Horror in Tehran: I am furious, outrage and heartbroken to see how 14-year-old teenagers being savagely attacked by the morality police for not covering their hair. This video, released by a reformist website, coincides with the execution of a protester Reza Rasaei who stood… pic.twitter.com/RCqbIs5Bmk
— Masih Alinejad 🏳️ (@AlinejadMasih) August 7, 2024
August 07, 2024
Países islâmicos, esses paraísos míticos onde se matam raparigas adolescentes por não terem um pano na cabeça
O novo ME opta por seguir as pisadas do antigo
Em vez de valorizar a carreira dos professores, opta por diminui-la ainda mais (pôr os alunos a ter várias disciplinas com o mesmo professor - adeus ensino de rigor; dar até 10 horas extraordinárias em cima de horários já completos - toma lá trabalhar 50 horas por semana; atribuir mais horas lectivas a professores que têm redução de componente lectiva, etc.) e depois faz recomendações para que se faça o que há muito se faze, como fazer horários que facilitem a vida familiar das pessoas, sobretudo se moram longe, como se fossem ideias extraordinárias suas.
O que os professores precisam é de ter uma carreira que lhes permita ficar perto de casa ou, não podendo ficar, que tenham compensação adequada para poderem alugar uma casa e trabalhar como deve ser, porque entrarem segunda-feira ao meio dia em vez de às 8.30h não resolve nenhum problema. E as situações dos horários são tão complexas que essas medidas podem valem zero. Por exemplo, no ano em que fiquei doente, ninguém me substituiu porque tinha um horário de entrar na segunda às 8,30h e sair na sexta às 17h - o que fazia sentido porque moro perto da escola. Até ficar doente e ninguém querer o meu horário por causa disso. Ora se agora vão dar a professores já com uma certa idade (que somos quase todos) e, por isso mesmo, com doenças próprias da idade, 10 horas extraordinárias, ou mesmo 4, é vê-los a ficar doentes.
O ME e pelos visto mais ninguém tem ideia do esforço físico, psicológico e mental que representa cada aula, porque já deram umas aulas numa universidade qualquer, que não nada que ver com leccionar turmas do básico e secundário, mas pensam que é o mesmo trabalho.
Quanto a pagar subornos para que professores reformados fiquem nas escolas, isso só vai acontecer com certo tipo de professores, e não vai resolver nada: já tentaram isso com os médicos numa altura em que podiam ter valorizado a carreira e as condições de trabalho dos médicos e também optaram por não o fazer. Se bem me lembro havia guerras dentro dos hospitais porque os que lá estavam tinham horas extra até aos olhos e os ex-reformados que na maioria quando sairam eram chefes que já só faziam o que queriam há muito tempo, voltaram para fazer uma horas e ganhar o dobro de quem lá estava. Foi uma guerra e o resultado está à vista: o SNS está moribundo. Pois é exactamente isso que este ministro quer fazer na educação. O resultado vai ser igual, ou pior, porque vai projectar uma imagem da profissão que ninguém quererá, como já não querem.
Portanto, os cargos de DT, tão importantes no sucesso das turmas, agora não são escolhidos pela competência das pessoas: boa sorte com a questão da indisciplina, da coesão da turma, da pacificação das escolas, do sucesso das aprendizagens... e se os professores das disciplinas em que há menos professores não podem ter outras actividades a não ser dar aulas, quem vai ajudar os alunos com dificuldades nessas disciplinas que são a matemática, a física e a geografia? A funcionária do bar?
O ministério aconselha as escolas a recorrer a profissionais não-docentes “(...) que poderá passar, por exemplo, por contratar psicólogos para desenvolvimento da medida Apoio Tutorial”, que se destina a alunos com um historial de retenção. Público
O guião que seguiu agora para as escolas contempla várias das medidas incluídas no chamado Plano+Aulas+Sucesso, que foi objecto de negociações com os sindicatos de professores no mês passado, mas que ainda não foi plasmado em decreto-lei. Público
Natação artística
Confesso que não sou fã. Sei que é um desporto difícil e muito exigente, fisicamente. Recentemente uma nadadora ia morrendo debaixo de água e foi salva pela treinadora já sem sentidos e, portanto, próximo de se afogar porque o corpo continua a respirar debaixo de água. Elas ficam mais de 20 segundos sem respirar, com a cabeça próximo do fundo da piscina e perdem imenso oxigénio ao mesmo tempo que fazem exercícios que pedem muito esforço e energia ao corpo. E isto tudo sincronizado. Percebo que seja muito difícil e é verdade que não sei os aspectos técnicos da modalidade, de modo que avalio as prestações comparando-as com as dos filmes de Esther Williams e poucas chegam lá. Geralmente o que se vê é muito esbracejar e espernear. Agora vi o exercícios das nadadoras dos EUA e pareceu-me mais próximo da Esther Williams. Logo, pareceu-me bastante bom.
Este calor, que torpor...
Dado que o convento está num palácio que antes se dedicava ao prazer, está cheio de murais eróticos a evocar o Kama-Sutra e algum mobiliário estofado a brocado de seda azul e ouro. As salas azuladas e decoradas deste modo fazem um contraste gritante com a rigidez das freiras nos seus hábitos brancos, frios, que tapam todo o corpo, exceptuando a cara. Todo o ambiente sensual do convento e o isolamento nos píncaros de montanhas ventosas perto do céu atinge e perturba as freiras.
Sister Ruth: Black Narcissus. I don't like scent at all.
Young Prince: Oh, Sister, don't you think it's rather common to smell of ourselves?
August 06, 2024
August 05, 2024
Zelenskyy's update
We continue working on implementing our Peace Formula. Today, we have another new signature under the Peace Summit communiqué – Botswana has joined – and this is important as a signal to everyone in the world that we are expanding, no matter how difficult it may be, the circle of… pic.twitter.com/yQAz2sko2A
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 5, 2024
Quem disse que não é possível derrubar ditaduras?
Ordinary Russians: You can’t just topple dictatorships!
— Jessica Berlin (@berlin_bridge) August 5, 2024
Ordinary Bangladeshis:pic.twitter.com/ZI9V1MpbFF
A robótica evita mortes na guerra
The use of a robot dog for reconnaissance in Toretsk by the soldiers of the 28th Brigade. pic.twitter.com/i1mi2DfhYc
— Slava 🇺🇦 (@Heroiam_Slava) August 5, 2024
🇺🇦 is buying us time, but it's not infinite
Russia's economy is working full-scale to finance its war in #Ukraine& to prepare for confrontation with #NATO.
— Gitanas Nausėda (@GitanasNauseda) August 5, 2024
🇺🇦 is buying us time, but it's not infinite. Time to significantly increase defense expenditure of the allies& boost our deterrence. pic.twitter.com/KPe28ApACG
Bangladesh - Mais uma ditadura que cai
Un momento histórico. Tras 15 años en el poder, hoy ha caído la dictadura en Bangladesh. Luego de varias semanas de protestas, el ejército decidió darle la espalda a la dictadora Sheikh Hasina y se unió al pueblo, algo que parecía impensado.
— Agustín Antonetti (@agusantonetti) August 5, 2024
Venezuela, sepan que SÍ se puede 🇻🇪 pic.twitter.com/WKk2Ep1coh
Finally…. f16s flying over Ukraine
Finally…. They are here!
— Мінді 🇺🇦🇺🇦🐸 (@MindyNL79) August 4, 2024
Every Dutch person right now, including me… is hugging any footage of f16s flying over Ukraine!
Tears…. Fucking tears 🥹🥹🥹🥹 pic.twitter.com/QJ4YFxdAlh
As paralelas assimétricas da ginástica feminina têm perdido diversidade devido às mudanças na pontuação
Os juízes agora valorizam a amplitude de movimento e a ligação de elementos. Certos elementos são muito difíceis e espectaculares mas dada a sua natureza, não permitem, nem grande amplitude de movimentos, nem ligação a outros e por isso, não valem o risco e deixaram de ser feitos. É uma pena porque tornaram este aparelho menos diverso e menos interessante. Nos anos oitenta e noventa era mais excitante e espectacular que nos dias de hoje, passados mais de vinte anos.
O aparelho da trave continua excitante de ver pela sua dificuldade e espectacularidade. Nunca se sabe o que vai acontecer. Hoje aconteceu duas italianas no pódio, uma com o ouro e Biles e Andrade fora do pódio - Biles caiu e Andrade fez um exercício de medo desinteressante.
O exercício da barra fixa da ginástica masculina é espectacular
Quando os ginastas fazem coisas difíceis. Infelizmente quando caem a queda também é espectacular porque a barra está muito alta. Está a dar a final. Até agora quase todos caíram e algumas quedas foram feias.
Entretanto já acabou e no fim, foram ao pódio atletas que caíram da barra, o que mostra um nível pouco brilhante da ginástica masculina neste aparelho. O colombiano que fez o exercício mais difícil e espectacular ficou em 2º lugar.
A música do hino japonês é operática-cinematográfica.
Opiniões: Mudar o cálculo de Putin a curto e médio prazo é importante mas o Ocidente tem de reorientar totalmente o seu pensamento
Na maior troca de prisioneiros desde a Guerra Fria, a Rússia e os Estados Unidos concordaram em libertar 24 indivíduos atualmente detidos. A troca de espiões é tão antiga como a espionagem, mas não foi isso que aconteceu na quinta-feira. Embora alguns espiões ocidentais tenham sido libertados, a maioria dos libertados não era nada disso. Entre eles, destaca-se Evan Gershkovich, um conceituado repórter do Wall Street Journal, falsamente acusado de espionagem sob o mais frágil dos pretextos. A lista de dissidentes americanos, alemães e russos, de repórteres e de particulares perdidos naquilo a que a Rússia chama risivelmente o seu sistema judicial, e que foi divulgada hoje, constitui uma leitura extraordinária e revoltante. No momento em que escrevo, estão finalmente de volta às suas famílias.
Então, porque é que não vou festejar? Sinto-me aliviado pelo facto de homens e mulheres corajosos respirarem de novo ar livre, mas e os próximos reféns feitos pelo Kremlin? E o que dizer do outro lado da balança - os homens que agora regressam a Moscovo como heróis?
Putin tem sido incentivado a continuar a prender pessoas inocentes.
Veja-se a lista de russos que acabámos de soltar no mundo. Inclui Vadim Krasikov, o assassino do Kremlin que assassinou um dissidente georgiano a sangue frio em solo alemão, Vadim Konoshchenok, que dirigia uma operação global de lavagem de dinheiro para o governo russo, Vladislav Klyushin, que ganhou 93 milhões de dólares na bolsa de valores com informações obtidas através de pirataria informática nos sistemas informáticos dos EUA para adquirir segredos empresariais, e Roman Seleznev, que dirigia uma rede de ciberfraude de 50 milhões de dólares.
Os Estados Unidos estão a trocar assassinos, piratas informáticos e burlões que actuam para minar existencialmente a aliança ocidental por uma série de jornalistas, políticos da oposição e turistas injustamente detidos, muitos dos quais foram encarcerados precisamente para serem utilizados neste tipo de troca de prisioneiros.
Em primeiro lugar, Putin foi incentivado a continuar a prender pessoas inocentes, na crença justificada de que o Ocidente entregará em troca activos russos reais. Em segundo lugar, os motivos para esta troca não foram humanitários, mas cinicamente políticos.
Só na Grã-Bretanha, a Rússia atacou duas vezes, primeiro matando horrivelmente Alexander Litvinenko em 2006 através de envenenamento por radiação, um método destinado a infligir o máximo de terror a potenciais desertores russos. A segunda tentativa, em 2018, também contra desertores, viu Sergei e Yulia Skripal serem alvo de um agente nervoso mortal. Os Skripals sobreviveram, mas um transeunte que foi acidentalmente exposto não sobreviveu. Desde então, a Rússia não demonstrou qualquer sinal de remorso ou hesitação, e o homem procurado pelas autoridades britânicas pelo assassínio de Litvinenko, Andrey Lugovoy, tem tido uma carreira política proeminente na Rússia, onde gosta de fazer ameaças grosseiras aos dissidentes que fogem para a Grã-Bretanha da segurança da Duma russa.
Estes envenenamentos, utilizando substâncias incrivelmente perigosas, puseram em perigo cidadãos britânicos não envolvidos, bem como desertores russos, e constituíram actos de terrorismo tão seguros como uma bomba numa estação de comboios. Em ambos os casos, a reação britânica e ocidental situou-se bem dentro dos limites que a Rússia poderia razoavelmente ter previsto e estava totalmente preparada para suportar, envolvendo expulsões diplomáticas e sanções menores. Esta recente troca de prisioneiros insere-se neste padrão de sub-retaliação perigosamente previsível e flexível a actos flagrantes de agressão e põe diretamente em perigo os cidadãos britânicos.
Numa altura em que estamos a confrontar Putin na Ucrânia, esta decisão terá consequências terríveis não só para nós, no Ocidente, mas também para aqueles que estamos a apoiar em Kiev. As nossas melhores hipóteses de dissuadir Putin de uma nova escalada e de o forçar a um acordo de paz vantajoso passam por mostrar força, crueldade e determinação.
Então, o que é que devemos fazer em vez disso?
No caso de assassinos como Vadim Krasikov, nunca se deverá permitir qualquer troca, seja a que título for. Permitir que a Rússia mate no Ocidente deve ser a mais fundamental das linhas vermelhas. A dissuasão neste domínio deve ser máxima e absoluta. As reacções punitivas devem ser automáticas. Esses indivíduos nunca devem regressar à Rússia e devem ser condenados a penas de prisão perpétua.
É demasiado tarde, evidentemente, para inverter o último ato de cobardia face à tomada de reféns por Putin, mas não é demasiado tarde para restabelecer a dissuasão. O aparecimento de leis contra assassinos estrangeiros nos parlamentos de toda a Europa enviaria um sinal extremamente forte à Rússia.
Mudar o cálculo de Putin a curto e médio prazo é importante. Mas, para afastar rivais totalitários como a Rússia e a China a longo prazo, o Ocidente tem de reorientar totalmente o seu pensamento. A complacência e o curto prazo têm de dar lugar a um planeamento adequado, tanto económico como militar, e, a nível espiritual e psicológico, tem de ser recuperada uma determinação firme - uma vontade visível e manifesta de pagar o preço da vitória, na esperança de nunca precisar de o fazer.
Inglaterra: políticas não democráticas, em nome da defesa da democracia
Era bom que Portugal aprendesse com os erros dos ingleses. Tal como eles, temos as prisões cheias e as vozes "dos que não são ouvidos" a criar problemas.
Os motins não devem servir de pretexto para um ataque mais alargado às liberdades civis
No entanto, a previsão de Marr parece agora uma piada irónica, uma vez que o primeiro mês de governação trabalhista foi ultrapassado por um fluxo constante de motins e desordens graves que exigem agora toda a atenção e tempo do primeiro-ministro.
Poucas horas depois de terem eclodido batalhas de rua em Whitechapel por causa dos acontecimentos no Bangladesh, o bairro de Harehills, em Leeds, ardeu em chamas quando a polícia, com poucos recursos, recuou perante os desordeiros locais.
Apenas uma semana mais tarde, uma multidão intimidatória reuniu-se em frente à esquadra de polícia de Rochdale, indignada com um vídeo da polícia a pontapear e a esmagar um homem local no aeroporto de Manchester. Este facto foi rapidamente ensombrado por uma série de esfaqueamentos de crianças em Southport, que se tornou um catalisador da desordem em todo o país, começando em Southport e, nos dias seguintes, espalhando-se por uma série de cidades inglesas.
Apesar dos níveis comparáveis de violência e desordem entre Harehills e Southport, apenas esta última abalou profundamente a classe política e levou a apelos a uma repressão extrema. A desordem em Harehills pode ser enfrentada com as medidas já conhecidas que se impõem na sequência de tais explosões. Alguns autores serão presos, parem serem transformados em exemplo, o que será acompanhado pelo reconhecimento de que a comunidade tem queixas legítimas e precisa de mais recursos do Estado.
Talvez surja um novo centro comunitário, para que, no futuro, os jovens locais licenciosos estejam demasiado ocupados com o seu jogo de pingue-pongue para saírem e atirarem tijolos à polícia. Embora seja um espetáculo desagradável, não há qualquer sentido em que o que aconteceu em Harehills represente uma ameaça mortal à estabilidade do Estado britânico.
Por outro lado, a desordem que se seguiu a Southport representa uma ameaça para o Estado que os trabalhistas terão dificuldade em apaziguar.
A cartilha da tragédia elaborada pelo Ministério do Interior, executada na perfeição durante ataques anteriores, como o de London Bridge, Manchester Arena e Nottingham, já não funciona.
Dizer às pessoas para não olharem para trás com raiva, para não deixarem que “eles” nos dividam, para seguirem os líderes comunitários (de quem nunca ninguém ouviu falar) e se unirem, para escolherem o amor em vez do ódio - é tudo demasiado fácil, demasiado cliché. Desviar o foco dos perpetradores para as vítimas, dos pontos focais do ódio para os do amor, começou a sair pela culatra.
No caso do ataque de Southport, a escassez inicial de informação sobre a identidade e a intenção do agressor deixou um vazio que foi preenchido por especulação e desinformação infundada.
A composição demográfica dos últimos episódios de desordem, que são quase exclusivamente de britânicos brancos, significa que colocam uma dificuldade particular que os motins predominantemente liderados por uma única minoria não colocam.
O antigo jornalista que se tornou líder da claque trabalhista, Paul Mason, defendeu a ideia de transformar a Grã-Bretanha numa “democracia militante”, a fim de suprimir as forças fascistas que acredita estarem por detrás da onda de desordem.
Existe, portanto, o risco de os motins serem explorados para dar cobertura a um projeto de supressão política, em que mesmo uma ligeira dissidência da ortodoxia do Estado, especialmente na questão da imigração, será brutalmente eliminada por ser divisiva e inflamatória.
A sugestão de que a desordem é sobretudo uma expressão de desaprovação em relação à migração em massa e às suas consequências de segunda ordem não pode ser aceite por si só, pois a aceitação de um tal enquadramento daria legitimidade à ideia de que as mudanças demográficas transformacionais das últimas décadas têm falhas intrínsecas.
O risco dos motins para a lei e a ordem na Grã-Bretanha não deve ser subestimado e os trabalhistas enfrentam um enorme desafio para trazer a paz de volta às ruas da Grã-Bretanha. Mas explosões esporádicas de desordem violenta não são motivo suficiente para atacar as liberdades civis fundamentais do Reino Unido. Aqueles que são apanhados com comportamentos criminosos devem ser presos, por muito impopular que o encarceramento seja para o atual governo, e a capacidade prisional adicional necessária deve ser construída rapidamente.
O sectarismo, as repressões e as tensões étnicas estão a tornar-se o novo normal no Reino Unido ou como não resolver os problemas
O argumento deste autor é o seguinte: o RU teve e continua a ter uma política de portas abertas à imigração, sem nenhuma tentativa de filtrar e depois integrar esses migrantes nas sociedade britânica. Como resultado, enquanto os britânicos funcionam em termos de famílias isoladas com laços às instituições públicas, os imigrantes funcionam no seio das comunidades étnico-culturais onde são postos e que medeiam a sua relação com as instituições públicas. Desse modo, temos a sociedade britânica com grupos étnicos completamente fechados nas suas comunidades étnicas -muçulmana, hindu, etc.- e desintegrados da sociedade em geral e das suas instituições.
Algumas dessas comunidades têm padrões culturais que chocam com os dos britânicos de maneira que a sociedade do RU é hoje constituída por uma grande grupo de britânicos atomizados em famílias e alguns grupos culturais que formam comunidades à parte (com os seus tribunais próprios) com quem não contactam. As minorias étnicas assumem, com estas políticas, que podem viver na sociedade britânica, com as regras das suas sociedades de origem.
Nas aturas de crises, uns e outros vêm para a rua protestar parta fazer pressão sobre os governos, para que privilegiem as suas reivindicações. Os governos reprimem os protestantes britânicos comuns mas não os das minorias, justamente por serem de minorias.
Isto é a receita para o desastre: um crescer dos rancores e frustrações de lado a lado.
Era bom que os nosso governos tirassem daqui ilações para o nosso país que, por enquanto, está longe destes problemas, mas como as políticas têm sido copiadas dos outros países, é uma questão de tempo até lá chegarmos. Por exemplo, hoje em dia a comunidade dos imigrantes dos países africanos de LP está mais ou menos integrada na nossa sociedade. Já não vivem em guetos, excluídos da sociedade portuguesa como aconteceu nos anos 80. A comunidade brasileira também. Não estão perfeita e completamente integrados mas houve uma grande evolução nesse sentido. Já a comunidade de muçulmanos, estão completamente separados da nossa sociedade e o governo fala com essas pessoas por intermédio do seu líder espiritual - ora, esta política é exactamente aquela que o autor do artigo considera estar na origem dos problemas actuais no RU.
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Durante mais de vinte e cinco anos, a Irlanda do Norte manteve uma paz incómoda. Desde o Acordo de Sexta-Feira Santa de 1998, a província tem evitado, em grande medida, o tipo de violência política generalizada que caracterizou grande parte do final do século XX - mas esta situação não é, de modo algum, ideal.
No entanto, no sábado, tanto os lealistas protestantes como os nacionalistas católicos estiveram lado a lado em Belfast, unidos numa marcha contra a migração em massa. O protesto culminou em confrontos com activistas pró-palestinianos e com a polícia no exterior da Câmara Municipal, enquanto as tricolores irlandesas eram hasteadas ao lado dos Union Jacks.
Esta bizarra aliança não deveria surpreender. Aquilo a que estamos a assistir, tanto na Irlanda do Norte como em Inglaterra, é a uma reformulação das identidades tradicionais e das filiações políticas em resposta a um desafio novo e existencial. As velhas animosidades e alianças estão a começar a desfazer-se, à medida que a migração em massa muda o carácter das nossas sociedades e reformula as normas políticas.
Desvendar tudo isto pode ser um desafio. Em vez de pensar no nosso sistema político da perspetiva de um insider, carregado com toda a bagagem que isso confere, pode por vezes ser útil recuar e analisar o sistema político britânico moderno como se fosse o de um país estrangeiro. Ponha de lado o seu conhecimento das dinâmicas locais específicas destas ilhas e rapidamente se torna claro como chegámos a esta posição.
Ao longo das últimas décadas, abrimos as nossas portas a milhões de pessoas de países com normas culturais, éticas e políticas muito diferentes. Em vez de encorajar a assimilação ou reduzir radicalmente os níveis de imigração para este país, o establishment britânico seguiu uma política deliberada de multiculturalismo, através da qual o Estado medeia a sua relação com grupos minoritários através de instituições distintas.
Como resultado, desenvolvemos discretamente um sistema do tipo “millet”, através do qual o Governo gere as relações com as comunidades minoritárias. Muitos grupos minoritários raciais ou religiosos têm atualmente escolas separadas, tribunais separados e organizações de “ligação à comunidade” separadas nas forças policiais locais.
A única ausência notável deste sistema é a maioria cultural do país, que se organiza em grande parte com base em indivíduos e famílias e não em “comunidades”. Espera-se que este grupo canalize o seu activismo político através de processos democráticos nacionais e que seja gerido por instituições judiciais, educativas e policiais que são amplamente seculares e pluralistas. Não há reconhecimento oficial de que este grupo tenha interesses distintos e partilhados.
Cada vez mais, esta abordagem ao estilo de Millet é visível também nas urnas. Nas últimas eleições, os eleitores muçulmanos abandonaram em massa os trabalhistas. Muitos deram o seu apoio a independentes pró-palestinianos que obtiveram assentos em Blackburn, Leicester, Birmingham e Dewsbury, e ficaram perto em meia dúzia de outros locais. Os eleitores hindus, entretanto, apoiaram os Tories, obtendo a única vitória do partido na noite, em Leicester South, e impulsionando Bob Blackman para uma confortável maioria em Harrow East. Entretanto, por enquanto, a maioria continua a votar com base no interesse individual, evitando a política comunitária.
E, no entanto, quando a democracia vacila, os grupos viram-se cada vez mais para o protesto desordenado - por vezes violento - a fim de defenderem os seus interesses. Para os manifestantes de todos os tipos, a perturbação é utilizada como uma técnica para induzir o Governo a agir, ou simplesmente para expressar insatisfação com o sistema. Esta é uma conclusão natural de uma cultura política e institucional que encoraja os grupos a desenvolverem interesses e preocupações distintos.
Estes protestos assumem algumas formas diferentes. Há protestos usados para exprimir um sentimento geral “antissistema”, como em Harehills há algumas semanas, e há protestos usados para litigar disputas internas, como o motim intra-bangladeshi que teve lugar em Whitechapel na mesma noite. Por vezes, dois grupos entram em conflito, como aconteceu entre muçulmanos e hindus em Leicester, há alguns anos.
No entanto, na maioria das vezes, os protestos das minorias são concebidos para agitar um tratamento especial ou para defender uma preocupação sectária específica. Desde outubro de 2023, temos assistido tanto a protestos como a tentativas de intimidação por parte de activistas pró-Palestina, em grande parte muçulmanos, que têm sido concebidos para influenciar a posição do Governo sobre o conflito em curso em Gaza. Nos últimos dias, assistimos à formação de grupos de vigilantes muçulmanos em locais como Blackburn e Stoke, com o objetivo explícito de combater os manifestantes anti-imigração em nome da comunidade muçulmana.
Seja qual for a causa destes protestos, o Estado considera que o seu papel principal é a manutenção da paz e a contenção; o objetivo primordial é evitar que as coisas se espalhem.
Ocasionalmente, elementos da maioria, geralmente membros descontentes da classe trabalhadora branca, atacam o sistema. As velhas dinâmicas políticas - Conservadores contra Trabalhistas, Unionistas contra Nacionalistas - caem no esquecimento.
Há, no entanto, uma diferença crucial entre os protestos das minorias e os da maioria. Quando a maioria protesta, o Estado sente-se com poderes para reprimir; reconhece que a reacção adversa à tomada de medidas neste caso será provavelmente menos grave do que a tomada de medidas contra grupos minoritários, dada a natureza individualizada da maioria.
É claro que o poder político em Westminster está, em grande medida, isolado destes surtos provincianos. A partir da relativa segurança das suas casas em Londres, defendem repressões cada vez mais duras para a maioria e concessões cada vez maiores para as minorias. Basta perguntar ao antigo deputado trabalhista Lord Walney, que apelou a uma repressão ao estilo da Covid na recente vaga de desordem.
Sectarismo, repressão, violência, tensão étnica - esta é uma heurística política pouco familiar para muitos na Grã-Bretanha, mas profundamente típica em grande parte do mundo. Perante este cenário, não nos deve surpreender que as normas consagradas pelo tempo estejam a cair no esquecimento.
Infelizmente, são muito poucos os políticos da linha da frente que querem reconhecer esta nova realidade, ou a mudança de estratégia que ela exige. Como país, estamos a percorrer um caminho muito escuro e perigoso, e não há fim à vista.
No caso provável de Israel intensificar a sua campanha contra o Hezbollah no Líbano, as coisas só vão piorar. As manifestações de massas a que assistimos em todo o país em resposta à guerra em Gaza terão um novo ímpeto - neste novo contexto febril, os protestos podem rapidamente tornar-se violentos. No futuro, os acontecimentos no estrangeiro desempenharão um papel desproporcionado na nossa política, tanto nas ruas como nas urnas, uma vez que os recém-chegados continuam ligados à política dos seus países de origem.
Gostaria de poder terminar este artigo com uma nota feliz. Quando o inverno chegar e o tempo ficar mais frio, as coisas começarão, durante algum tempo, a ficar mais calmas. A atmosfera tensa deste verão quente e abafado vai diminuir e os nossos políticos vão esquecer tudo sobre a violência que dominou as ruas britânicas nas últimas semanas.
Inglaterra a ferro e fogo
Acabo de ouvir na BBC uma entrevista a um especialista em criminologia dizer que esta violência não passa de ignorância da extrema-direita. Estas respostas simplistas para problemas extremamente complexos que os governos não resolvem, porque são é especialistas em demagogia, ajudam imenso...
A Inglaterra -tal como nós e outros países- tem um problema de desemprego jovem, de desinvestimento na educação e na saúde, os jovens não têm perspectivas de futuro, não têm dinheiro para habitação e têm uma comunicação social que explora os temas de maneira a inflamar ânimos, juntamente com redes sociais de vazio mental. Tudo isto em crescimento acelerado. Mas depois depois espantam-se que as pessoas que já de si têm tendência para a para a violência se organizem para a praticar.
Cá é igual, não temos professores, não temos médicos, não temos habitação, não temos empregos com salário decente para os jovens, não temos bebés a nascer, temos as grávidas abandonadas para ter os filhos no meio do mato... o que temos em abundância são bancos cartelizados para explorar o cidadão comum e fazer 400 milhões de euros de lucro por mês.Desordeiros tentam incendiar hotel para requerentes de asilo em Rotherham num contexto de violência de extrema-direita
O Ministro do Interior condena as cenas “absolutamente aterradoras” de garrafas e cadeiras atiradas para o exterior do Holiday Inn Express
Vários agentes ficaram feridos e um deles foi levado para o hospital com um ferimento na cabeça causado por um tijolo atirado por um membro da extrema-direita. Um agente experiente da polícia de South Yorkshire afirmou que este foi, de longe, o pior motim em que participou.
Uma mulher chorava enquanto era levada para um local seguro atrás da linha da polícia, com uma ferida a sangrar na nuca. Alguns pais trouxeram os seus filhos, que foram vistos a atirar pedras à polícia de choque.