January 04, 2025

Somos um país intolerante e hostil para grávidas

 


Imagine-se estar grávida e ter receio de ir a um hospital e ser mandada embora; imagine-se estar em trabalho de parto, cheia de ansiedade, incertezas e dores e ter de andar de hospital em hospital a pedinchar que a deixem entrar; imagine-se ter de ter um filho na estrada; imagine-se ir a caminho do 3º hospital para onde a enviam a 100 km de distância naquela situação em que qualquer minúscula lomba causa dores imensas; imagine-se deixarem-na entrar no hospital mas não estar lá nenhum médico obstetra, nem enfermeira-parteira e não aparecer ninguém para ajudar. Agora imagine-se que é a primeira gravidez; imagine-se que não tem médico para acompanhar a gravidez; imagine-se que acabou de chegar ao país e não sabe para onde se virar; imagine-se que após o nascimento do filho, não tem meios para ir a um hospital ou centro de saúde ou tem mas não tem médico de família e não tem vaga.

Devia ter-se excesso de tolerância com as ansiedades e incertezas das grávidas e acolhê-las amistosamente e não o oposto: fechar-lhes as portas, mandá-las ir ter os filhos nas estradas, acusá-las de terem ansiedades e dúvidas excessivas e de estarem a incomodar o pessoal dos hospitais. 

Somos um país intolerante e hostil para grávidas. Como chegámos aqui? E qual é o propósito disto? Questões financeiras? Poupar dinheiro para ir fazer contratos de meio milhão de euros com primos, maridos, filhos e amigos?


Mortalidade infantil atinge máximo desde 2019. Gravidezes mal vigiadas podem explicar aumento


Em 2024, morreram 261 bebés abaixo de um ano de idade. Acesso desigual a cuidados de saúde, gravidezes mal vigiadas de mães estrangeiras e aumento da natalidade podem ajudar a enquadrar novos dados.
Público

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