May 18, 2025

Citação deste dia


A great deal of intelligence can be invested in ignorance when the need for illusion is deep. 
  - Saul Bellow

Uma grande quantidade de inteligência pode ser investida na ignorância quando a necessidade de ilusão é profunda. 
    - Saul Bellow

""A falta de educação vai destruir a nossa sociedade"

 

"A falta de educação vai destruir a nossa sociedade. A ciência não é apenas um conjunto de factos - é uma forma de pensar com cepticismo e de questionar as afirmações. Sem este pensamento céptico, as pessoas podem ser facilmente enganadas por líderes políticos ou religiosos desonestos.... É por isso que Thomas Jefferson enfatizou a importância do pensamento crítico na democracia.”

Carl Sagan

Neste vídeo, um professor de Harvard apresenta a sua ideia de felicidade. É um voltar atrás ao passado (ter uma fé, religiosa de preferência, casar e fazer filhos) mascarado com uma linguagem de Ciências Sociais. Evidentemente, muito do que ele diz é verdade -os amigos tornam a vida mais suportável em tempos difíceis ou ter algo que nos descentre do narcisismo e faça transcender- mas no geral, esta palestra é uma espécie de homilia dos valores tradicionais. Quando a sociedade tinha esses valores tradicionais de fé religiosa, casamento e bebés, as pessoas eram mais felizes? Basta fazer esta pergunta para perceber o reducionismo e simplismo do seu discurso. Não, a sociedade não era mais feliz. Era mais simples e estava mais iludida.


May 17, 2025

Como as pessoas se convencem a si mesmas que o autoritarismo e a ditadura têm um lado positivo

 

Têm uma grande atracção pelo 'homem forte' que chega e põe toda a gente no lugar. JMT valida homens fortes como Trump pela razão de querer que o Estado seja mais eficiente e de Trump representar o poder executivo que executa e não fica capturado numa rede de interesses com muito poder mas sem legitimidade democrática.

Vejamos: quando fala em "rede de interesses com muito poder mas sem legitimidade democrática", refere-se a Musk e outros bilionários e putos amigos de Musk que ninguém elegeu? Pessoas sem legitimidade que destroem e interferem nas legitimidade das instituições democráticas com o argumento de que o 'executor' tem que ter poder para executar? E que dizer da economia americana desde que Trump chegou ao poder que não tem parado de cair com o seu estilo de executor autoritário? Hoje, pela primeira vez na história, a Moody desceu o rating dos EUA de AAA para AA1. Portanto, com o argumento de melhorar a eficácia do Estado, destrói a economia, a credibilidade internacional, a democraticidade das suas próprias instituições e a coesão social e cultural.

Biden, por muitos defeitos que lhe ponham à conta da idade, pôs a economia a crescer prosperamente, os EUA novamente no lugar de líderes da democracia e do mundo livre, ajudou as classes sociais mais pobres e, pasme-se, tudo isto sem destruir as instituições democráticas, sem raptar pessoas no meio da rua, sem separar bebés e crianças pequenas das mães, sem vender americanos a prisões inhumanas de países estrangeiros, sem fazer parcerias com países terroristas, sem vender os EUA a quem der mais, sem tentar invadir países parceiros, sem bilionários e instituições religiosas extremistas a destruir a educação, a saúde, a investigação científica, a própria ideia de ciência, a cultura, os direitos das mulheres...

Enfim, JMT apoia o autoritarismo na acção política. É como digo, muitas personalidades da vida política e pública portuguesa parecem ser pães diferentes mas são todas farinha do mesmo saco. Em vez de defenderem a força das instituições, defendem a força do homem que tem o poder executivo.

**********

A estratégia é forte e é bruta, e, dada a falta de amor à democracia de Donald Trump, é também altamente perigosa. Mas ela corresponde a uma inquietação genuína. Quando Trump obtém 77 milhões de votos, nós achamos que há 77 milhões de americanos a concordar com as suas ideias. Pode não ser isso. Basta que concordem com ele numa única grande ideia: não querer que as coisas fiquem como estão. Não se trata, pois, de opor esquerda e direita, mas mudança e imobilidade. Muita gente não gosta de Trump, mas vê nele o político certo para que o poder executivo volte efectivamente a “executar”, sem ficar capturado numa rede de interesses subterrâneos com imenso poder, mas sem legitimidade democrática. Há aqui muita teoria de conspiração? Sim, há. Mas há também um fundo de verdade, que seria bom que os verdadeiros democratas começassem a levar a sério.

JMT in publico.pt

Enquanto os europeus hesitam sobre o que fazer os russos agem sem hesitações

 

Hoje, logo pela manhã, os russos atacaram um autocarro interurbano na região de Sumy, matando 9 pessoas e ferindo 4. Todos os dias são dias de visar e matar civis ucranianos.




Um instantâneo de MAGAS

 


Um velhote em cima dos 80 anos, obcecado e afetado pelo sucesso de mulheres jovens. São os MAGAS.




Logo pela manhã damos de caras com este merdas... todos os dias...

 


May 16, 2025

Bronco e perigoso - uma combinação explosiva

 

O ar miserável e medroso dos russos

 

Nem conseguem olhar os ucranianos nos olhos. Putin fez dos russos um país de medrosos e cobardes. 


Coisas boas sem ambiguidade

 


@KyivPost

O Papa Leo XIV propôs a realização de conversações de paz entre a Ucrânia e a Rússia no Vaticano.


(Em linguagem de xadrez que nome tem esta jogada?)

😁

 

Depois de Donald Trump ter mandado pendurar uma faixa de 15 metros com a sua imagem no edifício do Ministério da Agricultura, mesmo ao lado de Abraham Lincoln, três faixas apareceram misteriosamente ao lado da sua.



Putin é burro

 

Pôs a Europa unida e a darem-se bem uns com os outros; e a colaborar; pôs-nos no caminho da autonomia e independência dos EUA; perdeu os clientes do petróleo e do gás; pôs os países nórdicos na NATO; pôs a Ucrânia na UE e, acredito firmemente, na NATO ou num sistema de defesa europeu paralelo à NATO; pôs a Ucrânia a odiar a Rússia, pelo menos durante os próximos 500 anos; perdeu todos os parceiros importantes que tinha na Europa e no mundo e agora, fora a China, faz negócio com os talibãs; isolou-se internacionalmente; involuiu; tornou-se um país atávico, atrasado, empobrecido e mais bruto; perdeu parcerias na ciência, na medicina, na investigação, na cultura, no desporto... e vai perder a guerra, não tenho dúvida disso. Putin tornou-se um pária e os russos são agora olhados como nazis; Em três anos, em vez de ganhar terreno, tem perdido e nem a seu território é capaz de defender - e isto, tendo em conta que a Ucrânia tem lutado com arcos e flechas e não os ataca no seu país e que têm o idiota do Trump a ajudá-los. Pois, nem mesmo assim! Se os europeus se unirem a sério e armarem a Ucrânia a sério isto acaba mais depressa do que se pensa. Putin é completamente burro. E as bravatas dos lacaios que manda à Turquia e outros sítios não passam disso: bravatas.


A Rússia precisa perder a guerra, ser desmantelada e destalinizada



A delegação russa em Istambul utilizou o fórum para ameaçar a vida dos membros da família da delegação ucraniana. Isto é a Rússia. Conversa de mafiosos. Putin mandou o Luca Brasi e o Tesio à Turquia fazer ameaças. Está desesperado.


@olliecarroll

Uma citação atribuída a Medinsky: 
"Talvez alguns dos que estão sentados aqui nesta mesa percam mais dos seus entes queridos. A Rússia está preparada para lutar para sempre". x.com/olliecarroll/s...

A Rússia precisa perder a guerra, ser desmantelada e destalinizada

 

Istambul

Os russos exigiram que a Ucrânia se retirasse totalmente de quatro das suas regiões, agora ocupadas, incluindo a minha cidade natal de Kherson, que tinha sido libertada pelo exército ucraniano.

Quando a delegação ucraniana se recusou, os russos levantaram-se:

“Da próxima vez, serão cinco”.
Voilá.


    - @inna shevchenko

Testemunho - Bridget Brink, ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia




"Acabo de regressar ao Michigan depois de três anos no trabalho mais difícil da minha vida - Embaixadora dos EUA na Ucrânia, onde apoiei o nosso aliado democrático contra a agressão brutal e não provocada da Federação Russa.

Servi com orgulho cinco presidentes - republicanos e democratas - e assegurei que os Estados Unidos são o maior e mais forte país que o mundo já viu.

Respeito o direito e o dever do Presidente de definir a política externa dos Estados Unidos - com um sistema correspondente de controlo e equilíbrio por parte do Congresso dos Estados Unidos. O papel do Serviço de Negócios Estrangeiros americano é pôr essa política em prática. 

Infelizmente, a política da administração Trump, desde o início, tem sido pressionar a vítima, a Ucrânia, em vez do agressor, a Federação Russa. Por conseguinte, não pude continuar a seguir conscientemente a política da administração e considerei que era meu dever demitir-me. Após quase 30 anos ao serviço do nosso país, vou reformar-me do meu cargo de Embaixador na Ucrânia.

Não posso ficar de braços cruzados enquanto um país é invadido, a democracia é bombardeada e crianças são mortas impunemente. Estou convencida de que os interesses dos EUA só podem ser protegidos se defendermos a democracia e enfrentarmos os autocratas. A paz a qualquer preço não é paz de todo; é apaziguamento. E a história ensina-nos repetidamente que o apaziguamento não conduz nem à segurança nem à prosperidade. Leva a mais guerra e sofrimento.

Durante três anos, ouvi as histórias, vi a crueldade e senti a dor das famílias cujos filhos e filhas foram mortos e feridos por mísseis e drones russos que atingiram parques infantis, igrejas e escolas. Durante a minha carreira profissional em zonas de conflito, testemunhei em primeira mão atrocidades em massa e destruição sem sentido, mas desde a Segunda Guerra Mundial que não se assistia a uma violência tão sistemática, generalizada e horrível na Europa.

Porque é que a invasão russa da Ucrânia é importante para os Estados Unidos?

Porque a forma como lidarmos com esta guerra dirá muito aos nossos amigos e aos nossos inimigos. Se permitirmos que Putin redesenhe as fronteiras pela força, ele não se ficará pela Ucrânia. A acreditar em Putin, ele quer reviver o passado imperial - e não o pode fazer sem pôr em perigo a segurança dos nossos aliados da NATO.

E se Putin for bem sucedido, enviará sinais à China que prejudicarão o equilíbrio de segurança na Ásia e em todo o mundo. Isso terá implicações profundas para a segurança e a prosperidade da América.

A guerra da Rússia na Ucrânia tem a ver com a preservação dos 80 anos de paz que emergiram da devastação da Segunda Guerra Mundial, bem como com o crescimento económico, o comércio e os empregos reais daí resultantes.

Mas a guerra contra a Rússia é mais do que apenas uma questão de política externa ou económica. Tem a ver com quem somos.

O meu avô, que cresceu em Charlotte, Michigan, serviu orgulhosamente o nosso país como soldado na Segunda Guerra Mundial, enquanto a minha avó sustentava o seu único filho alugando quartos na sua casa em Lansing. Os meus avós não se viam há três anos e a minha mãe não reconheceu o pai quando ele regressou a casa, mas sabiam que estavam a fazer o que era correto.

A América que eu amo, a América que os nossos avós serviram, nunca ficaria de braços cruzados e permitiria que tal horror acontecesse. Temos de nos manter firmes naquilo que somos - um povo justo e generoso, abençoado com um governo democrático e responsável, a maior economia de mercado livre do mundo e o exército mais poderoso da história da humanidade. Perante a agressão, temos de mostrar liderança, não fraqueza ou cumplicidade.

Esta é a América que amo e que sirvo com orgulho todos os dias.

Posso já não ser uma diplomata americana, mas nunca deixarei de acreditar na necessidade da liderança americana para assegurar o nosso futuro e proporcionar um farol de esperança e oportunidade a todos os habitantes do Michigan, a todos os americanos e a tantos outros em todo o mundo."

A FENPROF, muito de vez em quando, lembra-se que tem no nome o 'P' de professores

 


O que é que a Palestina tem que ver com os problemas dos professores? Nada... mas a FENPRF raramente existe para os professores, geralmente existe para os interesses políticos dos seus cabecilhas. 


Congresso da Fenprof marcado pela saída de Mário Nogueira e pela eleição de novos líderes



Os 662 delegados irão também aprovar o programa de ação reivindicativa para o próximo mandato.
Primeiro dia de congresso ficará também marcado pela presença da Embaixadora da Palestina em Lisboa, uma das oradoras convidadas. 

 


Agora já ouvi tudo 😅

 

Está um Gonçalo Ribeiro Telles na TV a dizer que é óbvio que este ministro das finanças da AD é muito inferior aos do PS, Centeno e Medina, porque os outros eram mais conservadores e este da AD é menos conservador, ou seja, é mais progressista. LOL Agora já ouvi tudo: defender-se que os ministros das finanças da esquerda são mais conservadores que os do centro e da direita.

Na realidade o que é óbvio é que tanto Centeno como Medina podiam ter sido ministros das finanças do PPC: escolheram empobrecer os portugueses para fazer brilharetes de não gastar dinheiro. Assim também eu sei fazer. Chamaram-lhes cativações de investimento. Entretanto, deixaram as profissões, nomeadamente as públicas de serviços fundamentais, à beira do colapso por teimarem em que era preciso empobrecer os professores, os enfermeiros, os médico, os polícias, etc., já que nós éramos a causa de todos os males do país.

Querem ter serviços públicos de qualidade como outras democracias europeias mas não querem pagar aos profissionais dos serviços públicos.

A minha questão é: quem é que quer ministros das finanças que são conservadores à custa de deixar os outros pobres e o país sem serviços públicos (exemptam-se a si mesmos e aos seus amigos desse destino)? Bem, PPC, JMT, António Costa, Centeno, Medina, Ventura e outros do género. Parecem pães diferentes mas é tudo farinha do mesmo saco.

No que me diz respeito, esse é um dos maiores argumentos para ir votar AD. Desde a bestiaga da Lurdes Rodrigues, este ME desta AD foi o primeiro que nos devolveu algum do dinheiro que os conservadores do PS mais o gémeo PPC nos roubaram. E é o único que fala com respeito dos professores. 

Não estou interessada em mais anos de conservadores do género do ordinário incompetente e burro do João Costa, nem dos Centenos que cativam o meu salário e a minha carreira para enriquecerem banqueiros, primos e amigos, Escárias e escórias e que depois de nos lixarem pulam para o FMI, para o Conselho Europeu, para o BdP, para 40 administrações de empresas, para cargos na ONU do amigo, etc. 

Temos isso há mais de 20 anos com um breve interregno de 3 que foi mais do mesmo para pior. Acredito no princípio da alternância democrática. Não sou putineira.

Livros - "Amílcar Cabral - O Africano que Abalou o Império"

 


Amílcar Cabral tinha uma visão positiva e inteligente, não apenas do futuro africano e do futuro de Portugal, como integrava a questão do cruzamento de culturas entre Portugal e os países africanos numa visão mais vasta de um mundo não colonialista, um mundo democrata onde todos seriam livres enquanto seres humanos de iguais direitos e oportunidades.

Foi uma pessoa diferente da maioria dos líderes africanos que lutaram pela independência. 

O meu pai conheceu-o bem porque foram colegas na faculdade. Contava que um dia, muito mais tarde, já ele era procurado e tinha um mandato de captura por parte do governo português, o encontrou em Alcântara e, tendo ficado muito surpreendido de o ver ali à luz do dia, lhe disse, 'Que estás aqui a fazer? És doido? Não sabes que és procurado pela polícia?' Ao que ele respondeu a rir, 'eles sabem muito bem que estou aqui e não se atrevem a prender-me'.

Vou comprar este livro. Vi uma entrevista com o autor na RTP África e fiquei interessada. 


Um artigo escrito de um ponto de vista... antigo

 



Sim, estou completamente de acordo que o programa, Para além do Cérebro, não devia passar na TV pública, pois tenta passar por conhecimento científico o que não o é e, dirigindo-se a um público pouco informado sobre as ciências e sobre a filosofia das ciências, induz em erro. Porém, não concordo inteiramente com o tom do artigo que reduz o conhecimento científico a algumas ciências experimentais e exactas, fazendo equivaler as ciências sociais e humanas (chama-lhes humanidades) à religião.

Penso mesmo que este tipo de cientismo é uma das causas do recrudescer de alguns veios de exploração do conhecimento que pareciam ter morrido no século XX, paralelamente ao desenvolvimento das ciências experimentais e exactas.

A realidade é muito complexa e o seu conhecimento não se reduz às ciências experimentais como a Física, a Química e a Biologia, ou exactas - a Matemática. A Física, por exemplo, está tão desenvolvida que atingiu o ponto de ter teorias como, 'os múltiplos universos'; 'os buracos brancos' (se há buracos negros porque não haver brancos?); o universo ser um holograma; o universo ser uma simulação de um universo mais avançado, possivelmente digital (a ideia do filme Matrix); o emaranhamento quântico; não há matéria e nós é que criamos o mundo material com as nossas percepções e outras ainda mais estranhas, não reprodutíveis em nenhum laboratório.

A 'Ciência' não é um termo unívoco e pode ser entendido em vários sentidos. No seu sentido mais lato, a Ciência é um conhecimento com um corpo formado, sistematizado e aceite ao longo do tempo e um campo de investigação próprio. A História, a Economia, a Psicologia, etc. não são ciências no sentido experimental (a Psicologia é em parte) em que fala Marçal, mas são ciências naquele sentido lato do termo e não podem equiparar-se a uma religião. A Matemática, por exemplo, não se comporta como as outras ciências experimentais a que Marçal se está a referir e, no entanto, as outras ciências não existem sem ela, porque é ela que dá exactidão e rigor às ciências a que Marçal se refere - uma ideia e uma construção, como ele deve saber, da Filosofia. A Lógica, sem a qual não há ciências no sentido a que se refere, é Filosofia. A Língua, que faz parte das Humanidades, não existe fora de uma estrutura conceptual - uma organização arquitectónica, lógica (matemática) do cérebro.

Portanto, 'A Ciência' no sentido em que Marçal fala não existe. Existem, 'as ciências' e a sua definição é extremamente difícil e complexa. Para mim, seria mais importante perceber porque é que as ciências experimentais, que tanto desenvolvimento, eficácia e utilidade trouxeram ao mundo, estão numa crise de credibilidade. Saber a razão, seria mais útil para lutar contra a pseudo-ciência.

Em parte, penso, deve-se ao cientismo, esta ideia de reduzir todo o conhecimento válido a 3 ou 4 ciências e arrumar todos os outros conhecimentos na categoria de crendices. 

A ciência, no sentido em que fala Marçal, é inter-subjectiva, não tem critério de Verdade e todas as ciências, antes de o serem no sentido em que Marçal fala, tiveram um período de pré-ciência e é nisso que estas pseudo-ciências se apoiam para tentarem validar-se. Muito antes de sabermos acerca de campos magnéticos já havia instrumentos que os usavam para a orientação espacial e, portanto, sabíamos que havia uma força ou forças invisíveis a actuar sobre a matéria. Daí até sabermos exactamente o que são e como funcionam, passou muito tempo. 

Por conseguinte, estando de acordo com Marçal acerca da imprudência da TV pública passar programs de desinformação, não concordo com o modo como o assunto é argumentado aqui neste artigo. E a argumentação, não sendo uma ciência exacta ou experimental, é um conhecimento fundamental na escolha dos caminhos que consideramos válidos para percorrer e explorar, inclusive nas ciências de que fala Marçal.



Não existe uma espiritualidade científica

Estreou-se na RTP1 a série documental Para além do Cérebro, sendo o título do primeiro episódio Ciência e espiritualidade. Por que razão a televisão pública deu este espaço à pseudociência?

David Marçal

A ciência é a nossa melhor forma de conhecimento para responder às perguntas sobre o mundo, que são passíveis de elucidar através da observação, da experimentação e do raciocínio lógico. Mas nem todas as questões podem ser esclarecidas dessa forma. Qual é o nosso propósito? Haverá uma vida após a morte? Deus existe? Tais inquietações são do domínio da espiritualidade. Essa dimensão do ser humano, mesmo que em diálogo com o mundo, é interna e pessoal, não podendo ser validada pela ciência. Apesar dessa impossibilidade, na segunda metade do século XX surgiu no Ocidente o movimento dito New Age (Nova Era), que procura uma alegada espiritualidade de base científica. Tal tentativa não passa de pseudociência, como irei discutir neste ensaio que faz parte da série “Como Perder Amigos Rapidamente”.

Estreou-se na última segunda-feira, na RTP1, a série documental Para além do Cérebro, sendo o título do primeiro episódio Ciência e espiritualidade. A ideia central, enunciada logo no início por Leanna Standish, apresentada como neurocientista, é a de que a ciência tem adoptado o que ela chama uma “perspectiva materialista”, esquecendo-se da dimensão imaterial do mundo e do ser humano. Leanna Standish, que na sua página no site de uma faculdade norte-americana de medicina neuropática se apresenta como naturopata oncológica, surge de bata branca, procurando dar a imagem estereotipada de uma cientista.

A crença numa dimensão imaterial do ser humano com a qual se pode interagir, designadamente para curar doenças, não é nova. Chama-se vitalismo e tem assumido, ao longo da história, várias formas. Recentemente o vitalismo pré-científico tem sido embrulhado com palavras da ciência, sendo com alguma frequência abusivamente associado à física quântica, o que dá muito jeito, porque a maior parte das pessoas não sabe bem o que esta é.

Desta estranha mistura entre crença e ciência faz também parte a alegação de que é possível alterar a realidade através da consciência. Dois dos entrevistados são Dean Radin e Roger D. Nelson, arautos de longa data dessa causa. Ambos foram associados à iniciativa Orgasmo Global pela Paz, que tem ocorrido esporadicamente desde 2006.

(...)

A série documental Para além do Cérebro, que faz lembrar outros na mesma linha, como What the Bleep Do We Know!?, de 2004, não passa de um desfile de argumentos de autoridade – uma coisa é verdade porque pessoas muito importantes, algumas de bata branca, dizem que é verdade. Tal é uma marca inequívoca da pseudociência. A ciência não se baseia na palavra de pessoas importantes, mas sim em provas reprodutíveis, que são escrutinadas por outros cientistas.

Para além da ciência, há outros saberes que nos podem ajudar a viver melhor, incluindo as artes, as humanidades, a religião, etc. Mas essas áreas não podem ser confundidas com a ciência. De resto, uma espiritualidade que procura sentido na ciência é uma espiritualidade fraca, que se afasta da sua essência. Uma questão óbvia é: por que razão a televisão pública resolveu dar este espaço à pseudociência, contribuindo para espalhar desinformação, quando dá tão pouco à ciência? A RTP, ao escolher a pseudociência em vez da ciência, fugiu à sua missão de serviço público.

Bioquímico e divulgador de ciência

May 15, 2025

"O teu presidente tem medo de vir"

 

Toda a gente -menos Trump- já percebeu que Putin vive com medo, escondido no bunker como um rato do esgoto.

Os EUA já não são o que eram

 

Costumavam ser um país progressista e de mentalidade avançada.