March 31, 2020

Diário da quarentena 18º dia - intervalo para o almoço



olá  🙂 enquanto o feijão verde coze


A realidade VI



Relatos de vários colegas de mais do que quatro escolas sobre experiências de aulas síncronas com o zoom:

- alguns alunos estavam na sala com as famílias todas a verem e a falarem.
- um aluno tinha um irmão pequeno sempre a pôr a cabeça à frente do ecrã.
- ouvia-se, numa das casas, um cão a ladrar, o tempo todo que a sessão durou.
- a sessão era para perguntas e respostas: em três ou quatro casas o barulho de fundo não deixava perceber nada do que diziam.
- ouviam-se gritos vindos de vários lados.
- ouvia-se, em várias casa, a televisão em alto som.
- numa das casas a mãe também fazia perguntas sobre as notas do filho.
- ouvia-se imenso barulho de explosões, ou de um filme, ou de um jogos de vídeo, não sei. Era difícil falar e perceber o que diziam.
- Alguém perguntou várias vezes, 'quando é que isso acaba que eu preciso de trabalhar. Diz ao professor para mandar respostas pelo email'.

Alguns disseram que aquilo foi um suplício e que estavam desejando que acabasse.

São putos, com famílias que não têm condições ou não respeitam o trabalho do professor ou não percebem o que é o ensino. Pudera, se a própria tutela também não percebe...

Ainda, notícias de várias escolas, digo, mais do que quatro escolas, pelo menos: as direções agora só falam e, sobretudo, só escrevem, o que vem diretamente do ME, ou melhor, reencaminham - não dizem nada, de nada, da sua própria cabeça, e quando o fazem é para reforçar as ordens que vêm do ME, tal não é o medo que têm do secretário de Estado e do ministro. Estão mudos em todo o lado. É uma tristeza... é assim que temos os chefes que temos. Quando o que se tem pela tutela não é respeito, mas medo, o que de bom se pode esperar destes? Nada. Os súbditos calam-se com medo e os chefes pensam que são fantásticos pois ninguém os contraria. E os que fazem crítica, que se contam pelos dedos de uma mão, são rotulados de botas-abaixo e coisas piores.

A realidade V - notícias insuportáveis II



Forças da segurança que existem para nos proteger e representar a Lei matam uma pessoa à pancada(!!!), uma coisa selvática e todos os chefes deles encobrem o crime... encobrem o crime??... quem são as 'autoridades' deste país? A quem andamos entregues? Assustador.


Homicídio de ucraniano escondido no aeroporto de Lisboa

PJ detém os três inspetores do SEF suspeitos de matar à pancada um viajante ucraniano.

O silêncio de quadros de topo do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, face às fortes suspeitas de ter ocorrido um homicídio de um ucraniano, de 40 anos, no interior do aeroporto de Lisboa, às mãos de três inspetores da polícia de fronteiras, levou esta segunda-feira à demissão do diretor e subdiretor da Direção de Fronteiras de Lisboa, respetivamente Sérgio Henrique e Amílcar Vicente. Pouco mais de duas horas depois de a PJ ter detido três inspetores, por homicídio do estrangeiro, a direção nacional do SEF anunciou a demissão imediata daqueles responsáveis e a abertura de um processo interno.

CM

A realidade IV - notícias insuportáveis



Não protegerem as pessoas que protegem os outros e estes terem que ir para os hospitais como quem vai para a guerra sem saber se voltam para a vida, é não admissível.
Estamos a pagar os cortes cegos e as austeridades dos 'mercados'. Onde estão, gostava de saber, esses que mandam nos 'mercados'? Os que impuseram as austeridades? Estão resguardados nas villas de campo enquanto estes que foram vítimas dessas políticas arriscam as vidas?

Enfermeira e 7 médicos infetados com coronavírus correm risco de vida 

853 profissionais de Saúde estão infetados. São 13% dos 6408 doentes em Portugal.

Correia Azevedo vai "avançar com uma providência cautelar contra o Estado por falta de equipamento e incoerência na realização dos testes. E deu o exemplo de um hospital onde o médico fez o teste e só dias depois os enfermeiros". A Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, reconheceu que "pode haver casos pontuais de laboratórios" que estão a cobrar para realizar os testes apesar da convenção que os torna gratuitos para o utente.

A realidade II



A realidade não é os portugueses serem disciplinados e terem obedecido a Costa. A realidade é os portugueses terem mais juízo que as autoridades e terem começado a fechar-se em casa, a tirar os filhos das escolas, a fechar as escolas, etc., ainda a ministra da saúde e a senhora da DGS diziam que não havia razão nenhuma para alarmismos e fechar escolas era completamente desnecessário e ainda o primeiro ministro desvalorizava a situação e adiava para o dia seguinte as medidas de confinamento.

Il y a un mystère portugais que nous allons essayer de résoudre ensemble. Le mystère est le suivant : alors que l'Espagne est sévèrement confinée et que le gouvernement espagnol vient de décréter l'arrêt de toute activité économique non essentielle... les Portugais sont certes confinés, les lieux publics sont fermés mais pas de sanctions, ni d'attestation de déplacement. Interrogé, le Premier ministre portugais, António Costa, a répondu : "Les Portugais sont si disciplinés que la répression est inutile".

Os exemplos que vêm das 'autoridades'




A realidade



Desde que as escolas encerraram deixei de ter horário de trabalho. Ontem, até às 11.30 da noite recebi e enviei emails a preparar as reuniões de hoje. Domingo e sábado passados, a mesma coisa. Os alunos e os pais, agora que não vêem os professores na escola, enviam emails a qualquer hora do dia ou da noite. A escola  também.
No ME esperam que a Páscoa seja para trabalharmos dia e noite e sábados e domingos como tem acontecido mas eu vou parar na Páscoa porque o 2º período foi e continua a ser extremamente cansativo e eu já ando carregada de medicamentos para aguentar as dores, vigiada por uma enfermeira, sem saber se ainda vou parar a um hospital fazer uma TAC de urgência.
Como eu andam milhares. Como tudo isto é, sabemos agora, para fingir, não me vou stressar com as aulas do 3º período. O secretário de Estado já veio dizer numa reunião que aquilo não é a sério. De modo que a pausa da Páscoa, para mim, vai ser para descansar. E quando entramos no 3º período, logo se vê. Mas uma coisa é certa. No 3º período vou trabalhar dentro do meu horário de trabalho oficial e tudo quanto for email que me interrompa o tempo de descanso, atiro para o spam, até que esses emails começam a ir sozinhos para o spam. Não posso e não quero estar impedida de estar no computador a fazer o que me apetece no meu tempo de descanso com receio de estar sempre a stressar-me por ver emails do trabalho a entrar fora de horas. O email é como se fosse um telefone e eu nas horas de descanso estivesse a receber constantemente telefonemas do trabalho. Não tenho isenção de horário, não tenho que estar ao serviço a toda a hora a ver o meu computador ser invadido pelo trabalho.
Quando a tutela não tem respeito por nós, nós também não temos respeito por eles.

A kind of Ruisdael detail




March 30, 2020

O espírito de perseguição do ME é tal que nos manda engonhar só para nos controlar



Nas escolas dão-se disciplinas que vão do Desenho e da Educação Física à Filosofia e à Biologia mas o secretário de Estado acha que todos devem fazer o mesmo à mesma hora, da mesma maneira.
E diz que é para não dispersar... deixa-me rir... como se os alunos tivessem problemas em ir a plataformas diferentes... é para nos controlarem, mais nada.

A questão dos conteúdos, diz ele, 'é pouco importante e é tudo informal', ou seja, ele sabe que isto não é a sério nem pode ser dadas as características das escolas e dos alunos, de que já aqui falei muitas vezes. Então isto é para quê? Para nos controlar... mais nada, nadinha.

De facto, não sou pessoa de ter ódios a ninguém mas é difícil com estes tipos. Então o nosso trabalho não vale nada para nos mandar ir engonhar? Usando as palavras do primeiro-ministro, 'é re-pu-gan-te'.

Total falta de respeito. Não têm soluções e atiram para cima de nós uma montanha de trabalho que sabem não servir para nada.
Se isto tivesse um mínimo de seriedade diziam para cada professor encontrar maneira de rentabilizar o trabalho em vez de dizer, 'isto não tem importância', o que interessa é que estejam uma vez por semana numa plataforma a fazer qualquer merdice, tanto faz, queremos que seja tudo igual porque o objectivo é controlar e se se dispersam não é possível controlar.

Entretanto, por coincidência, apareceu logo um questionário da UNL, a mesma em que o secretário de Estado foi director ou lá o que foi, para preenchermos, anonimamente (só que perguntam onde damos aulas, que disciplina, o código postal, em que anos nascemos... lol só falta perguntar o número que calçamos), a perguntar tudo o que fizemos e vamos fazer e a que hora espirramos. Ora quem encomendou isto, senão o mesmo que tem a obsessão pelo controlo de professores que despreza ao ponto de tratar como se fossemos idiotas e crianças cujo trabalho vale nada? Não? É isso.

É difícil aceitar sermos obrigados a trabalhar mal e muito abaixo das nossas possibilidades porque os chefes são medíocres.

Andamos nós nas reuniões a pensar a sério qual a melhor maneira de trabalhar com os alunos e afinal é tudo para inglês ver e sermos controlados! Vão-se encher de pulgas sff, sem ofensa.


Resumo da reunião com o Secretário de Estado da Educação



– Devem as escolas eleger uma única plataforma de contacto, de modo a não causar dispersão de tempo a conhecer mais aplicações, devendo a plataforma conter formatos de trabalho síncrono e assíncrono, complementando-se assim as diversas hipóteses de contacto;
...
– A questão dos conteúdos é pouco importante, pois o mais importante é o exercício de competências, onde se poderá fazer um avanço em conteúdos, mas que não podem ser formais, dada a impossibilidade de garantir a universalidade do acesso;

Diário da quarentena ... nem sei em que raio de dia é que vamos...



Isto hoje não pára. Sentei-me ao computador às 8 da manhã, fiz um intervalo para almoçar de 20 minutos, mais um enfianço na banheira de meia-hora para ver se me passavam as dores, que às tantas são mais de cansaço e de stress que outra coisa, comi uma omelete, espreguiço-me aqui para ver as notícias ou o FB ou outra porcaria qualquer destressante e já tenho 4 emails do trabalho com adendas e acrescentos e cenas para as reuniões de amanhã... lá vai uma pessoa escrever e emendar e adendar... livra! Amanhã vai ser outro dia igual. Não sou pessoa de odiar ninguém mas acho que vou ganhar ódio a esta tutela de educação. Não têm respeito pelas pessoas.

Num dos papéis que vêm da DGESTE li que no terceiro período, onde já vamos ter pouco trabalho a reconverter todo o plano das aulas para agradar ao ministro e ao secretário de Estado e fingir que este trabalho à distância com putos é normal, ainda vamos ter que passar dias da semana a preencher papelinhos para a tutela controlar tudo o que fazemos. E querem pôr os DT a serem os controleiros dos colegas. Epá, não contem comigo para isso. Uma coisa é, naturalmente, os professores da turma coordenarem o trabalho uns com os outros e dizerem qual vai ser a sua metodologia de trabalho com os alunos, outra é andarmos a preencher papelinhos diários e semanais com tudo o que fazemos e a que horas espirrámos, para agradar ao espírito de perseguição que a tutela tem para connosco.

Assange continua preso por denunciar crimes




Para destressar, o contributo do Immanuel Content para o ensino online 😄




Intervalo - 15 minutos apenas para ler os títulos



Fui logo dar com isto. Este Louçã é um palerma. Mas isto é lá coisa que se diga? Mas algum país gosta de ver gente a morrer aos milhares?

"A Alemanha gosta desta situação, beneficia destas crises"

Louçã


Logo a seguir fui dar com isto:
Thomas Schäfer, ministro das Finanças do Estado alemão de Hesse, foi encontrado morto numa linha de comboio.

Numa linha de comboio? Suicidou-se. Volto a dizer, o Louçã é um palerma e o que é triste é sabermos que é um conselheiro de Estado. Qual estado? O estado de rebaldaria a que isto chegou??

#ficaemcasa 😄






Os patos são os novos turistas




Quando Trump dá a entender que médicos e enfermeiros andam a roubar máscaras...




If



“If the world was responding to climate change like it’s responding to the coronavirus – with the level of urgency that the science says is necessary – things would look dramatically different.” So, we have to hope that, in opening our minds to the need for change as the current crisis is forcing us to do, we will become open to that other problem that will not have gone away once the pandemic subsides. The lesson of coexistence, which this virus has taught us, is not and will not be easy – the more so, it is our duty not to waste it.
Julia Fiedorczuk
Translated by Annie Jaroszewicz


All Alone in the Night - Time-lapse footage of the Earth as seen from th...

March 29, 2020

Alegoria da Peste - século XV



Anonymous, século XV
Alegoria da Peste. Capa de livro do Biccherna, Siena, Itália, 1437. Inv. K 9224. Fotografia: Saturia Linke.
Lugar: Kunstgewerbemuseum, Staatliche Museen, Berlin, Germany


Difícil



A minha taxista ligou-me. Sim, tenho uma taxista. Ela e o companheiro dela que é irmão de uma ex-aluna (foi assim que nos conhecemos) e o pai dela. Os três tratam de mim a qualquer hora do dia ou da noite. Pessoas impecáveis. Já outro dia ligou para saber como estava. Desta vez foi porque o sobrinho precisa de umas coisas de Filosofia. Estão em casa, como nós todos. O trabalho escasseia porque as pessoas estão em casa e para além de ser um perigo, andar por aí a levar pessoas, não dá sequer para pagar o gasóleo. É uma chatice. Estas pessoas que têm pequenos negócios e agora estão paradas, sem dinheiro a entrar... e os bancos que comeram dezenas milhares de milhões... se alguma coisa não muda depois disto e da outra crise que aí vem, então é que vamos ter muitos Chegas, à direita e à esquerda. Muitos, mesmo.

(“In Spain, José María Aznar, the former prime minister, packed his bags for his holiday villa in Marbella, a celebrity resort on the Mediterranean. The move fueled anger across social media as well as calls to monitor Aznar and lock him inside his villa.”in rich europeans flee virus for 2nd homes, spreading fear and fury)