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May 17, 2025

Como as pessoas se convencem a si mesmas que o autoritarismo e a ditadura têm um lado positivo

 

Têm uma grande atracção pelo 'homem forte' que chega e põe toda a gente no lugar. JMT valida homens fortes como Trump pela razão de querer que o Estado seja mais eficiente e de Trump representar o poder executivo que executa e não fica capturado numa rede de interesses com muito poder mas sem legitimidade democrática.

Vejamos: quando fala em "rede de interesses com muito poder mas sem legitimidade democrática", refere-se a Musk e outros bilionários e putos amigos de Musk que ninguém elegeu? Pessoas sem legitimidade que destroem e interferem nas legitimidade das instituições democráticas com o argumento de que o 'executor' tem que ter poder para executar? E que dizer da economia americana desde que Trump chegou ao poder que não tem parado de cair com o seu estilo de executor autoritário? Hoje, pela primeira vez na história, a Moody desceu o rating dos EUA de AAA para AA1. Portanto, com o argumento de melhorar a eficácia do Estado, destrói a economia, a credibilidade internacional, a democraticidade das suas próprias instituições e a coesão social e cultural.

Biden, por muitos defeitos que lhe ponham à conta da idade, pôs a economia a crescer prosperamente, os EUA novamente no lugar de líderes da democracia e do mundo livre, ajudou as classes sociais mais pobres e, pasme-se, tudo isto sem destruir as instituições democráticas, sem raptar pessoas no meio da rua, sem separar bebés e crianças pequenas das mães, sem vender americanos a prisões inhumanas de países estrangeiros, sem fazer parcerias com países terroristas, sem vender os EUA a quem der mais, sem tentar invadir países parceiros, sem bilionários e instituições religiosas extremistas a destruir a educação, a saúde, a investigação científica, a própria ideia de ciência, a cultura, os direitos das mulheres...

Enfim, JMT apoia o autoritarismo na acção política. É como digo, muitas personalidades da vida política e pública portuguesa parecem ser pães diferentes mas são todas farinha do mesmo saco. Em vez de defenderem a força das instituições, defendem a força do homem que tem o poder executivo.

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A estratégia é forte e é bruta, e, dada a falta de amor à democracia de Donald Trump, é também altamente perigosa. Mas ela corresponde a uma inquietação genuína. Quando Trump obtém 77 milhões de votos, nós achamos que há 77 milhões de americanos a concordar com as suas ideias. Pode não ser isso. Basta que concordem com ele numa única grande ideia: não querer que as coisas fiquem como estão. Não se trata, pois, de opor esquerda e direita, mas mudança e imobilidade. Muita gente não gosta de Trump, mas vê nele o político certo para que o poder executivo volte efectivamente a “executar”, sem ficar capturado numa rede de interesses subterrâneos com imenso poder, mas sem legitimidade democrática. Há aqui muita teoria de conspiração? Sim, há. Mas há também um fundo de verdade, que seria bom que os verdadeiros democratas começassem a levar a sério.

JMT in publico.pt

May 13, 2025

Esqueçam o Camões e o Eça obrigatórios: fundamental mesmo é ler a propaganda do tipo que manda nos colégios privados




Um artigo de propaganda ao serviço da privatização do ensino, a fazer a apologia do chefe da associação do ensino particular que apresenta dados à maneira de JMT, ou seja, se os resultados dos exames hoje-em-dia são melhores nos ensino particular isso deve-se à 'verdade' de toda a gente lá ser melhor que na escola pública. Ainda bem para os Queirozes que têm estes arautos dos jornais como braço armado, digamos assim, da sua ideologia de ir buscar dinheiro à escola pública -como se ela tivesse muito- para os seus empreendimentos particulares. 


Uma entrevista para ler, aprender e mudar o ensino do país


JMT

A esquerda enche a boca com a escola pública, mas é a grande responsável pelo seu declínio.

Se ainda não leram, por favor, vão ler. Rodrigo Queiroz e Melo, director executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), deu uma longa entrevista ao PÚBLICO que deveria ser de leitura obrigatória nos corredores do Ministério da Educação, na Assembleia da República, nas sedes dos partidos — da esquerda à direita —, e na casa de qualquer alma que se preocupe com a desigualdade, com o elevador social e com a qualidade de educação dos seus filhos.


Público

May 12, 2025

É o dinheiro, estúpido!

 


Dando por adquirido que a insatisfação existe, e que quase toda a gente acha que deveria receber mais pelo que faz, agora vem a segunda parte da pergunta: se o descontentamento é geral, porque é que há tantas greves nas escolas públicas e tão poucas nas escolas privadas? Porque é que os comboios da CP estão sempre a parar e os comboios da Fertagus estão sempre a circular? Porque é que os mesmos médicos e enfermeiros que fazem greve no Hospital de Santa Maria não fazem greve no Hospital dos Lusíadas ou da Luz?

Há duas respostas possíveis a estas perguntas. Uma é dizer que o sector privado oferece melhores condições de trabalho do que o sector público, porque é mais bem gerido – logo, os seus trabalhadores estão mais satisfeitos. Se assim for, então convém ser consequente, e levar a sério a privatização da CP, o regresso dos contratos de associação às escolas ou as PPP na saúde.



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Veja-se como funciona a ideologia. JMT pergunta porque não há greves nos privados e adianta a sua resposta (hipótese), haver melhor condições no privado; en passant, encaixa na mesma frase o seu dogma ideológico -a causa das melhores condições é a gestão no privado ser melhor- como se fosse óbvio e a partir daí constrói o seu argumento sobre aquela afirmação insustentada que assumiu como verdade, para concluir que deve-se privatizar tudo e mais alguma coisa.

Não conheço o caso da saúde ou dos transportes por dentro e em pormenor, mas conheço o caso da educação. A educação privada não tem melhores condições por ter melhor gestão que a pública. O que tem é muitíssimo dinheiro, enquanto a escola pública é alvo de desinvestimento há décadas. 

Melhores condições na escola significam: turmas pequenas com 20 alunos; professores com duas ou três turmas no máximo; professores com computadores e outro equipamento específico das disciplinas; escolas sempre em boas condições de habitabilidade; alunos com pais com educação académica superior que compreendem os desafios; com capacidade económica de alocar meios para eventuais problemas; condições de apoio escolar na própria escola; actividades extra-curriculares; boa alimentação em casa; bom acompanhamento médico; condições para que cada elemento da família tenha mais do que um par de sapatos; casas com condições de higiene; com condições para cada um ter o seu espaço privado; condições para cada membro da família ter o seu computador; pais colaborantes que aceitam os princípios da escola onde põem os filhos; pais com um nível de linguagem complexo e rico em vocabulário; pais que levam os filhos a viajar, abrir-lhes os horizontes, etc.

Más condições na escola significam: sete turmas por professor, cada turma com trinta alunos; alunos com problemas especiais incluídos em turmas normais sem nenhum apoio especializado (alunos autistas, amblíopes, etc.); interferência do ME para melhoria de estatísticas (obrigar a passar alunos que faltaram centena de vezes ou que nunca tiveram uma avaliação positiva); apoios ao estudo (explicações) em cima do horário escolar sobrecarregado; escolas sem dinheiro para actividades extra-curriculares; sem dinheiro para aquecimento ou para ar condicionado, portanto, aulas em condições extremas de calor e/ou frio; escolas com infiltrações, material degradado, casas de banho nojentas; pais com educação académica ao nível do básico ou da frequência de algum ano do secundário; alunos provenientes de casas sem qualquer espaço privado próprio, sem computador (ou um para toda a família), com apenas um par de sapatos que usam para a educação física e para o dia-a-dia, faça sol ou chuva; alunos que nunca saíram da sua cidade ou que foram só até à cidade mais próxima; pais que nunca leram um livro ou fomentaram a leitura nos filhos; alunos imigrantes pobres, de cinco, dez, vinte ou mais nacionalidades diferentes, sem tradutor linguístico ou social, integrados à balda em turmas normais; alunos cuja única refeição completa do dia é a da escola. Etc.

Portanto, é o dinheiro estúpido!

May 08, 2025

O fascínio que muitos em Portugal têm pelo 'homem forte'



JMT diz que em Portugal há quem odeie o PPC sem argumentos ou razão, porque ele é que salvou o país e pôs o interesse do país à frente do seu, pois perdeu o poder com isso.

Só queria comentar dizendo que, em 1º lugar, a questão não era entre resgatar o país suavemente ou em modo de cavalgadura, mas sim não comprometer o futuro do país nesse resgate. O problema que temos agora com a falta de professores e o prejuízo que daí advém para a educação deve-se a PPC, à maneira como resolveu o problema despedindo dezenas de milhares de professores (e mandou-os emigrar, isto é, desaparecer do país como se fossem um peso morto); tratou os pensionistas como um desperdício de dinheiro, um peso morto; escolheu os professores para ficarem definitivamente sem subsídio de féria s e de Natal para serem eles a pagar os custos da FP - felizmente o TC chumbou a medida como anti-constitucional. Na realidade, PPC comportou-se como Elon Musk no DOGE: chegou, cortou a eito as pessoas sem querer saber se famílias inteiras ficavam no desemprego desamparadas. Escolheu para ministro das fianças aquele energúmeno que subiu os impostos e falava sarcasticamente das dificuldades dos portugueses e depois foi-se embora repentinamente -porque o trabalho era difícil- para o FMI ganhar dezenas de milhar de euros livres de impostos... O seu melhor amigo-ministro era Relvas, uma espécie de proto-Socas...

Em segundo lugar, PPC não pensou ir perder o poder, não foi uma pessoa desprendida do poder, nem pensou que estava a arriscá-lo. Na realidade ele ganhou as eleições e nunca lhe passou pela cabeça que a esquerda se unisse para lhe roubar o poder que queria muito. Queixou-se disso durante mais de um ano. 

E depois disso, nunca mais voltou ao poder porque não nos esquecemos da maneira desumana como tratou as pessoas e como evoluiu para uma misoginia extrema que defende abertamente submeter as mulheres às tarefas domésticas para que os homens não tenham que competir pelos empregos e apareçam sempre como o 'homem forte'.

Na realidade, o argumento de JMT serve-lhe a ele: há muitas pessoas no país que, sem nenhum argumento, adoraram PPC e têm por ele um fascínio infantil porque têm aquele ideal do homem forte, com pulso forte que chega e resolve os problemas sem ligar a mariquices - palavras que PPC usava para referir-se a quem se queixava das condições de vida que ele piorou drasticamente para pagar os desvarios da banca, dos empresários e da incompetência de políticos.

O facto de um político não enriquecer no cargo é louvável, mas não o transforma em pessoa competente. São factores independentes que, infelizmente, raramente se encontram unidos na mesma pessoa. Salazar também não enriqueceu no poder, o que é louvável, mas isso não o tornou uma pessoa competente ou desprendida do poder, pelo contrário.

Portanto, este artigo não passa de uma apologia do ideal machista do 'homem forte'.


Porque é que Passos Coelho parece o único adulto na sala?

João Miguel Tavares

Há muita gente que detesta Pedro Passos Coelho, a começar por boa parte dos pensionistas, que jamais lhe perdoará os cortes dos tempos da troika. Nem vale a pena gastar latim a explicar que a troika foi chamada por Teixeira dos Santos; que o famoso memorando de entendimento foi subscrito por José Sócrates; ou que a culpa pelo desastre de 2011 é do PS, e não do PSD. Essas pessoas não querem saber.

Quem odeia Passos odeia-o para lá de quaisquer argumentos, e aderiu há muito a uma das maiores patranhas da carreira de António Costa: a de que havia uma forma suave de resgatar o país. Para os “Geringonça lovers”, Passos foi um sádico em São Bento, que não percebeu que o caminho certo era aquele que foi aplicado pela dupla Costini & Centini a partir de 2015 – ou seja, após quatro anos de trabalho árduo de um Governo de direita, quando tudo o que era mais difícil fazer já tinha sido feito. Assim é fácil ser socialista.

É verdade que Passos Coelho facilitou a vida à esquerda com uma frase que se lhe colou à pele como uma lapa: “Ir além da troika.”

Nesse mesmo ano, Passos disse uma outra coisa, e logo numa reunião com deputados do PSD: “Se algum dia tiver de perder umas eleições em Portugal para salvar o país, que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal.”

A razão pela qual Passos Coelho parece ser o único adulto na sala é muito simples: ele é o único político ainda no activo que já demonstrou que numa altura de grave crise é capaz de colocar os interesses do país à frente dos seus interesses políticos imediatos. Fez o que tinha de ser feito entre 2011 e 2015, apesar de poder vir a custar-lhe a permanência no poder – como custou. No momento complexo que estamos a viver, isso é um património inestimável. E como só ele é que o tem, todos parecem pequenos ao seu lado.

(excertos)

May 23, 2024

JMT 'acoelhado'

 


Já agora, porque não defende o fim dos sindicatos? Se não houver sindicatos e o governo decidir unilateralmente todas as questões à margem dos trabalhadores, não é preciso reuniões ou negociações e poupa-se imenso dinheiro nos encontros e na dignificação das carreiras. Poruqe não aproveitar o desfalque que Costacenteno e Costamedina fizeram nos serviços públicos e deixá-los na miséria em que estão? Poupava-se imenso. Bom, bom era que os trabalhadores trabalhassem de borla para não haver despesas com eles. JMT tem vindo a acoelhar-se.



Quando é que começam as reuniões para cortar na despesa?

Reuniões para aumentar a despesa é todos os dias. Os sindicatos dos professores reúnem-se com o Governo para recuperar o tempo de serviço. Os sindicatos das polícias reúnem-se com o Governo para aumentar o subsídio de risco. Os sindicatos dos oficiais de justiça reúnem-se com o Governo para encontrar uma solução para pôr fim a 16 meses de greves. Os sindicatos dos médicos reúnem-se com o Governo para “repor o poder de compra” e somar aos 15% de aumento de 2024 mais 15% em 2025.

April 13, 2024

Mais outro Khamenei no rectângulo



Estão a sair das tocas. JMT, a dizer parvoíces para defender PPC e queixa-se que a desigualdade favorece as mulheres.

 

É mentira que as mulheres trabalhem mais em casa e ganhem menos do que os homens? Não, é totalmente verdade. 

Mas, por um dia, deixem-me continuar com a lista de desigualdades favoráveis às mulheres. Não é só na guerra. 

População prisional em Portugal no final de 2022: 12.198 reclusos. Número de homens: 11.331, quase 93%. Estados Unidos: 1.142.359 homens para 87.784 mulheres, praticamente a mesma percentagem que em Portugal. 
[então, não é difícil fazer uma pequena pesquisa sobre o crime, a nível português, americano ou mundial e constatar que mais de 95% dos criminosos são homens - nomeadamente de crimes violentos. Existem até estudos que pretendem saber se essa abissal disparidade que se observa ao longo dos tempos em todas as sociedades se deve ao cromossoma y e aos níveis de testosterona que os homens produzem. Logo, a esmagadora dos criminosos são homens e é por isso que há tantos homens presos - será que JMT queria que se prendessem mulheres só porque sim, para fazer número? Aliás até há dados que mostram que as mulheres são castigadas mais duramente que os homens, pelos mesmos crimes - talvez porque se considera natural a violência nos homens e a das mulheres uma aberração...?]

Suicídio: no mundo ocidental, os homens matam-se três a quatro vezes mais do que as mulheres.  
[como não sabemos as causas dos suicídios masculinos, não podemos tirar daí ilações, mas sabemos que apesar dos homens se suicidarem mais que as mulheres, a maioria das tentativas de suicídio vem das mulheres. Acontece que os homens escolhem meios mais violentos e eficazes para o suicídio (armas de fogo, atiram-se de pontes) do que as mulheres (comprimidos e veneno). 

Alcoolismo: mesma coisa, a probabilidade de serem homens é quatro vezes maior. 
[lá está: tradicionalmente as mulheres ficavam em casa a tomar conta das crianças e a tratar da casa, o que ainda se verifica: enquanto isso, os homens iam para as tabernas, agora vão para bares, beber sem controlo; em contrapartida, as mulheres, em vez de se entregarem ao álcool, têm taxas muito alta de depressão, comparadas com os homens. Na adolescência, a maioria das doenças mentais de ansiedade, bulimia, anorexia são das raparigas]

Drogas ilícitas, idem. 
[a mesma coisa: JMT usa o vício dos homens como um argumento de desigualdade em favor das mulheres: será que quereria que as mulheres também tivessem personalidades de dependência para haver igualdade? Não percebo então, porque não refere o facto dos clientes do vício da prostituição serem esmagadoramente homens como um factor de desigualdade a favor das mulheres]

E ainda temos a imbatível esperança média de vida: neste momento, em Portugal, está nos 78 anos para os homens e nos 83,5 para as mulheres. Cinco anos e meio de diferença. Espantoso: apesar de centenas de milhares de anos de sofrimento e de opressão masculina, as mulheres vivem bastante mais tempo do que os homens. 
[sim, as mulheres vivem mais anos, embora não se saiba porquê, mas sabe-se que vivem com pior saúde que os homens e até se sabem algumas causas: a primeira é o efeito das maternidade no corpo que envelhece o sistema biológico precocemente de maneira que os orgãos e o sistema em geral deterioram-se mais rapidamente que o dos homens; outra causa conhecida está no machismo da medicina que tem sido desenhado e pensado por homens, para homens, desde as doses de medicamentos a procedimentos médicos de maneira que a saúde das mulheres é descurada. Um exemplo de discriminação: o governo anterior decretou que os exames que têm que ver com a saúde das mulheres (ginecologia), não tem comparticipação da ADSE. A ADSE é um sub-sistema da função pública que tem uma maioria de mulheres. Talvez JMT não conheça, mas eu conheço muitas mulheres que deixaram de fazer rastreios de mama e ecografias ginecológicas por causa do preço. Já os exames específicos dos homens estão todos cobertos pelo sub-sistema... Portanto, os homens vivem menos tempo que as mulheres, mas sempre com melhor saúde do que elas, ganham mais pelo mesmo trabalho, têm melhores reformas a aproveitam a última fase da vida e pagam menos pelos seus produtos específicos - con certeza JMT já ouviu falar da taxa rosa.

(...) que a mulher tenha sido “oprimida e desprezada” ao longo de séculos é que “essas senhoras, alegadamente tiranizadas, nunca se queixavam ou manifestavam o seu desagrado”. O argumento é parvo? Sim, bastante, até porque não faltam manifestações de desagrado.
[não é pelas manifestações de desagrado que o sabemos. É óbvio que num sistema de poder masculino em onde as mulheres são mantidas economicamente dependentes dos homens não garante grande margem para queixas, sobretudo se o sistema legal legitima "esse poder natural do macho latino", como lhe chamou um juiz, não há tempo.

Porque é que há sobretudo homens na guerra? Talvez porque a Ucrânia é uma sociedade tradicionalista de base cristã. Se formos ver Israel, por exemplo, ou a China, todas as pessoas fazem o serviço militar obrigatório e as tropas estão cheias de mulheres.

Enfim, no afã de defender o ponto de vista de que as mulheres têm um lugar próprio na sociedade, que é o de estarem em casa a procriar na dependência dos homens, JMT não se importa de dizer disparates.

PPC tratou muito mal os professores e desconfio que é por sermos uma profissão de mulheres. Também desconfio que é por isso que JMT não gosta dos professores. Somos muitas mulheres que não sabem o seu lugar na hierarquia dos seres conforme os cânones da religião: Deus, anjos, homens, mulheres, outros animais, plantas, rochas.

January 23, 2022

Bater nos professores é uma espécie de desporto nacional

 


JMT, como de costume, quando se põe a falar das escolas, fala do que desconhece. Calculo que fale a partir do caso de um filho ou filha de alguém que conhece e depois generaliza a apelar ao escândalo... e fala em iliteracia digital, em mentalidade  burocrática, em os professores alegarem privacidade para não serem filmados, em não quererem levar os portáteis para a escola, para não dar aulas e diz que nas escolas privadas tudo se passa às maravilhas e encontraram soluções para os alunos com covid.  

JMT gosta de dizer coisas... 

Em 1º lugar: os alunos doentes com covid-19, na maioria dos casos, estão doentes - dores de cabeça, sensação de ter o corpo todo dorido, cansaço, alguns têm febre. Não estão em condições de assistir a nenhum tipo de aulas. Estão na cama com medicamentos a descansar. Não sei como é que JMT pensa que as escolas particulares põem os doentes sem sintomas. Deve ser alguma magia...

Em 2º lugar, os alunos que estão em confinamento sem sintomas ou por coabitarem com alguém infectado, podiam, de facto, assistir às aulas se houvesse câmaras nas salas, o que não há. Não tem nada que ver com as parvoíces que ele diz. Em um grande número de escolas nem sequer há rede informática a cobrir a escola, computadores ou projectores nas salas de aula. 

Ao contrário do que ele diz, nós usamos muito a tecnologia digital. Por exemplo, em vez de imprimir papel, como se fazia dantes no trabalho normal, levamos os materiais numa pen e projectamos. E se são fichas para trabalhar, enviamos para o email dos alunos ou partilhamos na drive e abrem a ficha no telemóvel ou no tablet. É claro que, se a cobertura de rede informática das escolas não fosse de pobrezinhos, os alunos todos acediam à rede da escola nas salas de aula, a partir dos seus telemóveis, porque há muito documento que não podemos enviar com antecedência e enviamos na aula. Porém, ter internet que permita descarregar documentos e outras coisas, custa uma fortuna que a maioria dos alunos das escolas públicas não pode pagar. Estou a fazer uma formação. Um colega, na última sessão, a propósito de uma cena que não interessa, dizia, 'ah, eu faço isto porque no colégio onde estou a dar aulas só tenho alunos de excelência. Não tenho dos outros'. Pois, JMT não percebe a importância de se chamar Ernesto, por assim dizer...

Muitos professores levam os portáteis para a escola, ao contrário do que ele diz, mas se não há utilidade em levá-los, não levamos. Por exemplo, na semana que passou oito alunos de uma turma que tenho ficaram em confinamento. Se houvesse uma câmara na sala de aula, podia enviar um link por zoom e eles assistiam às aulas, mas como não há, é indiferente que leve ou não leve o pc - aliás, as salas têm computador. Nós não damos as aulas parados, sentados à secretária. Andamos de um lado para o outro, escrevemos no quadro, há interacção como os alunos: como é que um ecrã de um portátil consegue apanhar isto...? Anda um aluno na sala em pé atrás de mim a apontar o portátil para mim, para o quadro quando lá escrevo ou para os alunos que vão intervindo na aula?

Não há câmaras na salas... qual é a alternativa? Vejamos, um professor tem 5 turmas, o que perfaz 20 horas de aulas. Sai das aulas e vai repetir as 20 horas de aulas para os alunos que estão em casa? 40 horas de aulas...? Há falta de professores nas escolas. E porque é que há falta? Porque o rebanho passa o tempo a bater nos professores, cobarde e ignorantemente, e eles fogem a sete pés das escolas.

JMT faz parte do rebanho que passa o tempo a dizer mal da escola pública e a defender que se gasta muito dinheiro com a escola, mas depois quando não há condições porque não se investiu, diz que a culpa é dos professores. 

Continuem assim, que vai tudo bem.