume: turmas cheias sem possibilidade de distanciamento físico a ocuparem as salas durante oito horas de seguida, todos a respirar o mesmo ar tóxico e infectado. 
Agora dizem que não podem ter menos alunos por turma porque há muita falta de professores. Quando havia excesso de professores despediram 30 mil e disseram que não reduziam o número de alunos por turma porque não estava cientificamente provado que turmas grandes não pudessem funcionar bem. 

Têm sempre uma desculpa para ir sacar dinheiro à educação e com isso vão acumulando os problemas como pilhas de plástico tóxico que a certa altura já não é possível tratar.


Alunos dos 3.º ciclo e secundário, professores e funcionários vão ser testados no regresso às aulas


As escolas do 3.º ciclo e secundário vão realizar rastreios dos alunos à covid-19 no início do ano letivo e a testagem vai abranger professores e funcionários de todos os níveis de ensino, anunciou o Ministério da Educação.

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"Escolas deviam testar a qualidade do ar"


Com o novo ano letivo no horizonte, voltam as preocupações com a qualidade do ar nas salas de aula. Especialista em qualidade ambiental nos edifícios defende a medição de níveis de CO2 nas escolas. Máscaras e sistema de bolha devem continuar.

August 22, 2021

Porque é que os jornais promovem artigos que defendem a obesidade?

 


Esta senhora goza com a legislação referente à alimentação nas escolas, mas faz mal. Fala no desconhecimento do que são os miúdos a comer, naquelas idades, longe dos pais e, também, de como os bares das escolas são autênticos indutores de obesidade.

Os miúdos, assim que entram na adolescência, comem que nem mulas. Todos os intervalos os vemos a devorar comida. Comem o que há. Se o que há são carcassas com presunto, é isso que comem; se o que há são paralelepípedos de uma massa castanha embalada em plástico a que chamam «wafles», é isso que comem. E não é porque o prefiram: é porque é o que há.

Na minha escola, por exemplo, até há poucos anos, quem fazia a comida que se vendia no bar eram funcionárias do bar da escola - isto era no tempo em que a escola tinha funcionários. De manhã, antes do bar abrir, faziam sandes de ovo mexido, de carne assada, de queijo e fiambre, de pasta de atum. As sandes tinham verduras, tomate, etc. O bar tinha sempre sopa, iogurtes, fruta. Marchava tudo. É claro que as sopas quem as comia eram os professores e funcionários da escola, mas o bar não é só para os alunos. Depois vendia uns chocolates, umas gomas e uns bolos, tipo queques, pastel de feijão, bolo de arroz, etc., sem natas e sem cremes. 

Agora, de há uns anos para cá, há um contrato com uma empresa local que fornece a comida para a escola e a serve. É só pães com queijo em barra, chocolates, batatas fritas, gomas, «wafles» de pseudo-chocolate, lasanhas, pizzas, etc. Até as máquinas automáticas só vendem porcarias. No primeiro ano ainda me queixei porque costumava comer fruta e iogurtes no bar. Responderam-me mal e disseram-me que não tinham fruta nem iogurtes porque os alunos não os comem. Pois, claro, se têm iogurtes ao lado de pizzas, que vão eles escolher? Enfim,  nunca mais fui ao bar. 

No entanto, o interessante é que os alunos mais velhos não comem aquelas porcarias. Saem da escola e vão a um café que há ali perto comprar baguetes de frango grelhado com verduras, pasta de atum com verduras, queijo mozarella com tomate, carne assada, etc.

Portanto, esta legislação é boa e só espero que com o tempo os miúdos se habituem a comer melhor. Temos um problema de obesidade no mundo ocidental que já chegou às crianças e adolescentes. É muito preocupante e se a escola é um local de educação, que se eduquem também os hábitos alimentares. 

É comum, nas escolas, os bares terem um poster da pirâmide /roda dos alimentos saudáveis enquanto vendem porcarias. É a total hipocrisia. A frase de abertura deste artigo, "Se os miúdos já não gostam de ir à escola" diz tudo, não? Se calhar o que faz os miúdos não gostarem de ir à escola, em grande parte, não é a comida, mas a atitude que os pais lhes transmitem do que é a escola e para que serve. Não para comer porcarias, evidentemente. 

Ah, mas compreendemos bem a lógica desta senhora: como nos dias que correm há a ideia que os alunos, nas escolas, têm de estar em permanente estado de prazer e felicidade, como se a escola fosse uma feira de diversões, também a comida deve ser um momento de prazer e de felicidade.


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Se os miúdos já não gostam de ir à escola, este regresso às aulas promete ser ainda mais especial. Num despacho publicado esta semana, foram apresentadas algumas restrições alimentares para entrar em vigor a partir do próximo mês nos bares das escolas públicas.

Vou apresentar alguns itens da lista-de-não-compras, não só para ficarem a par mas também para apontarem dicas para a operação biquíni do próximo ano.

Não se vendem mais salgados ou sandes de chouriço, mortadela e presunto. Isto como é para as crianças, não me choca particularmente até porque ninguém quer estar na aula de EVT sentado ao lado do puto que arrota a enchidos. Estamos a falar do bar da escola, não de um snack-bar em Chaves.

Proibidas as refeições rápidas, designadamente hambúrgueres, cachorros-quentes, pizas e lasanhas. É excelente porque assim evitam comer o mesmo duas refeições seguidas. Agora, para comer isso vão ter de esperar pelo jantar. Sim, sim, que eu bem vejo o nível de fanatismo que há com pizas e lasanhas do LIDL nas vossas casas.

É o fim dos rebuçados, caramelos, pastilhas elásticas com açúcar, chupas ou gomas. Ou seja, os bares da escola vão mesmo começar a ter troco para dar. Acabou-se aquela brincadeira de "pode ser o troco em pastilhas?". Não, não pode dona Arlete. Não quero receber 17 euros em Gorila.

Com estas diretrizes, as vitrinas e prateleiras dos bares ficaram com meia carcaça e uma cuvete de gelo para as entorses em educação física e foi por isso que foram apresentadas alternativas no despacho.

Pão com queijo meio-gordo ou magro, requeijão, ovo, fiambre pouco gordo, atum ou outros peixes de conserva com baixo teor de sal ou pão com pasta de produtos de origem vegetal à base de leguminosas. O Ministério da Educação sugere ainda acompanhar as sandes com produtos hortícolas, tais como alface, tomate, cenoura ralada e couve-roxa ripada.

Eu sinto que o Governo devia fazer o meu plano alimentar. Se alguém do executivo me estiver a ouvir, mande mensagem para marcar consulta, porque é deste rigor que eu preciso.

Os bares serão obrigados a ter garrafas de água, leite e iogurtes, ambos meio-gordo e magro.

Mas para não acharem que é tudo sem sabor, também haverá "tisanas e infusões de ervas" e "bebidas vegetais, em doses individuais", ambas sem adição de açúcar, assim como sumos de fruta e/ou vegetais naturais.

Sim, é isso que estão a pensar. Saudáveis, plenos, saborosos. Os bares da escola são os novos brunchs da moda. Eu até já comecei seguir o bar da C+S da Ramada no Zomato.

Isto é realmente importante porque temos uma percentagem de população obesa muito elevada, especialmente nos mais novos. O rendimento escolar não é o mesmo, a saúde a longo prazo também não, e isto poupa inclusivamente o nosso SNS.

July 31, 2021

Covid-19 - imunizar ou não as crianças? A opinião de um especialista e dúvidas que me surgiram

 



Agora é a altura de dar a 3ª dose, um reforço, aos adultos vacinados e vacinas para crianças mais novas, diz Gary Simon, o director da 'Divisão de Doenças Infecciosas da Universidade George Washington.'

(...)
Gary Simon: Não uso máscara a menos que esteja no meio de muita gente onde não conheço o estado de vacinação das pessoas. Se estou perto apenas de pessoas vacinadas, dentro de casa, não uso máscara. As crianças pequenas que estão expostas, estão potencialmente em risco, mas é pouco provável que as pessoas usem máscaras em casa perto dos filhos. As crianças vão à escola. Se usarem máscaras, o risco de transmissão é provavelmente pequeno, mas não é zero. Por isso, toda a gente vai ter de ter de tomar decisões sobre as situações em que estão.

Se vai a um restaurante, primeiro, tente comer no exterior. Em segundo lugar, use a máscara até se sentar para comer. Isso é o melhor que podemos fazer. A cada segundo terá de estar consciente e tomar estas decisões. Hoje vou ao museu com o meu primo e vamos usar uma máscara dentro do museu. 

LaFrance: O CDC diz que a Delta é tão contagiosa como a varíola. O que significa isto no contexto da tomada de decisões do dia-a-dia? Estamos todos habituados a usar máscara e ficar a dois metros de distância, mas será isso suficientemente bom para a variante Delta? Qual é a melhor maneira de pensar sobre o quão contagiosa é esta estirpe?

Simon: Olhe, é mais contagiosa do que as primeiras estirpes. Pense o quão contagioso eram. É pelo menos duas vezes mais contagiosa, talvez três ou quatro vezes mais contagiosa. Dois metros de distância de uma pessoa não vacinada já não é protecção. Eu usaria máscara. É tão contagiosa como a varíola, que é altamente contagiosa. É menos contagioso que o sarampo, que é mais contagioso. É difícil de quantificar.
Mais contagioso que a variante Delta, só o sarampo. Não é tão contagioso como o sarampo, mas o sarampo é virtualmente 90% contagioso - o que significa que quando se entra em contacto com alguém que tem sarampo, apanha-se sarampo. É por isso que todos nós apanhámos sarampo, antes da vacina contra o sarampo.

LaFrance: Devemos esperar que a próxima variante seja mais semelhante ao sarampo? Precisamos de nos preparar para uma variante da COVID-19 que infecta 90 por cento das pessoas não imunes que a encontram?

Simon: Uma variante que também pode evoluir e ficar menos contagiosa. A questão é: as novas variantes serão mais resistentes à vacina actual ou menos resistentes? Há uma probabilidade razoável de que o vírus se agrave porque temos muitas pessoas não vacinadas. Portanto, sim, ainda há uma probabilidade de se tornar como o sarampo.

LaFrance: Estamos a ver mais relatos de crianças hospitalizadas e em ventiladores - e o CDC diz agora que as crianças não vacinadas estão mais em risco, dado que esta variante causa doenças mais graves e se espalha mais facilmente. Até que ponto acha que devemos preocupar-nos com a Delta e os jovens não vacinados?

Simon: Porque não estamos a vacinar crianças menores de 12 anos? Sou muito cínico em relação à FDA neste momento. Porque é que estas vacinas não são totalmente aprovadas para crianças? Há demasiadas pessoas a olhar para estes ensaios clínicos e a usar isso para dizer que a vacina ainda é experimental. Os dados estão por aí. É mais que tempo de aprovar isto em termos gerais.

LaFrance: Para idades a partir dos 5 anos?

Simon: Sim. E depois a desculpa de que ainda é uma vacina experimental desaparecerá.

LaFrance: Sim: Para não mencionar que seria útil para proteger todas essas crianças.

Simon: Sim. Uma criança de 11, 10 anos deve levar a vacina. Dizer que ainda não são elegíveis para as vacinas é um disparate. Fisiologicamente, uma criança de 10 anos é diferente de uma criança de 12? Não. Deveríamos estar a imunizar crianças aos seis meses? Não sei, mas devíamos estar a fazer um estudo muito rápido. Isso é verdadeiramente necessário. Temos de começar a vacinar as crianças. O que precisamos realmente de fazer pelas crianças é mostrar que elas obtêm uma resposta imunitária. Devemos começar a imunizá-las da forma como as imunizamos contra o sarampo, papeira, rubéola, varicela. Não podemos esperar.


LaFrance: É evidente que todas as pessoas com idade suficiente devem receber uma vacina, e sabemos que a dosagem ou o tempo certo evoluirão - é provável que precisemos de terceiras vacinas. Fale sobre a medida em que precisamos de desenvolver novas vacinas para acompanhar este vírus em evolução.

Simon: Sim, e estamos a desenvolver novas vacinas. A tecnologia agora com a vacina contra o mRNA permite ajustá-la muito rapidamente. Não é necessária uma vacina conceptual totalmente nova. Portanto, sim, pode haver vacinas específicas dirigidas contra a Delta, contra a variedade Beta. E estas são facilmente desenvolvidas. Dada a nova tecnologia, a tecnologia desenvolvida pela Moderna e pela Pfizer, poderia fazer rapidamente uma mudança que fosse eficaz contra estas. Temos de as ter disponíveis, mesmo que decidamos não as utilizar. Tê-las não significa produzi-las logo em massa. Mas pelo menos temos de ter a capacidade de começar a produzir essa nova vacina. Posso estar enganado, mas penso que deveríamos estar a afinar a plataforma mRNA a fim de abordar estas variantes.

LaFrance: Agora parece que o Outono e o Inverno de 2021 serão uma repetição do ano passado. Até que ponto estamos a perder para o vírus neste momento?

Simon: Vai ser definitivamente sombrio, mas acho que não vai ser tão mau como no Inverno passado. Mas também não sabemos realmente o quanto a vacina protege contra a  variante Delta.

LaFrance: Especialmente à medida que a imunidade diminui, certo?

Simon: A imunidade vai diminuir. Não vejo porque é que uma terceira dose não é aprovada neste momento. Não vejo qualquer lógica para isso. Talvez pensem que a Pfizer vai ganhar demasiado dinheiro. E então? Ou que nem todos precisam dela. E então?! Eu iria já hoje levar a terceira dose.

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As minhas dúvidas:

1. Quando recomeçarem as aulas, em Setembro, o que faremos com os alunos não vacinados que estão em maior risco de apanhar a doença (sabemos que a variante Delta é altamente contagiosa) mas também põem mais os outros em risco de adoecerem? Os alunos contactam com muitos alunos e vários professores que por sua vez contactam com muitos alunos e professores e depois vão todos para casa contactar com crianças e jovens não imunizados. Perguntamos aos alunos quem não foi vacinado e sentamo-los mais longe dos outros? Parece um bocadinho discriminação... mas no contexto da pandemia, todos os cuidados são poucos e é preciso pensar em resguardar as pessoas da doença.

2. A certa altura esta questão é académica porque a vacina tem um prazo de validade de 6 ou 7 meses. Portanto, uma pessoa como eu que levou a vacina em Maio/Junho, lá para Dezembro ou Janeiro, perdeu a imunidade. Todos os professores estão nesta situação. Esses são os piores meses de contágio. Nessa altura a situação será idêntica à do ano passado, um bocadinho melhor, porque muitos alunos estarão vacinados, mas como há uma variante muito pior que não havia no ano passado, todos estarão muito mais expostos e, os não imunes, em risco de adoecer. Faz-se o quê? Vai tudo para casa outra vez? A vacinação não era para evitar os prejuízos das aulas à distância?

3. Qual a razão de não se vacinar as crianças? Não estão em risco de apanhar o vírus como os adultos? Não acontece irem parar ao hospital ou não terem sintomas graves mas ficarem com sequelas? O argumento é a vacina ser recente. Esse era o argumento de não vacinar os adultos. Os especialistas em doenças infecciosas são de opinião que deve vacinar-se as crianças e estudar variantes de vacina que possam dar-se logo em muito tenra idade como se faz para a varíola e para o sarampo. As pessoas já não se lembram ou já não são do tempo das epidemias de sarampo e varíola. A varíola matava pouco, mas cegava muitos e deixava muita gente com sequelas e marcas horríveis para a vida.

4. Se não estivermos todos imunizados, o ano lectivo que aí vem será como este que findou.

July 04, 2021

A autonomia das escolas segue dentro de momentos lá para o século que vem - a novela do chumbo a Cidadania continua

 


Perseguição “Ditatorial” Intensifica: Filhos de Artur são Novamente Chumbados


Notícias Viritato

Em 2020, o Secretário de Estado da Educação, João Costa, por despacho, ilegalmente sobrepôs-se à decisão do conselho de turma e reprovou os alunos retroactivamente por dois anos. Artur colocou uma providência cautelar contra o Ministério da Educação, da qual venceu, anulando a decisão do governante e permitindo a transição de ano dos seus filhos.

Um ano depois da notícia em primeira-mão do Notícias Viriato sobre este caso, e devido à sua posição em defesa da liberdade educativa, a Família Mesquita Guimarães encontra-se actualmente sob perseguição de quatro entidades do Estado: o Ministério da Educação, o Ministério Público, a Segurança Social e a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ).

Tiago e Rafael, que acabaram respectivamente o 7º e o 9º ano, são descritos pelos seus professores nas avaliações como “de excelência”, “trabalhadores” e “responsáveis”, obtiveram média de 5 valores, mas foram reprovados novamente este ano devido à falta de comparência a “Cidadania e Desenvolvimento”, apesar da acção principal da Família Mesquita Guimarães ainda não ter sido decidida pelo tribunal.

O advogado de Artur, João Pacheco de Amorim, defende que o Ministério da Educação está a fazer uma “pressão ilegítima” aos professores para reprovar os alunos “ameaçando-os” com um inquérito disciplinar que mete em causa o seu vínculo laboral.

Existe uma grande mentira à volta da disciplina de Cidadania [e Desenvolvimento], não é numa disciplina que irão aprender a ser bons cidadãos. Estes rapazes até estão a ser vítimas de bullying por parte de quem lhes quer impor uma disciplina de “Cidadania” (…) Há alunos que passam de ano com 5 ou 6 negativas. (…) Os professores não educam, formam, e os pais têm o direito e o dever de educar os seus filhos (…) Onde está a tão falada autonomia das escolas? Todos têm medo do Estado. Isto assim é uma ditadura, não é uma democracia”, acrescentou a professora de Tiago e Rafael.


Excerto da avaliação de fim de período de Tiago redigida pelos professores, com o averbamento final a indicar “Não Transita”, apesar de ter “desenvolvido com excelência as aprendizagens essenciais a todas as disciplinas, exceto a Cidadania e Desenvolvimento por falta de assiduidade. Parabéns!”.

June 02, 2021

Chamem-me céptica, mas não acredito nisto nem um bocadinho

 


Gostava de ver medidas concretas e não títulos bombásticos. Se têm 900 milhões paguem o que devem. Faz um ano que mudei de escalão e ainda estou no antigo. Devemos ser milhares... Os caloteiros é que ficam a dever dinheiro podendo pagar.


Recuperação de aprendizagens: directores das escolas dizem que Governo ainda só apresentou um “plano de intenções”


Mais 3300 docentes e 900 milhões de euros para recuperação de aprendizagens
Contratação de mais 3300 professores no próximo ano lectivo pode não ser suficiente, alertam. Pais vão ter plano de qualificações específico. Fenprof diz que medidas ficam “aquém das expectativas”.

May 22, 2021

Rankings - mesmo os bem intencionados têm discursos infantis

 


Podemos e devemos debater os rankings – Raquel Varela

Podemos e devemos debater os rankings – a escola pública continua a ter bolsas de excelência. Mas não podemos continuar a mentir – o declínio cresce e a desigualdade dispara. Estar numa destas 47 escolas privadas ou na pública fará a diferença sobre o futuro destes alunos. As excepções de um lado e de outro não contam. Conta a média. 

O que tem de diferente a escola pública destas privadas do topo?
– Os professores, todos, sem exceção, adoram dar aulas e a sua voz transmite permanente entusiasmo, os olhos brilham quando são aulas – isso pega-se, como se pega a falta de entusiasmo. O contraste com os cenários de burnout e desmotivação na maioria das escolas privadas e públicas é evidente. “Ele está desatento”, carta para os pais, assim é na pública; ele está desatento, “oh João está a meditar? Anda aqui meditar comigo” – tenho que agarrar este miúdo. Na pública é “qual o melhor curso profissional para me livrar dele rapidamente que só faz barulho”.

[Toda esta frase é infantil. Mas a Raquel Varela, acredita que há locais de trabalho idílicos onde todos os professores são excepcionais e 'adoram' dar aulas e todos os alunos são ávidos de saber e de entusiasmo e outros locais 'à Dickens', onde todos os professores são péssimos e estão em burnout? Isto é de alguém que não entende o mais básico da natureza humana, nem no que se refere aos professores, nem aos alunos e muito menos do que se passa numa sala de aula, do que são as relações humanas e do que é a adolescência. Nem do trabalho do professor que não começa na sala de aula nem acaba nela]

– A situação é de tal forma na escola pública que é comum ouvir-se dizer da parte de professores “a culpa é dos pais”. Como? Os pais dão aulas? A culpa é nossa, professores. Se os pais não dão educação em casa ou regras, ou ensinam a ler literatura e bons filmes, a escola pública tem obrigação de o fazer. Foi para isso que a escola foi inventada – porque se chegou à conclusão que a educação familiar não chegava.
– Não existe “a escola ensina e os pais educam”. Todos educamos, em todo o lado. Educar e ensinar são dois lados da mesma moeda. A escola pública em grande parte, salvo excepções, demitiu-se da sua função. É o “pobrezinho mas feliz” salazarento, contentem-se com pouco que já é bom.

[aqui não é infantilidade mas cegueira e erro - o erro está em pensar que não há fronteiras entre a casa e a escola e que todos ensinam e educam em termos formais, escolares.. A cegueira está em não ver a realidade. A Raquel Varela pensa que um filho seu e um filho de um pedreiro com o 9º ano ou um filho de uma cozinheira com o 12º ano são igualmente ensináveis da mesma maneira? Que chegam à escola com as mesmas possibilidades? Que ensinar um e outro é igual? Isso é o mesmo que dizer que governar Portugal e governar os EUA é a mesma coisa, que os governantes portugueses, quando se queixam que não há dinheiro estão a querer desresponsabilizar-se. Evidentemente que não é mesma coisa governar um país com o tamanho e recursos naturais dos EUA ou da Alemanha e governar um pequeno país sem recursos de monta e cheio de iletrados. Não significa que deixemos de responsabilizar os nossos políticos, mas sabemos que não é, de facto, a mesma coisa. Não se inventam recursos ou portugueses letrados de repente por um ministro ser entusiasmado ou brilhante, mesmo. A Raquel Varela entende os alunos como seres passivos a quem nós transformamos do exterior se tivermos entusiasmo. Que infantilidade e desconhecimento do que são os processo de aprendizagem. Sim há muita coisa que podemos fazer, se forem dados à escola pública, dinheiro e condições.Mas não transformamos as pessoas como alquimistas porque a transformação tem que ter a vontade, o esforço e o trabalho do próprio]

– Em 75 os professores gritavam que a escola não servia para as classes trabalhadoras, tinha que mudar, tinha que ser excelente para os trabalhadores que as pagavam. Agora explicam corporativamente que a escola “é excelente” os rankings é que estão mal. Os rankings são um erro, mas eles mostram uma catástrofe, o que tem o Ministério, a quem pagamos impostos para ter boas escolas públicas a dizer deste cenário em que 47 privadas estão entre as primeiras 50?

– Nas privadas de excelência os professores têm uma formação cientifica de fazer brilhar os olhos. Escutá-los e vê-los dominar os assuntos é encantador.

[ela divide as escolas, os professores e os alunos entre, 'os de excelência e os maus.' Como é possível ser tão desligada da realidade?   

– Os alunos são chamados a fazer parte das aulas, a dar aulas para colegas, apresentar temas, debater, fazer trabalhos de grupo, não são máquinas permanentes de fazer testes.

[a Raquel Varela parece pensar que um aluno pode dar aulas e apresentar trabalhos a colegas, sem saber desenvolver uma ideia, sintetizar outra, ser capaz de reunir conhecimentos pertinentes em texto e imagem, etc., sem imenso trabalho de sistematização de conhecimentos, sem arquitectura conceptual? E como pensa ela que isso se constrói senão com leituras, treino e estudo?]

– Não há algazarra nem normalização desta, que é na realidade um enorme desrespeito colectivo. Há silêncio nas aulas – pode-se questionar, intervir, participar mas não é o recreio. Nem silêncio conseguimos ter na escola pública onde, dizem os estudos, os professores levam em média 15 a 20 minutos de uma hora a mandar calar, berrar, chamar atenção?

[ao contrário do que a Raquel pensa, uma aula em que os alunos estão silêncio nem sempre é uma boa aula. Pessoalmente, as aulas em que os meus alunos estão, em voz baixa, a discutir com o colega de carteira o que estamos a discutir nessa aula, apesar de causar algum burburinho, são um excelente indicador do interesse deles que muitas vezes querem discutir e antes de serem capazes de o fazer com toda a turma começam por fazê-lo com o colega do lado.]

– Cumprem nestas privadas parte do programa e preparam para os exames, mas uma boa parte da vezes não cumprem, dão outras matérias, muito mais interessantes e densas. Sim, para manter a disciplina numa sala de aula é preciso dar matérias interessantes. 

[mas a Raquel Varela pensa que podemos ignorar os programas para dar matérias 'interessantes'? E também não percebe que o que interessa a um não interessa a outro, como se os alunos fossem folhas em branco permeáveis a todos os interesses? Se não dermos os programas temos um processo disciplinar ou então é o coitado do colega do ano a seguir que vai ter que dar o que não demos - já me calhou várias vezes ter que dar unidades inteiras que outros não deram, o que me prejudicou bastante o trabalho]

Trazer para as crianças e jovens a paixão do conhecimento e não só o que é é útil ao mercado de trabalho das “competências” de um país sem estratégia produtiva. A filosofia por exemplo, em muitas destas privadas, dão obras completas que se deixaram de ler nas metas e “competências” da pública.

[termos com 'a paixão do conhecimento' -faz lembrar Guterres- aplicam-se a poucas pessoas. As pessoas podem ter paixão pelo futebol, pela moda ou outra coisa qualquer, mas pelo conhecimento em geral? Ao contrário do que pensa a Raquel, a maioria das pessoas não tem nenhuma paixão por conhecimentos e sim, muitas vezes os pais, estragam o que podia ser alguma curiosidade natural pelo conhecimento à custa de limitarem os interesses dos filhos desde que nascem a telemóveis, novelas, conversas sobre pessoas -em vez de ideias- e pouco mais]

– Têm autoridade – aliás, não há reuniões trimestrais de período com pais, a não ser em casos extremos, tudo o resto a escola resolve com autoridade sem infernizar a vida aos pais (conheço casos de pais que recebem cartas da escola pública por tudo e por nada, ele fala muito nas aulas, eles destrai-se, ele não fez os trabalhos de casa) – no privado zero. A escola resolve, não chama os pais para resolver. Os pais não são professores.
– Não há telemóveis na escola, mesmo no intervalo.

[cá está ela a falar como se o sucesso fossem uns ingredientes mais ou menos secretos do pastel de nata]

– Todos os professores, há anos ali na mesma escola, conhecem todos os alunos, o ambiente é de família, cuidado e protecção. isso cria confiança e confiança cria respeito.
– Os porteiros e afins, todos trabalhadores fixos, conhecem o nome de cada aluno, mesmo quando são 1000 ou 2000.
– Há segurança no emprego em professores e funcionários, e permanecem décadas na mesma escola, em vez de andarem de um lado para outro a tapar “buracos”, longe da família.
– Os salários são decentes.

[os salários são indecentes, tanto no privado como no público. Ela está completamente às escuras...]

– Não se tolera má educação. As regras são claras porque só assim há democracia, e são para todos, e são exigentes, quem está mal, pode sair. Um aluno não trata mal um professor ou um funcionário. E não é preciso um frio processo disciplinar e um psicólogo. Os adultos têm autoridade (autoridade conquistada com qualidade do que se lhes dá e afecto, e não à pancada) sobre as crianças e jovens.

[completamente às escuras do que se passa]

– Há papel higiénico nas casas de banho! Imaginem ter que escrever isto – sim, em muitas escolas pública é um bem que precisa ser requisitado na hora. É simbólico. Como tratar bem um espaço que nem consegue deixar o papel higiénico em acesso livre?
– Há visitas de estudo, conferências, debates, encontros colectivos de toda a escola.
– Quando os pais refilam muito com inutilidades, estilo “o meu filho príncipe de Habsburgos não pode comer sopa de alho francês ao meio dia e meia” recebem uma carta a dizer “aqui quem manda somos nós, a sopa é para comer”.

[completamente às escuras do que se passa! Isto até é constrangedor de ler...]

– Por outro lado, não se enviam cartas para pais a toda a hora para assumirem os problemas que são para ser resolvidos na escola.
Como se explica esta desigualdade? A explicação é que nestas escolas privadas de excelência formam-se camadas dirigentes. Nas outras forma-se trabalho barato para um país barato.

[isto é verdade, mas não pelas razões que ela aduz - mal, diga-se de passagem.]

Uma parte da esquerda, defensivamente, insiste em defender a escola pública que existe, mas esta não nos serve. É preciso defender qualidade e excelência para a escola pública, que as melhores práticas educativas e pedagógicas não podem ser só para uma elite, da qual se desdenha dizendo que é de “betos”.
– Vem o argumento final. A culpa é da massificação, “não é possível sermos muito bons para muitos”. Desculpem, não só é possível como é urgente e necessário. 

Como se faz isso? Tornando a profissão de professor na escola pública muito bem paga, com alta formação científica, condições de trabalho excelentes e carreiras atractivas.
É só pensar que o turismo e o futebol não fazem um país.

["professores com alta formação científica2... os professores das escolas têm formação científica: licenciaturas, mestrados (desde o acordo de Bolonha, praticamente todos) e já se vêem bastantes professores com doutoramentos, para não falar de formações anuais, cursos de especialização vários.

Ao contrário do que a Raquel Varela pensa, os professores são pessoas bastante qualificadas. O que ela desconhece é que as escolas públicas estão cheias de professores bons e muito bons, muito dedicados aos alunos, a fazer um trabalho no limite das suas forças. Ela pensará que é uma desculpa, mas é diferente ter uma turma ou duas, como acontece no privado, com 20 alunos cada, pessoas que vêm do contexto cultural da Raquel, do que ter sete turmas a 30 alunos: 210 alunos, que vêm de um contexto cultural e económico pobre ou remediado, que são a esmagadora maioria. Todos os indicadores nacionais e internacionais mostram que o factor que mais pesa no sucesso é a educação académica da mãe... em seguida, a condição económica-social. Isto são os factos.

A grande tragédia da escola pública é estar cheia de bons professores (não são os que estão nos lugares de chefia, que hoje em dia são vitalícios e completamente desvirtuados) completamente mal-tratados e desaproveitados, em grande parte por pessoas como ela que têm uma visão infantil do ser humano e da educação e um discurso infantil de bons e maus acerca dos professores que advém dos estereótipos que circulam sobre professores das escolas.

É por isto que não tenho esperança que as coisas mudem para melhor. Mesmo os bem-intencionados como a Raquel Varela têm um discurso completamente ignorante da realidade das escolas e dos alunos enquanto pessoas.

O ministro da educação não gosta dos rankings das escolas porque mostram à saciedade que a escola pública está doente

 


E como ele é o médico responsável, por assim dizer, o que os rankings dizem de si e da sua equipa é que são incompetentes. Nunca, desde a Rodrigues, tivemos uma escola tão dirigista e sem liberdade, a fazer o que a equipa dele planeou ao pormenor e o resultado é esta lástima que se vê. Isto apesar das escolas estarem cheia de bons professores - enfim, os que ainda existem, porque a falta de professores já é dramática. O que dirá este senhor quando não se arranjarem professores, nem a peso de ouro? Ou tivermos que ter como professores alunos que no ano anterior estavam no 12º ano, como já aconteceu na minha escola? Dirá que é mentira, como aquele da Ongoing para quem os meus impostos vão direitinhos.


Ministro condena que rankings das escolas sirvam apenas para "marketing"


A opinião é unânime entre os representantes da escola pública: Tiago Brandão Rodrigues, Filinto Lima, Mário Nogueira e João Dias da Silva 'chumbam' os rankings das escolas. No privado, a visão é outra.


May 12, 2021

Delinquentes violentos nas escolas

 


Ontem foi o caso de Ponte de Sor, hoje é este e há muitos outros de delinquentes violentos que andam nas escolas a espancar, a esfaquear, a violar. Para quando uma lei a expulsar das escolas delinquentes violentos? Para quando uma lei a proibir a entrada na escola de encarregados de educação agressivos? Para quando uma lei que responsabilize os pais destes alunos pelo comportamento dos filhos? A escola não é um centro de reabilitação terapêutico de transtornos de comportamento e a inclusão não pode significar a opressão dos alunos que estão na sua vida normal de estudantes. Faz algum sentido submeter alunos a uma pressão quotidiana intolerável, apenas para cumprir o absurdo da obrigação das escolas abrigarem delinquentes graves, para agradar a pedagogos de secretária e políticos de papo-seco? 


Jovens agridem e arrancam unhas a colega na sala de aula em escola da Amadora


Rapariga de 18 anos, aluna de curso profissional, espancada por três outras. Uma delas já foi suspensa.


Ainda outro caso de um rapaz que está a ser julgado por ter esfaqueado um colega:



May 11, 2021

Um filme de terror dentro de uma escola

 


Há normas absurdas nesta obsessão de manter todos os adolescentes dentro das escolas à força, mesmo que sejam violadores ou delinquentes, como se isso fosse a inclusão e o desejável que depois quando se juntam uma dezena de delinquentes sérios numa escola temos estas situações.



Ponte de Sor -sinto-me aterrorizado


Na Escola Secundária de Ponte de Sor, o fosso existente entre os membros da comunidade escolar parece não parar de crescer. Os estudantes sentem-se ameaçados, os professores impotentes, os encarregados de educação revoltados e a associação de pais critica a falta de comunicação com a direção.


Numa região de transição entre o Norte e o Sul, encontra-se Ponte de Sor. A cidade que está a aproximadamente 62 quilómetros de Portalegre, pertencendo ao distrito homónimo, já esteve nas bocas do mundo pelas mais variadas razões. No entanto, é o clima vivido na escola secundária do agrupamento que mais preocupa os encarregados de educação – que temem a frequência do estabelecimento por parte dos filhos, os alunos – que revelam não aprender nas condições ideais e os professores – que dizem ter medo de dar aulas. No entanto, o diretor do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor, Manuel Andrade, garante que a escola tem “problemas e dificuldades como todas as escolas têm”.

“Os professores perderam completamente a autoridade”

Jorge (nome fictício) é pai de Santiago (nome fictício), um adolescente de 17 anos, e assevera que quem destabiliza o ambiente da escola são “indivíduos que gritam, fazem aquilo que querem e os auxiliares de educação têm medo”. Segundo o encarregado de educação, estes alunos “estão habituados à impunidade” e tal leva a que “muitas coisas fiquem abafadas e não sejam comunicadas às autoridades”.

O progenitor avança que tem conhecimento de que os professores se queixam à direção e nada acontece, sendo que “perderam completamente a autoridade naquela escola”. A título de exemplo, um dos docentes já terá sido rodeado por um grupo de estudantes que queriam agredi-lo. Para Jorge, “a escola tem de ser um lugar seguro” e tal não se verifica na Escola Secundária de Ponte de Sor, onde “há alcoolismo e consumo de estupefacientes”. Mas, como “as escolas vivem de estatísticas e os professores até são obrigados a passar os alunos de ano”, as crianças e os jovens problemáticos continuam a ter os mesmos comportamentos.

Numa missiva de 23 páginas enviada ao i, Manuel Andrade, presidente do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor, começa por esclarecer que “no que diz respeito a estupefacientes é de referir que o Agrupamento tem procedimentos articulados com os elementos da Escola Segura”, adicionando que “neste domínio sempre que tal se justifica são interpelados alguns alunos e realizadas ações de sensibilização e dissuasão com a presença de brigadas da GNR com cães”, sendo que “até este momento não foi detetada a presença de nenhuma substância”.

Porém, confirma a existência de “influências e interações que se estabelecem à volta das escolas, onde circulam adolescentes”. Por outro lado, o tenente-coronel João Fonseca, chefe da divisão de comunicação e relações públicas da GNR, explicita que “relativamente a situações relacionadas com o tráfico de produtos estupefacientes e/ou posse de armas”, as secções de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário (SPC) e os militares do posto territorial de Ponte de Sor “têm incidido o seu policiamento junto à escola bem como nas suas imediações, principalmente nos horários dos intervalos letivos, tendo sido remetidas ao Ministério Público as denúncias referentes a este tipo de situações de que a Guarda tem conhecimento”.

“O facilitismo é o aspeto mais gritante. Aqueles que estudam e se portam bem olham para os pares que fazem o inverso e veem que não há consequências. Sentem-se desiludidos e desvalorizados, assim como indignados”, denuncia Jorge, que encara este panorama como “desgastante para os estudantes que se portam como deve ser”. “Estamos a criar pessoas irresponsáveis que, quando iniciarem a sua vida profissional, vão acabar por estar habituadas a ouvir ‘Sim’ a tudo e uma das grandes preocupações que tenho, enquanto pai, é que a palavra ‘Não’ deve ser ouvida”, confessa, rematando que “se calhar o Ministério da Educação não exerce o seu poder”.

“Há pessoas a entrar no mundo do crime enquanto deviam estar a estudar. A educação deve combater a escalada da criminalidade”, declara, admitindo que se sente extremamente assustado e desconfortável por saber “que os alunos andam com navalhas”.

Recorde-se que, a 18 de setembro de 2018, nesta mesma escola, um aluno, de 16 anos, foi esfaqueado por um colega, de 18. À época, o Comando Territorial de Portalegre da GNR elucidou que “o alerta foi dado cerca das 10h30 pouco depois de o aluno ter sido agredido com uma arma branca, uma faca, por um colega mais velho na zona da perna e da nádega”, sendo que a agressão ocorreu “no interior da escola, no decorrer de um intervalo”. A vítima foi assistida no local e depois transportada pelo INEM para o hospital de Abrantes, em Santarém.

“Relativamente ao uso de ‘navalhas’ durante este ano letivo, foi identificada uma aluna com a posse de um pequeno canivete. A escola, na presença desta situação, abriu o respetivo procedimento disciplinar tendo suspendido a aluna”, diz Manuel Andrade, informando que “no decurso do procedimento disciplinar apurou-se que a aluna tinha na sua posse esse objeto a pedido da própria mãe para que esta se defendesse do padrasto se tal fosse necessário”, acrescentando que “neste momento, esta aluna encontra-se institucionalizada numa instituição de acolhimento de crianças e jovens em risco” e assumindo que “para além deste caso não há referência a outros semelhantes”.

Todavia, não é este o panorama que dois professores descrevem ao i. O primeiro, Nuno (nome fictício), revela que “há alunos com uma navalha no bolso e mostram-na a quem quiser ver”, realçando que “quem controla o acesso às escolas tem medo” e “quem poderia fazer algo seria a GNR com uma rusga, mas não o faz”.

Para o docente que, tal como a maioria das fontes entrevistadas para a realização do artigo, não quer que a sua identidade seja revelada por medo de represálias, “os pais não têm o mínimo interesse nestas situações”, pois “são chamados às escolas e não fazem nada” e “uma das mães faz tráfico de droga, bebe, tudo aquilo que a CCPJ devia colmatar”.

“Já verifiquei que existem três ou quatro alunos com navalhas. Já tive alguns que me diziam quem assaltava casas e carros e como o faziam. Um deles foi apanhado em flagrante porque ia roubar a pistola de um GNR que estava dentro de um carro”, conta Pedro (nome fictício), outro docente.

O i contactou a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CPCJ), que reencaminhou o pedido de contacto à CPCJ de Ponte de Sor. Contudo, até à data de fecho desta edição, o i não obteve qualquer resposta.

“Os pais e encarregados de educação devem ter um papel sensibilizador junto dos alunos para estas problemáticas”, assim como a Associação de Pais que “deveria sensibilizar os encarregados de educação para que estas situações se evitassem”, explica Manuel Andrade, adiantando que, a seu ver, “se algumas destas situações acontecem é porque algo na educação dos alunos falhou ou está a falhar antes da escola”.


Tentativa de violação de uma aluna

“Num dia em que faltei, disseram-me que um deles tentou violar uma rapariga. No primeiro dia, falou-se disso e depois, nunca mais se tocou no assunto”, lembra Santiago, filho de Jorge, enquanto Sara (nome fictício), também estudante da escola, frisa que “uns três rapazes começaram a apalpá-la, tinham os genitais de fora”. Os professores dizem ter ouvido rumores, mas não confirmam a concretização do alegado crime no interior da escola.

“Eu não faço a mínima ideia daquilo que está a acontecer, de nenhuma situação menos regular. As situações de violação e porte de armas estão reportadas à GNR, à CCPJ, à Câmara Municipal e ao Ministério Público. Segundo sei, está uma investigação em curso. Também estão a decorrer processos tutelares e disciplinares educativos”, afirma, por sua vez, Raquel Freitas, presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor.

Confrontado com esta informação, Manuel Andrade declara que “é importante esclarecer que, depois de apurados os factos que estiveram na origem desta situação, conclui-se que o que estava em causa era uma suposta brincadeira entre um pequeno grupo de alunos que, no corredor da escola, se desafiam no sentido de saber quem era capaz de puxar as calças / fato de treino para baixo aos colegas”, sendo que “numa dessas situações foram puxadas as calças a uma aluna”, “não tendo havido nada mais do que esta situação”.

Ainda assim, deixa claro que a estudante em causa comunicou aquilo que aconteceu à direção da escola e foram tomadas “as devidas medidas”. “Reitero que foi apenas isto que aconteceu, não tendo resultado daqui nenhuma outra situação mais grave. Depois deste episódio que aconteceu em novembro, não temos conhecimento de mais nenhuma situação semelhante. Para além dos assistentes operacionais que estão permanentemente de serviço aos blocos onde decorrem as aulas, foi mobilizado um Assistente Operacional que circula no meio dos alunos enquanto está a decorrer o intervalo”, deslinda, opondo-se ao tenente-coronel João Fonseca que, ao i, expõe que “a Guarda Nacional Republicana confirma o registo de uma denúncia relativa a uma tentativa de violação a uma aluna da Escola Secundária de Ponte de Sor”, finalizando que “foram efetuadas as diligências policiais necessárias, tendo os factos sido remetidos para o Ministério Público”.

Mas os supostos crimes não ficam por aqui. De acordo com Santiago, alguns alunos mandavam mensagens à sua namorada e pediu-lhes que parassem. “Entretanto, não me disseram mais nada, mas se ela for sozinha para a escola, mandam bocas e assobiam”, lamenta, criticando também o facto de que, no início do ano letivo, uma rapariga terá sido “apalpada por um deles e pediu que parassem”, enquanto outra aluna terá sido agredida. “Se eu pudesse, sem qualquer dúvida, mudaria de escola”, evidencia.

“São tantas coisas que é difícil contar. As miúdas são apalpadas e violentadas nos corredores e ninguém faz nada. Há situações que, todos os dias, acabam por nos desgastar. A direção aconselha-nos a que aguentemos e isso parece-nos ridículo”, desabafa Mariana (nome fictício), encarregada de educação de Sara, jovem que partilha a crença de que “toda a gente tem medo”, na medida em que “é uma escola que tinha tudo para dar certo”, mas os estudantes sentem-se amedrontados por um grupo de alunos que dominam o sistema escolar. “Sou assediada constantemente. Não tenho muito como me defender. Quanto mais conversa damos, mais sarilhos há”, clarifica.

“A associação de pais devia ser um parceiro da escola”

Raquel Freitas não sabe se o clima de medo ainda está instaurado na escola, contudo, no início do ano letivo que está em vigor, o mesmo existia quer na instituição quer nas suas imediações. “A maioria dos pais reporta as situações à escola e não às entidades competentes. Houve um conselho de segurança, promovido pelo município, onde as várias entidades presentes apresentaram propostas de solução e sei que a Escola Segura tem uma presença mais habitual nas imediações”, aclara, indo ao encontro das declarações, neste âmbito, de Manuel Andrade e do porta-voz da GNR.

“Ao nível da escola, para além de processos disciplinares, não tenho conhecimento de mais nada. Quando a associação de pais coloca questões à direção do agrupamento obtém respostas. Há situações que me chegaram por portas travessas, porque os pais falam uns com os outros”, desvenda a dirigente, especificando que aqueles que serão jovens delinquentes “estão identificados, têm determinadas problemáticas, são seguidos, a maioria chega a processo tutelar educativo e a escola tenta tomar medidas”, mas existe um impedimento.

Quando a CCPJ tenta atuar, “as famílias não dão autorização para prosseguir e os casos vão para tribunal” e, “a partir daí, entra em segredo de justiça”. Na ótica da advogada de profissão, “as atitudes mais violentas alastram a outros alunos para além destes identificados pela escola” e, por esta e outras razões, “a associação de pais devia ser um parceiro da escola, uma ponte entre escola e encarregados de educação, mas não está a acontecer isso nem de uma parte nem de outra”.

“Entendo que estas matérias são sensíveis para serem usadas como arremesso ou como qualquer motivação política num ano que vai ser marcado por disputas ao nível das eleições autárquicas”, continua Manuel Andrade, aludindo à ligação do marido de Raquel Freitas ao PSD.

“Estas situações já foram apresentadas algumas vezes pela Senhora Presidente da Associação de pais, no entanto nunca foram apresentados nomes de pessoas envolvidas nestas situações. Qualquer entidade envolvida no processo educativo tem a responsabilidade de indicar de forma clara o nome das pessoas envolvidas nesses possíveis consumos ou tráficos”, sublinha o diretor para quem o ambiente da escola “globalmente é tranquilo, possibilitando que cumpra a missão educativa que tem prevista”, apesar de existirem “alguns problemas pontuais que surgem entre os alunos”.

Neste contexto, dá ênfase ao facto deste ser o único agrupamento de escolas da região e, por isso, receber alunos das mais variadas classes sociais e etnias, “todos os que aqui residem” e tal “pode significar que neste universo de cerca de 900 alunos possa haver alguns casos mais problemáticos para os quais são necessárias medidas adequadas e enquadradas nas nossas ações TEIP”, isto é, o Programa Territórios Educativos de Intervenção Prioritária.

De acordo com informação disponibilizada no site oficial da Direção-Geral da Educação, o programa anteriormente mencionado trata-se de “uma iniciativa governamental, implementada atualmente em 136 agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas que se localizam em territórios economica e socialmente desfavorecidos, marcados pela pobreza e exclusão social, onde a violência, a indisciplina, o abandono e o insucesso escolar mais se manifestam” e, assim, são “objetivos centrais do programa a prevenção e redução do abandono escolar precoce e do absentismo, a redução da indisciplina e a promoção do sucesso educativo de todos os alunos”.

“No sentido de garantir as melhores condições para o funcionamento das atividades letivas nas escolas deste agrupamento”, segundo Manuel Andrade, terão sido contratados “os recursos que parecem mais adequados para dar resposta a estas solicitações”, ou seja, uma psicóloga, uma técnica de intervenção local, uma animadora sociocultural e uma educadora.

“Penso que a intervenção destas técnicas tem sido muito positiva no sentido de ajudar a resolver alguns problemas de aprendizagem e de comportamento de alguns alunos que se nos revelam mais problemáticos”, manifesta.

“A GNR é chamada e não faz nada”

Questionada pelo i acerca do panorama geral vivido na escola secundária, a GNR não esconde que “tem estado particularmente atenta à situação descrita, havendo alguns jovens devidamente referenciados por ações fora da escola que poderão interferir com a vida escolar, estando a Guarda sempre atenta e a dar resposta às ocorrências de que tem conhecimento relativas à escola”, destacando que “acresce informar que a GNR, no decorrer das ações de sensibilização realizadas pelos militares da SPC, em sala de aula, tem encontrado um ambiente de calma e respeito por parte dos alunos”.

João Fonseca explica que estas ações “visam não só a proatividade junto do estabelecimento de ensino, de forma a aproximar os militares e a comunidade escolar, como também assegurar a coordenação do cumprimento das diretivas e orientações relativas à prevenção criminal, policiamento de proximidade e segurança comunitária, em ações coordenadas de patrulhamento, fiscalização e sensibilização com as patrulhas realizadas pelo posto territorial, de forma flexível, e promovendo assim a visibilidade e segurança pública na área em apreço”.

Santiago e Sara têm uma perspetiva distinta. A cada dia, dizem deparar com “alunos que entram nas salas, andam por lá a dizer asneiras e voltam a sair”. A rapariga confidencia “que a direção devia fazer o seu trabalho, fazer com que estivéssemos seguros numa escola”, até porque “a GNR é chamada e não faz nada”.

“Já assisti a brigas em que os pais e alunos viram-se contra a GNR. Eles não respeitam ninguém. Nunca vejo o diretor da escola presente em nenhuma situação. Cada vez fica pior”, constata a adolescente que segue a mesma linha de pensamento de Santiago. “Estes alunos andam sempre em grupo, intimidam as pessoas, provocam e, se a pessoa responde, combinam entre eles e batem nessa pessoa. Eu tenho um amigo que levou porrada sem mais nem menos. Deram-lhe um murro, virou-se para trás e vieram mais pessoas”, exprime com a aflição patente na voz.

“Os professores têm muito medo, tanto que estes alunos entram nas salas, gritam, e só um ou outro os manda embora. E há um professor que foi chamado de anormal. Se alguém reage, não há ninguém que defenda essa pessoa”, descreve o rapaz.

O drama de quem (tenta) ensina(r)

Nuno dá aulas há vários anos e, ainda que considere que já enfrentou turmas complicadas, alega que este caso é mais perturbador do que os restantes. “Aquilo que eu tenho vindo a verificar é que seis, sete alunos são o terror dentro da escola e põem em causa toda a estabilidade que possa existir e provocam o terror de 900 pessoas. Nas minhas aulas, consigo controlar tudo porque não permito que as coisas tomem proporções graves, mas os comportamentos não são os melhores”, diz o profissional que expulsa das salas quem tem atitudes incorretas.

“Além de estarem sempre sem máscara, respondem mal aos professores e auxiliares, dão surras autênticas a outros alunos e o Conselho Executivo vai usando as ferramentas que tem para tentar resolver a situação”, lastima, transmitindo que em casos extremos, os alunos são suspensos, “mas não há sanções suficientemente fortes que sirvam de exemplo e, por isso, até já bateram num funcionário da CCPJ”.

Segundo o professor, os alunos podem ser colocados na rua e ser-lhes marcada falta disciplinar, sendo que tal é reportado ao diretor de turma que, por sua vez, transmite a informação “à direção se achar que é uma situação que merece essa intervenção”. Posteriormente, é instaurado um processo e, se a direção entender avançar com uma medida sancionatória, poderá ser de até 12 dias de suspensão e chegar ao extremo da proposta da mudança de escola. Porém, “este processo é muito moroso e difícil”, argumenta.

“Quando eles não estão na escola, nota-se uma diferença absolutamente extraordinária. Há certos colegas que perdem a vontade de dar aulas, assumem o seu desagrado e perdem a motivação. Não há volta a dar porque não há qualquer tipo de proteção. Nem que o professor faça o pino consegue que estes alunos se dediquem”, reconhece o docente, revelando que “os rufias são quase todos da mesma família – primos, irmãos, tios, tias, sobrinhos, sobrinhas – e estão todos à espera de fazer 18 anos para conseguirem sair da escola”.

Aliás, alguns deles relataram a Nuno “que não precisam de estudar porque vendem droga” e, no ano passado, uma professora terá sido “quase agredida fisicamente e o caso está em tribunal porque ela fez queixa e acabou por afastar-se do ensino”, declara, compreendendo que a colega não tenha suportado a pressão.

“Os técnicos da CPCJ que podem tomar alguma ação residem aqui e toda a gente sabe onde mora toda a gente nestas aldeias grandes que não são cidades. Em termos de estrutura escolar, a mesma coisa. Portanto, as pessoas tentam passar pelo intervalo dos pingos da chuva para tentarem fazer tudo da mesma forma”, começa por concluir. “Sinto-me aterrorizado. Temos dois mundos dentro de uma escola”, termina.

“Tive conhecimento de uma situação de um aluno que se recusou a vir para a escola, antes do segundo confinamento, por causa da covid-19. Então, os professores tinham de preparar materiais específicos para lhe enviar para que ele não perdesse as matérias. O aluno não quer saber da escola” e, num dos dias do período de isolamento, o rapaz terá ido à escola espancar um colega numa das casas de banho “e saiu como se nada fosse”.

“Não vou dizer que, quando há situações mais de confronto, estou completamente tranquilo. Numa manhã, fui dar aulas e havia um bloco que parecia um manicómio. Estava uma porta trancada e um miúdo bateu nela até se abrir para encontrar outro que lhe tinha feito algo. Está muito difícil”, relata o professor Pedro que acredita “que os confinamentos tenham agravado esta falta de formação de base porque é isso mesmo que falta”, sendo que “certamente que, em casa, com os pais, ainda faziam pior”.

Para combater esta realidade, o docente continua a dar o seu melhor, mas nem isso demove estes alunos. “Não lhes estamos a ensinar nada, é impossível fazê-lo. Tentam replicar os exemplos que têm em casa”, alerta, indicando que, no final do primeiro período deste ano letivo, havia brigas todos os dias. “Há disciplinas em que existem dois professores a dar aula porque há receio de se dar aulas sozinho. Temos de fazer algo para melhorar a nossa realidade porque, qualquer dia, não há professores. Somos autênticos fantoches que andam ali”, avisa.


May 06, 2021

O Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Leiria mandou repetir a eleição do director




O ME desresponsabiliza-se do sucedido, apesar de ter homologado o processo com vícios, mas todos sabemos que a responsabilidade da gestão das escolas no actual modelo napoleónico é da vontade do ME desde a fulana Rodrigues. Depois dela nem um único limpou a pegada negativa que ela deixou, pelo contrário, todos a aprofundam.





March 31, 2021

Este mês fui à medicina do trabalho

 


Desta vez não foi como a junta da ADSE com aqueles incompetentes vulgares, sem respeito pelos outros. Desta vez apanhei uma médica que tirou mesmo o curso de medicina, que lê mesmo os relatórios médicos e os exames e faz perguntas pormenorizadas antes de tomar decisões que afectam a nossa vida. 

Disse-me que as juntas médicas estavam a enviar imensa gente das escolas para consultas de Medicina do Trabalho mas que não é suposto fazerem-no. Explicou-me que a lei (que vem desde o tempo da 1ª república) obriga a que todos os serviços tenham uma valência de medicina do trabalho, mas acontece que muitos não a têm. Por exemplo, imensos hospitais, não pequenos, mas importantes como o Santa Maria, até há muito pouco tempo não tinham Medicina do Trabalho. Isto até dá vontade de rir, porque é como o quartel dos bombeiros não ter água 🙂 mas enfim, até se percebe. Calculo que os médicos, quando acham que precisam de cuidados ou exames médicos pedem a um colega que o faça, da mesma maneira que nas escolas, os colegas nos vêm pedir se ajudamos os filhos com o estudo ou os alunos ou se temos livros escolares para emprestar aos filhos, etc.

Seja como for, o que devia estar estabelecido, disse-me ela, era que cada agrupamento de escolas ou escola fizesse um acordo com uma clínica qualquer que tenha esta valência de medicina do trabalho, como esta onde fui que é uma clínica de cirurgia de que nunca tinha ouvido falar e que enviasse os seus funcionários, periodicamente, para fazer testes, análises ou o que fosse preciso, como acontece com as empresas. Calculo que isto tenha que ver com os governos não quererem gastar dinheiro com os professores e outros funcionários da escola e confiarem que cada um que se arranje, que vá ao médico regularmente e não chateie. 

É isto: para os governos, nós, nas escolas, somos custos, não temos valor como pessoas. São mais ou menos como os da junta da ADSE. Só fazem triagem e, à papo-seco. Têm umas quotas e se calha a gastarem as quotas com constipações quando entram os casos graves olham para o lado como se não fosse nada com eles.