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October 21, 2024

Efeitos do retrocesso na saúde materna

 


Passaram já quase dois anos desde a revogação do direito federal ao aborto nos Estados Unidos. Durante os 750 dias que decorreram, vários estados aproveitaram para recuar nos direitos das mulheres. Não me refiro apenas sobre o acesso a cuidados de saúde relacionados com o aborto: a agenda conservadora pretende acima de tudo controlar os corpos das mulheres, pelo que, após a restrição da interrupção voluntária da gravidez (IVG), é a contraceção que começa a ser tema e alvo de ataques. De facto, registou-se uma redução no consumo de métodos contracetivos nos Estados que mais recuaram no acesso ao aborto.

Os efeitos destas políticas há muito que são conhecidos. As experiências feitas neste campo na Polónia, El Salvador e Nicarágua – únicos países a par dos Estados Unidos que recuaram nestes direitos – são inequívocas: o aborto não diminuiu, aumentou a mortalidade materna e o número de mulheres presas e humilhadas. O desespero e o abandono é tanto que, em El Salvador, o suicídio é a terceira maior causa de morte das mulheres grávidas.

É inaceitável e bárbaro quando um país, perante uma mulher que sofreu um aborto espontâneo, opta não por promover o acesso a cuidados de saúde mental, mas escolhe perseguir, julgar e condenar a penas efetivas de prisão. Revolta saber que, na Europa, há países onde uma mulher grávida e com doença oncológica vê o seu acesso a cuidados de saúde vedados, condenando-a a uma lenta e dolorosa morte, a não ser que seja rica e possa cruzar a fronteira para ter acesso a cuidados seguros. Estamos perante um recuo civilizacional enorme, quando na Europa voltam a morrer mulheres por não terem acesso a cuidados de saúde pós-IVG.
(...)
Assim, é sem surpresa que os estados onde se verificaram os maiores retrocessos de saúde sexual e reprodutiva sejam aqueles onde mais se observa a degradação dos indicadores de saúde materna e infantil. Também são estes estados que perderam mais médicos internos. O que demonstra que estas políticas conservadoras prejudicam a saúde de toda a sociedade, não apenas das mulheres.

Poderiam ser evitados, a nível mundial, 25% das mortes de mulheres na área da saúde materna, com melhor acesso a métodos de contraceção e aos cuidados de saúde relacionados com a IVG. Está na hora de se ser realmente pró-vida e salvar estas mulheres. Deixar de lado a ideologia e o fanatismo religioso e abraçar, de braços abertos, a ciência e o humanismo.

Perante as constantes propostas de regressão que os setores mais conservadores se entretêm a lançar no debate público, é importante relembrar que a lei portuguesa até é das mais restritivas a nível europeu. É indispensável contrapor que mesmo esta lei pequenina não é cumprida na totalidade, pois o serviço público de saúde não chega a todo lado nos exíguos prazos que são exigidos. É preciso afirmar que criminalizar nada resolve e que o que funciona, com provas dadas, é a melhoria das condições laborais, da escolaridade, da literacia em saúde, da condição socioeconómica, do acesso à saúde sexual e reprodutiva. Precisamos de progresso em todas estas áreas. Não nos tirem o futuro.

Mário André Macedo, Enfermeiro da Urgência Pediátrica e coordenador da Unidade de Saúde Pública Hospitalar do Hospital Fernando Fonseca


June 16, 2024

Isto é o resultado do trabalho do Costacenteno

 


Desvalorizaram a profissão e apostaram em tarefeiros e outsourcing. É o que estão agora a fazer à educação. O resultado vai ser idêntico, com a agravante que não há nenhuma fuga para privados ou para o estrangeiro. O que há é fuga da profissão.

Mapa prevê fecho de urgências em Lisboa, Centro e Norte nos próximos dias 

Lisboa e Vale do Tejo é a região com maiores constrangimentos, com o fecho total ou parcial nos próximos dias de urgências gerais, de obstetrícia/ginecologia e pediatria dos hospitais de São Bernardo (Setúbal), Garcia de Orta, São Francisco Xavier, Beatriz Ângelo, Nossa Senhora do Rosário (Arco Ribeirinho), Vila Franca de Xira e Rainha Santa Isabel (Torres Novas).

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Dez maternidades fechadas ou com limitações. “Isto não é aceitável num país europeu”

Ministra da Saúde visitou neste sábado de surpresa quatro hospitais e admitiu que pode haver erros no mapa das urgências, que a partir de agora será actualizado todos os dias.

February 26, 2024

O rastreio do cancro do pulmão está no OE de 2024 - resta ver se é mais uma iniciativa que fica por executar dado que não dá votos...




Em Portugal, já se fazem rastreios nacionais aos cancros da mama, do cólon e do colo do útero. No final de 2022, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, anunciou que em 2023 se avançaria com rastreios a mais três tipos de cancro: pulmão, próstata e estômago. Tal não aconteceu, mas no Orçamento do Estado para 2024 há verbas previstas para que a medida se concretize.

Ao DN, o diretor de Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar Universitário do Porto, dá a sua visão e lembra aos políticos, nomeadamente à tutela, que é preciso pensar “séria e rapidamente” na implementação do rastreio nacional ao cancro do pulmão, já que se está a falar do cancro mais comum no mundo, cuja incidência aumenta 0,5% ao ano. Em Portugal, todos os anos há mais de cinco mil novos casos e 4500 mortes. Aliás, no nosso país é a segunda causa de morte na doença oncológica.

February 13, 2024

"O que é que não funciona?" PNS

 


No cancro do pulmão estamos na estaca zero na luta contra o cancro do pulmão

O cancro do pulmão foi o mais comum, em todo o mundo, em 2022, sendo a principal causa de morte por doença oncológica, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).


Porque estamos na estaca zero? Porque o governo PS não faz e inviabiliza a possibilidade de outros fazerem 👇
No passado sábado, o presidente da associação dos centros de Responsabilidades Integrados (CRI), João Varandas, adiantou que o Governo, permitiu que se encerrasse, em 2023, a linha de financiamento europeia que permitia avançar com rastreios do cancro do pulmão.

“Tivemos conhecimento disso numa reunião que a associação teve a pedido da associação de rastreio do cancro do pulmão (…). Não se pode desperdiçar estas linhas de financiamento europeu” lamentou o responsável.

“Estamos a falar de um rastreio que tem uma eficácia de redução de 20% da mortalidade. Isto é muito significativo. Este ano temos duas situações que diminuem muito a nossa ação em termos de saúde pública neste contexto. Tivemos uma lei de alteração do tabaco que não chegou a ser aprovada. Foi uma lei que ficou parada dada a dissolução do parlamento. E o rastreio que não avança” explicou o presidente da SPP.

A lei do tabaco, para António Morais, “ia de encontro da prevenção do maior fator de risco do cancro do pulmão” e explica que “para se ter um programa nacional de rastreio, tem de haver uma avaliação, projetos-piloto, estudos e financiamento”.

“Nada disto está feito. E, pelo menos do nosso conhecimento, não há nenhuma comissão para tratar deste objetivo. E perdeu-se o financiamento para arrancarmos com projetos-piloto tendo em vista um programa nacional e neste momento temos um problema de saúde pública, mas não temos nada previsto”, criticou o responsável.

January 22, 2024

À atenção dos homens: vão ao médico, vacinem-se, façam rastreios



Homens são os principais causadores do cancro do colo do útero


Sónia Bento


Estima-se que um em cada três homens estão infetados com o vírus do papiloma humano (HPV), transmissível por via sexual e que provoca cancro do colo do útero nas mulheres. Especialistas alertam para a necessidade da vacinação, até porque o uso de preservativo não é solução.

Sabia que o cancro do colo do útero é a segunda causa de morte em Portugal nas mulheres com menos de 44 anos? Todos os anos são detetados cerca de mil casos, dos quais 379 acabam por ser fatais. Embora esta doença oncológica afete apenas mulheres, os dados epidemiológicos sugerem que os homens são os principais portadores e transmissores do vírus do papiloma humano (HPV) que está na origem deste tipo de cancro. Os tratamentos agressivos, como a radioterapia e a quimioterapia, têm graves consequências mutiladoras na qualidade de vida das mulheres, na função reprodutora ou alterações da bexiga ou do funcionamento renal.

November 01, 2023

O que a engenharia financeira faz aos hospitais




O que a engenharia financeira faz aos hospitais

By Joe Nocera and Bethany McLean

Os investidores pediram dinheiro emprestado para comprar instituições de saúde e ficarem mais ricos.

Riverton, Wyoming, uma cidade com cerca de 11.000 habitantes, situada no sopé da cadeia montanhosa Wind River, parece estar longe do mundo das grandes finanças. No entanto, tal como acontece em grande parte da América, Riverton está bem familiarizada com o negócio que mais simboliza a atual Wall Street: as participações privadas. 

Em 2018, o hospital local, SageWest, foi comprado pela Apollo Global Management no âmbito de um negócio de 5,6 mil milhões de dólares da gigantesca empresa de capital privado para comprar uma cadeia de hospitais chamada LifePoint Health. Mesmo antes de a Apollo se ter envolvido, a LifePoint tinha fundido o pequeno hospital de Riverton com o hospital situado a meia hora de distância, em Lander, a sede do condado. Vivian Watkins, uma residente de Riverton que já foi directora de desenvolvimento económico do Wyoming, disse-nos que a ideia parecia viável - no início. "Disseram-nos que a nova tendência nos hospitais são os 'centros de excelência', por isso, teremos cuidados de maternidade num sítio e, digamos, ortopedia noutro".

Mas, na era Apollo, Watkins e outros residentes de Riverton concluíram que, em vez de dividirem as especialidades entre os dois hospitais e reforçarem as que permaneciam em cada local, os gestores dos hospitais estavam simplesmente a retirar serviços essenciais à sua comunidade. A viagem até Lander não é difícil no Verão, mas no Inverno as estradas estão frequentemente fechadas.

Muitos mais pacientes precisavam ser transportados para fora do condado. De acordo com dados estaduais relatados pelo The Wall Street Journal, o número de voos de ambulância aérea para fora do condado de Fremont aumentou seis vezes de 2014 a 2019. 

"Fomos até o CEO local de ambos os hospitais e dissemos: 'Estamos bastante preocupados. O que é que podemos fazer para ajudar? Como é que podemos manter os serviços aqui?'" disse Watkins. "Para encurtar a história, a resposta foi: 'Não, não, não, não estão a perceber que não queremos fazer isso'". A Apollo remeteu todas as questões sobre o seu papel em Riverton para a LifePoint. Um porta-voz da LifePoint - que juntou Riverton, Lander e outros hospitais em uma nova empresa chamada ScionHealth em 2021 - disse num e-mail que a "nossa estrutura de propriedade não tinha nada a ver com a nossa abordagem a este mercado" e que "o investimento nas comunidades de Riverton e Lander aumentou após o investimento Apollo PE.

A história de cada hospital em dificuldades é dolorosa à sua própria maneira, mas os problemas de Riverton são um instantâneo da agitação que tem envolvido o sector hospitalar nas quase três décadas desde que fundos de private equity - que usam dívida para comprar empresas com o objetivo ostensivo de melhorá-las - decidiram que o negócio hospitalar seria um bom investimento. Em 2011, sete das maiores cadeias com fins lucrativos eram de propriedade de empresas de private equity, de acordo com as pesquisadoras Eileen Appelbaum e Rosemary Batt, que escreveram vários artigos e relatórios sobre a influência do private equity na área de saúde.

De acordo com o discurso de vendas do private equity, o dinheiro que os investidores ganham deve vir do uso de sua habilidade financeira e operacional para tornar suas empresas do portfólio mais lucrativas - como trazendo novas tecnologias para empresas que não podem pagar atualizações necessárias por conta própria. Na realidade, os investidores podem prosperar mesmo quando o negócio subjacente fracassa.

Para obter ganhos, as empresas de private equity reduziram a equipa de enfermagem, cortaram serviços e até, em pelo menos um caso no início da pandemia, fizeram uma ameaça explícita de fechar uma instituição a menos que recebessem dinheiro dos contribuintes. Muitos hospitais adquiridos por empresas de private equity foram forçados a pagar taxas de consultoria a seus novos senhores para acessar sua brilhantia estratégica.

Longe de colocar hospitais problemáticos num caminho mais sustentável, as incursões dos investidores de private equity na área de saúde têm, na maioria das vezes, trazido dívidas para instituições essenciais - e miséria para pacientes e comunidades. Em muitos casos demonstraram grande ganância e completa indiferença às demandas de administrar um hospital. Como a pandemia destacou, os hospitais fazem parte da infraestrutura vital da América. No entanto, quando investidores assumem um hospital e reduzem serviços, vendem o seu imóvel e o sobrecarregam com pagamentos de aluguer por edifícios que costumavam ser de sua propriedade, as pessoas que dependem dessa instituição não têm voz no assunto.

Comunidades que dependem de hospitais de propriedade de private equity têm boas razões para temer uma erosão constante de serviços. A agência de classificação de crédito Moody's, observando a dívida muito alta da LifePoint, concluiu em 2021 que "a propriedade da LifePoint pela empresa de private equity Apollo Management resultará na implementação de políticas financeiras agressivas". De acordo com os seus demonstrativos financeiros mais recentemente disponíveis, para o ano encerrado em 2022, a empresa tinha quase US$ 6 bilhões em dívidas. Isso poderia "exigir que dediquemos uma parte substancial de nosso fluxo de caixa das operações ao pagamento de juros e à amortização de nossa dívida, reduzindo assim os fundos disponíveis para outros fins", escreveu a empresa.

A política governamental tem sido lenta em reconhecer o dano que as decisões das empresas de private equity podem causar ao sector hospitalar. Em Massachusetts, os reguladores estaduais aprovaram a aquisição de hospitais pela Cerberus Capital Management em 2010 com uma condição estrita: nenhuma recapitalização de dividendos por três anos. 
Não previram que a Cerberus extrairia dinheiro vendendo o imóvel para a MPT, porque essa táctica ainda não era generalizada. (No total, a Cerberus lucrou aproximadamente US$ 800 milhões no seu investimento nos hospitais que se tornaram o Steward Health Care, informou a Bloomberg.) 

Na Pensilvânia, onde o fecho de várias instituições por parte da Prospect Medical Holdings e outras cadeias apoiadas por private equity deixou grandes áreas de "desertos hospitalares", os legisladores propuseram, mas ainda não aprovaram, legislação para limitar recapitalizações de dividendos e transações de venda e arrendamento de volta. A senadora Elizabeth Warren de Massachusetts e um grupo de outros legisladores propuseram o Stop Wall Street Looting Act, que reformaria práticas de private equity de forma ampla, mas não avançou.

October 17, 2023

Não é só na saúde, na educação é igual



Na educação pode não haver mortes imediatas mas há a perpetuação da pobreza por gerações (em vez de elevador social) com as consequências que ela têm na expectativa de vida, não só individual, mas colectiva, pois também sabemos que a educação e o nível geral de um povo está ligado ao seu desenvolvimento e possibilidades de futuro. Não é imediatamente visível, como na saúde, mas está lá.



Médicos acusam ministro da Saúde de "empurrar o país para uma "tragédia anunciada"

O ministro da Saúde, "está a empurrar o país para uma tragédia anunciada onde podem acontecer mortes, onde podem acontecer outras tragédias", acusa a Fnam. A três dias de nova reunião com o Governo, o Sindicato Independente dos Médicos diz que "há ainda um oceano a separar as duas partes".


October 15, 2023

O estado do país

 


Hoje de madrugada lá morreu mais um bebé num hospital de Lisboa... disse-me o meu filho que passou o dia e a noite de ontem e a manhã hoje de um hospital para outro, do Alentejo para Lisboa com o afilhado dele que teve um acidente no motocross. Ouvia-se os pais do bebé desesperados, aos gritos. Isto agora é dia sim, dia não. 

O estado calamitoso dos hospitais: mais uma vitória da maioria absoluta socialista de Costa.

 

September 04, 2023

Em Portugal é tudo "em vez de"

 


Hoje ouvi 10 minutos de uma entrevista do Ministro da Saúde a uma estação de rádio. Quem o ouvisse sem ler os jornais e estar informado do que se passa (hospitais sem médicos, serviços fechados, grávidas e bebés que morrem, enfermeiros a fazer de médicos, falta de material, etc.) pensaria estarmos num país onde tudo funciona às mil maravilhas. Deve ter pedido instruções ao colega da educação acerca de como contar histórias irreais com a maior cara de pau e um sorriso de orelha a orelha. Por coincidência, também hoje, a falar com uma pessoa que trabalhou no INEM e cujo irmão é enfermeiro especializado de bloco operatório e também trabalha no INEM, fiquei a saber que em Portugal não há ambulâncias. O que há são carrinhas adaptadas. O MS compra carrinhas e depois manda-as ao sr. Cardoso, em Lisboa para que as adapte. Então, em vez de terem a maca a meio para equilibrar o peso da carrinha e poderem ter assistência de mais de um profissional de saúde, se for o caso, todas têm as macas  e o equipamento médico à esquerda, o que torna a condução perigosa quando vão em velocidade e têm que fazer curvas. Enfim, não fazia a mínima ideia que em Portugal, não se compravam ambulâncias, mas carrinhas que o senhor Cardoso, adapta, para depois irem à inspecção respectiva e term o ok para operarem. Em Portugal é tudo "em vez de": em vez de médicos, enfermeiros, em vez de professores curiosos, em vez de advogados, curiosos, em vez de ambulâncias, carrinhas adaptadas. E em vez de ministros competentes, amigos.


June 22, 2023

É claro que os tempos de espera na nos privados é maior que no público


Mas isso não diz nada de positivo sobre o SNS, bem pelo contrário. O que isso diz é que o SNS está tão mau que todos fogem para os privados e estes, apesar de construírem hospitais e clínicas todos os dias, rebentam pelas costuras ao ponto de se darem ao luxo de recusarem doentes se não gostam do seu seguro de saúde, por exemplo. Logo, não espanta que o tempo de espera no privado seja superior ao do público.


Queixas dos tempos de espera na saúde são piores no privado


May 15, 2023

Relativamente ao post anterior: uma pergunta que advém de ligar duas notícias

 

Não sei se esta ligação é legítima mas ontem vi numa notícia a bastonária dos enfermeiros dizer que por conta da falta de médicos obstetras nos hospitais, tem sido prática comum serem os enfermeiros a assistir nos partos e que esta norma da DGS que transfere para os enfermeiros o trabalho dos obstetras só fixava o que na prática já se fazia, sendo a novidade estender aos enfermeiros o poder de decidir que casos de partos requerem internamento. 

Assim que ouvi esta informação, lembrei-me de uma outra notícia onde li que a taxa de mortalidade materna estava a aumentar, bem como a taxa de mortalidade infantil. Não faço ideia se uma das notícias (as grávidas serem assistidas no parto e, não sei se após o parto por enfermeiros em vez de médicos especialistas) está relacionada com a outra: o aumento da mortalidade infantil e materna... nem sei se há algum inquérito a decorrer acerca da causa do aumento da mortalidade referida, mas gostava de saber.

Seja como for, fui ver o que define um médico obstetra e não encontrei em lado algum, 'médico que assiste a mulher no parto em caso de um enfermeiro comunicar que há problemas'. Pelo contrário: 


Leio no site de um hospital que, 
A Obstetrícia garante o acompanhamento da mulher durante a gravidez, tendo como objetivo um parto bem-sucedido. 


Leio noutro site:

O obstetra é o médico especializado em obstetrícia, o ramo da medicina responsável pelo estudo da reprodução nas mulheres, incluindo tanto seu funcionamento quanto seus possíveis distúrbios.
Assim, esse profissional está preparado para acompanhar todos os aspectos de uma gestação e do desenvolvimento do feto. Suas funções começam no planejamento da gravidez, seguem por todo o curso da gestação até o parto e encerram-se ao fim do puerpério (período pós-parto). Saiba mais sobre o que faz o obstetra em cada uma dessas fases:

PLANEJAMENTO DA GRAVIDEZ


Em gestações planejadas, o obstetra avalia a saúde geral e reprodutiva da mulher e a orienta em relação aos cuidados antes da concepção, como a necessidade de fazer exames, tomar vacinas ou ingerir ácido fólico.

DURANTE A GRAVIDEZ (ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL)


Dependendo do estágio da gravidez, o obstetra calcula a idade gestacional e a data provável do parto, avalia a saúde da mulher e o desenvolvimento do feto por meio do exame clínico e solicita exames de sangue e exames de ultrassom.Nessa etapa, esse médico é fundamental para identificar, controlar e tratar de forma precoce qualquer problema que possa elevar o risco da gravidez, como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.

PARTO

Com a aproximação da data provável do parto, o obstetra orienta a gestante sobre o melhor tipo (vaginal ou cesariana) considerando tanto o desejo da mulher quanto eventuais fatores de risco para cada caso.

Além disso, no momento do nascimento propriamente dito, o obstetra estará ao lado da paciente para realizar e coordenar todos os procedimentos necessários para que o parto seja seguro e o mais tranquilo possível.

PUERPÉRIO (PÓS-PARTO)


No puerpério, o obstetra acompanha a recuperação física e emocional da mulher, podendo identificar e tratar problemas como a depressão pós-parto.

Leio em outro:

É de responsabilidade do médico obstetra realizar o pré-natal, acompanhando a gestante com exames e checagens médicas que a ajudarão a ter uma gravidez tranquila.

Um médico obstetra pode solicitar testes como o da curva glicêmica, um exame de sangue que auxilia na detecção da diabetes gestacional, que poderia causar riscos para a mãe e para o bebê. O repasse de informações e a relação de confiança entre obstetra e gestantes são fatores determinantes para que o parto seja seguro e tranquilo.

O médico é peça fundamental em todo o processo.

Enfim, vi outros sites e em nenhum deles se diz que é indiferente para o sucesso do parto e para a saúde da mãe e do bebé o parto ser feito por um médico obstetra ou um enfermeiro. 
Mas claro, isto sou eu que não sou especialista no assunto e cujas preocupações são do lado do cliente, por assim dizer. Já passei por essa experiência de estar grávida e do parto. A ideia de chegar à hora H e em vez de lá estar o meu médico em quem tinha confiança e me conhecia, estar lá um enfermeiro qualquer seria de me pôr num estado de ansiedade e falta de confiança, não apenas no procedimento, mas também no médico. Um sentimento de abandono da minha pessoa, do género, 'lavo daí as minhas mãos', na hora mais importante. 

Carta aberta ao Governo acerca do Aeroporto de Lisboa



Aeroporto de Lisboa: “É imperativo que seja fechado”, pedem moradores estrangeiros

Michele Gallia, Matias Rubbino, Angelica Guarín e Harrison Mille


Os benefícios de manter o aeroporto dentro da cidade (poucos e baseados em suposições em lugar de factos e números) são muito menores que os custos (muitos e já amplamente estudados).
Há zonas de Lisboa em que o som dos aviões é muito intenso. Ambientalistas têm pedido (pelo menos) o fim dos voos nocturnos.


Carta aberta ao Governo

Somos jovens profissionais estrangeiros que recentemente se mudaram para esta maravilhosa cidade que é Lisboa, havendo quem nos chame nómadas digitais, mesmo que a nossa intenção possa ser de cá permanecer. Como muitos estrangeiros nos últimos anos, escolhemos Lisboa e Portugal como a nossa nova casa pois há muito para amar nesta cidade e neste país – as pessoas, a cultura, a paisagem, só para dar alguns exemplos. Certamente existem problemas também (desde o trânsito caótico na cidade à subida das rendas), mas estes estão bem reconhecidos e os diferentes actores estão a esforçar-se para resolvê-los. Mas há um problema específico que ainda não é amplamente reconhecido como tal: é o caso do aeroporto de Lisboa localizado no interior da cidade. Ainda pior: para alguns esta localização é considerada um factor de atractividade.

Consequentemente, a questão que temos colocado a nós mesmos é a seguinte: porque é que outras cidades que estiveram na mesma situação que Lisboa (por exemplo, Hong Kong, Berlim, Atenas ou Munique) fecharam completamente o aeroporto antecedente preferindo construir um novo fora da cidade? Porque, em nossa opinião, os benefícios de manter o aeroporto dentro da cidade (poucos e baseados em suposições em lugar de factos e números) são muito menores que os custos (muitos e já amplamente estudados).

May 13, 2023

Mais um caso que cheira mal



(como se a comissão que faz o inquérito e escolhe a informação relevante a relatar não tivesse importância na decisão final...)


Ordem recebe denúncia sobre médico que lidera investigação ao caso de Faro

DN

A carta... ... começa por dizer que Joaquim Abreu de Sousa é "amigo pessoal do diretor do Serviço de Cirurgia do Hospital de Faro (o profissional em causa nesta investigação), com quem tem um protocolo para formação de internos de cirurgia" e que sobre ele pendem várias queixas em várias entidades da Saúde e da Justiça.

O bastonário sublinha que "o trabalho que está a ser feito pela comissão é apenas uma parte das investigações que estão a ser levadas a cabo", além do mais "a comissão vai fazer o levantamento de toda informação, não vai propriamente tomar uma decisão sobre os casos ou sobre os médicos envolvidos ou aplicar sanções. Quem terá de fazer isso será o Conselho Disciplinar e o importante neste caso é que seja avaliado com toda a profundidade e que seja apurada a verdade".

Carlos Cortes reforça: "Incomoda-me esta tentativa de criar alguma instabilidade num processo que tem de ter tranquilidade e isenção e no qual a Ordem tem três organismos a trabalhar. É um processo em que quero que a Ordem dos Médicos seja absolutamente irrepreensível a avaliar e a interferir".

May 12, 2023

Esta notícia angustia

 


E este governo envergonha. Não dá um passo para solucionar um problema que seja e está na origem de imensos problemas. 
Somos um país com uma natalidade perigosamente baixa e de consequências catastróficas mas insistimos em desprezar as mulheres grávidas. Há falta de obstetras nos hospitais públicos e a pseudo-solução que encontraram foi baixar a qualidade da prestação de cuidados médicos às grávidas. 
Imagine-se o que é a angústia de uma mulher grávida, sobretudo no 1º filho, ir parar a um hospital e saber que vai ser assistida por um enfermeiro, 'preferencialmente' especialista, ou seja, um qualquer que lá esteja. Está-se quase ao nível de dizer às mulheres: façam o favor de ter os filhos sozinhas em casa com uma parteira como antigamente para não termos que nos preocupar com essas minudências. Os governos serem machistas e estarem sub-representados de mulheres faz muita diferença.

Os partos considerados de baixo risco vão deixar de exigir a presença de um médico de obstetrícia e ginecologia, passando todo o processo a ser liderado por um enfermeiro especialista. 

Esta alteração foi definida pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), com base nas conclusões da comissão de acompanhamento à falta de clínicos especialistas. Os obstetras continuam a ser os responsáveis por partos de maior complexidade que exijam uso de instrumentação e serão também chamados se na vigilância do trabalho de parto de baixo risco surgirem complicações.

Nos partos eutócicos, os chamados "partos naturais", “o responsável pelo parto será preferencialmente um enfermeiro especialista em enfermagem de saúde materna e obstétrica, enquanto nos partos vaginais instrumentados será sempre um médico de obstetrícia e ginecologia”, estabelece a DGS, na orientação que foi publicada na quarta-feira. O tema faz manchete na edição desta sexta-feira do Jornal de Notícias (conteúdo fechado).

A medida resulta de uma proposta da Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e Bloco de Partos, que foi criada no ano passado em resposta à crise provocada pela falta de médicos especialistas, que levou ao encerramento de vários blocos de parto, sobretudo no Verão.

February 16, 2023

É assim que percebemos que andamos a discutir trocos





Os médicos querem receber como os juízes. Não critico estas reivindicações nem o facto da carreira dos médicos dever ser valorizada (é um trabalho fundamental), mas quem sabe o que é hoje-em-dia o ensino da medicina 'bolonhizado' e o calibre dos médicos que saem agora das universidades (que por exemplo, não sabem fazer um parto natural ou fazem cirurgias de morte tipo Amadora-Sintra) compreende que para haver médicos competentes é necessário que a montante, as escolas tenham um ensino de qualidade capaz de formar alunos para esses cursos superiores exigentes. Com certeza ninguém pensa que os alunos de medicina entram preparados para cursos exigentes depois de doze anos de aprendizagens nos mínimos dos mínimos com professores mínimos. O que significa valorizar a carreira dos professores para atrair professores e entre eles os melhores e não os outros, como já está a acontecer, porque ninguém quer esta profissão tão mal tratada. Isto parece-me evidente. A não ser que Dupont e Dupont tenham algum acordo secreto com algum lobby para deixar morrer a escola pública e ir buscar os futuros médicos apenas ao privado. Seria uma pena. Nós temos uma boa reputação na medicina e temos médicos muitos bons e foram formados nas escolas e universidades públicas. No tempo em que a escola pública era valorizada.



Médicos querem ser equiparados à carreira de magistrados



... o bastonário Miguel Guimarães... para se alcançar um Serviço Nacional de Saúde (SNS) "mais eficiente e uma medicina de melhor qualidade".

Estas vão desde "o custo dos cuidados, o acesso dos utentes, a inovação da medicina, a evolução demográfica do país até à modernização do sistema de saúde nacional", com o objetivo de o tornar "mais ágil"

Ou seja, "valorizando o trabalho, a formação e a investigação dos médicos, através da carreira médica, com salários justos de acordo com a intensa formação no ensino superior, conhecimento, responsabilidade e competências".

Mas no documento a classe vai mais longe assumindo que qualquer base de trabalho de desenvolvimento das carreiras deve ter em conta "a carreira dos magistrados"

February 14, 2023

A maneira como acarinham as grávidas é preciosa...



Num país onde há falta de nascimentos a maneira como acarinham as grávidas é preciosa... E não é só nos hospitais. O nosso ministro da educação é particularmente acolhedor de professoras grávidas. Será que estes médicos 'cesarianos' já são fruto das políticas de educação miserabilista deste governo PS?


Três hospitais privados, todos no Norte, realizaram 100% de partos por cesariana em 2021

Dados da Entidade Reguladora da Saúde revela que 3 hospitais do setor privado realizaram 100% de cesarianas em 2021. Fizeram menos de 40 partos cada. Direção Executiva já tinha criticado estes casos.

December 06, 2022

Um 'casinho', que acabou com a morte da pessoa...



Setúbal. Técnicos de emergência denunciam morte após espera de duas horas pelo INEM


A situação ocorreu na segunda-feira, na freguesia de São Sebastião, com um homem de 64 anos, para quem foi pedida assistência médica, através da linha de emergência 112.

"Desde o tempo da primeira chamada até que chegou a primeira equipa de emergência médica, uma ambulância, passaram praticamente duas horas [...]. Se o socorro tivesse sido realizado atempadamente, as probabilidades de sobrevivência deste homem de 64 anos seriam, com certeza, muito maiores", afirmou o presidente do STEPH, Rui Lázaro, em declarações à agência Lusa.

A primeira chamada foi às 10:06, mas a mesma terá ficado em espera, tendo sido devolvida pelas 11:15, informou o presidente do SETPH, referindo que, segundo a linha do tempo, a ambulância foi despachada às 11:22 e a equipa da ambulância chegou junto da vítima às 12:05.

Este desfecho fatal "é já o terceiro caso de uma pessoa que morre enquanto espera por assistência médica", desde o verão deste ano, revelou o sindicalista, referindo que, além de Setúbal, as outras mortes foram uma em Lisboa e uma em Faro.

Nos últimos dias, já durante o mês de dezembro, foram "várias dezenas" de denúncias, realçou Rui Lázaro, destacando como "grande preocupação" as situações como a registada em Setúbal.

O sindicato STEPH começou a denunciar os atrasos na resposta de emergência médica no início deste ano, situação que "tem sido sempre negada" pelo Conselho de Administração do INEM.

"Durante o verão, tínhamos recebido já mais de 1.000 denúncias de atraso no socorro, o que motivou a que apresentássemos, inclusive no Ministério Público, uma denúncia contra o INEM e contra o seu presidente por estes atrasos. Efetivamente, o número de denúncias rececionadas por esta associação sindical tem vindo a aumentar, nota também que já demos ao novo ministro da Saúde, a quem pretendemos também fazer chegar, através de relatório, esta denúncia que nos foi feita chegar, em que se pode verificar que um homem faleceu de facto enquanto esperava por equipas de emergência médica", adiantou.

"Além da falta de técnicos de emergência pré-hospitalar, que tem originado a que diariamente várias ambulâncias estejam encerradas, há também o deteriorar do sistema de emergência médica e o deteriorar das condições do INEM, o que se tem verificado ao longo dos últimos anos", frisou o sindicalista.

Neste momento, o sistema de emergência médica está "muito próximo de uma rutura efetiva", disse, considerando que, "quando chega ao ponto de se ter já pessoas que morrem enquanto esperam mais de duas horas por assistência médica, é um ponto já que requer uma intervenção imediata da tutela".

O sindicato STEPH vai dar conhecimento da situação ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, "exigindo que tome medidas e que apure as devidas responsabilidades políticas do Conselho de Administração do INEM, que está mais que provado que não tem condições para continuar a dirigir o instituto".

Mais um 'casinho'

 


Urgência Pediátrica do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, vai ser encerrada às 09:00 de terça-feira, devido à falta de médicos, e só deverá reabrir às 09:00 de segunda-feira da próxima semana, dia 12, revelou esta segunda-feira à Lusa fonte hospitalar.

September 09, 2022

Mais um homem de Sócrates no governo...

 


Manuel Pizarro é o novo ministro da Saúde

Manuel Pizarro substitui Marta Temido, que apresentou a demissão do cargo de ministra da Saúde no final de agosto.

O estado de saúde a que chegámos

 


Uma grávida do segundo filho vai à maternidade de referência do país com contrações frequentes, a três horas de ter o bebé e mandam-na para casa onde tem o bebé na casa-de-banho, sozinha com a ajuda do marido e a outra filha sozinha do lado de fora da casa-de-banho a ouvir gritos, enquanto lhe dão umas instruções por telefone. 
O estado de saúde a que chegámos é criminoso.

Testemunho: Um parto imprevisto em casa com instruções pelo telefone


Maximus nasceu a 6 de junho, no duche de casa e com o pai, João, ao telefone com o 112. Três horas antes do parto, a família tinha ido à Maternidade Alfredo da Costa, com Filipa a ter contrações frequentes.