March 31, 2020

A realidade VI



Relatos de vários colegas de mais do que quatro escolas sobre experiências de aulas síncronas com o zoom:

- alguns alunos estavam na sala com as famílias todas a verem e a falarem.
- um aluno tinha um irmão pequeno sempre a pôr a cabeça à frente do ecrã.
- ouvia-se, numa das casas, um cão a ladrar, o tempo todo que a sessão durou.
- a sessão era para perguntas e respostas: em três ou quatro casas o barulho de fundo não deixava perceber nada do que diziam.
- ouviam-se gritos vindos de vários lados.
- ouvia-se, em várias casa, a televisão em alto som.
- numa das casas a mãe também fazia perguntas sobre as notas do filho.
- ouvia-se imenso barulho de explosões, ou de um filme, ou de um jogos de vídeo, não sei. Era difícil falar e perceber o que diziam.
- Alguém perguntou várias vezes, 'quando é que isso acaba que eu preciso de trabalhar. Diz ao professor para mandar respostas pelo email'.

Alguns disseram que aquilo foi um suplício e que estavam desejando que acabasse.

São putos, com famílias que não têm condições ou não respeitam o trabalho do professor ou não percebem o que é o ensino. Pudera, se a própria tutela também não percebe...

Ainda, notícias de várias escolas, digo, mais do que quatro escolas, pelo menos: as direções agora só falam e, sobretudo, só escrevem, o que vem diretamente do ME, ou melhor, reencaminham - não dizem nada, de nada, da sua própria cabeça, e quando o fazem é para reforçar as ordens que vêm do ME, tal não é o medo que têm do secretário de Estado e do ministro. Estão mudos em todo o lado. É uma tristeza... é assim que temos os chefes que temos. Quando o que se tem pela tutela não é respeito, mas medo, o que de bom se pode esperar destes? Nada. Os súbditos calam-se com medo e os chefes pensam que são fantásticos pois ninguém os contraria. E os que fazem crítica, que se contam pelos dedos de uma mão, são rotulados de botas-abaixo e coisas piores.

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