Superstição - fui ver a etimologia do termo- foi usado pela primeira vez por Plauto (200 anos AEC) como, 'estar sobre' ou 'sobreviver' e depois por Plínio, como a arte da adivinhação [do futuro]. Mais tarde, Lívio e Ovídeo usaram o termo num sentido pejorativo de excesso de medo dos deuses ou de crenças religiosas irracionais. Cícero derivou o termo de superstitiosi, literalmente, aqueles que são "deixados", ou seja, "sobreviventes", "descendentes", conectando-se com a ansiedade excessiva dos pais na esperança de que seus filhos lhes sobrevivam para realizar os seus ritos funerários necessários.
De acordo com Michael David Bailey, foi o sentido de superstição como 'magia', de Plínio. que perdurou. As autoridades romanas acusaram os primeiros cristãos de superstição; em contrapartida, os primeiros escritores cristãos declararam todos os cultos romanos e pagãos como superstições de adoradores de falsos deuses, anjos caídos e demónios e é com o uso cristão que quase todas as formas de magia começaram a ser descritas como formas de superstição.
Dieter Harmening divide a superstição em três categorias: magia, adivinhação e rituais.
É certo que aqueles que acreditam em superstições, no sentido de crenças irracionais querem, como todos os outros, uma explicação e alguma segurança ou controlo sobre o mundo em que vivem e a realidade. Nisso são como os não supersticiosos (penso que todas as pessoas têm algumas superstições). Há quem tenha uma fé irracional na ciência como uma espécie de magia que resolverá todos os problemas da realidade, inclusive o problema do sentido da existência ou da existência do sobrenatural. Também é uma superstição.
No entanto, certas crenças e rituais são tão excessivos enquanto tentativa de aplacar os deuses com rituais que ofendem a racionalidade mais básica. O baptismo é um deles, só que geralmente é praticado com contenção e alguma elegância e não nos apercebemos ao certo o que ali se passa. Só que, de vez em quando, como neste caso que aqui vemos, é praticado de modo literal, tal como aparece nos textos do tempo de Ovídeo e Lívio, e é impossível não vermos o absurdo da crença.
Já estive num baptizado em que o padre, na altura destes rituais disse, 'vamos agora fazer um exorcismo e expulsar o demónio do corpo da ...' Ficou tudo espantado, pela razão de geralmente os padres não explicitarem o que se passa num baptizado, mas o que se passa é isso: a crença de que as crianças estão possuídas pelo demónio, condenadas a uma eternidade no inferno e cheias de culpa prévia para expiar em vida, antes de serem mergulhadas ou aspergidas com água, magicamente transformada em santa e pura, pelo sacerdote, ele próprio, magicamente em contacto com o Deus.
É melhor ver sem o som.
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