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January 02, 2020

Ruisdael




Acho que a primeira vez que reparei num Ruisdael foi no Rijksmuseum. Esta pintura, View of Haarlem from the Northwest, with the Bleaching Fields in the Foreground (c.1670s) impressionou-me. Um céu enorme numa paisagem de grande profundidade (fez-me lembrar algumas paisagens do Alentejo). Tudo o que se vê é pequeno em relação à enormidade da Natureza: as pessoas as casas e, ao longe, uma construção que se percebe ser uma catedral, também tornada pequena pela paisagem Natural.
Depois de ter reparado nele comecei a procurar Ruisdaels nos museus onde ia. Reparei que as paisagens dele são sempre enormes. Nelas, a Natureza esmaga tudo com a sua permanência imponente relativamente ao que é humano e transitório. Geralmente põe umas pessoas na paisagem para nos dar essa impressão de desproporção de força e grandeza.

A pintura dele que mais gostei foi a que vi no Hermitage, em S. Petersburgo. É a outra que se vê mais abaixo e que se chama, A Wooded Marsh. Mais uma vez se vê que pôs um homem na outra margem do pântano, muito pequeno no meio de uma Natureza cheia de poder a impôr-se ao humano. A pintura é muito mais escura e misteriosa do que se vê aqui. Tem uma tremenda força inexplicável. É preciso vê-la ao vivo.

Essas são as pinturas dele que mais gosto. As de cenas na floresta, escuras, cheias de incerteza, poder primitivo e mistério que nos atiram à cara a transitividade da vida. São belas, belas e fazem-nos pensar. A Gulbenkian tem uma pintura dele, destas que gosto muito.

A pintura dele não é um retrato de uma paisagem à maneira de uma fotografia, é um recriação e expressa uma ideia. Na última pintura a ideia é a mesma. Está-se no Inverno, tudo está gelado, vêem-se umas pessoas a apanhar lenha, num ambiente que a Natureza desolou e de onde expulsou os humanos.

No tempo dele, que é o século XVII, não há fotografias e a natureza não posa para a pintura. A todo o momento a nuvem move-se, muda de forma e cor, os pássaros voam, aparece ou desaparece o sol, muda completamente o aspecto da paisagem. O pintor tem de imaginar e recriar. Depois as tintas, os óleos são de produção caseira, raros e há pouca variedade, de modo que conseguir estas tonalidades todas de verdes e castanhos, brancos, cinzentos e azuis a partir de tão poucas cores é extraordinário.

Ruisdael pintou centenas de quadros e muitos deles estão em colecções privadas, como o último do Inverno gelado. I wish...








winter landscape - colecção privada


perspectivar a tinta a óleo