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August 13, 2024

Quando é que nos tornámos um país onde ter uma urgência de hospital aberta é notícia na TV?

 


Ontem, aqui no Algarve, fui a uma farmácia porque esqueci de trazer uma cena. Estavam meia dúzia de pais na fila a aviar-se de Ben-u-rons e Brufens para criança, cremes para escaldões, protectores solares para crianças, termómetros... à hora que saio da praia, de manhã, aí pelas onze e picos, que devia ser a hora das crianças pequenas saírem da praia, estão a ir com a família para a praia. Algumas com poucos meses de idade. Depois os pais vão para a farmácia fazer fila. Isto deve-se à falta de pediatras ou à falta de bom senso? 


August 09, 2024

Coisas que não se percebem

 

A futura rainha de Inglaterra, ao lado do futuro rei, no seu próprio país, vê um homem islamita recusar apertar-lhe a mão numa clara discriminação de género. Para os islamitas as mulheres valem menos que os cães. Como é que é aceitável que um indivíduo se escude na religião para desrespeitar as autoridades do país? Eu nem entendo que ela se cubra para ir falar com os islâmicos. É um sinal inadmissível de submissão à discriminação das mulheres. Como é que o governo a obriga a isso e como é que ela aceita? Depois admiram-se que os ingleses em em polvorosa. Há pouco tempo os reis de Espanha foram ao Vaticano. A rainha beijou a mão do Papa porque é do protocolo, mas nem foi vestida de preto nem cobriu a cabeça como é costume exigirem às mulheres. Não me lembro de Michelle Obama, que foi a vários países islâmicos quando o marido era Presidente, alguma vez ter coberto a cabeça ou algum deles se ter recusado a cumprimentá-la. 


December 20, 2023

Somos assim tão poucos?

 


José Tolentino de Mendonça foi esta quinta-feira anunciado vencedor do Prémio Pessoa 2023.
DN

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Sou só eu que penso que em Portugal dão todos os prémios às mesmas 3 ou 4 pessoas? Somos assim tão poucos?

November 03, 2023

Qual é o objectivo deste artigo?

 


«Analistas»? O artigo refere duas pessoas apenas. Está certo, é plural, mas dá a entender que é assim um grande consenso entre os analistas quando afinal são duas pessoas apenas.

Depois, como é que concluem que a islamofobia está a aumentar? O que vemos por toda a Europa e EUA são manifestações, algumas violentas, a favor do islamismo e contra os judeus, muitas a pedir a morte dos israelitas e a fazer o louvor dos ataques terroristas de 7 de Outubro.  Ainda não vi uma única manifestação contra o islão... gostava de saber onde as viram. Partilhem.

Islamofobia "é entendida como o medo, preconceito e ódio contra os muçulmanos" - a fobia, qualquer fobia, é um medo irracional de qualquer coisa. Quando o medo é baseado em factos, não é fobia, é prudência. Diríamos que os ucranianos têm fobia aos russos? Não. Têm um medo muito prudente, baseado naquilo que tem sido o comportamento de agressão e colonialismo russos que defendem o aniquilamento total dos ucranianos. Coisa que estão a tentar fazer.

Ora, é um facto que os islamitas são o único grupo religioso que, nos países onde se instala, espalha a opressão, a discriminação e o apagamento social das mulheres, bem como a intolerância a outras religiões. Há excepções? Pois há, mas são isso mesmo, excepções.Em geral são intolerantes a outras matrizes religiosas e culturais. Portanto, não é um medo irracional, é um comportamento de prudência baseado em acontecimentos recorrentes. Quem, hoje-em-dia, se atreve a fazer uma piada ou uma caricatura do profeta? Ninguém... isto diz qualquer coisa da agressividade intolerante do islão. 

Depois, estes senhores põem o anti-semitismo ao mesmo nível que a islamofobia, mas não são a mesma coisa, porque o anti-semitismo não tem fundamento racional: onde é que os judeus defendem o fim de outras culturas, outras religiões e outros povos? Desde quando defendem uma jiahd e um totalitarismo religioso? Desde nunca. Os judeus andaram 2000 anos espalhados pelo mundo a tentar integrar-se nas sociedades e a ser perseguidos. Onde é que isso aconteceu ao islão...? 

De facto, o que temos visto na Europa e EUA é o aumento de actos anti-semitas. Está por todo o lado na internet, desde manifestações a pedir a sua extinção, a pessoas cheias de ódio a gritarem morte aos judeus a arrancar cartazes de crianças mantidas reféns de terroristas. Onde está a islamofobia?

Não percebo o objectivo deste artigo....


Analistas dizem que islamofobia combate-se com criminalização do discurso de ódio


Analistas de política internacional coincidem na ideia de que a islamofobia está a aumentar, sobretudo no ocidente, defendendo que, para a combater, os governos têm de criminalizar o discurso do ódio e o apelo à violência.

Em declarações à agência Lusa sobre o aumento da islamofobia numa altura em que já passa quase um mês sobre o conflito entre Israel e o Hamas, o analista Filipe Pathé Duarte realçou que há, paralelamente, uma "associação, retórica e argumentativa, entre segurança, migrações e Islão".

"A islamofobia está associada a preconceitos negativos contra os muçulmanos e o Islão, que se baseiam na afirmação de que este credo, o Islão, é uma religião inferior e pode ameaçar não só os valores dominantes da sociedade ocidental como a própria integridade física dos cidadãos", sustentou, em declarações à Lusa.

Mais a mais, acrescentou, a islamofobia "é entendida como o medo, preconceito e ódio contra os muçulmanos", o que leva ao desencadeamento de comportamentos de hostilidade e intolerância por via de ameaças ou de intimidação de muçulmanos.

O mesmo deve ser feito, defendeu, para combater o antissemitismo, também em alta no Ocidente, maioritariamente na Europa e nos Estados Unidos.

"O antissemitismo está a crescer em parte porque, creio, particularmente no Ocidente e na Europa há um antissemitismo estrutural. Sobretudo na Europa, vemos esse antissemitismo estrutural patente na extrema-direita, patente na extrema-esquerda e patente também no Islamismo", afirmou.

October 28, 2023

Coisas que não percebo

 


Primeiro dão uma grande vitória a Orban sabendo que ele é um idiota-proto-ditador e depois protestam por ele ser um idiota-proto-ditador. Cá é igual. Primeiro dão uma maioria absoluta a Costa depois de ele ter mostrado, durante 4 anos, tendências de autoritarismo, amiguismo em extremo e incapacidade em resolver os problemas do país e agora protestam e fazem greves por ele ser um proto-autoritário, amiguista e incapaz de resolver os problemas do país. Não percebo esta lógica.


August 26, 2023

Coisas que não se percebem II

 


BRICS decidem alargar organização para serem mais alternativa.

“Estamos a entrar num mundo multipolar”, afirmou Guterres, para manifestar a sua profunda preocupação com o “risco de uma rutura da ordem global”, devido às crescentes divisões e ao aumento das tensões entre Estados.
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Faltam aqui o Irão e a Arábia Saudita que foram convidados a entrar. Alguém acredita que este conjunto de países ditatoriais, uns, colonialistas, outros e iliberais, outros, possam ser uma alternativa positiva de mundo multipolar? Então agora a ditadura, o autoritarismo, o imperialismo, o colonialismo voltaram a ser uma possibilidade de organização social e política de valor? 

A multipolaridade só por si não é um valor e muito menos uma alternativa, se veicular princípios de organização social e política escravizantes, castrantes, colonialistas, violadores de todos os direitos humanos. Porque não convidam também o Afeganistão? À semelhança do Irão também valoriza a decapitação de mulheres (de homossexuais), a sua escravização e submissão à sexualidade dos homens.

Porque estes países que dizem querer a multipolaridade, são todos países onde há multipolaridade interna de valores, de opiniões, de princípios, de práticas políticas e sociais, de expressão, de conhecimento, de procura de felicidade alternativa à imposição dos governos?

É este o tipo de multipolaridade que querem inscrever no mundo? Uma multipolaridade à semelhança das suas uniporalidades internas? E achamos que isso é um valor e uma alternativa às democracias? Guterres pensa isso?

O que é que estes países vão trazer de positivo no sentido de evolução da humanidade, aos países do Sul? Os países africanos, por exemplo, que foram colonizados, já não reconhecem o que são princípios de colonização nos seus parceiros russos, iranianos, chineses...?

Oh, meu Deus!, o Ocidente é tão mau, tão mau, que criou as democracias onde há a obrigação de respeito pelas pessoas e seus direitos, onde se respeita o direito à discordância, à diferença, à alternativa política, religiosa e não se tem como princípio que a vida é para uns gozarem com poder absoluto e outros sofrerem, impotentes pelos próprios princípios da lei. Que horror! Vamos já trocar estas democracias horríveis por ditaduras alternativas que são muito melhores para o mundo... a sério...?

Não seria melhor convidar um país africano ou um represente dos países africanos para ser parte do conselho de Segurança das NU do que apoiar ditaduras, países colonialistas e defensores da anulação dos direitos humanos? Implicar os países em desenvolvimento nas estruturas de comando das NU em vez de apoiar organizações políticas que defendem o fim do reconhecimento dos direitos humanos e da Sociedade das Nações Unidas? 




May 14, 2022

Então agora vamos imitar os EUA e escolher para o TC um juiz que caracteriza os direitos das mulheres como, 'argumentos estafados'?




Um indivíduo radical, do género talibã mental, que é contra o direito à IVG (um direito legal) e cita publicações americanas cheias de ignorância pseudo-científicas sobre as mulheres e até textos de experiências dos campos de concentração nazi como válidas? Um daqueles homens bastante velhos que querem impor os seus dogmas religiosos a toda a sociedade como os talibãs? Então mas os juízes não devem estar de acordo com a maioria da opinião do país uma vez que nos representam? E porque é que lugares tão importantes são ocupados sem escrutínio, no meio de grande segredo? Essas pessoas representam-nos, temos que saber quem são e o que pensam.


Candidato a juiz recusa legalização do aborto e apelida experiências nazis de "investigações médicas"


António Almeida Costa, indicado pela "ala direita" do coletivo de juízes para integrar o tribunal [constitucional], escreveu em 1984 que as mulheres violadas raramente engravidam, citando "investigações médicas" - na verdade, experiências em campos nazis. Contactado pelo DN, recusou esclarecer se ainda subscreve o texto em causa

António Manuel Almeida Costa, atual membro do Conselho Superior do Ministério Público e do Conselho Geral do Centro de Estudos Judiciários, professor nas faculdades de Direito da Universidade do Porto e da Universidade Lusófona, é, de acordo com informação obtida pelo DN, o nome escolhido pela "ala direita" dos juízes do Tribunal Constitucional para suceder a Pedro Machete, atual vice-presidente e cujo mandato terminou em outubro.


A fuga de informação dever-se-á, num momento em que se assiste à possibilidade de derrube da garantia constitucional do direito à interrupção da gravidez no Supremo dos EUA, à preocupação com a eventualidade de um reforço do conservadorismo no TC.O que, nas palavras de um jurista ouvido pelo DN, "pode permitir travar, pela mão de sete ou oito pessoas, mudanças em termos de costumes que correspondem à vontade democrática."

O risco é tanto maior, adverte outro jurista conhecedor do TC, quando se prefigura a hipótese de que, se cooptado, Almeida Costa possa ser eleito presidente na próxima vez em que essa designação caiba à ala direita (de acordo com a "consensualização" existente entre PS e PSD, a presidência do tribunal alterna, de quatro em quatro anos, entre a "ala direita" e a "ala esquerda"). E comenta: "É extraordinário que os juízes indicados pelo PSD se aprestem a votar em alguém que nada tem a ver com o PSD. Quanto mais os indicados pelo PS."
Aborto só para salvar "a vida da mãe"

A preocupação transmitida ao DN com o conservadorismo exacerbado de Almeida Costa parece ter fundamento.

Em 1984, quando era ainda assistente da Faculdade de Direito de Coimbra, Almeida Costa publicou na revista da Ordem dos Advogados um artigo sobre interrupção voluntária da gravidez no qual visava demonstrar que a consagração de exceções à criminalização do aborto, efetuada pela lei aprovada nesse ano (com o beneplácito do TC, cuja fiscalização preventiva foi requerida pelo então Presidente, Ramalho Eanes, e sucessiva pelo Provedor de Justiça Eudoro Pamplona Corte Real), a qual permitia a interrupção da gravidez em casos de violação, malformação do feto e perigo de morte ou para a saúde física e psíquica da mulher, não tinha cabimento.

Com o título Aborto e Direito Penal / Algumas considerações a propósito do novo regime jurídico da interrupção voluntária da gravidez, o artigo só considera permissível o aborto no caso de morte iminente da grávida. Mas nem essa situação faz o autor admitir a existência de "qualquer argumento favorável à legalização da interrupção voluntária da gravidez".

"De acordo com o estado atual da medicina [em 1984, portanto], o problema só se põe nas hipóteses de cancro do útero e de gravidez ectópica e extra-uterina", escreve. "Dado, porém que, nesses casos, a questão que se coloca consiste na alternativa, não entre salvar a mãe ou o filho, mas entre perder inevitavelmente ambas as vidas ou preservar uma delas (que só pode ser a da mãe) parece que daí não se extrai qualquer argumento favorável à legalização da interrupção voluntária da gravidez. (...) E isto porque, na verdade, não se estaria eliminando o feto - que, por força das circunstâncias, se encontraria já condenado - mas, tão-só, a salvar a única vida humana viável para o futuro, ou seja, a vida da mãe."

Em relação a todas as outras exceções à criminalização, a visão expressa é de que não se justificam. Para fundamentar tal opinião, Almeida Costa, que se propõe efetuar "uma caracterização factual do fenómeno do aborto com base nos pareceres de especialistas e nos dados constantes das estatísticas disponíveis", usa repetidamente, como referências, bibliográficas e de ciência, textos de ativistas anti-escolha, sobretudo americanos.


Violadores "estéreis" e "choque emocional" a impedir a gravidez

Assim, por exemplo em relação à permissão do aborto em caso de violação, refuta-a alegando serem "os casos de gravidez proveniente de violação muito raros", pelo que "no plano jurídico, e dentro da boa técnica legislativa, tal circunstância afasta, desde logo, a indicação ética ou criminológica como fundamento para a legalização do aborto."

Esta raridade da gravidez causada por violação, explica, deve-se a "quatro razões": "Em primeiro lugar, o próprio ciclo de fertilidade da mulher faz com que a concepção só se possa verificar durante um período de um ou dois dias e, mesmo aí, apenas com 10% de possibilidades; depois, na larga maioria das violações não se verifica um coito completo (...); em terceiro lugar, investigações médicas demonstraram que um forte choque emocional, como o que resulta da violação, altera o ciclo menstrual da mulher, impedindo ou interrompendo a ovulação - pelo que, mesmo que ocorra no período de fertilidade, a cópula tem poucas probabilidades de conduzir a uma gravidez; finalmente, fatores ligados ao próprio violador diminuem ainda mais a possibilidade de aquela se vir efetivamente a verificar."



Nas notas do seu texto, Almeida Costa remete a origem da certificação da raridade da gravidez em caso de crime sexual para o artigo Indications for Induced Abortion/a Physician Perspective (Indicações para o aborto Induzido /a perspetiva de um médico), de Fred Emil Mecklenburg. Este foi publicado em 1972 na coletânea Abortion and Social Justice (Aborto e Justiça Social), financiada pelo movimento Americans United for Life (Americanos Unidos pela Vida), descrito na imprensa dos EUA como o principal movimento, à época, contra a legalização do aborto. A coletânea apresentava-se como resposta aos argumentos prólegalização no contexto do processo Roe contra Wade, que então se decidia no Supremo Tribunal dos EUA (como é sabido, este optaria em 1973 pela legalização). Tratava-se pois de artigos de campanha/propaganda, o que não é assinalado no texto do jurista português.
Experiências nas câmaras de gás nazis e "crianças anormais" que "múltiplos casais desejam"

Do mesmo modo, este, ao usar a expressão "investigações médicas" para designar a fonte de ciência que teria demonstrado ser o "forte choque emocional" resultante da violação capaz de "alterar o ciclo menstrual da mulher", escamoteia o facto de Mecklenburg confessadamente atribuir a "descoberta", nas notas do seu artigo, a alegadas experiências efetuadas em campos nazis.

Nestas experiências, de acordo com o obstetra americano, os "investigadores" escolheriam entre as prisioneiras aquelas que estavam prestes a ovular e enviando-as para as câmaras de gás, de modo a fazê-las crer que iam ser mortas, verificando depois que efeito tivera tal horrífica crueldade nos seus padrões ovulatórios. A conclusão, segundo ainda Mecklenburg, a quem tal método terá parecido digno de crédito e citação, fora de que uma percentagem muito alta das cobaias humanas não teria ovulado.

Também no que respeita à alegada esterilidade do violador a fonte é o mesmo artigo de Mecklenburg, explicando Almeida Costa em nota: "A experiência demonstra que, muitas vezes, o violador é, ele próprio, estéril devido a outros comportamentos sexualmente aberrantes." No o artigo de Mecklenburg, esse comportamento "aberrante" é a "masturbação frequente" - algo que o jurista português não refere.




A expressão "a experiência demonstra", como "dados empíricos evidenciam", "os especialistas referem que", é bastante usada pelo jurista para ir fundamentando as suas afirmações, que quase invariavelmente assinala como baseadas em artigos que uma pesquisa no Google identifica como assinados por ativistas "prolifers" ("próvida", a palavra assumida pelos movimentos anti-escolha para se designarem) na maioria americanos.

Entre as fontes mais repetidas está, além do omnipresente Fred Emil Mecklenburg, a mulher deste, Marjory Mecklenburg, política/funcionária pública que foi presidente do National Right for Life Comittee (Comité Nacional do Direito à Vida), e o médico e também ativista Thomas Hilgers, editor da coletânea acima referida.

É por exemplo de um artigo assinado por Hilgers e Marjory Mecklenburg que Almeida Costa retira a certificação de que "nas listas de espera para adoção existem múltiplos exemplos de casais que só desejam receber crianças anormais" - para "provar" que não faz sentido legalizar o aborto eugénico, uma vez que os bebés com deficiência, mesmo se rejeitados pela grávida, terão famílias ansiosas por acolhê-los.

No mesmo sentido, remete para o Mecklenburg marido a garantia de que, "nos países em que ocorreu, a legalização do aborto não implicou qualquer redução nas taxas de nascimento de crianças anormais", e que "por si só, a realização de um aborto aumenta consideravelmente (as taxas avançadas oscilam entre 30% e 64%) a probabilidade de os filhos seguintes nascerem com afeções físicas ou psíquicas. (...) A legalização do aborto sob indicação eugénica não elimina - antes agrava - o problema do nascimento de crianças física ou psiquicamente anormais."
"Não estou para prestar declarações sobre o assunto"

Tão certo parece o Almeida Costa de 1984 da irrefutabilidade dos seus "factos" que graceja: "Não poderá constituir motivo de admiração que - na falta de outros argumentos - os autores favoráveis à legalização do aborto não tenham encontrado melhor do que o já cansado e "sofístico" chavão do "direito da mulher ao seu corpo"."

O DN procurou saber junto do jurista, primeiro por mail, se ainda subscreve a ideias expressas no artigo de há 38 anos quanto à inadmissibilidade da legalização da interrupção de gravidez, incluindo quando esta decorre de violação; se ao citar como factos científicos dados apresentados em escritos de Fred Emil Mecklenburg tinha noção de que se tratava de um conhecido ativista anti-IVG; e se, sabendo, lhe parecera fonte credível de conhecimento científico.

Não tendo Almeida Costa respondido ao mail, recorreu-se ao contacto telefónico. Neste, o questionado começou por dizer: "O texto está datado e assinado e tem uma data. A matriz jurídicocultural é a mesma." A seguir, comentou que não voltou a escrever sobre o assunto "porque não calhou" (na verdade, há pelo menos duas outras publicações suas sobre o tema, de 1995, na revista jesuíta Brotéria, nas quais mantém a recusa da legalização em qualquer circunstância, afirmando: "Ninguém duvidará que a vida intra-uterina ocupa, na hierarquia da Lei Fundamental, um posto superior, quer ao da saúde física ou psíquica da grávida, quer aos dois interesses que presidem às indicações às indicações eugénica e ética ou criminológica"). E, por fim, que "as coisas vão evoluindo, muitas coisas mudaram, mas nada mais do que isso", para concluir: "O que está escrito está escrito. Está datado historicamente."

Perante a insistência do DN na pergunta sobre se mantém a recusa da legalização da IVG em qualquer circunstância, o prospetivo juiz do TC (tribunal que, recorde-se, considerou, quanto às sucessivas legislações aprovadas desde 1984 para permitir o aborto, não haver inconstitucionalidade), foi cortante: "Neste momento não estou para prestar declarações sobre o assunto."

O jornal não teve assim oportunidade de confrontar o jurista nem com o facto de apelidar de "investigações médicas" alegadas experiências nazis nem com a revelação, em 2013, por cientistas que estudaram as práticas médicas dos nazis, de não haver rasto, na documentação existente, das "experiências" citadas por Meckelburg.

Esta investigação surgiu precisamente por os "dados" alegadamente científicos de Mecklenburg serem usados no debate político americano para fundamentar o discurso anti-escolha. O caso mais notório aconteceu em 2012, quando o republicano Todd Akin, congressista pelo Missouri e candidato a senador pelo mesmo estado, afirmou, a três meses das eleições, que as mulheres vítimas de "verdadeira violação" raramente engravidam porque "de acordo com o que dizem os médicos, o corpo da mulher tem formas de rejeitar aquilo". A origem da declaração, de acordo com as várias notícias, seria o texto de Mecklenburg.

Akin, que ia à frente da candidata democrata nas sondagens, foi duramente criticado, sendo-lhe contrapostas evidências científicas - as dezenas de milhar de gravidezes anualmente atribuídas a violações nos EUA e inclusive um artigo de 2003 na revista Human Nature que calculava ser duas vezes mais provável uma violação resultar em gravidez do que sexo consensual, devido à menor taxa de utilização de contracetivos no primeiro caso.

A National Review, publicação conservadora, pediu a Akin que desistisse da corrida. E Mitt Romney, candidato presidencial republicano (disputaria as eleições em novembro de 2012 com Barack Obama, perdendo), considerou as afirmações de Akin "indesculpáveis, insultuosas e, francamente, erradas", acrescentando: "Aquilo que ele disse não tem qualquer fundamento e deveria corrigi-lo." Akin acabaria por pedir desculpa, mas perdeu as eleições.

Curioso, à luz do que se sabe agora estar a preparar-se no Supremo Tribunal Americano e em mais de duas dezenas de estados, é ler neste editorial de 20 de agosto de 2012 da National Review a certificação de que os democratas deliravam ao alertar para o perigo de haver no lado republicano quem sonhasse com uma reversão de Roe contra Wade que permitisse impedir até o aborto em casos de violação. "Nenhum Estado irá proibir o aborto em caso de violação, mesmo que Roe contra Wade seja revogada. Toda a gente sabe isso".

February 24, 2021

O que têm feito a estes dois miúdos é escabroso

 


Divórcios litigiosos já de si são difíceis para os miúdos, atirados como arma de arremesso entre os pais, mas pôr tudo isso estampado nas páginas dos jornais e roubarem qualquer direito de privacidade aos miúdos, é escabroso. Temos assistido à destruição dos miúdos nos jornais: o que dizem aos pais, se os pais estavam bêbedos, a violência que viram, as cartas pessoais que escrevem aos pais, o que sentem, se estavam a chorar, o que se passou em casa, as discussões e as acusações... porque é que temos de saber que a polícia foi buscar a rapariga a meio da noite e a razão de o ter feito, com o nome dela em parangonas? 

Todos sabemos que os casamentos têm discussões e confusões, mesmo quando não acabam em litígios. Não é necessário pôr um altifalante na boca das pessoas para vender jornais e a seguir ir caçar os miúdos e vendê-los na praça pública.

Estes miúdos, que já devem ser adolescentes, muito provavelmente, hão-de precisar de terapia toda a vida para conseguirem ter uma relação equilibrada com alguém. Não sei como é que, com tanta lei, alguma exagerada, sobre protecção de dados, se permite que o nome e a vida particular de crianças e adolescentes seja estilhaçada, anos a fio, na via pública.

E como é que os responsáveis de um jornal dormem à noite, sabendo que o dinheiro que têm é feito com o sangue alheio?


Polícia vai a casa de Bárbara Guimarães e tira-lhe a filha a meio da noite


As autoridades foram chamadas à residência de Bárbara Guimarães e tiraram-lhe a filha, Carlota, para a entregar ao pai, Manuel Maria Carrilho.


October 23, 2020

Sou só eu que acho este homem disparatado?

 


Epá... aceitas que te cobrem impostos bárbaros e que quem mais tem quase não os pague. Aceitas corrupção generalizada, perda de salário, perda de representatividade na AR, perda de privacidade, uma saúde empobrecida, uma educação empobrecida, governantes autoritários, se calhar aceitas que chefes te ponham cangas e sei lá mais o quê mas depois é o andar de máscara durante 15 dias ou um mês, para evitar o colapso dos serviços de saúde que te ataca as liberdades fundamentais? A sério?


Fernando Nobre apela à rejeição da obrigatoriedade de máscara na rua

O médico e ex-candidato presidencial Fernando Nobre apelou esta quinta-feira aos deputados para que votem contra a obrigatoriedade de máscara na rua, alegando que estão em causa direitos e liberdades fundamentais num tema que não reúne consenso científico.



July 17, 2020

Quem é que se lembrou de pintar as ruas de Lisboa às cores? Isto é horrível



Uma coisa é ter uma rua pintada de cor-de-rosa piroso. Como é a única tem piada e depois associa-se à fauna que por ali andava, tem um contexto. Outra coisa muito diferente é fazer estes mamarrachos. Isto é horrível. 


January 12, 2020

Quem é que regula o som dos filmes no cinema?




Não têm que obedecer a um limite qualquer? Fui ao cinema. O som do filme estava tão ensurdecedor que sentia os tímpanos a vibrar como se estivesse exposta a uma explosão contínua e começou a doer-me os ouvidos. Felizmente trazia no bolso do casaco um pacote de lenços e lembrei-me de rasgar dois pedaços de papel e fazer dois tampões para os ouvidos. Se não tivesse feito isso tinha-me vindo embora, mas mesmo com os tampões nos ouvidos o som ouvia-se alto. Quem é que decide pôr o volume do som nos cinemas num nível completamente ensurdecedor e para quê? Não percebo.