February 26, 2021

Qual o sentido de já não ser necessário o grau de doutoramento para liderar uma equipa de investigação?

 


Não sei, mas dado o historial do nosso país, passa-me pela cabeça que a exigência de ter um doutoramento impeça os primos de ficar com o lugar.


O Rei vai nu (ou o dia em que a FCT desbaratou o grau de doutoramento)

Não é aceitável que a principal agência de financiamento científico em Portugal decida agora que, afinal, já não é necessário o grau de doutoramento para liderar uma equipa de investigação.



Vivemos tempos difíceis em Portugal. O elevado número de óbitos, a pressão sem precedentes no SNS, a falta de acompanhamento médico para pacientes não covid-19, as várias pequenas e médias empresas em risco de falência, uma recessão histórica cujo impacto a longo prazo não conseguimos começar a prever, as vacinas que demoram a chegar… No meio de um cenário tão desanimador, os problemas dos investigadores científicos podem parecer insignificantes, mas não fossem anos de investigação em diversas áreas do saber, e a pandemia de covid-19 estaria muito mais longe de estar resolvida. Como já foi amplamente explicado por vários cientistas nacionais, o conhecimento necessário para o desenvolvimento, em tempo recorde, de uma vacina é o resultado de décadas de investigação fundamental. Quero acreditar que nos dias de hoje a sociedade portuguesa reconhece a importância do conhecimento científico que é gerado em Portugal, e por portugueses pelo mundo fora.

Depois de um aumento histórico no financiamento de projectos da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) em 2017, o ano passado viu o mais drástico corte em toda a história da ciência nacional, com apenas 5,3% de aprovação de entre todos os projectos submetidos. Numa tentativa de minimizar este impacto, foram apresentados alguns argumentos pouco convincentes, e rapidamente se lançou o aviso de um novo concurso, concurso esse que teria algumas regras muito distintas, com um objectivo claro: reduzir o número de candidaturas e, de forma artificial, aumentar a taxa de sucesso. 
(...)
Decidiu então a FCT que um determinado investigador só pode estar associado a uma candidatura como investigador responsável (o chefe da equipa) ou como co-investigador responsável (o número dois), exigindo em contrapartida uma dedicação de pelo menos 35% do seu horário de trabalho (para o chefe) ou 25% (para o número dois). Exigir uma dedicação mínima para delegar num investigador responsável (ou co-responsável) a gestão de centenas de milhares de euros de fundos públicos faz todo o sentido; proibir que os investigadores se organizem da forma mais lógica e competitiva é dar um verdadeiro tiro no pé. E se esta decisão levou ao desespero de muitas equipas de investigação, que tiveram que cancelar compromissos prévios e descontinuar colaborações científicas de há muitos anos, o verdadeiro problema surgiu este mês, quando a FCT decide tornar público um esclarecimento com várias FAQ (perguntas e respostas colocada frequentemente), que em alguns casos são, na falta de melhor palavra, lamentáveis.

Esclarece então a FCT que “um investigador não doutorado pode submeter uma candidatura no presente concurso de projectos”, deixando depois o alerta que, sendo o currículo do chefe da equipa do projecto um dos critérios mais importantes na avaliação, seguramente isso terá impacto na classificação final. Isto é de bradar aos céus! A sério FCT? Limita-se a submissão de candidaturas de investigadores doutorados, que segundo a legislação em vigor (DL124/99) são aqueles a quem de quem se espera a coordenação de projectos, para se abrir a porta a uma enchente de submissões por estudantes, aos quais a mesma legislação prevê apenas a associação a projectos de investigação sob orientação de um investigador ou professor do ensino superior...

Sem nenhum desmérito pelos estudantes de mestrado e doutoramento, que são peças fundamentais no ecossistema científico, os graus académicos qualificam os seus titulares para determinas funções e responsabilidades, e não é aceitável que a principal agência de financiamento científico em Portugal decida agora que, afinal, já não é necessário o grau de doutoramento para liderar uma equipa de investigação.
Sigo atentamente as políticas nacionais de investigação em ciência e tecnologia, e não me recordo de ver tão grande disparate.

Para além de ser um grande contrassenso (então não se pretendia limitar o número de candidaturas?), é evidencia de uma falta de rigor nestes processos. É que o próprio regulamento em vigor da FCT, no seu artigo 6, define claramente que “o investigador responsável do projecto possua, ou venha a possuir, um vínculo laboral com a instituição ou que titule de uma bolsa de pós-doutoramento”. Logo, não é compreensível como a FCT pode considerar que um não doutorado possa ser o investigador responsável de uma candidatura. Disto só se pode tirar uma de duas conclusões: ou estamos perante um caso crasso de incompetência e desconhecimento das regras e leis nacionais, ou então estamos a tentar subverter, muito sorrateiramente, as regras com o único objectivo de se tentar beneficiar alguns interesses instalados. Em qualquer um dos casos, a situação é grave, e espera-se que seja corrigida atempadamente. A Associação Nacional dos Investigadores em Ciência e Tecnologia (ANICT) já enviou dois ofícios à FCT sobre este assunto, até agora, ainda sem resposta.


Investigador principal com agregação na Universidade do Minho; membro fundador da Associação dos Investigadores em Ciência e Tecnologia (ANICT)

1 em cada 3 adultos estão com depressão ou ansiedade por casa do Covid-19

 


1 in 3 adults are depressed or anxious due to COVID-19


* Women, younger adults and individuals of lower socioeconomic status are most affected by COVID-19-related anxiety or depression, a study has found.
* Researchers performed a meta-analysis of 68 studies conducted during the pandemic, that included 288,830 participants from 19 countries.
* Factors that are associated with psychological distress include living in rural areas; lower education, lower-income, or unemployment.
* It's vital the general public and healthcare professionals are aware of the high burden of psychological distress during the pandemic, says the lead author.


Good morning 🙂

 



February 25, 2021

Bill Evans

 


   


When lonely feelings chill 
The meadows of your mind, 
Just think if Winter comes, 
Can Spring be far behind?
(...)


 


“‘But I can't give up wishing,’ said Philip, impatiently. ‘It seems to me we can never give up longing and wishing while we are thoroughly alive. There are certain things we feel to be beautiful and good, and we must hunger after them. How can we ever be satisfied without them until our feelings are deadened?’”

~The Mill on the Floss, George Eliot

Da minha janela

 




Gigante de sal


 

Finalmente está o nosso ′′ Gigante de Sal ′′ em Valencia!! Muito obrigado a La Marina de València por nos proporcionar está localização tão espetacular, na nossa terra e perto do Mediterrâneo. Obrigado a Frederic Herrera por ser a fonte da nossa inspiração, e a Minor Chaves que sofreu o indizível posando como modelo.
Quando criamos a obra, inspiramos-nos na dança japonesa Butoh que apareceu depois da Segunda Guerra Mundial, após os bombardeamentos de Hirosima e Nagasaki, tentávamos transmitir a força que essa dança tem e principalmente a sua mensagem: a capacidade do ser humano de se recuperar após uma catástrofe, de nascer de novo, de renascer.
Nunca pensámos que logo depois de terminar a obra teríamos que enfrentar uma situação como a atual, uma pandemia que fez o mundo estremecer mostrando-nos a fragilidade do ser humano.
Espero que o nosso ′′ Gigante de Sal ′′ seja um reflexo do que vamos conseguir, de aprender com os nossos erros e de que voltemos a renascer como humanidade.
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(o que gosto nesta escultura? O homem está numa posição que obriga o corpo a uma tensão impossível de aguentar. E, no entanto, ele aguenta. É o estado, físico e mental da maioria das pessoas em grandes períodos da vida. E também aguentamos. Em geral...)


Coderch & Malavia, escultores



de
Coderch & Malavia

Post para mim mesma - estou num planeta

 


′′ Leave the great roads, follow the trails."
~Pythagoras






K2 Treks & Tours Pakistan

Matterhorn (Suíça)

Música anti-depressiva 🙂

 


... boa para fazer exercício.

16 mil milhões de ajuda europeia

 


Está em consulta pública um documento que nos propõe como gastar cerca de 16 mil milhões de euros do bolo total de cerca de 60 mil milhões que há de ser investido em Portugal entre 2021 e 2029.

Cristina Azevedo
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A grande diferença deste envelope em relação aos que costumamos receber é que desta vez o dinheiro é (quase) todo dado.

A outra grande diferença é que estes cerca de 16 mil milhões de euros vêm para ajudar a resolver os grandes problemas que a covid criou. É, portanto, uma ajuda de emergência.

Dito isto, fica-me o seguinte da leitura que fiz do documento:

Não se percebe quem contribuiu para o seu desenvolvimento. Terá sido concebido apenas nos gabinetes do Terreiro do Paço?

Não se consegue avaliar com precisão a bondade das escolhas porque dos 75 investimentos anunciados só menos de uma mão cheia são objetivos. A maioria são descrições de ações tendentes a...

Não se descortina em todo o Plano qualquer grau de territorialização. É tudo igual para todos. Ora sabendo que a covid não atacou o país todo da mesma forma e sabendo que o tecido económico e social destruído não é o mesmo em todo o país, pergunto como se articulam as escolhas feitas com o perfil de cada região?

Este problema ressalta com meridiana clareza da ausência do tema turismo e cultura em todo o texto. Não há simplesmente um único programa ou investimento diretamente focado nos setores turístico e cultural. Ora, sabendo o que ambos significam para a Região Norte, por exemplo, e o impacto brutal que sofreram com a pandemia, está tudo dito sobre o alcance do Plano para a resolução da crise na nossa terra.

Tudo isto desemboca num modelo de gestão totalmente centralizado numa estrutura de missão a criar. Não se diz onde ficará localizada nem quem a gerirá, mas fica-me a ideia de que já se estão a arejar as salas de um qualquer edifício perto do Terreiro do Paço.

Será que a indignação que tudo isto merece se vai esvair no cansaço de 24 horas de seminários promovidos pelo Governo? Se assim for, será apenas uma vergonha!


Covid-19 - dúvidas



... acerca deste passaporte covid-19 que a Espanha, a Dinamarca e a Grécia querem implementar, já. 

Em primeiro lugar, a vacinação ainda agora começou; em segundo lugar não sabemos se os vacinados não transmitem a doença; em terceiro lugar, esta doença está a tornar-se numa doença de pobres: os países pobres não sabem quando ou se alguma vez vão receber uma vacina que seja e, mesmo nos países mais ricos, os mais pobres e certas minorias não têm o mesmo acesso a vacinas que os outros. Portanto, até que ponto este 'passaporte' não vai ser uma falsa segurança e um meio de descriminação?


Voyages.
Passeport vaccinal : plusieurs pays européens le programment pour l’été prochain


Um ritual com impacto ambiental positivo

 


Cemitérios são pontos cruciais de biodiversidade

Mesmo locais de sepultamento pequenos podem ajudar a conservar os habitats naturais nas paisagens monótonas agrícolas.


Crédito: Emeric Fohlen Getty Images


Novas descobertas sugerem que pequenos cemitérios familiares numa província costeira da China e noutros locais, um pouco como este cemitério que alberga as sepulturas da família Confucius em Qufu, podem servir como oásis de biodiversidade em paisagens cada vez mais agrícolas. 

Estes cemitérios familiares privados ficam em grande parte intocados, permitindo que a natureza siga o seu curso sem perturbações humanas.

Acontece que tais cemitérios nos campos de cultivo são mais do que lugares pacíficos para as pessoas prestarem homenagem aos mortos; funcionam também como reservas botânicas em miniatura. Mesmo os mais pequenos cemitérios suportam uma diversidade de plantas nativas, ajudando a conservar manchas de habitat relativamente intocadas na área de estudo - uma das regiões mais cultivadas da China.

"Estes cemitérios são deixados à sua sorte a maior parte do tempo", diz Jan Axmacher, biólogo de conservação do University College London e co-autor de um estudo. "Ficámos impressionados com a singularidade e diversidade das plantas. Foi bastante inesperado".

Os investigadores só agora começam a reconhecer o papel dos locais de enterro como protectores da biodiversidade. Em 2015, uma equipa de cientistas encontrou orquídeas raras a prosperar em cemitérios na Turquia e outra equipa descobriu uma variedade de plantas medicinais nos cemitérios do Bangladesh em 2008. Na Ucrânia, em 2014, foram encontrados antigos cemitérios para salvaguardar os últimos vestígios dos pastos de estepes em declínio na Europa.

No Illinois, cemitérios onde os primeiros colonos europeus foram enterrados estão a sustentar manchas de vegetação da pradaria ameaçada, que tem sido em grande parte dizimada por práticas agrícolas modernas. Desde Dezembro de 2020, mais de 40 cemitérios estão listados no Inventário de Áreas Naturais do Estado para a sua flora de pradarias e savanas de alta qualidade. Quase metade destes sítios são protegidos pela Comissão de Conservação da Natureza (INPC) do Departamento de Recursos de Illinois, que gere áreas naturais ecologicamente importantes e habitats de espécies ameaçadas de extinção.

"Reconhecemos o valor destes cemitérios como cápsulas de tempo que mostram uma versão da paisagem quando os colonos europeus chegaram", diz Angella Moorehouse, uma especialista em preservação de áreas naturais. "Há certamente mais insectos que visitam as flores nos cemitérios do que nos campos de cultivo circundantes".

Para o novo estudo, Yunhui Liu, da Universidade Agrícola da China, em Pequim e colegas, realizaram inquéritos sobre plantas em 199 cemitérios familiares entre campos de trigo da província de Hebei. Os cemitérios variavam em área de dois a 400 metros quadrados, com uma média de 55 metros quadrados.
A equipa também pesquisou plantas em 125 parcelas sem sepultados, seleccionadas aleatoriamente, nos campos de trigo, para comparação. Contaram ainda espécies de plantas em 30 áreas marginais de campos sem enterrados, para comparar a biodiversidade dos cemitérios com outro tipo de habitat comum na região.

Apesar do seu tamanho relativamente pequeno, verificou-se que os cemitérios eram o lar de um total de 81 espécies de plantas nativas; as parcelas sem sepultados, nos campos de trigo, tinham um total de 34. Mesmo o cemitério mais pequeno do estudo, abrangendo apenas dois metros quadrados, albergou 24 espécies de plantas. Quase metade de todas as plantas do cemitério eram recursos alimentares importantes para os polinizadores de insectos, sendo a maioria pertencente à família das margaridas e girassóis. Pelo contrário, nos campos de trigo, apenas cerca de um terço das espécies vegetais nativas eram polinizadas por insectos.

E, embora as margens dos campos contivessem o mesmo número total de espécies vegetais que os cemitérios, pouco mais de um quarto destas foram polinizadas por insectos. Os cemitérios também mostraram uma maior variedade de espécies em cada local do que as margens. Os resultados foram publicados em relatórios científicos em Janeiro.

Com um total de 35 espécies de plantas floríferas em cada cemitério, tais locais poderiam proporcionar um lar estável para as comunidades de insectos que polinizam culturas próximas, incluindo pêssegos, maçãs e pimenteiros, diz Axmacher. Estas ilhas de flora nativa poderiam também ser um recurso para insectos úteis, tais como escaravelhos carabídeos, que se alimentam de pulgões destruidores de culturas e assim ajudam a proteger os campos de trigo circundantes.

Em contraste com os cemitérios pradarias no Illinois, os cemitérios familiares da China não são legalmente protegidos ou formalmente reconhecidos pela sua biodiversidade. O seu destino a longo prazo não é claro dada a população crescente da China
[esta frase sobre a população da china estar a crescer, até assusta...] e o impulso associado à conversão de mais terras em campos agrícolas.

Os resultados salientam a importância de conservar mesmo as mais pequenas manchas de vegetação não vegetal em áreas agrícolas, diz Michal Knapp, um ecologista da Universidade Checa de Ciências da Vida de Praga. No entanto, observa que a avaliação da plena influência das pequenas parcelas na biodiversidade exigirá uma abordagem de investigação mais ampla.

Uma forma de o fazer, diz Knapp, é explorar os efeitos que as populações de insectos, aves e mamíferos que habitam os cemitérios têm nas terras aráveis vizinhas. "Esta poderia ser uma forma de mostrar que os cemitérios familiares são realmente importantes para o funcionamento dos ecossistemas e da biodiversidade", acrescenta Knapp, que não esteve envolvido no estudo.

Axmacher espera que os resultados encorajem os agricultores e os responsáveis políticos a preservar os cemitérios, tanto pelo seu valor ecológico como cultural, em áreas onde a agricultura industrial reina suprema. "Os cemitérios que abrigam grandes proporções de vegetação nativa que desapareceu na paisagem circundante são de grande valor de protecção".


Superstições

 


Superstição - fui ver a etimologia do termo- foi usado pela primeira vez por Plauto (200 anos AEC) como, 'estar sobre' ou 'sobreviver' e depois por Plínio, como a arte da adivinhação [do futuro]. Mais tarde, Lívio e Ovídeo usaram o termo num sentido pejorativo de excesso de medo dos deuses ou de crenças religiosas irracionais. Cícero derivou o termo de superstitiosi, literalmente, aqueles que são "deixados", ou seja, "sobreviventes", "descendentes", conectando-se com a ansiedade excessiva dos pais na esperança de que seus filhos lhes sobrevivam para realizar os seus ritos funerários necessários.

De acordo com Michael David Bailey, foi o sentido de superstição como 'magia', de Plínio. que perdurou. As autoridades romanas acusaram os primeiros cristãos de superstição; em contrapartida, os primeiros escritores cristãos declararam todos os cultos romanos e pagãos como superstições de adoradores de falsos deuses, anjos caídos e demónios e é com o uso cristão que quase todas as formas de magia começaram a ser descritas como formas de superstição.

Dieter Harmening divide a superstição em três categorias: magia, adivinhação e rituais. 

É certo que aqueles que acreditam em superstições, no sentido de crenças irracionais querem, como todos os outros, uma explicação e alguma segurança ou controlo sobre o mundo em que vivem e a realidade. Nisso são como os não supersticiosos (penso que todas as pessoas têm algumas superstições). Há quem tenha uma fé irracional na ciência como uma espécie de magia que resolverá todos os problemas da realidade, inclusive o problema do sentido da existência ou da existência do sobrenatural. Também é uma superstição.

No entanto, certas crenças e rituais são tão excessivos enquanto tentativa de aplacar os deuses com rituais que ofendem a racionalidade mais básica. O baptismo é um deles, só que geralmente é praticado com contenção e alguma elegância e não nos apercebemos ao certo o que ali se passa. Só que, de vez em quando, como neste caso que aqui vemos, é praticado de modo literal, tal como aparece nos textos do tempo de Ovídeo e Lívio, e é impossível não vermos o absurdo da crença. 
Já estive num baptizado em que o padre, na altura destes rituais disse, 'vamos agora fazer um exorcismo e expulsar o demónio do corpo da ...'  Ficou tudo espantado, pela razão de geralmente os padres não explicitarem o que se passa num baptizado, mas o que se passa é isso: a crença de que as crianças estão possuídas pelo demónio, condenadas a uma eternidade no inferno e cheias de culpa prévia para expiar em vida, antes de serem mergulhadas ou aspergidas com água, magicamente transformada em santa e pura, pelo sacerdote, ele próprio, magicamente em contacto com o Deus.

É melhor ver sem o som.

Islândia - o primeiro glaciar perdido devido às alterações climáticas

 


Metamorfoses

 



Escada de ferro petrificada, algures em França.

A escada provavelmente sofreu um processo de calcificação. Posta num ambiente de calcário conhecido por conter carbonato de cálcio, as águas das chuvas dissolveram os compostos de carbonato contidos no calcário e subsequentemente encharcaram a superfície da escada de iões de cálcio e magnésio. Com o tempo, os minerais solidificaram e petrificaram a superfície da escada. Embora investigadores estimem que a escada tenha cerca de 150 anos, não sabem ao certo como ela petrificou em tão curto espaço de tempo. 

Casos destes mostram como a nossa visão do mundo e compreensão da realidade são limitadas.

📷 By Terra Hermetica




Frustration road

 


When we see people misunderstand everything but with great confidence in their judgments because they are convinced that they see everything well, even better than the people concerned. Furthermore, as others cannot answer, they take it for granted and further reinforce their judgments.


February 24, 2021

Música ao anoitecer - A kiss beneath the moon

 


Pequenas lições, grandes lições

 


...ou, os desastres do 'slimplicionismo'.




The meaning of music

 


Uma conversa sobre o sentido da música e sobre Beethoven também - já há quem queira proibir Beethoven por ser um homem branco e ter feito música num tempo de colonialismo... há por aí mais gente burra que cogumelos depois das chuvas...

O sentido da música é diferente consoante se é um amante ignorante da música ou um conhecedor profissional da música. Um dia, conversando com uma pessoa profissional da música, enquanto ouvíamos Louis Armstrong, dei-me conta, pelos comentários dele sobre a música e os recursos técnicos que Armstrong usava para criar determinados efeitos, da minha enorme ignorância. 

Já depois disso tive a mesma impressão a ouvir Jean-Luc Goddard falar da diferença entre certos realizadores. Como criavam este ou aquele efeito, com esta ou aquela técnica. Coisas que uma pessoa nem repara a ver o filme ou repara mas não atribui significado porque lhe faltam os conhecimento, mas que um realizador repara imediatamente e retira dali lições. 

A questão é que pensamos que em assuntos a que temos acesso sem treino técnico -ouvir música, ver pintura ou cinema, etc.- diferentemente do que acontece com a Física ou a Geometria que requerem treino técnico, temos uma compreensão global desses assuntos. Só que não temos. A compreensão é sempre superficial relativamente à dos especialista que se apercebe de todas as nuances técnicas, virtuosas, etc., que afectam o resultado da peça, seja ela qual for.

É por isso que toda a gente pensa que sabe o que é a educação escolar. É por estarem habituados a falar com os filhos e a educá-los sem terem que ter um treino técnico, como a Química e, por isso, não se aperceberem das diferenças de uma tarefa e outra e da sua superficialidade no juízo do assunto. Não captam a profundidade de certas escolhas técnicas, o alcance de certas nuances de comunicação e pedagogia, a complexidade de certas tarefas próprias do ensino, a complexidade de um grupo-turma, como nós, profissionais, nos apercebemos. Têm uma visão superficial e nem percebem que a têm.


O que têm feito a estes dois miúdos é escabroso

 


Divórcios litigiosos já de si são difíceis para os miúdos, atirados como arma de arremesso entre os pais, mas pôr tudo isso estampado nas páginas dos jornais e roubarem qualquer direito de privacidade aos miúdos, é escabroso. Temos assistido à destruição dos miúdos nos jornais: o que dizem aos pais, se os pais estavam bêbedos, a violência que viram, as cartas pessoais que escrevem aos pais, o que sentem, se estavam a chorar, o que se passou em casa, as discussões e as acusações... porque é que temos de saber que a polícia foi buscar a rapariga a meio da noite e a razão de o ter feito, com o nome dela em parangonas? 

Todos sabemos que os casamentos têm discussões e confusões, mesmo quando não acabam em litígios. Não é necessário pôr um altifalante na boca das pessoas para vender jornais e a seguir ir caçar os miúdos e vendê-los na praça pública.

Estes miúdos, que já devem ser adolescentes, muito provavelmente, hão-de precisar de terapia toda a vida para conseguirem ter uma relação equilibrada com alguém. Não sei como é que, com tanta lei, alguma exagerada, sobre protecção de dados, se permite que o nome e a vida particular de crianças e adolescentes seja estilhaçada, anos a fio, na via pública.

E como é que os responsáveis de um jornal dormem à noite, sabendo que o dinheiro que têm é feito com o sangue alheio?


Polícia vai a casa de Bárbara Guimarães e tira-lhe a filha a meio da noite


As autoridades foram chamadas à residência de Bárbara Guimarães e tiraram-lhe a filha, Carlota, para a entregar ao pai, Manuel Maria Carrilho.