October 18, 2021

O preço dos combustíveis

 


Para quando, transportes públicos de qualidade? Há quantos anos estamos à espera de transportes públicos que legitimem a subida do preço dos combustíveis? Como é que uma pessoa pode ir trabalhar sem automóvel para Lisboa, para escolher a cidade que mais automóveis tem por dia a entrar nas suas artérias e veias, se os transportes são poucos e maus e se depois não tem maneira de regressar a casa?

Um estudante que estude em Lisboa, saia tarde e tenha que fazer trabalho com colegas ou queira ir sair à noite, não tem maneira de voltar para casa, porque os transportes para fora acabam às nove da noite. Quem diz um estudante, diz um trabalhador ou outra pessoa qualquer que vai a Lx e fica para a noite por qualquer razão. E se for outra cidade que não Lx, ainda há menos transportes. 

Porque é que não há, permanentemente, uma faixa só para transportes públicos para entrar na cidade? Entrar e sair da cidade de transportes públicos tem de ser melhor e mais rápido que ir de carro. e tem que haver transportes públicos durante a noite. 

Mesmo quem está dentro de Lx, se tem de fazer uma grande distância para sítios onde não há metro (por exemplo, de Belém para a baixa ou da Expo até Alcântara), tem de enfiar-se em vários autocarros e aguentar mais de uma hora no trânsito porque só na baixa há faixa para transportes públicos - que não é respeitada, diga-se de passagem. E o metro que tem menos carruagens e a passarem com maior intervalo de tempo? E quem diz Lx diz outras cidades. Por exemplo, aqui em Setúbal, a partir da 1 da manhã não há, nem sequer 1 táxi a funcionar. Como é que isto é permitido? 

Qualquer dia temos aqui os Gilets Jaunes. Se bem nos lembramos, foi assim que as coisas começaram em França: resolveram tirar os carros da cidade, subindo os combustíveis, o que atinge os que menos dinheiro têm e por isso vivem nas periferias e não têm maneira de ir para a cidade porque os transportes não são o que tinham de ser. Conseguiram enfurecer, até pessoas que normalmente não se metem em confusões. E em França os transportes são muito superiores aos nossos.

Portanto, acho que somos todos a favor de tirar os carros dos centros urbanos, mas isso não pode ser feito à custa de quem não tem muitas alternativas. Quanto piores e poucos são os transportes públicos, mais as pessoas dependem de carros. Imagine-se uma família com filhos, a ter que distribuí-los de manhã e a fazer isso tudo de transportes públicos. Nem à tarde chegava ao emprego.

Depois, o aumento faz subir o preço da alimentação. Os salários a descer...

Como diz um amigo, com o peso de tanta carga fiscal, estamos todos com uma hérnia fiscal. Uma pessoa é a favor de pagar impostos, se esses impostos melhorarem os serviços, porque se não os melhoram e só servem para empobrecer quem já tem menos... qualquer diz temos aqui os Gilets Jaunes. 


Preço dos combustíveis volta a subir esta segunda-feira

O preço dos combustíveis volta a aumentar esta segunda-feira. A subida vai abranger a gasolina e o gasóleo e rondará cerca de um cêntimo por litro.

O aumento praticamente anula a descida do imposto anunciada pelo Governo. O descontentamento dos consumidores é generalizado.

2 comments:

  1. Eu, que moro na província, como a malta da urbe costuma dizer, olha para esses problemas e tenho inveja.
    Por menos de 40 euros, um lisboeta pode deslocar-se por toda a capital durante cada mês do ano. Eu e os outros provincianos gastamos isso em uma semana só em portagens para ir à capital de destrito. Depois há o combustível. Quanto a transportes públicos, há um autocarro às 7 e outro que chega entre as 18 e as 19.

    Já agora, também tenho o combustível mais caro do que no litoral e pago portagens mais altas do que na metrópole.

    Mais: para que os metropolistas paguem menos de 40 euros mensais num passe, têm os provincianos (também) de contribuir com os seus impostos.

    Por mim, dividia-se o país na vertical: a faixa de 20 km do litoral continua Portugal e a província passava para a Espanha. Eu não me importo.

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  2. O problema não está em os lisboetas pagarem pouco mas em os outros pagarem muito. No resto, estou de acordo excepto com a parte de passar Portugal para Espanha e sobre isso não comento para a língua não se desatar.

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