Estive a ler a primeira declaração pública que proferiu desde a sua eleição, na varanda de S. Pedro. Apesar de ser americano e a sua língua nativa ser o inglês, não falou uma palavra em inglês, mas falou em Espanhol. Portanto, foi uma escolha deliberada contra o nacionalismo e a favor da universalidade da Igreja - isso é bom.
Em segundo lugar, fez questão de dizer que é um agostiniano. Ora, isso quer dizer que está apostado no serviço ao outro -o que é excelente- e na devoção às escrituras - o que é menos excelente, porque tradicionalmente os agostinianos seguem Santo Agostinho no afastamento das mulheres de qualquer centro de decisão e na sua fixação ao papel de mães. Santo Agostinho é o doutrinário fixador dessa visão machista da Igreja. Aliás, o Papa Leo só invoca o assunto para prestar oração à Nossa Senhora de Pompeia, enquanto mãe.
Portanto, temos aqui um Papa conservador no que respeita às mulheres e à «família tradicional», talvez contrário a qualquer mudança que implique uma modernização da mentalidade fechada e machista (e anti-gays) dos homens (em sentido estrito e não geral) da Igreja católica.
Oxalá me engane, mas os primeiros sinais apontam para aí. Se for, será uma pena... mais uma oportunidade perdida para fazer o bem e evitar a condenação ao sofrimento e à servidão, a metade da humanidade. Veremos.
(...)
Sou filho de Santo Agostinho, um agostiniano, que disse: “Com vocês sou cristão e para vós bispo." Nesse sentido, podemos todos caminhar juntos rumo àquela pátria que Deus nos preparou.
À Igreja de Roma, uma saudação especial! [Aplausos] Devemos procurar juntos como ser uma Igreja missionária, uma Igreja que constrói pontes, dialoga, sempre aberta para receber esta praça com os braços abertos. A todos, a todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa presença, do diálogo e do amor.
(em espanhol)
E se também me permitem, uma palavra, uma saudação a todos aqueles, e em particular à minha querida Diocese de Chiclayo, no Peru, onde um povo fiel acompanhou o seu bispo, compartilhou a sua fé e deu muito, muito para continuar a ser Igreja fiel de Jesus Cristo.
A todos vós, irmãos e irmãs de Roma, da Itália, do mundo inteiro, queremos ser uma Igreja sinodal, uma Igreja que caminha, uma Igreja que sempre procura a paz, que sempre procura a caridade, que sempre procura estar próxima, especialmente daqueles que sofrem.
Hoje é o dia da Súplica a Nossa Senhora de Pompeia. Nossa Mãe Maria quer sempre caminhar connosco, estar próxima, ajudar-nos com sua intercessão e seu amor.
Por isso, gostaria de rezar com vós. Rezemos juntos por esta nova missão, por toda a Igreja, pela paz no mundo e peçamos esta graça especial a Maria, nossa Mãe.