March 30, 2020

O espírito de perseguição do ME é tal que nos manda engonhar só para nos controlar



Nas escolas dão-se disciplinas que vão do Desenho e da Educação Física à Filosofia e à Biologia mas o secretário de Estado acha que todos devem fazer o mesmo à mesma hora, da mesma maneira.
E diz que é para não dispersar... deixa-me rir... como se os alunos tivessem problemas em ir a plataformas diferentes... é para nos controlarem, mais nada.

A questão dos conteúdos, diz ele, 'é pouco importante e é tudo informal', ou seja, ele sabe que isto não é a sério nem pode ser dadas as características das escolas e dos alunos, de que já aqui falei muitas vezes. Então isto é para quê? Para nos controlar... mais nada, nadinha.

De facto, não sou pessoa de ter ódios a ninguém mas é difícil com estes tipos. Então o nosso trabalho não vale nada para nos mandar ir engonhar? Usando as palavras do primeiro-ministro, 'é re-pu-gan-te'.

Total falta de respeito. Não têm soluções e atiram para cima de nós uma montanha de trabalho que sabem não servir para nada.
Se isto tivesse um mínimo de seriedade diziam para cada professor encontrar maneira de rentabilizar o trabalho em vez de dizer, 'isto não tem importância', o que interessa é que estejam uma vez por semana numa plataforma a fazer qualquer merdice, tanto faz, queremos que seja tudo igual porque o objectivo é controlar e se se dispersam não é possível controlar.

Entretanto, por coincidência, apareceu logo um questionário da UNL, a mesma em que o secretário de Estado foi director ou lá o que foi, para preenchermos, anonimamente (só que perguntam onde damos aulas, que disciplina, o código postal, em que anos nascemos... lol só falta perguntar o número que calçamos), a perguntar tudo o que fizemos e vamos fazer e a que hora espirramos. Ora quem encomendou isto, senão o mesmo que tem a obsessão pelo controlo de professores que despreza ao ponto de tratar como se fossemos idiotas e crianças cujo trabalho vale nada? Não? É isso.

É difícil aceitar sermos obrigados a trabalhar mal e muito abaixo das nossas possibilidades porque os chefes são medíocres.

Andamos nós nas reuniões a pensar a sério qual a melhor maneira de trabalhar com os alunos e afinal é tudo para inglês ver e sermos controlados! Vão-se encher de pulgas sff, sem ofensa.


Resumo da reunião com o Secretário de Estado da Educação



– Devem as escolas eleger uma única plataforma de contacto, de modo a não causar dispersão de tempo a conhecer mais aplicações, devendo a plataforma conter formatos de trabalho síncrono e assíncrono, complementando-se assim as diversas hipóteses de contacto;
...
– A questão dos conteúdos é pouco importante, pois o mais importante é o exercício de competências, onde se poderá fazer um avanço em conteúdos, mas que não podem ser formais, dada a impossibilidade de garantir a universalidade do acesso;

2 comments:

  1. Desculpe o meu francês, mas o melhor que estes merdas têm a fazer é sair da frente, pois os professores desenvencilham-se sozinhos, como fizemos nas últimas duas semanas.

    Legislem o que têm a legislar (ou melhor: consultem quem está no terreno e passem depois a coisa a letra de lei) e desapareçam da p... da vista!

    Dessa síntese, o que mais me fascinou foi combinar com os alunos (20, 25, 30, coisa pouca) uma hora em que os pais não precisem dos computadores para o seu teletrabalho.

    Diga-me lá se não apetece mandá-los f... transar a todos?

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  2. Apetece, sim. Queixam-se que muito professores só querem é não trabalhar mas incentivam a fraude (sim, porque os alunos não estão a pensar que vão trabalhar só para o ME nos obrigar a picar o ponto, e os pais pensam que as aulas são a sério), o fingir que se trabalha, o preencher papéis para inglês ver. Não admira que haja tanto disso nas escolas... pelos visto, é o que o ME gosta e quer. Embustes e simulacros.
    Fiquei tão revoltada e enervada a ler aquilo que nem consegui destressar do trabalho do dia.

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